– Eu preciso da sua ajuda com uma coisa... - Ele corou, como se estivesse envergonhado, e aparentava estar mesmo.

– Em que você precisa da minha ajuda ? Pode falar, eu sou sua amiga. Pode me falar qualquer coisa.

– Bem, eu.. Eu nunca pedi ajuda com isso pra ninguém, então eu estou um pouco nervoso..

– Fala logo Sanji! Eu to ficando curiosa.

Ele se levantou e abriu a porta do armário. Em suas mãos, carregava dois cabides, em um deles havia uma camisa social branca e uma calça jeans azul, na outra havia uma camiseta vermelha polo e uma calça preta. Ele se aproximou do computador, estendeu os braços e falou:

– Qual você gosta mais ?

Eu não achei que ele fosse pedir a minha opinião para isso. Eu nunca imaginaria, na verdade. Quer dizer, ele sempre se veste muito bem, não achei que precisasse de ajuda. Novamente ele interrompeu meus pensamentos quando continuou a falar.

– Normalmente eu não pediria ajuda com isso, nunca precisei, mas nesse caso, eu queria uma opinião feminina... Qual você acha que a Celina vai gostar mais ?

Celina. Então era por causa dela. Ele só queria impressionar ela, tornando a mim uma cúmplice... Quando ouvi sua ultima pergunta, senti vontade de chorar, mas fui obrigada a engolir minhas lágrimas e sorrir, mesmo querendo desabar.

– Eu gosto da camisa branca com a calça jeans.

Não quis falar "Eu acho que ela vai gostar disso" porque sinceramente não ligo se ela gostar. Eu vou gostar da roupa dele assim... Eu sou muito egoísta por pensar assim ? Sei lá...

– Nami. - A voz dele me fazia derreter por dentro. - Eu vou ter que sair, tenho que ir pro treino de futebol, então... Te vejo hoje a noite né ?

– Sim, claro!

– Tudo bem, muito obrigado pela ajuda. Beijos, ruivinha.

Ele desligou e saiu do Skype. Por mais que eu devesse ficar feliz por ajudar o meu amigo, eu estava vazia por dentro. Poxa... Eu realmente achei que ele precisava da minha ajuda para algo sério, ou não. E o pior era que era apenas para impressionar aquela cobra. O que ele vê nessa Celina ? Ela nem é tão bonita assim, e ela trata ele super mal... Mas acho que quando se está apaixonado, você fica cego, não é mesmo ?

Resolvi dormir um pouco para estar bem acordada para a noite. Acordei com uma mensagem da Vivi no WhatsApp. Já eram 7:20. A mensagem dizia:

"Ei Nami, você quer uma carona para a festa hoje ?"

"Eu agradeceria" Respondi.

"Ok, passo ai umas 8 horas.. E então, o que rolou no Skype ?"

"Te falo quando você vier pra cá" Respondi mais uma vez

"Ok, xoxo"

Deixei o celular na cama e fui tomar banho. A medida que a água quente corria sob meu corpo, meus pensamentos eram afastados. Eu já não estava mais tão triste por causa do ocorrido mais cedo. Claro que aquilo ainda me deixava mal, mas era como se aquela água me acalmasse. Sai do banho enrolada em uma toalha. Aproveiter para já fazer a minha maquiagem. Nada muito pesado ou chamativo, só algo básico mesmo. Sai do banheiro e peguei em meu armário uma saia preta e uma camiseta preta, se fosse o contrário, ficaria igual a música da Gabi Amarantos e eu seria zoada na escola... Coloquei um sapato de salto médio, escovei meus cabelos e coloquei um colar escrito o meu nome. 8:03. Fiquei na sala, esperando minha carona. Não demorou muito para eu ouvir uma busina de carro. Quando abri a porta, vi que era Vivi quem estava dirigindo. Tranquei a porta de casa e fui até o Crossfox preto e adentrei.

– Vivi, esse carro é seu ?

– Bom, não exatamente. É do meu irmão mais velho, mas até eu ganhar o meu, ele divide comigo. Enfim, conte-me logo o que aconteceu no Skype hoje!!

– Bem, no fim, ele queria a minha ajuda para impressionar a namoradinha dele...

– E você ajudou ?

– Bom, tecnicamente dizendo, sim.

– Por que "tecnicamente" ?

– É meio complicado. - Bufei

– Ah! É ali! A casa do Ya-chan! - Acho que Ya-chan era o Yamato.

Estacionamos na frente da casa dele. Do lado de fora era possível ouvir a música alta e as pessoas gritando. Uma coisa eu posso afirmar: Essa festa vai terminar com polícia no meio. Tocamos a campainha e Yamato atendeu, meio bêbado.

– Olá meninas, entrem. - Ele nos deu espaço para entrar.

– Obrigado. - Eu disse.

Entramos e a casa estava literalmente lotada de gente. Alguns estavam sentados, conversando, outros estavam dançando. No meio da muvuca, consegui localizar Sanji, que estava vestindo exatamente o que eu havia dito. Uma camisa social branca, uma calça jeans azul, um Vans preto e um colar com um medalhão. Pelo jeito que ele estava dançando, parecia que ele já havia bebido um pouco e estava meio louco. Ele estava dançando com a namorada dele, estavam bem animados. Quando a música acabou, Vivi foi encontrar Ace, seu namorado, e me largou lá no meio do salão. Assim que me viu, Sanji veio correndo falar comigo.

– Nami! Você veio! E está linda!

– Obrigado, você também está bem bonito, Sanji.

– Graças a você. - Ele sorriu e me abraçou de leve. O calor de seu corpo era tão confortável, eu queria que ele nunca mais soltasse.

Começou a tocar Live While We're Young, e ele me puxou pelo braço até o centro do salão.

– Vem, você vai dançar comigo essa música. - Ele disse, me puxando delicadamente. E eu não hesitei. Dançamos bem alegres e animados, parecia que estavamos bêbados. Bom, eu pelo menos estava sóbria. Ele sorria o tempo todo e ficava olhando em meus olhos. A cada olhada que eu fitava em seus olhos azuis, mais apaixonada eu ficava, mais eu queria ele para mim. Quando acabou a música, ele beijou minha mão e disse que ia pegar mais uma bebida para ele e que foi um prazer dançar comigo. Fui até o banheiro para retocar minha maquiagem. Acabei demorando mais do que o normal porque não conseguia parar de pensar no que acabara de acontecer. O quanto eu sonhei com isso ? Uma dança com o menino que eu sou apaixonada. Não há mais nada que eu poderia pedir, bem não nas circustâncias atuais. Ele tem uma namorada então não posso agir como tal, mas uma dança está ótimo. Quando sai do banheiro, procurei pelo Sanji no salão, mas não achei. Fui até a Vivi, que estava sentada com Ace, Zoro e Robin.

– Vivi, você viu o Sanji ?

– Não o vi desde que vocês pararam de dançar.

Comecei a procurá-lo em todo lugar, mas não o encontrava. Fui até os fundos da casa, no quintal. Lá em meio a escuridão, no fim do quintal, havia um banco e uma pessoa nele sentada. Fui até o banco. A proporção que eu me aproximava, ouvia alguém chorando...