When Death Comes To The World escrita por hijut


Capítulo 4
Capítulo 3 - Plans




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Ainda estávamos sentados em volta da redonda mesa. Júlia já havia parado de chorar e eu e Malu ainda digeríamos aquelas informações. Estávamos começando a entender aquele novo mundo. Havíamos descoberto que aquilo era uma doença que matava as pessoas e depois as traziam de volta, porém elas não eram elas mesmas e sim uma espécie de humano selvagem que só vai atrás de comida e mais comida. Descobrimos, também, que para dar um fim naquelas coisas bastava uma boa pancada na cabeça – o que era bem fácil de falar. Mas a descoberta mais importante era que agora não vivíamos em um mundo como antes. Agora vivíamos em um mundo onde teríamos que lutar para sobreviver, um mundo que não poderíamos simplesmente esperar a próxima prova da faculdade estudando muito e achar que aquilo é nosso maior problema. A verdade é que nós estávamos realmente ferrados.

-Eu odeio perguntar isso... – Começou a dizer Júlia, olhando com os olhos muito vermelhos para a gente – Mas será que vocês tem comida?

Eu e Malu nos entreolhamos. Por um momento nós havíamos esquecido aquela coisa tão importante: a comida.

-No máximo um pacote de salgadinhos. – Eu respondi

-Merda. – Sussurra Thiago para si mesmo

-Então quer dizer que vocês não tem nada? – Pergunta Malu melancolicamente

-Acho que temos alguns biscoitos dentro da mochila de Thiago. Mas deve ser só isso mesmo. – Responde Júlia mexendo nervosamente no cabelo

Aquilo era realmente um problema. Eu e Malu havíamos guardado aquele pacote realmente para alguma emergência. Agora estávamos em quatro para dividir salgadinhos e biscoitos no almoço. Estávamos em uma posição desfavorável. Thiago estalou o dedo e perguntou em um tom de que uma ideia havia acabado de surgir em sua cabeça:

-Tem algum mercado ou coisa do tipo aqui por perto?

-Tem sim. É um mercadinho na equina do próximo quarteirão. Mas eu detesto comprar as coisas lá. São muito caras e às vezes os produtos estão fora da validade. – Respondi, explicando para o Thiago o caminho. Não era tão difícil, na verdade. Era só seguir reto que você achava o local

-Não importa mais que as coisas sejam caras! – Disse Thiago alegre – Devíamos ir lá agora coletar alguns recursos!

-Você quer dizer roubar? – Perguntou Malu com os braços cruzados e erguendo uma sobrancelha

-O mundo acabou – Começou a dizer, Thiago, com um sorriso zombador na cara – e você pensa em comprar as coisas?

Malu abaixou a cabeça e ficou quieta. Em circunstâncias normais ela não deixaria ninguém falar daquela forma com ela, mas Thiago estava certo. Aquele era o fim do mundo.

-Ok. – Eu disse – Precisamos de um plano.

Thiago se levantou para falar como se fosse liderar uma expedição.

-Nós atraímos cerca de trinta ou quarenta zumbis para frente do prédio. Desculpe sobre isso.

Levantei-me da cadeira, corri até a janela e pensei: “Merda!”. Ele estava certo. Os zumbis andavam de um lado para o outro, fazendo um desagradável barulho. Estavam aos montes. Eu nunca havia visto tantos juntos. Voltei para a mesa.

-Aqui tem uma porta de fundo? – Perguntou Thiago

-Tem sim. – Eu respondi – Mas não sabemos como esta a situação por lá. E fora que o caminho vai ser um pouco mais longo.

-Vamos fazer o seguinte – Thiago começou a projetar um plano – nós vemos como esta a coisa lá atrás. Se der pra passar, nós dois vamos até lá, certo?

-Como assim “nós dois”? – Malu protestou levantando-se – Eu também quero ir.

-Mas, Malu... – Tentei argumentar

-Mas nada, Luís. – Ela gritou para mim – Eu quero ir e pronto! Eu salvei a porra da sua vida lá fora! Eu tenho esse direito!

A cozinha ficou quieta por um tempo. A verdade é que eu não ia argumentar contra. Eu só ia verificar se ela estava certa disso, pois nem eu tinha certeza se realmente queria ir.

-Ok. – Disse Thiago – Então ela vai com a gente.

-Eu também vou. – Disse Júlia decidida

-Ah não Júlia. Você não vai! – Ordenou o namorado da garota

-Eu vou! Não importa o que você diga ou faça, eu vou! Eu não vou ficar aqui sentada enquanto vocês arriscam a vida! Realmente não vou! – Diz Júlia num tom alto, porém calmo

Thiago apoiou-se na mesa e ficou pensando quieto por um momento. Depois de nós três, eu, Malu e Júlia, trocarmos olhares, tentando nos comunicar mentalmente para ver se alguém tinha alguma ideia do que ele estava pensando, ele resolveu falar:

-Ok. Mudança de planos. Nós não vamos mais hoje. Todos nós iremos amanhã, de manhã. Assim teremos mais tempo... – Ele se virou para ir até a janela e fez um sinal para nós o acompanharmos – E menos deles também. – Thiago sorriu. Ele tinha algum grande plano na cabeça


Nós passamos o resto da tarde botando o plano de Thiago em prática. Esse plano consistia em pegar todo o lixo e objetos inúteis e tacar o mais longe o possível na direção oposta do mercado. “Eles são atraídos por sons.” Disse Thiago, quando estava explicando o plano “Já vi alguns que correm atrás desse som até algo mais interessante aparecer. Eles são estúpidos mesmo.”.

Naquele final de tarde, era eu quem trabalhava na prática do plano. Já havíamos feito um ótimo trabalho. Dos vários zumbis, que, antes, cercavam aquela região, sobravam apenas quatro. Era um número relativamente baixo, mas ainda uma ameaça em potencial. Peguei algumas pedrinhas, das quais antes estavam em um vaso, botei meu corpo para fora e as arremessei com a maior força que pude concentrar. Um zumbi ouviu o barulho, se virou em direção a ele e caminhou tropeçando nos próprios pés.

“Um a menos.” Pensei. Era bom ver que não existia mais aquele tumulto na porta do prédio e só apenas três zumbis dispersos pela rua.

Passei o resto da minha tarde tentando despistar aqueles outros três, mas eles não saiam dali, como se sentissem que nós estávamos por lá. Só parei de tentar quando Malu disse:

-Vem, Luís. Vamos jantar.

Eu admito que me virei e corri para a mesa rapidamente. Eu estava faminto. Passei um dia inteiro sem comer. A nossa janta era uma porção de salgadinho, um biscoito, metade de um bombom – do qual fiquei espantado de saber que estava em meu armário – e um copo de água. Foi uma refeição simples, mas precisávamos de algo para nos dar energia para o dia seguinte.

Quando todos nós já havíamos terminado de comer, Júlia perguntou onde era o banheiro e Malu a acompanhou até o lugar. Coisa que criou a situação perfeita para eu conseguir fazer uma pergunta a Thiago que estava na minha garganta:

-Como... Como você consegue não ter medo? Quero dizer. Você rachou o crânio daquela mulher ao meio sem hesitação ou coisa do tipo.

Thiago deu um sorriso sincero e respondeu:

-Eu também tenho medo, cara! Ouve só: quando eu tinha meus dez anos meu irmão me levou para um parque de diversões... E lá tinha aquelas casas mal-assombradas, sabe? Você nunca viu criança que chorou mais naquilo do que eu.

Eu sorri também e respondi:

-Você? Tem certeza que eu estou falando com o cara que salvou minha vida?

-É a Julia, cara. Eu faria qualquer coisa para manter ela viva. Nesse novo mundo ela é tudo para mim...

Exatamente quando Thiago terminou de falar as meninas chegaram. Julia disse:

-É melhor a gente ir dormir. Amanhã cedo nós temos que estar de pé.


Eu estaca saindo do banheiro quando percebi que Malu estava chorando. Deixei Júlia e Thiago no quarto de Malu – que, na verdade, era um quarto de visitas –, enquanto eu e Malu dividíamos a minha cama. Receosamente me aproximei de minha amiga, enquanto ela chorava silenciosamente. Sentei-me na cama, repousei minha mão sobre o braço dela e perguntei:

-Tá tudo bem?

-Tá tudo bem. Tudo bem. Não é nada. – Ela me respondeu tentando disfarçar a voz de choro

-Se você realmente estivesse bem, não estaria chorando, Malu. – Insisti

Malu se virou e olhou para mim. Ela estava com uma cara horrível. Eu mal via ela chorar e agora eu estava vendo o rosto dela coberto de lágrimas.

-É o Marcus. – Disse ela. Marcus é seu namorado, cujo ela brigou antes de vir para cá – Eu estou preocupada com ele. Você acha... Que ele ainda tá vivo? – Perguntou ela derramando mais lágrimas

Eu a puxei para mais perto e a abracei. Pensei em minha família e no que havia dito para minha mãe. Será que eles estavam bem? Será que era só por aqui que a merda estava acontecendo? Para todas essas minhas perguntas e para a pergunta de Malu, eu só tinha esta resposta:

-Eu não sei. Eu espero que esteja.

E assim adormecemos.


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