Pôr do sol

“Se eu deitasse aqui, se eu apenas deitasse aqui, você se deitaria comigo e esqueceria o mundo?” Chasing Cars

Hermione desceu as escadas de casa, era fim da tarde e sua mãe não estava ali. Seu pai encontrava-se na sala lendo um clássico de Shakespeare, Hermione passou por ele depositando um beijo em sua bochecha e saiu de casa em seguida. Não demorou para que ela chegasse na praia, vestia um lindo vestido branco de mangas compridas feito de tecido que deixava-a parecida que vestia apenas uma blusa social. Por baixo do vestido, tinha seu lindo biquíni vermelho.

O melhor daquela parte na praia era que as pessoas não iam para ela por ser perto das casas e porque tinham enormes rochas que começava na areia e iam até um certo ponto da água. Era um lugar perfeito, mas para se divertir com os amigos em um dia de sol, não. Mas aquele era o problema, estava sim, fazendo sol, mas o céu estava um tanto nublado anunciando que choveria mais tarde. Hermione se lembrou de Londres no verão, era daquele jeito, apesar de não chover depois.

Hermione teve a louca ideia de subir nas pedras, elas eram molhadas, porém fáceis de escalar. Mas eram altas, muito altas. Hermione apoiou o pé em uma das partes irregulares das pedras e apertou a mão em outra parte de cima, pendurando-se. Foi fazendo isso até o chegar ao topo rapidamente.

Hermione sentiu o vento bagunçar o cabelo e fechou os olhos apreciando aquilo, ela deixou escapar pelos lábios rosados um suspiro e sorriu. Então ela sentiu mãos puxando seus braços para cima, abrindo-os como uma cruz. Ela abriu os olhos assustada, mas a pessoa ao seu lado soltou um riso a acalmando.

_ Somente relaxe. _ Ela conhecia aquela voz como a de seu mais novo amigo, Draco. Por mais que ela não quisesse, ela obedeceu. _ Poderíamos reencenar Titanic aqui, não acha? _ Ele riu, Hermione tombou a cabeça para trás o que fez a encostar no ombro do garoto.

_ O que faz aqui? _ Ela perguntou, calmamente. _ Astoria não iria gostar.

_ Quem liga para Astoria? _ Draco respondeu fazendo Hermione rir.

_ Ela é sua namorada, Malfoy. _ Hermione soltou-se dele. _ Deveria ao menos ter consideração.

_ Por mim, tanto faz. _ Draco deu de ombros. _ Hey, por que você saiu daquele jeito hoje mais cedo?

_ Que jeito? _ Ela perguntou, fingindo-se de desentendida.

_ Daquele jeito, Hermione. _ Ele disse, rolando os olhos cinzentos. _ Nem se despediu direito, saiu apressada.

_ Não é legal ficar segurando vela, Draco. _ Hermione deu um meio sorriso. _ Principalmente quando tem um garoto dando em cima de você.

_ Blásio dá em cima de toda garota. _ Ele falou, observando um ponto além do horizonte. _ Não que você seja qualquer garota... _ Ele completou. _ Mas você me entendeu.

_ Uhum. _ Hermione murmurou. _ Draco, sei que eu não devo perguntar isso, mas... Por que você namora da Astoria? Se você não gosta dela...

_ Meu pai. _ Draco respondeu. _ Ele disse que está tentando fazer negócios com o pai dela e se eu namorasse com ela iria ajudar bastante. _ Draco murmurou. _ Não que eu quisesse, eu fui obrigado.

_ Eu entendo isso. _ Ela o olhou. _ Já fiz coisas como essas por obrigação, mas a sua foi bem pior.

A cor do céu mudava para alaranjado, o azul claro ia sumindo e o laranja trazia o azul mais escuro. A água da praia misturava-se com as cores do céu e fazia parecer que estava cheia de purpurina, era uma coisa linda de se ver. O vento batia mais forte fazendo com que os pelos de suas peles eriçassem.

_ É lindo não é? _ Draco murmurou _ Eu vinha aqui sempre... Tem outra coisa que eu gosto de fazer aqui.

_ O que?

Draco correu até o fim das pedras e sem se importar com o que estava fazendo, ele pulou. Hermione soltou um grito agudo correndo para onde o garoto estava poucos segundos atrás, ela olhou para a água do mar calma, como se ninguém houvesse pulado um pouco antes e ela percebeu que até agora, Draco não havia voltado.

Sem pensar duas vezes, Hermione começou a descer da enorme pedra, foi descendo aos poucos até chegar há uma certa altura que não se machucaria e então, pulou na água. Não podia abrir os olhos e por isso, ela tateava com a mão a água a sua frente procurando se encontrava algo sólido que fosse Draco. Não achou nada.

Ela emergiu no mesmo momento que o loiro emergia metros na frente dela, ele riu da cara enfurecida da garota que nado até ele, irritada e batia freneticamente em seus ombros, mas não causava nem cócegas nele.

_ Você estava querendo morrer, é isso Malfoy?! _ Ela bradou. _ Se quisesse, eu sinto muito, mas era só pegar uma arma e atirar na sua cabeça e de preferencia bem longe de mim! _ Hermione suspirou enquanto o loiro ria. _ E se tivesse uma pedra? Hein? Se você batesse a cabeça? E se não fosse fundo o suficiente Malfoy?

_ Relaxa, Hermione. _ Ele sorriu. _ Eu faço isso desde que aprendia a nadar, com dez anos.

_ Mas podia ter morrido! _ Ela disse. _ Olha, se for fazer isso de novo, faça bem longe de mim.

_ Não precisa ficar preocupada. _ Ele sorriu.

Hermione revirou os olhos virando-se para encará-lo.

_ Não estou preocupada. Só não queria participar de uma cena de suicídio, ok?

_ Você mente muito mal. _ Draco brincou. _ Mas vamos fingir que isso não aconteceu ok?

_ Hm, tá.

_ Quer brincar? _ Ele sorriu. _ Corrida?

_ Está tarde e frio. _ Ela disse. _ Não acha que devemos ir para casa?

_ Não são nem sete horas, Hermione. _ Ele rolou os olhos. _ E se você estiver com frio, vai ganhar um abraço meu, está satisfeita?

_ Prefiro ficar com frio. _ Hermione rolou os olhos novamente.

Draco sorriu apertando a menina contra seu peito enquanto a mesma se debatia sem parar, ele ria. Então ele passou os dedos pelos olhos dela os fechando e a puxou com ele para um mergulho. Hermione quis gritar, mas não podia. Ela apertou-se mais ao peito de Draco e sentiu-se segura, mas como ela podia sentir-se daquela forma? Ela não estava segura, ele poderia soltá-la a qualquer momento. E por mais que ela se convencesse disso, algo ainda dizia que ela estava segura.

E então ele a puxou de volta, o vento frio batendo contra seu rosto. Hermione já estava preparando-se para gritar ou até mesmo espernear, mas Draco a impediu com um gesto de silêncio.

_ É melhor eu ir. _ Ela disse, nadando para a areia.

– Hermione... _ Draco chamou. _ Me encontra aqui mais tarde?

_ Não acho que seja uma boa ideia, Draco.

_ Quando todos dormirem. Por favor.

_ Tudo bem. _ Ela sorriu. _ Até mais tarde.

[...]

O relógio cor-de-rosa na parede marcava doze e meia; Hermione verificou se havia alguém no corredor. Estava tudo vazio e silencioso. Silencioso demais, alguém poderia vir a qualquer momento. Ela colocou o casaco pesado camuflado sobre o short curto jeans e a regata com a estampa da bandeira de Londres. Os cabelos de Hermione estavam presos em um coque malfeito.

Hermione saiu de casa pela sua sacada, sim ela tinha uma, adorava-as desde que lera Romeu e Julieta, amava essa história de coração e ficava todos os dias esperando seu Romeu juntamente com Gina, a amiga já encontrara o dela, mas o de Hermione não aparecia. Alguma coisa dizia que ele estava próximo dela, seria Rony Weasley? Ela não podia negar que se sentira bastante atraída por ele, mas não sabia ao certo...

O importante agora era que ela estava igual a Julieta, correndo de seus pais e saindo escondida na noite escura para encontrar Draco. Não, ele não podia ser seu Romeu. Ele era apenas um amigo que gostava de desafiá-la e como uma boa Granger, Hermione não gostava de ser desafiada e por isso não fugia de suas obrigações.

Hermione escalou a pedra até chegar ao topo onde Malfoy estava falando no celular. Ela esperou calada e pacientemente ele terminar, a castanha sentou ao seu lado.

_ Era Astoria. _ Draco disse desligando o celular. Hermione assentiu. _ Ela está brava porque eu terminei com ela...

_ Você o que...?

_ Terminei com ela, se meu pai descobre, eu estou morto! _ Ele suspirou. _ Astoria quer tudo só para ela, sabe? Não gosto disso... Ela quer mais atenção do que eu posso dar.

Hermione deu um sorriso sarcástico.

_ Aposto que você pode, sim, dar toda atenção possível a Astoria Draco. _ Ela disse. _ Deixe de drama.

_ O problema é que ela quer que eu a ame. _ Ele explicou. _ Eu não sou de me apaixonar, Hermione, por nenhuma garota.

_ Por quê?

_ Eu não sei. _ Ele confessou. _ Acho que tenho medo de me machucar ou...

_ Machucar quem você ama? _ Hermione ergueu uma sobrancelha.

_ Isso. _ Ele suspirou. _ Por isso nunca vou amar ninguém.

_ Não é como se você pudesse escolher, Draco. _ Hermione disse. _ Olhe, nem mesmo as pessoas mais fortes pode impedir que isso aconteça. _ Ela apertou sua mão entre as suas. _ Eu sei que a sua ironia e sua frieza é uma arma para esconder tudo isso Draco, mas não vai adiantar, o amor é... Penetrante sabe? Não vai importar a arma que você usar, o escudo que você tiver... Se você quiser um lado bom, é o sentimento mais lindo que você pode sentir.

_ Você acha?

_ Eu tenho certeza. _ Ela sorriu, acomodando sua cabeça no ombro do loiro. _ Quando você o encontrar, você vai saber porque... Bem, vai ser a coisa mais pura que você já sentiu.

_ Pois eu espero que eu sinta logo. _ Draco murmurou. Hermione deu um meio sorriso.

_ Tudo há seu tempo, Draco.