Três Reis Contra O Tempo escrita por Lord Iraferre


Capítulo 26
O Gosto Amargo do Veneno




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Interessados, todos começaram a vascular todas as coisas que tinham recebido do artefato do tempo.

— Eu gostaria de ter uma espada maior. — diz Boomer com a faca de caça nas mãos.

— E eu gostaria de, ao menos, ter uma espada! — diz Brady inconformado. — Não é justo, Boomer tem um arco e uma faca, Boz um cajado maneiro, e o que eu tenho? Um violão esquisitinho.

— Pelo menos você não está vestido como o Lanny. — diz Boz e todos dão risada.

— O que você disse? — diz Lanny sacando a faca afiada da manga, o movimento faz os guizos de seu gorro se agitarem.

— Vamos com calma Lanny, foi só uma brincadeira — diz Boz se afastando do baixinho. — Eu não sabia que bobos da corte andavam armados... Isso é normal?

— Talvez eu não seja um bobo da corte, talvez eu seja um assassino disfarçado. — diz Lanny com um olhar maníaco para Boz.

Todos ficam sérios, e depois caem na gargalhada.

— Ai, ai Lanny, por um instante eu realmente achei que você tinha falado a verdade. — diz Boz dando tapinhas na costa de Lanny.

— Está vendo até o Lanny tem uma faca! — diz Brady jogando as mãos para o alto.

— Meu rei, não se preocupe quanto a isso, cada um recebeu aquilo que será necessário na jornada — diz Mason. — Agora parem de discutir e admirem a poderosa espada de Mason.

Mason saca a sua grande espada, havia joias incrustadas no pomo, e a lâmina incrivelmente afiada tinha o brilho de três sois.

— Pessoal parem com isso — diz Mikayla muito séria. — Vocês já olharam para o local onde estamos?

Nesse momento eles olharam ao redor. Eles estavam na entrada de um grande cânion, paredões de rocha negra se abriam para tantos caminhos, que por um instante, todos engoliram em seco. A frente deles havia três interseções principais do labirinto, uma levando para o leste, outra para oeste e uma para o norte. Não importava o caminho que olhassem, todos pareciam sombrios e acabavam na mais completa escuridão.

O céu acima do cânion tinha uma cor avermelhada, era o fim de tarde e o sol estava se pondo no horizonte.

—Por qual caminho iremos seguir? — diz Boomer. — E eu preciso de uma calça reserva, acho que eu me molhei em alguma possa de água.

— Não consigo ver água em lugar nenhum. — diz Mikayla procurando pelo chão.

— Não discuta com seu rei, mocinha. — diz Boomer, sua calça apesar de escura mostrava uma grande mancha. — Eu cai sobre uma poça de água quando chegamos e ponto final.

— O que faremos agora? — diz Brady. — E por favor respondam de forma sensata.

— Temos que seguir por um desses caminhos. — diz Mason.

— Mais qual? — diz Kayla, ao lado de Mikayla. — Todos parecem terrivelmente assustadores.

— Por acaso sensato significa me apavorar ainda mais? — diz Brady. — Sério eu quero saber, não sei o que sensato significa.

— Há armadilhas nesse labirinto — diz Boz confuso.

— Jura? — diz Boomer de forma irônica. — Porque eu pensei que esse era o labirinto da alegria.

— Não, é sério — diz Boz concentrado. — Por exemplo: de alguma forma eu sei que se não quisermos uma morte dolorosa não devemos ir para o Leste.

— Se Boz diz para não irmos pelo caminho do leste — diz Lanny. — É por ele que nós vamos.

Lanny começa a caminhar em direção a entrada leste, quando de repente o chão ao seus pés começa a tremer. Lanny consegue correr de volta para o grupo, o caminho ao leste se desmorona e uma nuvem de fumaça negra sobe do chão.

— Desde quando o Boz sabe os pontos cardeais? — diz Mikayla para Mason, preocupada.

— Eu não sei, mais de repente, eu sinto que conheço qual é o caminho que não devemos seguir... — diz Boz. — É como se eu tivesse um superpoder ou algo do tipo, que me permitisse prever as armadilhas.

— Esta habilidade deve estar relacionada com o fato de você ser um druida. — diz Mason pensativo.

— Então eu estou vestido de druida? — diz Boz balançando o cajado. — Eu pensei que eu estava de cosplay de Gandalf.

— Não que eu não saiba, mais meus irmãos gostariam de saber o que é um druida? — diz Brady.

— Druida é um mago que tira o seu poder da natureza, a terra e a vida são suas amigas — diz Mikayla. — Deve ser por isso que o labirinto conta para o rei Boz onde estão as armadilhas.

— Essas amigas do Boz, elas são bonitas? — diz Boomer de repente interessado na conversa. — Porque terra e vida, são nomes bem esquisitos.

— O que faremos agora? — diz Kayla ignorando Boomer.

— A noite já está chegando — diz Mason. — Devemos montar acampamento e esperar até amanhecer.

— Você acha que é seguro? — diz Brady. — Por acaso esse lugar não tem, os nossos maiores medos, andando por ai?

— Você prefere adentrar o labirinto a noite? — diz Mikayla.

— O que estamos esperando para montar o acampamento? — diz Brady.

— Legal, um acampamento, onde estão os marshmallows? — diz Boomer animado.

— Isso aqui não é um acampamento de férias, e não temos marshmallows! — diz Mason irritado.

— É claro que temos — diz Boz tirando um saquinho surrado de marshmallows do pé.

***

A seguir todos começam a trabalhar, juntando gravetos e buscando nos arredores alguma outra coisa que pudessem ser útil.

Quando a escuridão toma o cânion por completo, havia no centro da clareira uma fogueira acessa e todos começam a se aconchegar em volta dela. As estrelas pontilham o céu azul escuro, e uma suave brisa sopra fazendo as chamas da fogueira crepitarem.

— Sabe — diz Brady sentado ao lado de Mikayla. — Esse ambiente é tão romântico...

— Romântico? Você ficou maluco? Brady, estamos no labirinto do medo, onde podemos morrer a qualquer instante — diz Mikayla. — E nem ao menos temos privacidade — ela aponta para Boomer do lado de Brady, ele tenta comer um marshmallow fumegante e queima a língua.

— Quer um primo. — diz Lanny oferecendo a Brady um marshmallow fumegante. — Eu mesmo que fiz, com todo o amor do mundo. E quando colocar na boca, o engula de uma vez, se você sentir seu estomago derreter não se preocupe, você não está morrendo, é apenas o amor tomando seu corpo.

— Não obrigado, Lanny — diz Brady rejeitando. — Depois da última refeição, eu prometi a mim mesmo, nunca mais comer nada que viesse dos pés do Boz.

Boz, Mason e Kayla voltam da última expedição, Mason e Kayla trazem cumbucas cheias de água. Boomer com a boca ainda fumegando, pega a cumbuca de Kayla e joga a água sobre sua boca.

— Obrigado Kayla. — diz Boomer aliviado. — Eu estava precisando disso.

— Essa água ia ser meu banho, mais que bom que foi útil para você. — diz Kayla à contra gosto.

— Então estamos quites, você me livrou da dor, e eu te livrei de um banho. — diz Boomer alegre.

— Vejam o que eu encontrei pessoal. — diz Boz mostrando uma dezena de cogumelos que trazia nas mãos.

— É melhor não arriscarmos, majestade — diz Mikayla. — Podem ser venenosos.

— Ah que nada! — diz Boz comendo um dos cogumelos, com gosto. — São deliciosos... Alem do mais, como disse um sábio chinês: o que não mata, engorda.

De repente Boz deixa os cogumelos caírem no chão, sua pele assume um tom esverdeado.

— Meu Rei! — diz Mason, quando impede Boz de cair no chão.

— Acho que o sábio chinês não era tão sábio assim... — diz Boz uma baba pastosa e branca vazando de sua boca.

Logo depois, Boz apaga nos braços de Mason.


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