Isabella

Por um instante tinha ficado feliz em saber que Edward tinha ligado pra mim, tinha me lembrado da forma carinhosa com que ele me tratou no jantar e me senti estranhamente segura, e naquele dia sua voz parecia triste, solitária. Ele podia me animar um pouco depois que Jacob me deixou, uma conversa casual poderia fazer bem ao meu espirito. Mas foi o contrário, obviamente ele continua o mesmo arrogante de sempre.

Senti raiva novamente, não tentaria mais ser amiga dele, como eu disse ao Jake, seria estritamente profissional a nossa relação. Bom, mas tudo isso poderia ser esquecido agora, eu mal poderia acreditar que consegui o trabalho. Enquanto dirigia até o clube, pensava no dinheiro que ganharia para iniciar a reforma do estúdio. Havia pessoas que realmente acreditavam em minha capacidade. Estava ansiosa para jogar na cara de Edward e acabar com a sua desconfiança.

Sarah Williams me telefonou no dia anterior contando que as mulheres do comitê haviam adorado o meu portfólio e queriam que eu começasse imediatamente. Com os contatos que faria com as várias associadas do clube, certamente conseguirei muitos outros trabalhos.

Estacionei o carro e caminhei até a sede do clube. Esse trabalho não podia ter surgido em momento melhor, pois a minha autoestima ficara abalada após o desastroso jantar com os colegas de Edward, além de ficar triste por causa da nossa briga ao telefone e pelo fim do meu namoro com o Jake.

Não sabia o porquê de Edward insistir em manter o acordo, mas se eu quisesse reerguer o estúdio, teria que acompanhá-lo a todos aqueles eventos sem graça. Por um instante me lembrei da solidão que senti na sua voz quando ligou. O sentimento parecia não combinar com ele e, se realmente estivesse se sentindo só, por que não arrumava uma namorada de verdade? Sorri ao abrir a porta de vidro do clube.

- Bella! - Sarah me cumprimentou. Venha, entre. Que bom que você pôde vir. Costumamos nos reunir às terças-feiras e quero apresentá-la a todas as associadas.

Logo me vi sendo conduzida por uma Sarah sorridente por um aposento muito bem decorado. Havia poltronas que pareciam além de bonitas confortáveis e arranjos lindos de flores frescas. Estava ansiosa para conhecer as mulheres com quem trabalharia e sorri para o grupo que conversava animado. Três daquelas mulheres estavam no jantar desastroso com os colegas de Edward. Tentei não me senti menor com aquilo.

Notei novamente a roupa daquelas mulheres. Elas pareciam comprar nas mesmas lojas e penteavam os cabelos em cabeleireiros caríssimos. Além de usarem joias que pagariam seis meses de meu aluguel. Aquele não era um ambiente para mim. Aonde eu vim me enfiar? Aquelas mulheres riram de mim e devem estar até hoje rindo e comentando com suas amigas enquanto seus maridos que me despiram com os olhos no dia ainda imaginam coisas nada agradáveis de mim. E eu ainda teria que fotografa-las?

- Querida Sarah... - Eu comecei.

Sarah não me ouviu, pois já estava vários passos adiante e conversava com uma senhora mais velha cujos cabelos bem arrumados e corpo esguio tentavam ocultar os sinais da idade do rosto.

- Bella. - Sarah me chamou e me puxou graciosamente para frente. - Quero que conheça Susan Chapman. O marido dela é o presidente da Chapman Oil

- Olá, muito prazer. - A senhora me cumprimentou com um aperto de mão firme.

- Olá. - Respondi satisfeita com o sorriso franco da mulher.

- Soube que arrasou no jantar do clube. Dizem que você incendiou o lugar. - Susan sussurrou com um olhar maroto.

- Hã? - Murmurei o coração acelerado.

- Não fique assim queria, mas eu sei tudo a seu respeito. O marido de Paige trabalha com seu noivo. Como responderia aquilo? Estava insegura , tinha sido pega de surpresa com aquele comentário. E... Meu noivo? Eu abri a boca para corrigir o engano, mas fui interrompida.

- Edward, Edward Mansen Cullen. O conhecemos há séculos. - Paige informou. Quero marcar uma sessão com você. Quando será possível? Devo admitir que estou muito curiosa em saber o que vai fazer comigo. Dizem que tem muito talento Isabella.

- Talento? - Repeti, esquecendo o tipo de relacionamento que tinha com Edward. Comecei a perceber que não havia hostilidade naquele grupo. Olhei para o lado e vi Alice se aproximando sorridente.

- Bella, não seja boba. - Sarah falou. Nós somos mulheres que se entregaram ao estilo de vida de nossos maridos. Tornamos-nos comuns e monótonas. Mas você, com esse seu cabelo maravilhoso e seu estilo, pode ser ousada. Como usar o vestido dourado daquela noite.

- Olá Bella! - Alice me abraçou e me beijou.

- Oi Alice. Não sabia que te encontraria aqui. - Fiquei feliz por vê-la ela parecia ser uma pessoa especial.

- Sarah me contou que viria, quis vir te ver. Sabe Bella, você foi objeto de comentários intrigantes. - Ela sorria.

- Imagino como não puderam parar de comentar sobre esta bela moça. - Susan riu.

- Não pode imaginar o quanto comentaram. Aquele vestido dourado deixou-a ainda mais fantástica. Sabem, algumas mulheres sentiram tanta inveja que queriam atacá-la no banheiro! Mas eu disse a elas que Bella é uma artista e que não podia evitar ser notada. - Sarah falou.

- Obrigada. - Agradeci ainda atordoada. Então, não precisei ficar tão nervosa por conta do vestido? Elas deram um porque da minha atitude de vestir aquele vestido: O meu talento artístico. Tive vontade de rir, mas me contive. Alice tinha um olhar brincalhão e piscou para mim, com certeza ela sabia a verdade. O que diriam se eu contasse que comprara o vestido num brechó no último minuto por que era barato e me serviu?

- Já imagino como eu quero ser fotografada. Quero algo sensual. - outra mulher acrescentou ansiosa.

- Podemos fazer isso. - Concordei e percebi mais calma que aquelas mulheres estavam entusiasmadas em tirar fotografias como qualquer outra ficaria.

- Que tal você tirar algumas fotos apenas usando algumas plumas? Assim chamaria a atenção de seu marido. - Algumas brincaram.

- O que eu preciso é de um pouco da imaginação da Bella, de uma atitude de desinteresse. Você esteve ótima na outra noite, Bella. Que homem pode resistir à combinação de sedução e indiferença?

Aquelas mulheres acreditavam que estava indiferente? Estive tão ocupada em ocultar o constrangimento depois que Edward insistiu para que eu ficasse que não imaginei que as pessoas tivessem compreendido mal meus sentimentos.

- Vou dar a você um ar sedutor e desinteressado. - Eu garanti à mulher. - Deixe comigo.

Procurei o novo bloco de notas na bolsa. Tudo corria muito bem. De repente, dezenas de novas ideias para novas poses surgiam em minha mente. Poses sensuais, elegantes, únicas. Aquelas mulheres eram tão reprimidas que o simples fato de exibir algum poder sexual diante dos maridos deixava-as excitadas.

As demais mulheres reuniram-se ao meu redor para marcar seus horários. Confiante e entusiasmada, anotava o nome de todas. Mal podia esperar para contar a Edward, e observar a surpresa e desapontamento em seu rosto.

Ele me fizera um favor irrefletido ao pedir que eu ficasse até o final do malfadado jantar e agora colhia os frutos de minha decisão. Talvez participar daquele joguinho com ele não fosse uma ideia descabida afinal.

Podia usar a situação a meu favor. Muitas pessoas gastavam uma fortuna em publicidade e lá estava Edward oferecendo-me inúmeros contatos fantásticos. Aquelas mulheres tinham filhos, todos seus maridos precisavam de retratos em suas escrivaninhas. De repente eu vi muitas possibilidades de trabalho se abrindo a minha frente. A vida poderia ser muito boa.

Depois de alguns minutos as mulheres se afastaram deixando a reunião, até Alice foi embora dizendo que se encontraria com Jasper.

- Estou tão feliz por você tiras as fotos do clube. Sarah comentou.

- Sarah, obrigada por me dar essa oportunidade. Você é maravilhosa. Agradeci apertando-lhe a mão.

- Estou feliz em poder te ajudar. Sei que vai fazer um ótimo trabalho.

- Esse trabalho significa muito para mim.

- Admiro a sua coragem. - Sarah me elogiou. - Você não tem medo de assumir riscos, de ir atrás do que quer. Não sei se eu poderia fazer isso. Tenho medo de me dar mal e aborrecer as pessoas, de tomar a decisão errada.

Franzi o cenho, percebendo infelicidade no rosto delicadamente maquiado da minha nova amiga.

- Quer saber um segredo? Eu também tenho medo.

- Não parece.

- Ótimo. Ás vezes temos que fingir uma confiança que não sentimos. - Confessei colocando a bolsa no ombro.

- Bem, eu confio em você.

- Obrigada. - Devolvi sincera.

Antes encarei Sarah como uma mulher bonita, acreditando que ser a esposa de Williams era seu único objetivo na vida. Agora, porém, perguntava-me se ela não alimentava grandes sonhos por trás daqueles olhos melancólicos, sonhos que não se encaixavam no mundo do marido.