POV Christopher

Na hora eu não sabia o que ou a quem responder, simplesmente fiquei ali parado que nem um idiota e ainda por cima com a boca aberta.

Quando finalmente consegui reorganizar meu cérebro para responder, vejo a porta se fechar na minha cara seguido de uma rápida conversa. Após alguns segundos a porta se abriu novamente, desta vez por Angela e não havia nenhum sinal da outra mulher.

–Nossa... Sabe isso não foi muito educado!

–O que você quer Christopher? Não tenho a noite toda. - Disse saindo e encostando a porta atrás de si.

–Vou direto ao ponto. Primeiro, porque você não foi hoje e ainda por cima mandou a Cassidy me avisar? Custava pegar o telefone e dizer :“Ei Chris, não vou poder ir hoje!”? preferiu mandar um recadinho? E amanhã pretende deixar tudo nas minhas costas de novo? - Falei de uma vez só.

–Eu pedi desculpas. Minha mãe finalmente aceitou o convite para conhecer a cidade e como eu tenho alguns dias para tirar de folga eu vou passar esses dias com ela. E para ser bem sincera, não quero levar minha mãe para a empresa. Não quero que as pessoas tenham contato com ela.

–Fala sério, ai você larga o trabalho para cima de mim e isso tudo porque você não quer apresentar sua mãe para as pessoas? – Zombei.

–Minha mãe é mal humorada, não tem senso de humor e não gosta de pessoas no geral. Além disso, o escritório está tranquilo essa semana. – Disse cruzando os braços numa tentativa de segurar o roupão que teimava em abrir.

– E daí? Meu vizinho também é assim, mas ele nunca bateu a porta na minha cara. E não é justo usar essa desculpa esfarrapada, você conheceu a minha mãe e ainda jantou e almoço com a gente praticamente no mesmo dia. - Na mesma hora eu me arrependi de ter dito isso tão alto, a mãe dela veio andando pelo corredor com passos firmes, como se estivesse pronta para me atacar a qualquer momento.

–Angela, porque você jantou com ele e a mãe dele?

–Mãe, agora não... Estou resolvendo assuntos do trabalho – Angela bufou irritada. E tentou conduzir a sua mãe pelo caminho que ela veio.

–Como assim agora não? Exijo que me diga imediatamente o porquê você conhece ele é a mãe dele... Não me diga que você começou a namorar um rapaz com problema de dicção?

–Desculpe Senhora Baxter, mas eu... – Tentei explicar quem eu era, mas fui brutalmente interrompido.

–Senhora está no céu e não lhe dou o direito de me dirigir à palavra. – Retrucou rispidamente.

–Ok... Desculpe. -Falei levantando os braços ironicamente.

–Ok, já chega! Mãe se acalma que depois a gente conversa. Christopher, também não me dirija à palavra a não ser que seja absolutamente necessário. – Explodiu Angela descruzando os braços e revelando parte de seu sutiã preto.

–Angela... - Falei junto com a Mulher Dragão que me fuzilou com os olhos.

–Christopher, você já conhece o caminho da saída. Preciso terminar de me arrumar.

Disse nos dando as costas e caminhando em direção às escadas. Não pude deixar de acompanhar com os olhos cada movimento que ela fazia ao subir as escadas.

A mãe dela me olhou de cima a baixo com cara de quem comeu e não gostou em seguida bateu a porta com força na minha cara. Na hora nem liguei muito, fiquei um tanto quanto hipnotizado pela cena da Angela com aquela roupa. Antes tivesse escutado o Anthony e ido direito para casa. Sai mais irritado do que quando cheguei. O trânsito estava tranquilo então não demorei muito para chegar em casa. Aproveitei para esquentar a comida tomar um banho rápido, relaxar e tentar tirar da cabeça a imagem da Angela com aquele roupão incrivelmente curto e sexy.

Tentei, mas eu tentei de verdade tirar aquela imagem da minha cabeça, mas parece que essa noite eu não teria paz. Sai do quarto e fui para a sala de estar, quem sabe assistir um filme me ajudaria a dormir. A ultima coisa que me lembro é de começar a assistir Matrix e depois do primeiro comercial, eu não lembro de mais nada.

(...)

Acordei no dia seguinte um caco, definitivamente meu sofá não é nem um pouco confortável. Estava exausto, mas determinado a fazer aquela mulher maldita gostar de mim, agora era pessoal.

Assim que cheguei à recepção da empresa, avistei a Mulher Dragão e sua filha. Perfeito agora eu teria a mãe e a filha me perturbando o dia inteiro. Estava prestes a desviar a atenção quando percebo Anthony indo de encontro a elas, essa eu não poderia perder por nada. Aproximei-me lentamente para ouvir melhor quando o Anthony começasse a ser xingado pela Mulher Dragão. Tadinho ele não merecia... Mentira, merecia sim. Deixa ela soltar os cachorros em cima dele. Eu nunca tinha visto o Anthony ficar sem fala, quero só ver ual vai ser a reação dele. Para minha total surpresa, não foi nada disso o que aconteceu.

–Bom dia Angie. Ellen Baxter, é sempre um prazer revê-la, está tão linda quanto sua filha. - Disse Anthony para Angela e companhia. Aquele galanteador barato de quinta categoria.

–Bom dia. - Responderam juntas.

–Gentil como sempre. Você e minha Angie fariam um lindo casal juntos! Não consigo entender o porque ainda não namorando? - Completou pegando na mão de Angela que ruborizou na hora.

– Ellen, por favor, assim me deixa sem graça. Meus interesses com sua filha são puramente fraternos, eu a vejo como uma irmã mais nova. – Anthony respondeu tentando segurar o riso, como é que pode? Em alguns (raros) momentos ele age como um gentleman e em outros, como um perfeito idiota. Eudevo ter entrado em um universo paralelo onde o Anthony é mais cordial e educado do que eu. E eu devo ser o babaca insensível. Comecei a me afastar quando minha presença foi notada.

–Bom dia Chris! - Falou Anthony fazendo com que as duas mulheres se virassem para mim.

–Bom dia Anthony, Baxter's. - Respondi totalmente envergonhado. Anthony ia nos apresentar, mas foi impedido por Nathalie que chegou cumprimentando a todos e deixando para falar comigo por último.

–Então você também conhece o homem gago Nathalie?... – É oficial, ela só odeia a mim.

–Como? – Perguntou confusa.

–Nem vale a pena saber Nath. – Disse Angela lançando lhe um olhar de entendimento entre as duas.

(...)

Depois da situação no mínimo desconfortável na recepção, tomei uma reta para minha sala e rezei para que Angela demorasse a voltar e que mostrasse todo o edifício para a mãe dela e que levasse o dia inteiro. Se antes eu estava puto porque ela não apareceu, agora eu não queria vê-la nem pintada de ouro, mas, para a minha infelicidade a dupla dinâmica apareceu alguns minutos depois.

No início, o silêncio reinou e tudo o que eu conseguia pensar era como fazer para a Mulher Dragão começar a gostar de mim ou pelo menos me odiar menos, mas o plano foi para os ares quando Angela me mandou um e-mail pedindo para que eu tirasse copia de alguns documentos. Porra, eu estava do lado dela...

–Fala sério! Até aqui? - Disse por impulso e me arrependi na mesma hora. Ambas levaram um susto.

–Espero que você não esteja se dirigindo a minha filha com esse tom de voz. - Disse duramente e pelo canto do olho pude ver Angela segurar um riso. Aquilo teria volta.

–Desculpa Sra. Baxter. - Respondi, mas ela nem se deu ao trabalho de me olhar o que me fez fuzilar a Angela com os olhos, ela simplesmente virou a cara.

Engoli a raiva na hora e fui até a sala dos funcionários para tomar um café para esfriar a cabeça para depois imprimir as copias depois ela que se virasse para sacanear ou qualquer coisa que ela queira fazer.

–Bom dia, Chris! - Disse Zoe atrás de mim.

–Bom dia. - Respondi tentando disfarçar minha irritação sem sucesso.

–Nossa! O que aconteceu dessa vez?

–Você sabe, o de semp... Que voz é essa? - Perguntei me virando para encara-la.

–Está tão ruim assim? - Falou fazendo careta.

–Não foi isso que eu quis dizer...

–Esquece, peguei um resfriado forte domingo. - Antes mesmo que ela terminasse de falar meu telefone vibra com uma mensagem da Angela.

"Cafezinho, por favor?”

–Fala sério! - Exclamei mostrando o celular para Zoe que sorriu.

–Porque você não tenta alguma coisa diferente? Não me entenda mal, mas você é meio previsível. Quero dizer, a Angela sabe que você se irrita com certas coisas então ela te provoca e você cai toda vez... – Zoe me disse como se fosse a coisa mais obvio do mundo... Pera. E era mesmo.

–Hum... Zoe, você é um gênio! Se você não estivesse tão doente eu te abraçaria. - Disse enquanto me virava para pegar os cafés e para então tirar as copias para Angela.

Entrei na sala com ajuda de Cassidy já que carregar os três copos foi um pouco mais difícil do que pensei. A primeira coisa que reparei ao entrar foi a ausência das duas então aproveitei para colocar o café de cada uma no lugar e ainda coloquei um pires com açúcar e adoçante para mãe da Angela.

Não muito tempo depois, a dupla dinâmica entra e Angela logo percebe os copos de café. Quando se sentou e olhou para a mesinha onde sua mãe estava sentada, fez uma espécie de careta depois virou.

–Obrigada pelo café Chris...

–Nossa, que horror! Angie como você consegue tomar esse veneno todo dia. - Falou a mãe dela pegando o próprio copo e indo jogar no lixo. - Angela voltou a me olhar.

–Desculpa. – Sussurrou olhando em meus olhos e em seguida deu um leve sorriso após dar um gole no seu café.

Com meu bom humor renovado ( porém não), mandei mensagem para o Anthony combinando o almoço e pelo que ele me falou, Nathalie iria almoçar com Angela e companhia. Isso significa que teria uma hora para pensar no que fazer para agradar essa mulher. Sei que parece bobagem, mas minha mãe sempre me ensinou a sempre tentar causar uma boa impressão, sem se rebaixar, é claro, era exatamente isso que eu iria fazer, vou tentar ser o mais gentil possível com ela e aguentar o máximo que eu puder calado.

Só espero que o meu pavio seja mais longo do que eu imagino, eu não sou conhecido por ser uma pessoa paciente, Anthony que o diga.

Infelizmente o almoço passou rápido demais e quando vi, já era hora de voltar para o ninho de cobras que tinha se tornado a minha sala. Antes de sair do restaurante, comprei dois pedaços de torta alemã, se bem me lembro, foi essa a sobremesa que ela pediu no restaurante com a minha mãe.

Cheguei no escritório e coloquei um pedaço na mesa de Angela e outro na mesa de centro que tinha na sala. Sentei na minha mesa e voltei ao trabalho. Quem sabe algum dia eu entendo a Angela. Como ela podia ser tão doce em um segundo e no outro ser gentil igual a um coice de mula. Alguns minutos depois as duas voltaram rindo e a mulher dragão voltou para o sofá, tirando um notebook de sua bolsa enquanto Angela sentava na sua mesa.

– Ah, torta alemã. Você que trouxe Chris? – Angela olhou para mim como se dissesse: finalmente você entendeu.

– Foi sim. Eu almocei naquele restaurante do outro lado da rua e dizem que eles tem a melhor torta alemã da cidade... Eu lembrei que foi o que você pediu naquele dia e trouxe para você... Para você também, Ellen espero ter acertado no sabor.

– É, eu gosto de torta alemã, mas duvido que essa seja melhor do que a minha, de qualquer forma, obrigada. – Ela disse meio contrariada, não sabia como agradecer, acho que nenhuma das duas esperava isso de mim.

– Minha mãe faz a melhor torta alemã do mundo, Chris. É de comer rezando.

– Imagina querida, não é para tanto – Ela disse usando uma falsa modéstia que fez todos nós rirmos.

–Adoraria experimentar um dia Ellen. – Eu disse olhando para Angie e recebendo um piscar de olho de cumplicidade, estava no caminho certo.