No dia seguinte acordei sentindo uma boa sensação de ansiedade, e alguma coisa me dizia que iria dar certo, desci as escadas enquanto minha mãe escutava um CD velho de um cantor famoso na época da adolescência dela.

–Mãe?

–Filho! Que bom que você acordou!- exclamava ela feliz depois de voltar da viagem de cruzeiro, na verdade, era meio que uma quarta lua-de-mel para ela e meu pai, não importava a idade, se bem que para mim, isso é um pouco nojento.

–É, que bom que você chegou, mãe. – confirmei tentando fazer com que ela parasse de beijar minha testa.

–É, foi ótimo sabe, paramos em um lugar ótimo lá no Brasil... Acho que o nome é Salvader, ou Salvador, eu acho que é Salvader.

–É Salvador, mãe! – ri enquanto corrigia mamãe, ela era muito boa comigo, eu amo minha mãe.

–É! Tanto faz! O que importa é que foi ótimo,

–É... Mãe adivinha quem vai casar?

–Você? – disse ela brincalhona enquanto caminhava até a cozinha preparando as cenouras para cortar.

–Não, mãe. A Sophie vai casar, aquela que eu fiquei durante 10 anos, 10 demorados anos.

–Oh Peter, você ainda não esqueceu ela?

–Não mãe...

–Pelo amor de deus, há 4 anos você não namora ninguém por causa dela.

–É...

–Você podia ficar com a Anna, aquela sim é uma boa pessoa, te conhece há anos e sempre esteve ao seu lado.

–A Anna é a minha amiga mãe.

–Mas poderia ser sua namorada. – piscou para mim e sorriu.

–Mãe vou me arrumar para ir ao cartório resolver umas coisas.

–Tudo bem filho, vai voltar tarde? Porque são 12h10!

– Não vou não.

–Então tá.

Corri até o banheiro, tomei uma ducha quente, e me arrumei para ir até o cartório. Não escolhi uma roupa muito informal, até porque eu ia escrever um contrato, eles iam rir do motivo, mas, tem o seu porquê.

Saí do banheiro arrumado, dei um beijo na minha mãe e peguei a chave do carro.

No caminho escutei algumas músicas que me faziam rir lembrando de Anna, como por exemplo, Playing God, da banda Paramore, como ela adorava essa música.

Anna tinha mania de fazer umas danças esquisitas enquanto cantava.

Chegando no cartório, peguei a senha e sentei lá na salinha que tinha, um número bem engraçado, pois eu peguei o número 4, o dia do aniversário de Anna.

“Que esquisito” pensei “Hoje tudo me faz lembrar Anna”

O visor acima da televisão de 20 polegadas piscava o número 4 sem parar.

Levantei-me e me dirigi até a cabine oito, senha número 4.

–Pois não? –disse uma baixinha magra me olhando com os olhos pequenos e puxados da cor azul.

–Ahn... Eu queria que a senhora digitasse um “contrato” para mim, sabe, é informal mas não sei usar as palavras certas.

–Uhum, certo, um contrato com o intuito de...?

–Ser uma falsa namorada. – murmurei para a baixinha.

–Ser uma falsa namorada? Está gozando com a minha cara?

–Não... Não é isso, é que sabe... – contei minha história toda para a desconhecida mulher.

–Certo, vou ajudar você.

–Sério? Ah obrigado são poucas pessoas que fazem isso sabe...

–Por nada. – dizia ela enquanto digitava o contrato.

–Já está pronto? – perguntei depois de cinco minutos olhando ela digitar.

–Sim, está. – dizia ela enquanto a impressora fazia um barulho alto. – Essa impressora de ralé. – resmungava ela.

–Ahaha. – tentei ri da piada dela, mas ela continuava séria, me fitando.

–Há-Há

–Uau, três folhas?

–Sim, na primeira está escrita os motivos do contrato, na segunda as exceções do contrato, e na terceira as assinaturas.

–Hm, sim.

–Aqui está. – dizia ela me entregando as folhas e grampeando ao mesmo tempo - custa US$ 15,00, um desconto especial pra você, só não conte ao meu chefe.

–Obrigado, devo uma a você. – eu disse enquanto tirava as notas da carteira.

Saí do cartório sorrindo de verdade, são poucas pessoas que fariam isso, ainda mais em um cartório.

Agora era só saber se Anna iria aceitar a proposta, eu acho que não, mas... Vamos ver né, nunca se sabe.