Nico di Angelo:

Eu e Alex ficamos nos beijando por um tempo. Na cabine de Poseidon. Sozinhos. Deitados na cama dela. Mas não vá pensando que algo demais aconteceu, por que estão errados, tá?

Isso durou até um tempo, até que eu ouvi o estômago dela roncando.

– Você não tomou café hoje?

– Hm... Ainda não.

– Vamos lá então, também não comi ainda.

Ela pareceu hesitar, mas acabou cedendo.

Chegamos juntos, mas, como não podemos nos sentar juntos, apenas pegamos a comida e fomos sentar separados.

Olhei para Alex, iria dizer que iria vê-la depois de tomar café, e percebi que a mesma havia pegado apenas uma maçã, mesmo com o estômago roncando.

– Anjo, você só vai comer isso? Você estava morrendo de fome.

– Hm... Não, acho que posso esperar para comer mais no almoço.

– Alex. É sério. Coma mais um pouco, por favor. Você já está magra demais. Vai acabar ficando anoréxica!

– Tudo bem, tudo bem. Vou comer mais, mamãe! – ela disse rindo.

Sorri e beijei seu nariz, e depois ela pegou um copo de leite e um pedaço de pão.

– Agora sim. Bem vou pra minha mesa, nos encontramos depois?

– Claro.

Sentei em minha mesa, virado para a de Alex, a observando. Às vezes eu sorria, e ela ria de mim. Bobo apaixonado? Não, que isso. Sempre fico olhando para as pessoas enquanto elas comem e sorrindo para elas. Com certeza.

Parei para pensar em como Alex comia pouco. Mal a via comer, não era de se estranhar que estivesse tão magra. Mas ainda bem que consegui fazê-la comer mais. Quero ajudá-la de todas as maneiras possíveis e impossíveis. Cara, faz pouco tempo que a conheço, mas sinto que seria capaz de ir até as profundezas do Tártaro por ela.

Terminamos de comer e acompanhei Alex até sua cabine.

– Nico... Você se importaria de me deixar sozinha um pouco? Não estou me sentindo muito bem.

– Hm... Claro. Mas você não prefere que eu fique aqui com você até melhorar?

– Não é nada demais, meu estômago só está embrulhado. Estou bem.

–... Mas se você está bem, por que não posso ficar?

Ela olhou pra mim e ficou quieta. Pensando em alguma desculpa, com certeza. Provavelmente ela iria esperar eu deixá-la sozinha e iria se mutilar novamente. Mas eu não ia deixar. Não mesmo. Nem que tivesse que ficar com ela contra sua própria vontade.

– Nico, por favor. Não se preocupe. Eu ficarei bem. Okay?

– Anjo... Promete que não vai fazer nenhuma besteira? Promete que não vai pegar aquelas lâminas e se machucar? Por favor, Alex, se você fizer isso... Prometa-me.

– Não irei me cortar. Não se preocupe. – ela parecia, de fato, estar falando a verdade. Mas eu não poderia simplesmente deixá-la sozinha. Sabia que seria tolice minha. Dói-me que eu não acredite nela, mas infelizmente, ela não anda me dando escolhas.

– Promete mesmo, né? Você não irá se cortar.

– Prometo que não vou me cortar. – Assim sendo, ela me beijou, me deu um abraço, e entrou em sua cabine e trancou a porta. Mas antes eu a escutei murmurando algo, mas não identifiquei o que.

Esperei uns três minutos e viajei pelas sombras para dentro de seu quarto. Ser filho de Hades tem suas vantagens.

Para meu desespero, ela estava no banheiro e eu ouvia barulhos.

– Alex?! Alex! Você está bem.

– Nico! Eu disse que estava bem! Pedi para ir embora, por favor Nico, não é uma boa hora.

E os barulhos continuaram. Eu estava desesperado. Encostei minha cabeça na porta do banheiro e pude escutar. Alex estava... vomitando.

– Alex! Anjo, você está bem? Precisa que eu chame alguém?

– Não! Nico, estou bem! – Porém, ela continuava vomitando.

– Alex, desculpa, mas tenho que fazer isso.

Sem muito esforço, arrombei a porta do banheiro e encontrei-a ajoelhada em frente ao vaso sanitário, com dois dedos dentro da garganta. Estava se fazendo vomitar.