Esse era o dia.

O dia em que aquela nojentinha de sangue-ruim vai se casar. 

Obviamente eu não havia recebido convite, no entanto, não há nada que Draco Black Malfoy não saiba. 

Eu estou na minha casa. Casa não, mansão. 

Meu pai está preso e permanecerá assim por muito tempo. Minha mãe está em algum lugar do Atlântico em um cruzeiro. E eu estou aqui sozinho, como sempre. 

Eu poderia estar em companhia de Astória ou então de Pansy, mas não são elas que eu quero e que eu desejo. Não depois de tudo...

Uma hora. Esse é o tempo que tenho até o início da cerimônia. 

Arrumei-me mesticulosamente bem. Com terno e camisa pretos e gravata em um tom escuro de cinza. O cabelo bagunçado, caindo displicentemente nos olhos. 

O local onde ocorrerá o casamento é em um bairro trouxa, portanto, aparatar não é uma ideia plausível. 

Desci as escadas, apanhando no caminho as chaves do meu ferrari preto e dando ordem aos elfos. 

Não pretendo voltar para casa. Pelo menos não nessa semana, ou quem sabe, nesse mês. 

Entrei no carro que estava estacionado em frente a mansão, logo após passando os enormes portôes e indo em direção a estrada. 

Observei a paisagem. O sol se pondo no horizonte, seria uma bela apreciação, se eu não estivesse atrasado para coisas mais úteis do que isso. Além do mais, seria muito melhor se ela estivesse aqui comigo, no entanto, ela não está, e eu preciso estragar um casamento. 

Cabelo de vassoura e cabeça de cenoura. Bela dupla afinal. 

Interessante, não? 

Cheguei em frente a igreja, bem atrasado. 

- ... Fale agora, ou cale-se para sempre! - Foi a primeira coisa que ouvi ao sair do carro. 

Desatei a correr, abrindo as portas da igreja com um estrondo. Apoiei as mãos no joelho, ofegante. 

- Eu... Eu tenho! - Gritei. 

Todos os convidados me encararam. Todos me conhecem, a surpresa por isso foi ainda maior. 

Granger me olhava com os olhos arregalados. 

- Se você acha que vai se casar com o idiota do Weasel você está muito enganada, Granger! - Exclamei, enquanto atravessava calmamente a igreja. 

O Weasley observava intrigado e extremamente irritado o que estava acontecendo. 

- Malfoy... o que você está fazendo aqui? - Perguntou ela incrivelmente desconcertada e provavelmente com medo do que viria a acontecer.

- Pensei que fosse óbvio! - Falei com ironia. - Estou impedindo que essa merda de casamento ocorra! 

- Mas o... - tentou dizer o Weasley, mas foi interrompido pela Granger. 

- Porque? 

- Porque? Por que eu te amo! Você não vai deixar tudo para trás, vai? - Perguntei olhando intensamente em seus olhos castanhos. - Pretende registrar o meu filho como se fosse um Weasley? Não posso permitir isso! 

Ouvi um sonoro ''Oh'' dos convidados, mas não desviei os olhos dela, que estava prestes a chorar. 

- Um filho? Que filho Hermione? - Perguntou o Weasley muito vermelho, era praticamente possível ver faíscas em seus olhos. 

- Rony! Rony, eu posso explicar! - implorou ela chorando, vendo a careta de ódio que ele estava fazendo. 

- Explicar o que, Granger? Explicar que passou esse último ano dormindo comigo e que de uma hora para a outra chegou na minha casa, chorando e dizendo que iria se casar com o Weasley! Você não pode fazer isso! Eu não vou deixar, Granger! - Gritei, alterado. Eu não deixaria ela fazer aquilo, de jeito nenhum. É meu filho e a minha mulher. 

- Ora doninha! - Falou Weasley entre dente, correndo até mim com o punho cerrado com a intensão de me dar um soco, mas eu fui mais rápido e o segurei, para depois dar-lhe inúmeros socos. 

Escutava Hermione gritando para que eu parasse, mas só parei realmente quando fui segurado. 

- Ela é minha, seu idiota - murmurei para o projeto de ruivo que estava atirado no meio do corredor da igreja com a sua família de coelhos em volta. 

Encarei Hermione, que estava a poucos passos de distância de mim, sentindo a raiva que estava em mim ir embora. 

- Por favor... - Falei baixo, sentindo algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. - Por Merlin, Hermione. Me deixa te provar que serei um bom pai. Me deixa te mostrar que cuidarei bem de vocês, me deixa... Me deixa mostrar o quanto te amo. Por favor. 

Senti as mãos que me seguravam afrouxarem e cai de joelhos no chão, em frente a ela. 

- Vem Draco. - Escutei-a dizer. - Vamos embora daqui. 

Levantei os olhos, olhando para ela. 

- Eu sabia que viria Draco. Sabia que iria me impedir de fazer essa loucura, essa besteira. - Suas palavras sussurradas no meu ouvido me acalmaram mais ainda. Ela ficaria comigo. - Eu neguei que o filho é seu, mas ela é sim, como você disse, é seu, é nosso filho. Me desculpe. 

Levantei, beijando na testa e ignorando a confusão que estava se formando na igreja e puxei-a comigo para o lado de fora, logo em seguida, beijando-a de verdade, como se aquele fosse o nosso último beijo.