A grande porta de pedra escura à frente do garoto finalmente tinha sido fechada, ele se encontrava em um lugar frio, úmido, e imerso na escuridão. Um silêncio sombrio tomava conta do local. O rapaz estava realmente aterrorizado, mas tentou fixar seu pensamento no que acabara de fazer, ele e seus amigos tinham lutado com centenas de monstros do exército de Gaia, eles tinham vencido, mas um precisaria ficar para trás, um deles deveria fechar as Portas da Morte, e ele se voluntariou para o honroso, e ao mesmo tempo maldito, cargo.

   O garoto possuía cabelos castanhos encaracolados, olhos escuros cor de avelã e orelhas ligeiramente pontudas. Ele tinha um rosto infantil, porém agora com uma expressão entre sofrimento e satisfação.

   Leo Valdez, de certa forma, se sentia bem com o que tinha feito, ele interrompera o exército da deusa primordial da terra, impedindo assim ela de se reerguer. Ele sabia que seus amigos estavam bem, estava feliz por Piper, Jason, Annabeth, Percy, Hazel, Nico, quem acabára de conhecer, e até mesmo por Frank, todos eles estavam bem, os Sete finalmente tinham terminado sua missão e poderiam seguir suas vidas de meio-sangue em paz. Mas é claro que essa regra não se aplicava a Leo.

    O garoto ficou pensando no que poderia fazer agora, ele tinha todo o resto da sua lamentavel vida no fundo de um poço monstruoso. Ele poderia sentar e chorar, ou então andar até seus pés sangrarem, mas ele simplesmente acendeu uma chama na palma de sua mão e ficou admirando-a. A luminosidade do fogo tornou o Tártaro um pouco mais claro, ligeiramente mais quente, mas não menos assustador.

   A pequena bola de fogo trazia muitas lembranças, desde as de quando era apenas uma criança até as mais recentes. Lembranças boas, como quando percebeu que Frank era aterrorizado por seu fogo, ou quando Leo salvou seus amigos de bolas assassinas usando seu poder incendiário; e lembranças ruins, sua mãe morrendo na explosão da oficina, ou quando Hera o testava, expondo ele a grandes riscos.

   Mas agora Leo entendia porquê foi tão testado, ele deveria ser corajoso, ser engenhoso, resistente. O “pequeno heroi” como Hera sempre se referia a ele não era o salvador apenas da deusa, mas de todo o Olimpo. De alguma forma Leo sempre soube que deveria se sacrificar pelo bem do grupo, pelo sucesso da missão, as Moiras já sabiam de seu destino, Hera já sabia de seu destino, e ele estava descobrindo agora.

   Olhando para a pequena chama Leo começou a ter pensamentos cada vez mais vagos, ele se lembrou de Hazel Levesque, a garota bonita de pele cor de chocolate, cabelos castanho escuro cacheados, e olhos cor de âmbar. Leo sempre admirou a garota, mas depois que ela o mostrou um de seus flashbacks ele se sentia mais ligado à ela.

   Hazel era uma meio-sangue, filha de Plutão, o deus romano da morte e do subterrâneo, ela vivia no Acampamento Jupiter como qualquer semideus romano, porém ela não era como os outros. A garota viveu há 80 anos.

   Até mesmo Leo, que reviveu essa época da vida dela em seu flashback, achava tudo isso muito complicado. Resumidamente Hazel nasceu nos anos 30, e morreu em 1942 após conter a ascensão do gigante Alcioneu, filho de Gaia. Depois de muitos anos no Mundo Inferior Nico di Angelo, meio irmão de Hazel, de alguma forma conseguiu tira-la de lá, e dar a ela uma nova chance de viver.

   Mas a relação de Leo com Hazel ía além, aparentemente ela tinha um namorado em sua antiga vida, chamado Sammy. Leo de alguma forma era descendente de Sammy, e incrivelmente parecido com ele, talvez um bisavô ou algo assim.

   Ao pensar em Hazel, Leo começou a divagar sobre como estariam seus amigos agora. Eles voltariam para o Acampamento Meio-Sangue em segurança? E se chegarem lá, em que estado encontrariam o Acampamento? Os romanos teriam atacado os gregos? Todas essas perguntas eram impossíveis de serem respondidas no fundo daquele buraco escuro.