— Tudo começou, em uma sexta feira por volta do meio dia... — diz Kayla olhando para o chão, sua mão distraída colocando o cabelo para atrás da orelha.

— Meia noite. — diz Brady chamando a atenção de todos para ele, sem graça ele prossegue. — Ficaria mais legal se tudo começasse em uma sexta feira a meia noite.

— Isso não é uma história para nos divertir Brady, é um frio relato da realidade — diz Boomer, irritado. — Prossiga Kayla.

— Bem, como eu ia dizendo; era uma sexta-feira e por volta do meio dia, estávamos todos no pátio, eu minha mãe, meu pai e meus tios... De repente uma magnífica mulher surgiu do nada, e parecia envolta por uma brilhante aura...

— Este é um frio relato da realidade? — diz Brady cético, todos lançam a ele um olhar furioso. — Tá legal eu fico calado...

— Hum, voltando à história — diz Kayla, olhando para o nada como se tentasse trazer as suas memórias para dentro daquela cela sombria e apertada. — Estávamos reunidos, quando uma mulher surgiu do nada, e parecia envolta por uma brilhante aura de beleza — Neste momento Boomer e Boz tamparam a boca de Brady, Kayla continuou: — Ela disse que seu nome era Lady da Caverna — Dessa vez foi a vez de Brady tampar a boca de Boomer e de Boz, e ambos ficaram assim com a boca tampada. — Também disse que tinha um aviso para nós; disse que quando a situação ficasse ruim um de nós deveríamos buscar a solução no limbo e que para alcançar o limbo precisávamos buscar as respostas na caverna.

Neste momento Kayla ficou em silêncio, e coçou os olhos borrando ainda mais seu rosto sujo de fuligem e sujeira.

— Uma semana depois, essa tal de Lanne’Ara, surgiu destruindo tudo, meu pai decidiu partir atrás da caverna enquanto a rainha idiota destruía tudo, naquela época ela não era tão forte, e conseguimos resistir por um tempo... Mais daí o tempo foi passando e nada, minha mãe então me enviou em uma missão: deveria ir atrás da Lady da Caverna e buscar por meu pai, as últimas palavras que ouvi dela foram “Não vai ser fácil”... Corri então para a caverna e encontrei lá a mulher que me aguardava, como se já esperasse minha chegada, e ela falou que para reencontrar meu pai deveria passar por um desafio, eu aceitei logo ela me instruiu para ir para a Kinkow do passado e roubar o artefato do tempo, e que se falhasse bem, as coisas iam afundar de vez, literalmente. E aqui estamos nós, eu falhei e por causa disso minha Kinkow também não existe mais, e nem a de vocês... Fim...

A última palavra saiu em meio a soluços.

— Brhmmhmhnmmnrrrmam? — diz Brady, e logo em seguida, fincou os dentes na mão de seus irmãos.

— BRMMROMASOMOAODJODJO! — gritam Boomer e Boz em uníssono.

Livre das mãos de seus irmãos, Brady fala coçando a nuca:

— Onde foi que eu ouvi essa história antes?

— Eu lhe contei no pátio após ter roubado o artefato do tempo... — e após dizer estas palavras sem mais e nem menos, Kayla abriu o berreiro se lançando nos braços de Brady de novo, balançando enquanto soluçava desesperadamente.

— Não chore — diz Brady, lançando um olhar suplicante para todos os que o cercavam. — Escute, pare de chorar, por favor, está me fazendo ficar com lágrimas nos olhos e todo mundo sabe que só as mulheres e os idiotas choram...

— Pequenina não chore — diz Mason por fim, confortando a garota. — Você fez o que foi possível, ninguém nunca deveria ter deixado uma missão tão grande nas mãos de uma criança...

Kayla começou a chorar mais ainda, e desta vez todos lançaram um olhar de fúria para Mason, que em resposta deu um sorriso sem graça enquanto se desculpava. Mikayla, puxou Kayla pela mão e a encarou nos olhos:

— O que meu pai quis dizer; é que você não está sozinha, e as coisas ainda não terminaram, ainda há esperança, pequena e mirada como o Lanny, mais ainda assim é alguma coisa, não o Lanny, mais a esperança.

— Como pode haver esperança? Eu falhei. — diz Kayla parando de chorar, olhando para o chão, envergonhada.

— Você não falhou, as coisas só não foram como você esperava — diz Mason ainda sem graça, revelando algo que trazia escondido. O artefato do tempo.

— Viu só? — diz Mikayla sorrindo ao ver um brilho nos olhos de Kayla. — Agora só temos de arranjar um jeito de encontrar essa tal de Lady da Caverna.

— Impossível, eles roubaram o meu bracelete que me permitiria voltar até o limbo. — diz Kayla.

— Temos tempo para pensar em um plano... — diz Mason erguendo um punho vitorioso. — E daqui a dois dias os pegaremos de surpresa, encontraremos o bracelete e tudo se resolverá em seu devido tempo.

— Eu estou com medo — admitiu Kayla. — E se fracassarmos?

— Bem pelo menos partirei sabendo que os reis morreram — diz Lanny com um olhar sonhador logo em seguida se explicando de forma estranha: — Ao meu lado, puff, é uma tremenda honra.

— Kayla — diz Mikayla se endireitando. — Não vou mentir para você, o fracasso sempre é uma opção... Mais ter medo não.

Kayla abraçou Mikayla de forma carinhosa.

— Essa cena... — diz Brady, limpando os olhos e assoando o nariz estrondosamente na camiseta de Boomer.

— É muito, muito mesmo... — diz Boomer piscando rapidamente.

— Emocionante. — completa Boz sua voz soando desafinada.

Um minuto depois os três corajosos, poderosos e intrépidos reis da falida Kinkow, choravam feito três bebes na maternidade de KipiKipi.