Quinze minutos depois que Lena saiu de casa meu celular tocou, era ela, achei estranho porque ela tinha acabado de sair daqui.

- Lena? Já está com saudades?

-Deixa de ser convencido, Damon. - ela fez uma pausa  - Então vai ter jogo amanhã, quem ganhar vai para as quartas de finais, tá afim de ir?

- Ah sim, claro se você me arrumar uma cadeira de rodas e me empurrar o tempo todo a gente vai sim. - disse irônico, conhecendo Elena como conheço isso foi só uma desculpa para ligar, alguma coisa tinha acontecido - o que foi Lena?

Ela demorou um pouco para responder.

-Terminei com Lucas.

-Sinto muito. -na verdade não sentia tanto assim.

-Ele estava me esperando quando cheguei, e bom, eu disse que sem confiança não dava, e sabe o que ele disse?  Que não existe amizade entre homens e mulheres.

- Que idiota. Ele não te merece Lena, te disse isso desde o começo.

- É, você disse mesmo, antes de dizer um monte de outras coisas.

-Eu já te pedi desculpa por isso.

-Tudo bem Damon.

-Eu queria ir ao jogo.- disse.

-Também queria que você fosse, ia ser divertido, como nos velhos tempos.

Eu e Elena costumávamos ir aos jogos porque Matt jogava e também porque era divertido vê- los cair, ou quando estavam conversando eu e Elena os interpretava.

Não tínhamos muito o que falar por telefone, mas eu quis continuar.

-É. Sabe a Gaby do terceiro?

-Aham.

-Nos estávamos saindo antes do acidente.

-Ela parece legal.

-E é.

Meu pai apareceu na porta do quarto, eu não falava com ele desde o acidente, minha mãe o chamou e ele havia ficado no hospital até que eu tivesse alta, não o vi mais depois desse dia.

-Lena, tenho que desligar, mas te ligo mais tarde.

-Okay. Até.

-Vejo que está se recuperando bem.

-É.

-Era Elena no telefone? -ele perguntou se sentando na cadeira giratória.

-Era sim.

-Então vocês fizeram as pazes?

-Digamos que sim.

Nós não havíamos conversado sobre isso , eu apenas pedi desculpa e voltamos a nos falar.

-Ela é uma boa garota, sempre doce e gentil,

Meu pai adorava ela, como não adorar? Ela era sempre educada e gentil com todos, ótima amiga, inteligente, e muitas outras coisas, o tipo de pessoas que todos gostam.

-Ela é uma otima amiga. -eu disse baixando a cabeça.

-Não sou a melhor pessoa do mundo para te dar conselhos, mas... diga a ela. Nunca vai saber se é correspondido se não tentar.

Meu pai sempre sabia o que falar, ele achava que não, mas seus conselhos já né ajudaram muitas vezes.

- Eu não sei como, é mesmo que eu diga, quem garante que ela não vai sair correndo, e o pior, eu nem vou poder ir atrás dela. - eu disse pouco frustrado.

-Na hora você vai saber o que dizer, eu me sentia da mesma maneira com sua mãe.

Ele sorriu, comi se a lembrança que ele tinha de como as coisas no início fossem valiosas, seus olhos brilhavam um pouco, estava na cara que ele ainda amava minha mãe, e tenho certeza que ela também o ama, mas se eles se amam porque se separar?

-Você a amava muito não é? - perguntei.

-Amo ainda. -Ele encarou os próprios pés.

-E por que não estão juntos, se a ama?-eu parecia uma criança idiota por perguntar isso, mas não fazia sentido, quando você ama alguém você fica com a pessoa.

-Porque amar é complicado, relacionamentos se desgastam, caem na rotina, essas coisas.

Ele se levantou e foi em direção à porta.

-Te vejo depois. - ele disse antes de sair.

Depois que ele saiu eu fiquei pensando no que ele havia dito. "Amar é complicado".

-Mãe- gritei depois de um tempo.

Ela subiu as escadas rapidamente e em menos de um minuto já estava na minha porta.

- O que foi Damon?

-Nada, eu só queria te perguntar uma coisa.

-Então pergunte.

-Como conheceu meu pai?

Ela ficou surpresa, mas caminhou até minha cama e se sentou próxima a mim.

- Você nunca teve curiosidade em saber disso, por que agora?-ela perguntou desconfiada.

-Sei lá mãe, só fiquei curioso sobre isso agora.

-Tudo bem, bom... Seu pai e eu nos conhecemos por acaso, eu estava atrasada para escola e trombei  com ele na rua, meus livros caíram no chão e ele me ajudou a pegar, ele se desculpou e eu corri para escola. No dia seguinte ele estava me esperando na mesma esquina e usou todo charme dizendo que as coisas não acontecem por acaso, perguntou meu nome e pediu pra me acompanhar até a escola, ele me esperava na mesma esquina  todos os dias, no começo eu o quis apenas como amigo, mas acabei me apaixonando.

Ela estava com os mesmo olhar que ele, adolescente apaixonado, pensar nos dois dessa maneira me provocou um pequeno riso, que não pude segurar.

-Esta rindo do que? Não estou vendo graça alguma.

Ela tentou não rir, mas mão conseguiu e acabou rindo também.

-Vocês ainda se amam, mãe. - eu disse.

-Eu sempre vou ama-lo foi meu primeiro amor.

-vou te fazer a mesma pergunta que fiz a ele. Porque não estão juntos se o ama?

Ela suspirou e se levantou.

-É, eu sei mãe, é complicado.

Ela assentiu e saiu.

Liguei para Elena.

-O convite pro jogo tá de pé? - perguntei assim que ela atendeu.

-ah... Claro, por que não? Mas como?

-Vou dar jeito, mas vou precisar da sua ajuda.

-tudo bem.

-Tenho que arrumar umas coisas, a gente se vê amanhã então. Boa Noite Lena.

-Okay. Boa Noite.

Desliguei e em seguida liguei pro meu pai.

-Pai? Preciso da sua ajuda.

-Pode falar.

-Eu preciso de uma cadeira de rodas. Pra amanhã.

- E quem vai te empurrar? Só com um braço você não consegue.

-Estou seguindo seu conselho pai. Eu vou dizer a Elena.

Ele soltou uma risada leve do outro lado da linha.

-tudo bem Damon.

Eu desliguei, e fiquei pensando no que dizer a Elena.