Radioactive escrita por RedRuM
9:45am.
– Tem certeza que ele está pronto para sair? E se ele tiver alguma recaída?
– Naruto...
– Seu quadro foi melhorando gradativamente e seria relaxante para ele estar em um lugar familiar depois de tanto tempo. Já as recaídas serão sempre inevitáveis.
– Eu também acho. Já se passou três anos e eu ainda lembro-me como se fosse ontem. É difícil saber que eu tenho que carregar isso comigo para o resto da vida, por isso eu me preocupo com o que ele possa fazer. Então... o que eu digo se ele me perguntar sobreeles?
– Naruto...
– Na melhor das opções, minta. Ele está passando por um momento caracterizado por uma tendência lúdica, misturando a realidade e a fantasia para se proteger, tendo uma percepção muito distorcida da realidade.
– Mentir? O que eu digo? Que fracassou em encontrar Sasuke e que Sakura saiu em uma missão prolongada? Isso não é justo com ele!
– Você acha que eu não penso nisso dia e noite? Não está sendo fácil para mim também, droga! Mas eu temo que seu estado clínico possa piorar se ele se lembrar da verdade estando nesse estado.
– Você por acaso acha que ele... pode perder o controleoutravez?
– Eu realmente não sei.
– Eu entendo.
– Naruto...
– Você sabe que vai ser difícil para ele, mas ele terá que conviver com isso. Agora vá, ele já está te esperando há bastante tempo.
O homem apenas assentiu e saiu pela porta em silêncio.
..
10:02am.
As paredes ali eram de dois tons: marrons embaixo e branco no alto. Ele sempre achou que a única combinação de dois tons no mundo inteiro capaz de ser mais depressiva do que marrom e branco era rosa e preto.
Quando chegou lá, ele ficou parado um minuto, encarando a fechadura da porta, apavorado, quando as coisas se tornaram assim?
Ele inspirou uma boa quantidade de ar, mantendo-o por um tempo dentro de seus pulmões. Suspirou rapidamente pelo nariz, dando dois toques suaves na porta para finalmente abri-la, relevando um quarto estranhamente branco e sem graça, e não ficou surpreso em encontrar Naruto sentado na cama olhando para a janela.
Naruto encontrava-se perdendo tempo, muitas vezes, sentado por vários minutos olhando para a janela - não por ela, apenas para ela - e, no momento seguinte, Kakashi estava agitando-o, dizendo-lhe que ele estava o chamando por quase uma hora.
Era como se seu corpo estivesse atravessando os movimentos da vida, mas ele não conseguia se lembrar de fazê-lo ativamente. Viver, fingir, era mais fácil do que costumava ser. Mas isso não impedia de ser doloroso.
– Naruto.
– Naruto...
O garoto desviou o rosto ao ser chamado e se virou para o homem estático na porta, e o último realmente se assustou em ver como seus olhos estavam mortos, opacos, sem brilho, sem qualquer sinal de vida.
– Kakashi-sensei?
Kakashi quase sorriu, queria desesperadamente transmitir alguma emoção acolhedora para seu antigo aluno, mas ele sabia que, se tentasse, sairia algo feio e demasiado forçado. Então sua expressão não mudou quando disse:
– Está na hora de ir para casa.
Naruto voltou a olhar para a janela por um instante e, sem pressa alguma, se levantou e pegou a mochila que estava ao lado de sua cama, provavelmente tinha sido arrumada por algumairyo-nin, Kakashi assumiu. Então, não mostrando qualquer expressão e ainda em silêncio, Naruto seguiu o homem de cabelos prateados para fora do quarto.
Quando as coisas se tornaram assim?Ele pensou mais uma vez, olhando a criatura vazia a sua frente, carregando o mundo em suas costas.
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