Três Reis Contra O Tempo escrita por Lord Iraferre


Capítulo 13
A Cidade de Lanne'Ara




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/386048/chapter/13

Quando Mikayla e Lanny chegam diante da grande cidade de Lanne'Ara suas bocas se escancaram por motivos diferentes.

Mikayla fica estarrecida pois a cidade sombria e monstruosa, cheia de torres e torrinhas dominava o alcance de seus olhos, e isso era terrivelmente ruim de se ver. A parte de dentro da cidade não podia ser vista pois enormes muralhas com mais de 30 metros de altura se elevavam das areias, feitas de pedras negras como piche, no grande portão da cidade guardas semelhantes aos que eles haviam enfrentado na cela, investigavam a multidão de maltrapilhos, comerciantes e nobres que tentavam adentrar ou sair da cidade.

— Isto é fabuloso! — diz Lanny seus olhos brilhando a beira de lágrimas.

Diferente de Mikayla, Lanny se encontra excitado, a cidade de Lanne'Ara (que tinha esse nome devido a rainha, o que na opinião de Lanny já a tornava especial) era para ele, muito além do que seus sonhos lunáticos de poder, podiam alcançar. Lanne'Ara poderia ter destruído Kinkow, sua casa, mais tinha muito mais estilo do que qualquer um dos vilões com que Lanny havia se deparado. Havia muito a aprender ali.

— Você por um acaso endoidou de vez? — diz Mikayla, desviando de um grupo de cachorros que disputavam um pedaço de carniça. — Este é o lugar mais asqueroso que já vi.

Mikayla sentiu suas esperanças escorrerem pelo ralo, ao perceber o que os guardas na frente do portão estavam fazendo.

— Estão procurando por nós. — grupos de guardas estavam atravessando a multidão com olhares atentos. — Cubra-se com isso rápido!

Mikayla puxa de uma carroça dois grandes pedaços de lona empoeirada, transformando-os em capas. Lanny tosse como um louco, e Mikayla o puxa para frente ao ver que ele estava ficando para trás, a multidão de corpos ao redor tornando a caminhada cada vez mais difícil. Seus olhos se arregalam ao perceber que quem arrasta a carroça não são bois e sim muitos humanos, e o comerciante feioso sobre a carroça os estimula com chibatadas.

— Estamos nos aproximando do portão o que faremos agora? — diz Mikayla.

— Por que está perguntando para mim gazela? — diz Lanny ainda tossindo.

Ela não responde, pois um grupo de guardas passam perto deles, e os dois são obrigados a se esconderem sob os capuzes. Quando ficam parcialmente seguros:

— Tenho um plano — diz Lanny.

— Jura? — diz Mikayla revirando os olhos. — Se for alguma idiotice envolvendo entregar os reis, pode tirando o seu cavalinho da chuva.

Mais não há tempo para Lanny rebater, pois a multidão os arrasta para o grande portão e os guardas param os dois com seus facões.

— Alto! — diz o guarda brutamontes.

— Hahaha — diz Lanny numa risada sem humor. — Ao que parece estamos diante de um piadista.

— Isso não foi uma piada mocinha — diz o outro guarda cutucando a capa de Lanny com o facão, seu bafo de grogue fazendo Mikayla estontear. — Alto, quer dizer para as duas pararem.

— O que querem fazer na cidade de Lanne'Ara? — diz o primeiro guarda nem um pouco amistoso.

Mikayla tem um plano relâmpago e acerta uma cotovelada na barriga de Lanny antes que ele pudesse dizer "nos entregar".

— Somos as novas cortesãs da Rainha. — diz Mikayla, o suor escorrendo por seu rosto.

Mikayla acerta outra cotovelada em Lanny que estava preparado para discordar.

O primeiro guarda solta um grunhido, mais o segundo já impaciente pelo longo dia de trabalho diz:

— Bah! Tudo bem, podem passar! Só espero que tenham mais sorte do que as cortesãs que entraram semana passada.

— O que aconteceu com elas meu bom guarda. — diz Lanny com uma voz de falsete, ridícula.

— Quando Lanne’Ara, a majestosa, soube que os sacrifícios tinham fugido, hoje de manhã, descontou sua ira nas coitadas — nesta parte o guarda sussurra. — Ouvi dizer que o que sobrou das cortesãs foi tirado da sala do trono em um potinho de maionese. Boa sorte para vocês!

E ao dizer a última palavra deu um tapa na bunda de Lanny. Mikayla teve que usar toda a força de seus braços para arrastar o garoto para dentro da cidade.

Mesmo dentro da cidade o animo de Mikayla não melhora, pois a cidade era muito mais sinistra por dentro, como se não bastasse os problemas, ainda havia a preocupação com seus outros amigos, e por mais que Mikayla tentasse, a desfeita do Rei Brady não saia de sua cabeça.

— Ainda pensando nos chifres, bambi? — diz Lanny descontando a raiva nela.

— Do que você está falando Lanny?

— Ora, você sabe do que eu estou falando — diz Lanny se colocando ao lado dela enquanto atravessavam por um grande corredor cercado por barracas de mercadores e abarrotado de pessoas. — Ou por acaso pensou que eu não havia percebido a desfeita do Rei Brady só para ficar com a tal da Kayla?

— Você não sabe o que está dizendo — diz Mikayla, deixando a tristeza transparecer.

— Oh, tadinha da Mikayla, hahaha — diz Lanny. — O rei te trocou por outra mais rápido do que uma fofoca da Candice...

— Cala boca Lanny. — diz Mikayla perdendo a paciência.

— Não fique irritadinha, eu sei como é ser rejeitado por um rei. — diz Lanny.

— Jura? — diz Mikayla olhando para ele com um sorriso de deboche.

— Não da forma como você está pensando — diz Lanny irritado. — Vivo a sombra dos reis há muito tempo e acredite a cada ano o numero deles aumenta mais. Não reprima a ira, deixe ela fluir...

— Venha para a sombra — diz Mikayla.

— Era exatamente isso que eu ia sugerir! — diz Lanny animado.

— Não, seu idiota, venha para a sombra, tem um grupo de guardas vindo em nossa direção. — diz Mikayla puxando Lanny para o canto sombrio de uma barraca.

Depois que o perigo passou, a conversa não continuou, pois Lanny ficou fascinado com as maquinas de tortura expostas na grande praça da cidade, local onde os reis deveriam ter sido sacrificados. A interrupção porém não impediu uma semente de dúvida ser plantada no coração de Mikayla "Por que Brady, estava fugindo dela?".


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!