When Death Comes To The World escrita por hijut


Capítulo 2
Capítulo 1 - New Present




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Eu olhava para o céu nublado. O tom acinzentado dava-me mais tédio que já estava sentindo. Ficar preso em casa não era nada divertido, principalmente quando isso ia contra a sua vontade. Olhei para minha melhor amiga, Maria Luiza. Ela praticava sua habilidade artística mais bem desenvolvida: o desenho. Fazia traços rápidos em uma folha de papel do qual estava apoiado em uma pequena prancheta. Espiei para saber do que se tratava.

–Lindo... Como sempre. – Comentei olhando para o belo desenho, em desenvolvimento, de um casal

–Obrigada. – Respondeu-me ela virando o rosto para mim e dando um breve sorriso mesmo com a aparente tristeza em seus olhos castanho-escuros

Ela ajeitou seus cabelos, que tinham o mesmo tom da sua Íris, e voltou para sua obra de arte enquanto eu retornava a olhar para o céu.

Eu morava no último andar (mais precisamente o quarto) do único prédio da pequena cidade em que nós vivíamos. Eu e Malu – seu apelido – estávamos ali por razões universitárias. Eu cursava física enquanto ela, letras. Nós não morávamos juntos, mas estávamos ali para fazermos companhia um ao outro naqueles estranhos tempos.

Estes “estranhos tempos” eram os tempos em que havia muitos estranhos anúncios governamentais dizendo para as pessoas não saírem de casa – apenas em necessidades, como ir ao mercado – e ficarem com suas famílias. Minha melhor amiga estava ali comigo porque perdera seus pais, a única família que lhe restara, para um grave acidente de carro no último ano de colégio. E para piorar toda a situação, um dia antes de toda essa confusão começar, ela e o namorado brigaram feio.

Eu tinha família, porém preferi ficar com minha amiga, pois apesar de Malu ser durona e lidar muito bem com problemas como este, ela estava sensível naquele momento e eu precisava ajuda-la. E além de tudo isso, meus familiares moravam longe.

“Vou visitar vocês quando isso acabar.” Pensei. Foi isto o que disse para minha mãe em uma ligação telefônica a, mais ou menos, quatro dias atrás.

Cansado de olhar para o céu, sai da cadeira da qual estava encostada perto da janela, passei a mão em um bastão de baseball – meu esporte preferido –, que meu pai havia me dado, colocado cuidadosamente sobre uma prateleira, me joguei no sofá e liguei a pequena televisão. Uma mulher falava dentro da caixa televisiva:

–Mais ataques terroristas aconteceram ao Sul do país nesta tarde. – a repórter estava muito bem arrumada e aparentemente muito assustada enquanto mapas da região Sul do país passavam pela tela – O presidente se pronunciou...

“Então são ataques terroristas! Eu estava realmente mal informado!” Interrompi a mulher com meus pensamentos antes de adormecer.


 

“Luís! Luís!” Um cochicho dizendo o meu nome interrompeu meu pesado sono.


–Luís! – Dizia Malu enquanto me chacoalhava

–O que foi? – Eu disse. Abri os olhos e ainda não enxergava direito. Estava tudo muito escuro.

–Você tem velas? – Ela perguntou – A energia acabou e já está muito escuro!

Levantei-me do sofá e fui até a cozinha procurar por velas. Após esbarrar em objetos, abrir gavetas erradas e tatear muito a superfície da gaveta certa, achei um saco plástico onde eu as guardava e uma caixa de fósforos. Acendi uma delas e esperei um pouco a cera derreter. Derramei a cera, que ficou líquida, na superfície da caixinha para grudei a vela ali.

–Muito melhor! – Comentou Malu enquanto eu pegava um pequeno prato para repetir a ação


 

Como a energia não havia voltado, tivemos que acender o fogão com um fósforo. Improvisamos um jantar com o que havia restado de comida em meu armário. Uma improvisação simples, porém muito gostosa. Sustentou-nos o suficiente para ficarmos um tempo acordados, jogando cartas à luz pálida das velas. Mas como ainda estávamos sem energia elétrica – e muito desanimados –, resolvemos ir dormir.



 

Ouvia berros incansáveis, choros descontrolados, disparos aos montes e uma enorme explosão que me fez acordar.


“Foi só um sonho.” Pensei confuso depois de acordar assustado tentando realmente acreditar que era apenas um sonho. Parecia tão real e ao mesmo tempo brincadeiras sem graça de meu cérebro, algo exageradamente estranho. Tentando – e, pelo tamanho cansaço que sentia, conseguindo – ignorar, virei-me de lado e dormi novamente.


Acordei com uma gigantesca fome, porém, preguiçosamente, me lembrei de que todo o meu estoque de comida havia – quase – acabado. Troquei-me e escovei meus dentes no banheiro de minha suíte. Sai do meu quarto e fui para a sala, onde estava Malu sentada no sofá, com cara de tédio.


–Bom dia flor do dia! – brincou ela, parecia um pouco mais animada do que no dia anterior – Você dormiu pra caramba essa noite!

Espreguicei-me e respondi:

–Que horas são? A energia voltou?

–Nove e meia. – Disse ela olhando para o relógio de pulso – Infelizmente não.

–Nossa! – Assustei-me com o horário – Eu vou à padaria comprar pão, estou morrendo de fome! – Disse enquanto pegava a chave de meu carro, um Chevrolet Celta, de quatro portas, vermelho – Quer alguma coisa a mais?

–Não, não quero nada, obrigada. – disse ela pensativa - Só quero que você vá rápido. –acrescentou sorrindo - Eu também estou morrendo de fome!

Peguei a chave da porta da frente e destranquei a mesma. Ouvi um estranho barulho e olhei na direção em que ele vinha. Uma mulher de cabelos grisalhos, magra como um palito, estava ajoelhada sobre alguma coisa. Movimentava-se estranhamente, assim como o ruído que fazia. Parecia que ela degustava ferozmente alguma refeição nunca tida antes.

Após encarar a estranha cena por uns dois segundos, lembrei-me de que conhecia aquela pessoa. Era a senhora Fitz, uma mulher idosa que morava em um dos apartamentos do andar de baixo. Era muito simpática, todo fim de semana – quando ela não ia visitar os seus amigos, também idosos – me convidava para tomar um café em sua casa, onde sempre havia guloseimas e mais guloseimas realmente muito deliciosas que ela mesma preparava. Sempre andava na companhia de seus dois cachorros – sendo um preto, que era um vira-lata macho e uma branca, uma poodle tão simpática quando sua dona.

Dei um passo à frente e a chamei, perguntando:

–Senhora Fitz? A senhora está bem?

Ao ouvir isto, a dona de casa virou-se para me encarar.

“O que é isso?” Pensei assustado. O que quer que fosse aquilo, não tinha cara amigável. Parecia a velhinha simpática do andar de baixo, mas não era ela, ou será que era? A parte esquerda de sua bochecha, assim como o olho do mesmo lado, havia desaparecido, deixando o osso mandibular e os dentes sujos de sangue expostos e um buraco onde um dia existiu um globo ocular. Seu corpo estava sujo de sangue, assim como suas roupas que também estavam rasgadas. Aparentava estar hipnotizada. O olho restante era branco como uma nuvem e parecia me dizer que a pequena cadelinha – que era o que estava comendo – era só a entrada. E eu seria o prato principal.

Ela levantou-se e começou a caminhar em minha direção. Soltou um grunhido abafado pelo abre e fecha de sua boca.

–Se... Senhora Fitz? – Eu repeti, gaguejando e paralisado de medo

Ela movia-se cada vez mais rapidamente, mordendo o ar mais e mais vezes à medida que se aproximava de mim – que não sabia o que fazer. Ela estava realmente muito estranha e muito mal cheirosa. E também muito próxima.

Tentei chama-la mais uma vez – inutilmente. Ela me derrubou jogando todo o seu peso, força e fome em cima de mim. Enquanto caídos, ela tentava tirar um grande pedaço da minha carne – com a boca – e eu lutava bravamente tentando afastar o rosto dela do meu corpo. Fazia muita força para não ser, literalmente, comido. A árdua briga entre minha vontade de permanecer vivo e da fome da Sra. Fitz foi bruscamente interrompida por Malu. A garota havia pegado meu bastão de baseball e dado uma bela de uma pancada na barriga da velha, jogando-a para longe de mim.

Meus olhos foram da garota que segurava o taco para a tenebrosa senhora, que, mesmo depois da gigantesca pancada que havia recebido, já levantava facilmente, como se nunca tivesse apanhado, e voltava a andar, mancando, em minha direção.

Malu puxava o braço de um Luís assustado, que nunca nem eu mesmo tinha conhecido, para dentro do apartamento. Depois de ser arrastado por uns cinco centímetros, resolvi cooperar, levantar e sair daquele lugar onde a macabra cena ocorria. Entramos em meu lar e, rapidamente, fechamos a porta – trancando-a – na cara daquela coisa.

Olhamos um para o outro, completamente assustados com a cena transcorrida, e passamos o olhar para a porta, como se estivéssemos completamente seguros.

–O que foi isso? – Perguntou-me Malu, tinha um tom de voz que parecia uma mistura de medo e adrenalina

Antes que eu pudesse responder fortes batidas na porta e altos grunhidos começaram. Num ato de impulso, corremos em direção a ela e a seguramos com o peso de nossos corpos. Sentíamos cada batida dada com mais fúria que a anterior – aquela coisa realmente devia estar muito nervosa, o café da manhã dela fora retirado da mesma a força. Olhei para Malu.

–O que é isso? – Corrigi a pergunta antes dita por Malu, dando ênfase no “é”


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Notas finais do capítulo

Como pudemos ver nesse começo a história é em primeira pessoa.
Ambientado em apenas um apartamento, o primeiro capítulo relata o começo do apocalipse para nossos dois personagens. Como pudemos ver ao ler, não conta direito como começou tudo isso. Ao desenvolver da história provavelmente saberemos.
Bom, por hoje é só.
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