PRÓLOGO

Naquele dia todo Porto Real acordou em alvoroço. O sol ainda não havia nascido mas os sinos da Fortaleza Vermelha já tocavam de forma desesperante. A principio pensou-se que era um ataque à cidade mas logo um outro pensamento se sobrepôs. O rei morrera. Já era velho e estava doente não havia nada que os meistres pudesssem fazer a não ser dar-lhe leite de papoila para facilitar a sua jornada. As rainhas pouco dormiram nessa noite, passando-a ao lado do esposo que tossia até não conseguir respirar e dizia coisas sem nexo. Depois diversas falhadas tentativas dos meitres para o curar, finalmente um disse-lhes a verdade. O rei estava já doente e não tinha forças para se curar dessa nova enfermidade, além de que a doença era incurável. Ou seja, veneno. Alguém envenenara o Rei, que pelo reino tanto bem fez. As rainhas não conseguiam entender.

Myriah deu-lhe um último beijo numa mão e ele partiu. Elas sabiam que deveriam contar aos filhos, mas este tipo de noticias nunca é facil de dar. Ambas tinham a certeza que alguns dos filhos queimariam metade de Porto Real para descobrir o assassino e os outros queimariam a outra metade por influência dos irmãos.Talvez fosse melhor não contar a cerca do veneno. Só traria problemas.

– Minhas Rainhas, devo dar a ordem para tocarem os sinos a anunciar a morte do rei? - Perguntou o Meistre Creissen.

Elas trocaram rápidos olhares e anuíram. O velho homem saiu a andar o mais rápido que conseguia.

– Rodrik chame os familiares do Rei. - Pediu Anya Tyrell, com a voz fraca e cansada.

– As crianças também? -Perguntou o guarda Tyrell.

– Não são familiares do Rei? - Gritou-lhe Myriah enraivecida.

– São, Vossa Graça - O guarda retirou-se rapidamente do aposento real para chamar os irmãos, os filhos e os sobrinhos do recém-falecido rei.

Myriah deixou-se cair num sofá junto da janela, tinha um riso melancólico no rosto.

– Quem diria que nos lhe sobrevivêssemos. - Comentou ela.

Anya soltou um risinho e sentou-se ao lado dela.

– Ele sempre teve uma saúde de ferro. - Respondeu a outra, ajeitando o cabelo escuro. - Mas o que o veneno pode fazer.

– Não, o veneno não. As lágrimas. - Retorquiu a outra com um sorrisinho.