– Está tudo certo então, namorado. - eu disse gargalhando.

– O.k, namorada. - ele riu junto, mordendo aqueles lábios que meu deus, me deu vontade de agarrar Peter.

– Namorados beijam namoradas. - eu disse disfarçando o deboche, mas na realidade eu queria um beijo- você poderia me beijar, namorado.

– Vai ficar meio estranho eu beijando você, sei lá, te conheço desde pequena.

– Beija logo!- ordenei ainda disfarçando a vontade de beijar Peter com um tom brincalhão

– Eca! - ele resmungou.

– Eca digo eu, eu vou ter que fingir ser sua namorada durante a estadia da biscate Sophia. - revirei os olhos ao pronunciar o nome da garota que roubou Peter de mim, de verdade, eu amo Peter desde os meus 15 anos, posso afirmar que vinha algumas paixonites no meio, mas eu gostava dele de verdade, eu faria tudo por Peter Cavasin.

– Não chame ela assim, ou... ou... eu te beijo.- ele ameaçou rindo.

–Sai para lá! - menti

– Só um beijinho! - ele brincou e por reflexo joguei uma batata nele.

– Panaca.

– Ah eu só queria um beijinho – ele disse rindo, ah aquele sorriso acabava comigo.

– Mas e aí, aonde você está trabalhando? –perguntei desviando-me do assunto.

– No mesmo emprego, sou advogado de uma empresa.

– Ah sim. Aquela empresa é aquela dos vestidos?

– Sim, essa mesma.– ele respondeu sorrindo.

– Ah ta. – eu ri.

– E você? Onde está trabalhando? – ele perguntou.

– Continuo trabalhando como colunista do Seattle Weekly. – respondi tentando lembrar Peter que fazia uma careta.

– Ah sim, e aquele Newton lá? Mike Newton, eu acho que é o nome dele, mas enfim, ele ainda continua sendo o dono do teu coração?

Ah que pergunta idiota que o Peter faz, depois de todo esse tempo ele acha que ainda vou gostar do Mike, que merda, eu aceitei a proposta de ser a falsa namorada dele e ele ainda não percebeu que eu sempre amei esse idiota? Será que ele ainda não percebeu que o amor da minha vida sempre foi Peter, e que eu faria tudo por ele, até mesmo aceitando esse contrato que me prende a ele. Ah que babaca.

– Ah, Peter! Claro que não! – respondi sorrindo falsa.

– Ah sim, ele é um babacão.

–Né.

– Sim, ele é um mané por ter partido teu coração. – ele sorriu.

– Verdade. – afirmei, quer dizer, fingi que afirmei pois eu nunca amei Mike, e ele fez bem em ter me traído, eu só fiquei puta porque ele me traiu, e eu odeio traição.– Puxa, tenho que ir, minha mãe está me esperando para a festa da minha irmã, é só um bolinho, mas, é especial para a Bora.

–Bora está completando quantos anos mesmo? – ele perguntou.

– Está fazendo 16 hoje.

– Uau, eu peguei Louise no colo, e ela já está fazendo 16?– ele riu mexendo no cabelo.

– Para você ver né. – eu ri.

– É, completei 30 anos mesmo. – ele gargalhou, ah meu Deus, ele rindo era tão fofo, parece que voltei a ter 15 anos.

– Quer que eu te leve em casa? Eu aproveito e dou um abraço na Bora.

– Seria uma boa. – aceitei a carona

–Então vamos.

Saímos do McDonald’s lembrando da época que Bora nasceu e do perrengue que tivemos que passar para ir até o hospital. Lembro como se fosse ontem, eu e Peter estávamos fumando o nosso primeiro cigarro até minha mãe ligar pedindo para que eu a ajudasse com as malas porque Bora tinha estourado a bolsa.

 Bora nasceu tão linda e tão fofa, que eu esqueci dos cigarros e das crises de 15 anos e fiquei apreciando a beleza da minha irmã no berçário. Peter de tão nervoso começou a gargalhar alto no meio do corredor, nós dois estávamos fedendo a vodka e fumaça de cigarro, com nossas descoladas jaquetas de couro, na época era uma moda e tanto.

 Minha irmã desde pequena considera o Peter como um tio, imagina a felicidade dela quando ela ver o tio bebum da pista sumido.

O shopping ficava 15 minutos da minha casa, então chegamos rápido, quando chegamos, foi abraço para lá e para cá e as pessoas da minha família dizendo que Peter estava sumido do mapa.

Bora chorou de emoção ao ver o seu tio.

–Feliz 16 Bora! –ele disse a abraçando.

–Ai meu Deus, tio Pet! Que emoção! – ela disse rindo.

–Puxa vida, Bora está com 16? VOCÊ NÃO ANDA FUMANDO NÃO NÉ? – ele perguntou preocupado.

–Claro que não tio. – mentiu Bora, pois outro dia ela chegou bêbada em casa com cheiro de cigarro, tal qual a irmã dela.

–Acho bom.

–Acho bom mesmo também, Bora. – aumentei o som da minha voz e pisquei para Bora.

–Há-há-há, Anna, você é hilária. – Bora soltou uma risada falsa.

– Sei que sou. – sorri maliciosamente.

– Está na hora do parabéns! – minha mãe desviou do assunto sabendo muito bem do que estávamos falando.

– Eba! – gritou meu tio já bêbado do outro lado da sala.

Os poucos convidados se aproximavam da mesa para cantar parabéns, minha irmã estava muito feliz por Peter estar presente na festa caseira de 16 anos dela. Nem precisava de presente, ele já estava lá.

Peter, Bora e os amigos dela ficaram rindo e conversando em um canto da sala, Peter se dava muito bem com os jovens, ele era perfeito.

– Pessoal, tenho que ir embora, deixei meu sobrinho sozinho em casa, espero que ele não tenha feito nenhuma besteira.

– Obrigada por vir a minha festa, tio Peter.

– Por nada, Bora.

Ele se afastou de Bora e me deu um abraço apertado sussurrando no meu ouvido:

– Até logo, amanhã te ligo... namorada. – riu e se afastou de mim com uma careta engraçada.

– Até logo... Namorado.

                                    *        *        *

A noite foi boa, vi a minha paixonite da adolescência e comemorei os 16 anos da minha irmã contando histórias engraçadas para ela antes de dormir.

– Você gosta mesmo dele né? – ela perguntou.

– É, eu gosto.

– Deu para perceber do jeito que você olhava para ele.

– Sério?

– Claro Anna, eu não sou idiota.

– O.k, irmã, boa noite e feliz aniversário pela milésima vez.

– Boa noite, Anna. Eu te amo.

– Também te amo irmã.