Filth In The Beauty escrita por Fabi-Aiyu


Capítulo 1
Untitled


Notas iniciais do capítulo

POV alternado entre o Ukitake e o Kyouraku ;P



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(Ukitake POV)

 

Eu poderia andar por aqueles corredores e passar duas ou três vezes por ali num único dia que sempre eu o veria com alguém – claro que, quando esse alguém que estava com ele não era eu, obviamente se tratava da nova companhia dele, seu novo affair.

Kyouraku Shunsui, uma das melhores companhias que ganhei dentro da Academia, se tornou meu amigo e a pessoa em quem eu confiava quase para tudo; exceto por sua personalidade razoavelmente popular. Okay, minto, mas não acho que eu tenha capacidade de chamá-lo de galinha ou seja lá como as pessoas preferem dizer.

- ... E acho que a gente podia dar uma volta um dia desses, à noite...

A bela garota morena que o acompanhava deu um sorrisinho amarelo de canto quando me viu aproximar deles e cruzar os braços no aguardo do fim do assunto. Ela jogou os cabelos e beijou a bochecha dele, afastando-se para junto das amigas, criando um breve burburinho animado entre as mulheres que simplesmente babavam pelo moreno – que, por sinal, me olhava sorrindo sereno como sempre.

- Devia parar de dar esperanças...

- Eu ainda dou esperanças à elas? – ele sorriu e bagunçou meus cabelos – O que achou dela? Satoru Mayume, boa aluna, morena...

- Acho que devíamos ir para casa!

- Que menino rabugento!

Ele riu e eu sorri divertido, meneando negativamente meu rosto quando ouvi o que ele disse. Prosseguimos caminhando um ao lado do outro enquanto o assunto principal já tinha deixado de ser garotas para ser o que iríamos comer ao chegarmos e casa.

No caminho rumo ao nosso lar, paramos num local para comprar gyoza para o jantar, além de uma garrafa se sakê que foi vendida para o Kyouraku – mesmo porque qualquer pessoa que olhasse para meu cabelo branco channel e minha cara empalidecida era bem capaz de dizer que eu era novo demais para isso.

Ao chegarmos em casa, ele abriu a porta e eu adentrei, segurando as sacolas nas mãos. Larguei as comprar sobre o pequeno kotatsu na sala e caminhei até meu quarto, sendo seguido por ele, que se encostou na porta com o ombro e me olhou, atencioso.

- Ruiza me disse que você ia demorar pra sair porque teve uma crise de tosse.

Passei as mãos por meus cabelos, alinhando-os, notando a leve preocupaçãos por meus cabelos, alinhando-os, notando a leve preocupaça com o ombro e me olhou, atencioso.em capaz de dizer que sou novo o que transparecia em sua voz tão firma, mas sempre tão suave. Não pude evitar de sorrir e me sentir grato por ter sua amizade, muito menos por seu cuidado excessivo. Então, o olhei.

- Tive sim... - soltei um suspiro pesado - Mas nada fora do comum. Ao menos, você pode aproveitar mais um pouco com a Mayume.

Ele riu divertido e voltou a atenção para meu futon, andando até ele e deitando-se ali. Ele sorriu ainda leve e bateu no espaço a seu lado, onde eu sentei sobre minhas pernas, meio curvado para a frente. Ele levantou um dos braços e bagunçou meus cabelos com sua mão - ele sabia que não me agradava nenhum pouco aquilo, mas eu sempre tolerei quando era ele quem fazia essa desordem.

Seus olhos pisaram devagar e ele apoiou as mãos atrás da cabeça, ainda me olhando. O olhar dele me deixava levemente pela fixação que mantinha em meus olhos, e aquilo acabou por me fazer corar suave e ele tornar a sorrir, certamente achando graça da situação.

- Você sempre fica meio corado quando te olho... E sempre fica meio irritadinho quando eu falo das mulheres.

- Vai me dizer que beijou a Ruiza também?!

Ele virou o rosto e colocou o indicador sobre os lábios como se estivesse tentando arrancar da memória, fazendo um leve bico. Em seguida, ele riu e me olhou, confirmando minha indagação sem eu nem precisar perguntar duas vezes.

Balancei o rosto, meneando-o negativamente e passando minhas mãos por meus cabelos. Suspirei leve, pois eu já devia saber a resposta dele sem nem ter perguntado - garanhões são garanhões, afinal.

Continuamos lá, os dois, deitados em meu futon, conversando tranquilamente. A mão do moreno do meu lado permanecia acariciando meus cabelos enquanto ríamos de assuntos aleatoriamente selecionados por nossas cabeças, até o momento em que eu ouvi sua barriga roncar. Soltei um riso longo, abafado pela travesseirada que levei dele no rosto e, então, levantei, rumo a cozinha para fazer o nosso jantar.

Peguei a bandeja de gyoza e comecei a prepará-los enquanto Shunsui tomava seu banho no ofurô. Fritei cuidadosamente cada um dos "pasteizinhos" de carne e repolho, alinhando-os ainda com mais cuidado sobre a travessa. Coloquei tudo bem arrumadinho sobre o kotatsu e sentei-me, esperando que ele viesse. Só que não daquele jeito com a toalha nos ombros e as gotículas da água escorrendo em seu tórax quando pingavam de seu cabelo!

Ah, ele era lindo naquela época, e não apenas eu sabia disso. Kyouraku sabia bem do quanto era charmoso e atraente, e não media esforços para enfrentar a situação; pelo contrário, adorava estar sempre cercado de belas mulheres, como Ruiza e Mayume, e nunca movia um dedo (ele nunca precisou mesmo, afinal!) para ficar com elas, já que eras "choviam" aos montes.

Bem, voltando ao que eu dizia, naquele fim de tarde, terminamos de comer e bebemos suco para, então, levantarmos e irmos para o quintal treinar alguns kidous. Já tínhamos domínio sobre alguns hadous básicos, mas sempre foi bom treinar mais, ainda mais com uma companhia como ele, que conseguia me acertar, me machucar, comemorar, correr até mim e ver se eu estava bem. E, obviamente, ele sempre ficava preocupado comigo quando eu me feria, ainda mais se depois eu começasse a tossir.

- Ukitake-san, eu vou sair com a Mayume hoje.

Eu desviei meu olhar do livro que eu lia e o encarei. Ah, céus! Ele estava tão bonito, perfumado e elegante que, por um momento, fiquei estático até finalmente conseguir assentir com o que ele disse e voltar meus olhos para o livro.

Porém, nesse caminho que a minha visão percorreu, o que estava na sacola que ele segurava na mão direita me fez voltar os olhos até os dele e fixá-los ali, encarando-o.

- Vai levar o sakê que compramos anteontem? - suspirei, arqueando leve uma de minhas sobrancelhas.

- Uhum. Ela gosta de beber.

Ele piscou pra mim e bagunçou meus cabelos, sorridente como sempre fez. Só que, diferentemente do que sempre costumou acontecer, eu desviei meu cabelo da mão dele ao puxar meu rosto para o lado. Era estranho, mas pareia que o fato dele levar uma garrafa de sakê para beber com ela, ir para a cama e, depois, despedir-se até nunca mais me faziam ficar estupidamente nervoso. estranho e irritante, diga-se de passagem.

Ele me olhou com uma evidente confusão no olhar. Sentou-se ao meu lado e perguntou o que houve, recebendo um mero murmúrio de "nada" de mim. Em seguida, ele me abraçou forte e depositou um beijo em minha testa, acariciando meus cabelos calmamente. Soltei um baixo suspiro e deixei meu rosto apoiado em seus tórax, mas logo um leve abandono me assolou quando ele me deixou sentado no sofá e levantou-se, indo para a porta.

- Durma cedo. Não quero ver você passando mal.

Ele se preocupava comigo, era bom. Mas aquilo doía dentro de mim, e vê-lo sair pela porta era o que mais me cortava, me machucava. É claro que não foi pela garrafa de sakê, ou pela mulher da vez ser Mayume, mas talvez tenham sido a gota d'água de todos os sentimentos que desencadearam dentro de mim.

Era seria mais uma das silenciosas e solitárias noites

 

(Shunsui POV)

 

Ukitake sempre me deixou preocupado, evidentemente, mas aquela noite foi a mais estranha e única, subitamente. Sua expressão raivosa quando acariciei seus cabelos e ele se afastou e, depois, sua face magoada quando sentei-me a seu lado. Aquilo partiu mesmo meu coração.

Enquanto eu caminhava para encontrar Mayu-chan, pensava em como o dono daqueles cabelos brancos macios esatva em casa. Meu senso me fazia refletir em quando tempo demoraria dessa vez para ele me perdoar por ser um galinha, enquanto tempo a mágoa ainda deixaria ele triste.

Olhei para o céu e parei.

De repente ficou tão claro na minha mente porque todas as expressões tristonhas do Ukitake mexeram comigo. Quer dizer, eu não me preocupava nunca com as garotas, não me incomodava nada saber que elas não iriam me perdoar por deixá-las na manhã seguinte! mas... perder o Ukitake assim, por causa de outro erro... Impossível.

O último som que ouvi antes de começar a correr em direção à nossa casa foi o tintilar do vidro da garrafa batendo no chão e se espatifando em mil pedaços. Minha consciência gritava para que eu chegasse logo e pudesse vê-lo, abraçá-lo forte. Eu precisava tê-lo forte nos braços e beijar aquele rosto delicado do garoto frágil que eu tanto prezava belo bem estar.

Ao chega em casa, abri a porta afobadamente ainda na esperança de encontrá-lo no mesmo lugar, mas ele já não estava na sala. Caminhei casa adentro, olhando em volta na busca dele e de seu sempre leve sorriso que adornava seu belo rosto tão pálido, encontrando-o em seu quarto, deitado em seu futon com os olhos fechados.

Andei devagar com passos curtos até ele, em silêncio para não acordá-lo de seus velos sonhos. Me abaixei ao seu lado, sentando sobre minhas pernas e, para minha surpresa, sua voz em sussurros atingiu meus ouvidos.

- Desistiu de vê-la?

- Tenho alguém mais importante para cuidar essa noite, sabe? - sussurrei, igualmente e me curvei sobre ele, aproximando meus lábios de sua testa - Seu ciúme tem algum significado lógico?

- Talvez... - ele virou o rosto de frente para mim e sorriu leve - E sua preocupação?

- Talvez, também...

Tirei o casaco que eu vestia e deixei num canto. Então, me deitei a seu lado, olhando-o atenciosamente, e segurei sua mão junto da minha. Seus olhos, bem focados nos meus, sintetizavam ainda mais seu sorriso tão bonito e suave, mas parecendo muito sincero. Logo, seu rosto ficava perto do meu e eu fitava seus olhos fechados.

Instintivamente, se posso assim dizer, levei a minha outra mão a seu rosto, acariciando e arrumando seus cabelos; depois, levei nossas mãos entrelaçadas e dei um beijo nelas - ou melhor, sobre a mão dele -, observando-o abrir os olhos e seu sorriso dar lugar a uma estranha curiosidade em mim despertada. Aproximei meus lábios dos seus, encaixando-os e o beijando.

Logo eu ia desfazê-lo, mas fui precipitado e não esperava mesmo ser retribuído por ele e seus lábios macios que se entreabriam convidativamente, fazendo com que eu pudesse instantaneamente adentrar em sua boca com minha língua e explorar cada cantinho dela.

Pela primeira vez em toda a minha vida eu beijava um garoto sóbrio. E, aliás, esse não era um garoto qualquer, era o Juushiro Ukitake, uma das pessoas por quem eu daria a vida só para vê-la sorrir mais uma vez, com todo aquele jeitinho adocicado de sempre.

Depois desse leve momento passional que retribuímos com um beijo silencioso e calmo, ele me abraçou, soltando sua mão da minha e tossiu forte, junto ao meu tórax. Afaguei seus cabelos e indaguei se ele queria água ou algo para reduzir a tosse, recebendo uma resposta negativa dele, que apenas aninhou-se mais em meus braços e me fez abraça-lo gentilmente, como se aquele fosse um momento em que eu precisava, mais do que tudo, protege-lo das coisas.

- Boa noite, Shunsui...

- Boa noite, Ukitake.

Beijei sua testa e o aninhei melhor entre meus braços, vendo-o fechar os olhos e adormecer num instante de tempo. Após contemplar sua visão dormindo, puxei o cobertor sobre nós e não demorei muito para, finalmente, me entregar ao sono e adormecer, enquanto eu podia ouvir sua respiração fraquinha e sentir seu corpo bem seguro junto do meu.

Sempre gostei muito das noites que dormi a seu lado, nenhuma delas deixou a desejar, porque era magnífico saber que ele conseguia ficar bem perto de mim e que, na manhã seguinte, eu seria a primeira pessoa que veria seus belos olhos...

- Droga... – resmunguei ouvindo batidas insistentes na porta – Já vai!

Puxei do chão e vesti o primeiro haori que encontrei, caminhando até a porta e me deparando com Nanao-chan me olhando confusa. Ela começou a me passar informações variadas e, depois, me fez um breve interrogatório a respeito do meu sumiço inesperado na noite anterior, afinal, era desconhecido o meu paradeiro e de Ukitake também. Então, suspirei e sorri, dizendo que mais tarde ia conversar com ela, eu ainda tinha muito que resolver.

- Kyouraku... Tenho certeza que, a essa altura, as pessoas desconfiam.

Me virei após fechar a porta e sorri, contemplando a belíssima visão do meu taichou favorito sentando sobre meu futon ainda meio sonolento, com meu kimono rosa jogado sobre o corpo e seus brancos e longos cabelos caindo por seus ombros e tórax. Caminhei até ele e me sentei a seu lado, sorrindo doce ao vê-lo deitar sua cabeça em minha perna.

Minhas mãos, como sempre, começaram a acariciar seus longos fios de cabelo enquanto eu o olhava bocejar. Havíamos ficado até tarde na biblioteca na noite passada, desenterrando memórias passadas de quando esse romance começou, e ele realmente lembrava de tudo, até de cada palavra que eu disse naquela noite que o magoou.

- Qual será a desculpa? Passei mal e você foi lá ao meu esquadrão, me obrigar a ir até a Unohana, mas eu não aceitei, então você me trouxe pra dormir com você por preocupação?

- Qualquer desculpa pra ficar com você é válida, Ukitake... E... sabe que ficou bem de kimono rosa...

- Pelo visto, vamos inverter... Você ficou bem com o meu haori, sabe?

Ele sorriu e, só de ver aquele sorriso lindo em seus lábios, meu dia estava iluminado. Não era um ou outro dia, era sempre que podíamos nos ver, sempre que eu o tinha nos meus braços e sempre que estávamos sozinhos, num momento só nosso.

Várias vezes já nos perguntamos porque não dizemos para todo mundo o que temos, mas não precisamos disso. O amor que nutrimos superou até minhas cafagestisses uma vez, por que, então, não iria superar a desconfiança dos outros?

 


Ninguém precisa provar disso.


Só eu e ele.

 


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