“Não sei o que você fará quando abrir o envelope. Provavelmente rirá da minha mania antiga de escrever cartas. Realmente acho uma pena as pessoas se comunicarem tão rapidamente. É tão... rápido e tão falso. Em minha opinião. Não estou lhe chamando de falso.

Enfim, tomei coragem Natsu. Espero que se orgulhe. Aliás, faz tanto tempo que não te vejo depois daquilo... Seria muita ignorância minha dizer desculpa depois de tanto tempo, não é mesmo?

Ah... acho que... hum... estou perdendo a coragem. Eu tinha algo pra lhe contar, porém não sei se é certo. Você nem deve se importar. Não o culpo.

Mas, eu sinto que preciso te contar...

Eu...”

Era assim que a carta terminava. Sem dedicatória. Sem aviso.  Sem nada.

Natsu a olhou novamente. Era a caligrafia da Lucy. Tão linda delicada e, hum..? Cheirosa?

Natsu pegou a carta e começou a cheirar. Qualquer coisa que pudesse trazer o cheiro dela de volta.

- Natsu-kun, o que você está fazendo? – perguntou Erza.

Natsu soltou a carta e corou. Erza ajeitou os óculos e sorriu.

- Nada. – respondeu depois de alguns segundos.

- Ah, tudo bem. Fingirei que acredito. – retrucou Erza. – Tenho um comunicado. – sentou-se. – A empresa de Gray-san subiu na bolsa de valores. – ela ajeitou os óculos novamente sem esperar que Natsu absorvesse a ideia. – Eu vou agir. Vim lhe dizer que vou fazer parceria com Gray-san, afinal, não posso perder mais isso.

Olhou então para baixo. Fazia dois meses que a irmã de consideração de Erza falecera em um acidente de carro. Tudo que restava a ela era sua empresa.

- Espero que entenda. – disse ela se levantando.

Natsu assentiu.

- Tudo bem, não posso te impedir de fazer parceria com aqueles olhos mortos. – bufou Natsu. – Mas eu vou ganhar dele.

Erza estava se encaminhando para a porta.

- Não tenho dúvidas. – disse, saindo.

Finalmente, Natsu ficou a sós com a carta. Fazia, quanto tempo fazia mesmo? Sete ou oito anos. Como fazia tempo! Era inacreditável. Achava que não viveria nem mesmo um dia sem ela, e já fazia sete ou oito anos que estava sem ela.

Ele tentou tanto esquecê-la. A amava tanto que doía, e ainda dói. Então, tudo fora em vão por causa de uma simples carta.

Um simples sinal de vida.

“Natsu!” – chamava Lucy em suas memórias. - “Natsu!”

Ele sorriu, enfeitiçado pelo passado. Ah se pudesse torná-lo seu futuro!

- Natsu! – berrou Lisanna ao entrar em seu escritório. Ele abriu os olhos lentamente. Por um segundo quis que fosse Lucy.

- Ah, oi. – respondeu sem muita vontade. Lisanna começou a mexer em todos os móveis do escritório de Natsu. Tirou o pó dos móveis de uma madeira tão perfeita que causava inveja.

Depois de certo tempo os dois se encararam. Lisanna analisava cada expressão de Natsu. Sentia uma pontada de ciúmes, mas não sabia o por quê.

- Natsu, querido, vamos sair hoje, não é mesmo? – perguntou, levantando uma das pernas como se almejasse aquilo há muito.

Natsu concordou com a cabeça sem pensar.

Precisava se livrar de Lisanna. Saiu de trás da escrivaninha. Sentia que precisava ver Lucy urgente. Bem, ele sentia isso pelo menos cinco vezes por dia, mas dessa vez era sério.

Lucy precisava de sua ajuda.

Deu um rápido beijo em Lisanna e se retirou correndo.

- NATSU! – berrou Lisanna.

Não tinha tempo, precisava encontrar a garota que amava faz tempo. Lucy Heartfilia.