POV Angela

Depois de passar semanas de muletas graças aquele infeliz acidente, estava finalmente de volta ao trabalho. O que seria um alívio se não tivesse uma pilha de duas semanas acumulada me esperando. Estava começando a colocar a papelada em dia quando o telefone tocou e Ethan comunicou que haverá uma reunião do conselho na próxima semana e não haveria ninguém para ir. Ele e Nathalie estariam viajando e por esse motivo Christopher e eu iríamos no lugar deles.

Ainda estava em choque quando desliguei o telefone, nunca me passou pela cabeça que eles escolheriam Christopher e eu para representá-los no conselho. E por incrível que pareça, não era a parte mais difícil o pior seria ter que contar ao Christopher que iríamos viajar e passar o final de semana juntos numa conferência. Só de pensar nele, o dia do ensaio da Calvin Klein vinha na minha mente e eu ficava toda vermelha e com calor. Quem diria que o Chris tinha aquele corpaço por debaixo do terno?

Mal tinha me recuperado da vermelidão e quem entra na sala? Isso mesmo, Christopher Morrinson com dois copos de café na mão.

– Bom dia, trouxe café para você. Cassidy falou que você esta aqui desde ced... Porque você esta suando? Fez exercício?

–Claro... Se você acha isso. – Falei pegando o café de suas mãos e me virando rapidamente para tentar disfarçar a minha vergonha.

–Você é uma mulher muito estranha. – Falou fechando a cara e indo se sentar.

Já haviam se passado pelo menos uma hora e o maldito telefone não tinha parado de tocar e em sua maioria eram pessoas querendo falar sobre As fotos. Não conseguia sequer olhar para ele, uma coisa era lembrar das fotos e do ensaio outra totalmente diferente era encarar ele enquanto lembrava disso. Podia sentir o rosto quente de tanta vermelhidão. No início ele até tentou puxar assunto mas quando o cortei pela segunda vez ele desistiu, no mínimo devia estar pensando que eu estava tentando fazer de sua vida um inferno com meu mau humor.

– Caasidy, não quero que passe nenhuma ligação. Já faz uma semana que as pessoas só falam das fotos. – Falou irritado.

–Ok Sr. Morrinson. A Srta. Mclistter pediu para avisar que espera você e a Srta. Baxter para o almoço e já fez a reserva.

– Ok. – Falou balançando a cabeça. – Você sabia desse almoço?

–Não. – Disse secamente.

–Nossa... Seu mau humor esta afetando tanto o ambiente que nem as plantas aguentaram. – Falou apontando para umas flores mortas que eu me esqueci de jogar fora, assim como esquecia de regar... Eu desisto, eu mato até peixinho dourado.

Sem falar nada levantei, peguei as flores e joguei no lixo.

– Satisfeito agora?

– Na verdade não, ainda tenho que aturar uma garota mal humorada o dia inteiro.

Passamos o resto do dia calados e só nos falávamos quando o assunto era trabalho.

No restaurante foi praticamente a mesma coisa, Nathalie não parava de falar nas fotos e na sua frustração de termos colocado todos para fora. Obviamente, Christopher não queira plateia ficou apenas o pessoal da criação que montava os projetos, que incluia eu, ele, o fotógrafo é claro, e mais duas assistentes.

–Meu Deus, vocês estão me irritando com esse silêncio! – Falou irritada.

–Foi mal... Mas esse assunto já está me estressando. Morro de vergonha de falar a respeito.

– Ok, que seja. Você vai ter que lidar com isso. Semana que vem vocês tem que estar prontos e em sintonia para nos representar bem no conselho. Não quero me arrepender de ter escolhido vocês. – Falou Nathalie encarando um Christopher totalmente surpreso. Esqueci de avisa-lo sobre a viajem.

–Droga! Esqueci completamente! Desculpa Chris... Fiquei distraída com o trabalho e acabei me esquecendo. – Falei metralhando e começando a explicar rapidamente.

–Sério? Nós trabalhamos na mesma sala e você não pode perder 2 minutos do seu tempo para me falar, ou sei la... Escrever em um bilhetinho " Hey Chris semana que vem vamos para uma conferencia em outra cidade, melhor fazer as malas"?

– Sinto muito, irei lhe explicar tudo. - Comecei a falar sobre todos os assuntos que poderiam ser abordados pelo conselho, eram coisas básicas, uma olhada rápida em cada tópico e nós estaríamos prontos.

O engraçado é que eu não sei por que mas, falar com ele sobre trabalho era muito fácil, ele me entendia, entendia meu ponto de vista e compartilhamos as mesmas idéias, chegamos ao ponto de terminar o pensamento um do outro, chegava a ser engraçado. Quando terminei de expor todos os tópicos seu telefone tocou.

–ALO! Mãe...? O que? Quando? Ok, tchau, não saia dai, estou indo. Desculpem, preciso pegar minha mãe no aeroporto, devo me atrasar um pouco. – Falou pegando as coisas e saindo com pressa.

POV Christopher

Sai do restaurante totalmente aterrorizado, já não bastava ter dado uma de modelo de cueca,ser assediado durante toda semana e aturado uma Angela incrivelmente irritante e mau humorada, agora eu teria que fazer uma apresentação para o conselho o que significaria viajar com a Angela, pelo menos seria tranquilo, os tópicos que seriam abordados já estavam praticamente resolvidos. Devo estar pagando por todos os meu pecados porque além disso tudo, minha mãe estava na cidade e eu só fui descobrir depois que ela chegou.

O transito até o aeroporto estava um inferno, era só o sinal abrir que já tinha meia dúzia de carros buzinando. Se buzina fizesse carro andar ele não vinha com acelerador, vinha só com a buzina. Povo sem paciência nem educação. Quando finalmente cheguei e estacionei, avistei de longe minha mãe tagarelando no telefone.

– MEU BEBEEEEEEE!!! - Ela gritou assim que me viu . Invrível como essa frase típica de mãezona é capaz de deixar qualquer um sem graça, incluindo as pessoas em volta que prendiam o riso.

– Mãe, já pedi para não me chamar assim em público! É constrangedor. - Falei assim que ela se aproximou.

– Ah querido, você anda muito ranzinza, assim vai ganhar rugas antes do tempo. - Disse colocando a mão gentilmente no meu rosto e em seguida entrando no carro.

– E como está o trabalho novo? Esta tudo indo bem? Seu pai e eu ficamos explodindo de orgulho quando você foi promovido... - Minha mãe disse e imediatamente eu lembrei do dia da minha promoção. Eu ainda tenho aquela foto no meu celular.

– Esta tudo bem com o trabalho. Eu amo o que faço. - Falei me virando para guardar suas coisas na mala. - Você tinha que ter me avisado que vinha, assim eu poderia ter me programado melhor.

– Bobagem filho, não quero te atrapalhar. Só me deixe no hotel que depois, com mais calma conversamos.

– De jeito nenhum que eu vou deixa-la ficar num hotel. Estou te levando para meu apartamento depois vou voltar para o trabalho. Vou sair cedo e podemos jantar em algum lugar.

– Parece ótimo, desde que eu não atrapalhe.

Finalmente tinha melhorado meu humor, minha mãe é aquele tipo de pessoa que consegue deixar qualquer um feliz com simples palavras ou ações, mas nem ela foi capaz de segurar a onda de raiva e palavrões que bateu em mim ao chegarmos na porta do apartamento. Puta merda, deixei as chaves de casa no trabalho.

Dirigi em silêncio, um pouco acima da velocidade que normalmente dirigia quando estava com meus pais. A fúria era tanta que eu só conseguia praguejar enquanto minha mãe tentava me convencer a deixa-la em um hotel.

Cheguei na MTJ, passei voando pela recepção e fui direto para minha sala esperando que a Angela não fizesse perguntas. Para meu alivio, ela não estava na sala.

–Sr. Morrinson, a Sta. Mclistter pediu para assim que chegasse fosse direto para sala de reuniões. - Falou Cassidy e meu sangue gelou na hora.

–Ok, obrigado. Cassidy essa é a minha mãe. Veja se ela precisa de alguma coisa... Eu já volto. - Falei já na porta pronto p correr.

–Se precisar de qualquer coisa eu estou aqui fora Sra. Morrinson. - Foi a última coisa que ouvi antes de sair correndo.

Assim que entrei Angela já estava se despedindo e quando saiu me lançou um olhar tão mortal que só podia significar uma coisa: Meu fim.

– Sr. Morrinson, finalmente! Achei que não chegaria hoje. - Falou Ethan.

A reunião durou cerca de uma hora. Ele me explicou como seria reunião do conselho, o que Angela já tinha me passado e terminou dizendo que no início, as "tarefas" seriam divididas igualmente entre eu e Angela, mas eu atrasei mais de uma hora e ela se mostrou extremamente capaz de fazer sozinha. Sendo assim eu basicamente vou ser responsável por algumas coisas menores. (Nessas horas a raiva é tão grande que dói). Fui tomar um café para esfriar a cabeça antes de voltar para minha sala e encarar o mau humor colossal da Angela. Não poderia me esquecer de pegar as chaves do apartamento e colocar a minha mãe em um táxi.

Assim que entrei, encontrei Angela vermelha de tanto rir e minha mãe segurando uma xícara de café numa mão e na outra o celular. Quando ela me viu acenou com a cabeça e a Angela riu ainda mais.

–Com licença, Sra. Morrinson. - Falou Angela tentando recuperar o folego e se levantando para ir para sua mesa.

–Me chame de Vivian. - Falou minha mãe. Ai meu Deus, não sei se eu quero saber do que elas estavam falando.

Minha mãe se levantou para ir ao banheiro. Fiquei calado o quanto eu pude, estava louco para saber o que as duas estavam falando mas tinha que me controlar porque de um lado tinha Angela tentando se controlar para não rir e no outro minha mãe que com certeza iria me envergonhar ainda mais. Esperei ter a oportunidade certa para abordar Angela e perguntar. Assim que minha mãe se retirou eu disparei.

–OK! Nada de enrolação, o que minha mãe disse para te fazer rir tanto? - Falei me levantando e indo para a sua mesa.

–Hahaha nada demais! Chris Monroe... - Disse se levantando e saindo da sala rindo. Pronto! O estrago estava feito e não tinha mais volta. Não acredito que minha mãe tinha lhe contado essa maldita história.

–Christopher Morrinson! Quando você falou que iria receber um aumento por fora, esqueceu de mencionar que ficaria seminu numa revista. - Minha mãe irrompeu a sala, estava furiosa e segurando a revista vogue aberta na pagina n·6.

– Mãe... Você não sabe da história completa... Eu meio que não tive escolha, meu emprego e o da Angela estava em jogo e...

–O que achou das fotos Vivian? - Falou Angela entrando com dois copos de café. Depositou um na minha mesa e foi se sentar como se nada estivesse acontecendo.

–Achei ele muito exposto. O que você estava pensando?

– Eu já disse mãe, eu não tive escolha, o nosso modelo não iria comparecer e o fotografo me escolheu.

– Esse cara da revista não é meu filho, parece mais um modelo. Desde quando você malha?

–Duas vezes na semana desde que me mudei.- Falei tentando me concentrar em chamar um táxi para a minha mãe.

–Além disso temos um fotografo muito bom. Com a posição e as luzes certas, quase não colocaram photoshop nele.

–Como você sabe disso tudo Angela? - Minha mãe perguntou folheando a revista.

–Eu estava la quando ele teve um ataque de pânico poucos minutos antes de começar. Acredita que ele se trancou no camarim e me fez colocar todo mundo para fora?

–Own isso é típico dele, fica nervoso quando tem plateia.

–Só para lembrar a vocês que eu estou na sala. Parem de falar como se eu não tivesse ouvindo. - Falei irritado da rápida intimidade que as duas estavam ganhando.

–Ok mãe, consegui um táxi para você, ele irá deixa-la em meu apartamento.

–Ah querido, não precisava se preocupar comigo. Além disso, estou bem aqui... Posso muito bem esperar até a hora de você sair... A não ser que eu esteja atrapalhando.

–Mas é claro que não, por mim você pode ficar Vivian... - Angela disse com um sorriso maléfico no rosto... É hoje que eu morro, já podem ligar para a funerária.

–Ai que bom, sabe Angie... posso te chamar assim?- Angela balançou a cabeça sorrindo e esperou minha mãe continuar - Eu não vejo meu filho com frequência desde que ele me abandonou, nem me ligar direito ele liga...

–Nossa Chris, que maldade! Pelo menos telefone.

– Mamãe, eu não lhe abandonei, é que eu tenho muito trabalho...

Para minha infelicidade elas me ignoraram, continuaram conversando e vez ou outra tentavam fazer com que eu participasse mais da conversa, mas sempre que eu me esforçava, uma delas falava alguma coisa ligeiramente constrangedora e eu voltava a me calar.

–Angela, vou sair um pouco mais cedo para jantar fora com a minha mãe. Amanhã compenso.

Ela apenas balançou a cabeça divertidamente e voltou a trabalhar.

–Porque ela não vem junto?

–Ela já passou o dia inteiro trancada com a gente. Duvido que queira passar a noite também. - Assim que falei isso me arrependi, Angela olhou para mim como se estivesse ofendida.

–Eu não sabia que voc...

– Não saiu do jeito que eu queria... Não quis dizer isso... Esquece.

–Eu adoraria Vivian, mas tenho trabalho a fazer e ainda falta um bom pedaço. - Angela disse educadamente tentando disfarçar o constrangimento.

–Vamos logo mãe, estamos atrapalhando ela.

–Deixa de ser mal educado e ofereça ajuda a ela Christopher. Não foi assim que eu te criei. - Disse minha mãe cruzando os braços e se sentando no sofá. - Não estou com tanta fome assim, podemos esperar até acabar seja lá o que vocês tiverem trabalhando.

Obrigado a ficar até mais tarde pela minha boa educação, puxei a cadeira e a coloquei em frente a sua mesa, só então percebi que a pilha em que estava trabalhando era para o conselho.

–Porque não falou que era para o conselho? Eu teria ajudado logo no início. - Falei quase sussurrando.

– Você estava ocupado e como eu disse ao Ethan, dou conta do serviço não precisa se preocupar.

Por incrível que pareça o tempo passou voando. E logo já tínhamos adiantado mais do que o planejado, pegamos nossas coisas, fomos direto para o estacionamento e cada um se dirigiu a seu carro.

–Angela, você não ia jantar conosco? - Perguntou minha mãe.

–Sim, vou seguindo vocês.

–Bobagem, deixa o carro ai que o Chris te deixa em casa depois do jantar. E amanhã ele pode te dar carona para o trabalho. - Falou me deixando cada vez mais nervoso. Angela tentou argumentar mas a palavra "não" não existe no vocabulário de Dona Vivian.

Dirigi para o restaurante enquanto Angela e minha mãe tagarelavam sobre alguma coisa que eu não prestei atenção.

O jantar estava maravilhoso, totalmente diferente de como eu pensei que seria, conversamos e rimos bastante. Descobri coisas novas e interessantes sobre a Angela e vez ou outra minha mãe conseguia deixar nós dois embaraçados quando perguntava algo mais intimo.

–Ficou calado de repente Chris, foi alguma coisa que eu falei? - Perguntou Angela enquanto bebia vinho.

Estava encarando uma mesa no fundo do restaurante, acho que eu conheço aquelas pessoas, será que... Não, não pode ser.

–Não... Tem umas pessoas num canto afastado e não consigo me livrar da sensação de que conheço eles.

Olhei para a calçada através da janela. Estava abarrotada de carros, o restaurante estava cheio mas, tinha um carro em especial que chamou a minha atenção... É, era o que eu temia, realmente eu conhecia aquelas pessoas mas, sério? Quer dizer, afinal qual eram as chances disso acontecer com uma cidade enorme como essa?

–Esse restaurante é famoso não só pela boa comida, não é estranho encontrar conhecidos aqui. - Falou enquanto virava para olhar disfarçadamente.

Angela se engasgou com o vinho, virou para frente rapidamente e abaixou a cabeça. Assim como eu, ela também tinha percebido.

–OMG! Não acredito!

–O que foi? - Minha mãe perguntou para Angela. Dona Vivian não era boba, ela sabia que algo estava acontecendo

–Nada... Eu conheço aquelas pessoas e fiquei surpresa, só isso.

–Então mãe, vamos pedir a conta?- Falei nervoso. Precisávamos sair dali ou amanhã seríamos noticia bombástica no trabalho. Eu acho que tinha gente que ficava ansioso para acompanhar a nossa "novelinha". Do tipo " O que Chris e Angie aprontaram essa semana?"

–Mas já quer ir querido?

–Mãe, Angela e eu trabalhamos o dia inteiro, estamos exaustos.

–Tudo bem então, você paga a conta enquanto eu vou ao banheiro. Encontro com vocês la fora.

Estávamos aguardando minha mãe na porta do restaurante, nervosos e ansiosos para sair dali.

–Você também viu? - Perguntei desesperado para Angela enquanto estávamos la fora.

–Mas é claro que eu vi, não sou cega. Mas o que eles estão fazendo aqui?

Olhávamos ansiosos para a porta do restaurante. Aonde a minha mãe se meteu? Estava quase mandando Angela ir busca-la quando "O" casal aos beijos saiu pela porta quase esbarrando em nós.

–Desculp...? CHRISTOPHER? ANGELA?- Perguntou Nathalie totalmente surpresa.

–NÃO É NADA DISSO QUE VOCÊS ESTÃO PENSANDO.

–Cara, sabia que vocês dois iam acabar namorando! - Falou Anthony sem um pingo de vergonha na cara e com um sorriso de orelha a orelha.

– O QUE!? - Falamos ao mesmo tempo.

–Pronto meninos, podemos ir! Oh, olá Anthony, como vai?

–Senhora Morrinson? Cara, você já apresentou ela para sua mãe? Então o negócio é muito mais sério do que eu pensava. - Anthony disse rindo enquanto Angela estava vermelha que nem um tomate, seu rosto estava quase se confundindo com a cor de seu cabelo. Não tinha ideia de como contornar essa situação. Mãe, essa foi uma péssima hora para aparecer.