Recordações escrita por ThaísFru


Capítulo 1
Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, e principalmente a Sili.Boa Leitura!



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Recordações

Only - Chapter

(Capítulo único)

 

Já fazia alguns anos que levava aquela rotina. Saia de seu apartamento e ia direto para o trabalho, saindo altas horas de seu escritório. Era uma empresa de grande porte, e por mais absurdo que pareça somente ela era a diretora daquilo e somente ela queria manter tudo firme, com os pés no chão.

Não sabia desde quando passou a ter aquela personalidade, mas não conseguia sorrir mais como antes, somente empenhava-se em ganhar mais dinheiro, em ser alguém que fosse notável, em ser alguém em que a pessoas respeitassem.

Havia sofrido muitas desilusões, amorosas e em amizades, somente tinha a sua mãe como ente de família e amiga, e um cachorro em seu apartamento que sempre ansiava por sua chegada. Deveria ser por isso que resolveu tornar-se tão dedicada a apenas ser alguém na vida. Ás vezes pensava que quando cumprisse os seus trinta e cinco anos adotasse duas garotas, não queria bebes, queria duas crianças entre sete ou nove anos, porque sabe que crianças com essa idade não iria lhe dar tanto trabalho e saberiam o valor das coisas. Porque queria que seus filhos assim como ela, soubesse o quanto é ruim querer algo e não poder ter, passar por dificuldades e não poder fazer nada, e agora que tinha construído tudo aquilo, aquela empresa, adquirirá o seu apartamento, seu carro, tudo que sempre desejara, mas sentia que no fundo no fundo ainda lhe faltava algo.

Estava encerrando mais um dia, olhou para o seu relógio de pulso, assim notara que eram 21h15min da noite, suspirou entediada, havia saído mais cedo do que de costume, não tinha ninguém lhe esperando em casa, somente seu amigo de quatro patas, que era muito bem cuidado por sua mãe, que odiava cachorros mais respeitava as vontades da filha, outra que não a esperaria. Sua mãe não gostava de apartamentos, principalmente o seu, que ficava no ultimo andar, tendo tudo em que um apartamento de alto padrão merecia ter.

Fechou as portas de seu escritório, e logo passou a andar pelo corredor, o barulho de seus saltos ecoavam por aquele lugar vazio, onde via um segurança ou outro passar e lhe cumprimentar com um singelo boa noite.

Estava passando pela recepção quando ao olhar pelas janelas grandes de vidro pode notar a quantidade de paparazzi ali, suspirou entediada. Aquela semana era em que a revista negócios iria publicar sobre os maiores empreendedores da cidade. Durante os últimos dias havia recebido ligações, visitas e e-mails com solicitações de entrevistas. Todos queriam saber sobre sua vida, todos queriam saber o que a levara até ali.

Por muito pensava nisso, o que a levou ali? O que a fez por tantos anos perseguir com tanta cobiça e cobrança de si mesma obter aquilo? Sempre achava que ser rica era a solução para tudo, já que mesmo antes quando não tinha nada daquilo ainda sentia-se vazia, principalmente por gostar dos outros e perceber que para eles não era nem um por cento, daquilo que eles eram para ela.

Fechou as mãos em punhos, fechou os olhos, e suspirou, odiava lembrar do seu passado, coisas bobas, mas coisas bobas que a ainda a machucavam, por isso abriu os olhos erguendo o seu olhar novamente para aquela multidão pensando, no quanto era bom ter descartado as pessoas que lhe fizeram sofrer.

Abriu as portas duplas de vidro e tentou passar por meio daquelas pessoas e flashes. O manobrista já havia deixado o seu carro em frente a saída, faltava apenas poucos metros para se livrar daquela multidão, das perguntas feitas uma atrás das outras, dos flashes, dos ticks das maquinas, de tudo. Parou para abrir a porta do carro, recebeu um flash que foi direto em seus olhos, como se fosse para lhe chamar atenção. Direcionou o olhar para o local, assim pode ver quem havia feito aquilo. Uma moça, com cabelos castanhos escuros, com uma franja de lado que ela pode reconhecer, e logo após aquele sorriso. Apenas os lábios emoldurados em um singelo sorriso, onde sempre que o olhara via conforto, mas as vezes chegava a pensar que ela escondia algo. Era um sorriso afável, e com ele pode lembrar de muitas coisas. Muitas coisas sobre o seu passado.

Entrou em seu carro e passou a dirigir pelas ruas da cidade, a caminho de seu lar. Agora era ela quem sorria, havia lembrado de muitas coisas boas, lembrará de outras amizades que havia feito. Das que realmente valeram a pena:

— Então você realmente conseguiu ser uma fotografa — parou o carro no sinal vermelho, assim passou a esperar —... Jéssi... — murmurou ao sorrir novamente, não deveria ter esquecido disso, desses detalhes, dessas pessoas, dessa pessoa.

Chegou em seu apartamento, logo Duque veio correndo para lhe receber, com isso brincou com ele enquanto sorria, ansiosa por pegar algo em seu quarto. Trancou a porta da entrada, jogou sua bolsa no sofá da sala, e enquanto, eufórica, ia até o seu aposento, tirava os saltos.

Abriu uma das portas de seu closet, e seus olhos percorreram por toda sua extensão, até achar uma caixa, a puxou daquele lugar fechado, levando-a para o meio do quarto e logo que a abriu tirou duas caixinhas de madeira, uma escrita Thaís e outra Fru. Sentou naquele chão, que não era frio por ser carpete, e logo Duque entrou correndo e sentou em seu colo. Depositou uma das caixinhas ao seu lado enquanto mantinha a outra em mãos, a abriu e nela pode encontrar muitas coisas. Fotos de uma amiga com o mesmo nome que o seu, várias cartas, lembrancinhas como chaveiros e bilhetes, e o que ela procurava era um envelope branco onde dentro dele havia uma carta datilografada. Pegou-o e assim pode ver a folha já um pouco amarelada, mas com suas letras de tintas visíveis.

Sentiu os seus olhos transbordar e uma enorme nostalgia lhe preencher. Lembrava bem das palavras dela:

“Se você tornar-se uma pessoa fria, isso significa que você está piorando e não melhorando...”

Ela tinha razão, a única coisa que conseguiu foi ficar sozinha, queria livrar-se do sofrimento de não ter que se importar com os outros e se arrepender depois com um rompimento de amizade, porém acabou fazendo aquilo que não deveria ter feito:

“Não se descartar pessoas, isso é ruim, não se deve descartar e sim afastar, afastar porque você ainda se importa com aquela pessoa, ainda sente algo por ela, mas ela lhe faz mal, por isso se deve afastar. Descartar não, só pessoas cruéis fazem isso...”

Sim, lembrava-se perfeitamente das palavras dela, toda vez que desabafava sobre os seus outros amigos, que chegou a confiar e no final acabou se magoando. Não achava-se cruel, mas admitia para si mesma que sua vida tornou-se solitária. Fazia quantos anos que não via suas melhores amigas, aquelas com que compartilhava tudo, trocava mensagens, cartas e presentes? Nem ela mesmo lembrara, ainda tinha o endereço de cada uma delas, mas será que era o mesmo? Como que elas estavam?

Resolveu que naquela noite iria encontrar as repostas para as suas perguntas, começando a procurar pelas suas amigas pelo nome no computador, afinal o mundo era movido a internet, entretanto ainda possuía uma lista telefônica e ao confirmar os endereços com os números, resolveu que passaria aquela noite escrevendo cartas, assim como fazia a anos atrás.

E a primeira, seria um agradecimento, para a mulher cujo o sorriso terno lhe fez lembrar de seu passado, das suas sábias palavras em seus momentos tristes e principalmente das melhores amigas que pode ter naquela época, e que estaria disposta a recuperá-las haja o que houver. Não iria desistir delas e nem se afastar, não mais.

 


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Espero que tenham gostado, criticas construtivas? Beijos e obrigada a aqueles que leram.