Luz Dos Olhos escrita por Mi Freire


Capítulo 12
Unidos os papais




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Finalmente o sol voltou a reinar no centro do céu azul. Os dias que até então eram frios de nuvens cinza, agora estavam mais calorosos e animadores. Mesmo assim, ao anoitecer, aquela brisa gelada pegava a todos de surpresa.

É sábado, Melina aproveitou aquela manhã depois do café para dar uma organizada em suas tantas coisas espalhadas pelo quarto que ela divide com Daniele.

— Você tem notado se eu tenho engordado? – Daniele perguntou preocupa, ela se olhava no espelho. De todos os ângulos possíveis, determinada a encontrar as tais gordurinhas localizadas.

— Para mim – Melina virou-se para ela. — você continua a mesma linda de sempre. Seu corpo é lindo!

— Nick, que é sempre um fofo, me disse o mesmo – Daniele rebateu. Virando-se de costas para o espelho e voltando a abaixar a blusa de seu pijama. — Mas não sei – ela fez uma careta. — Acho que estou engordando! Enfim, mas ele me disse que se eu achasse mesmo que estava engordando e quisesse dá um jeito nisso, eu poderia acompanhá-lo todas as manhãs em sua caminhada matinal.

— Ele disse isso mesmo? – Melina quis saber. Intrigada. — Nick nunca me disse que ele caminha de manhã.

— Ele disse – Daniele voltou a se olhar no espelho. Nada lhe tirava da cabeça que ela estava mesmo engordando. Por mínimo que fosse. — Agora tá explicado o porquê daquele corpão todo dele: os ombros largos, os braços fortes, a barriguinha lisa. Cá entre nós, ele é lindo!

— Ele é – Melina tentou imaginar Nick fazendo caminhada todas as manhãs com todo aquele jeito dele de nerd. Mas o que mais a intrigava, é que ele nunca havia comentando a respeito disso com ela.

Mas será mesmo que ele precisava?

Mais tarde, aquela manhã, depois de um banho e troca de roupas, Melina foi até a casa de Nicolas. Havia marcado com ele de saírem para dá uma volta pela praça, ali no bairro, com sua cachorrinha e com os cachorros dele também.

Os dois caminhavam lado a lado sem trocaram nenhuma palavra desde que chegaram a pracinha. Nick segurava seus dois cães de porte grande, assegurando-se que eles não saiam correndo por ai assustando as pessoas com suas caras de malvados. Já Melina, carregava nos braços à pequena Bel, que mal deu dois passos, fez sua necessidade especial, e já se cansou pedindo o colo da dona.

— Eu estive pensando – Melina quebrou o silêncio. Nicolas olhou para ela, pronto para prestar atenção. — Nossos pais são solteiros, certo? – ele assentiu compreensível. — Nós dois queremos que eles se deem bem, certo? – outras vezes ele assentiu. — Eu pelo menos penso muito no dia em que meu pai irá encontrar uma mulher que lhe de motivação a se apaixonar outra vez, assim como um dia, ele foi apaixonado por minha mãe. E você, o que pensa?

— Eu? – Nicolas foi pego de surpresa pela pergunta. — Eu não penso muito nisso. Mas agora, parando pra refletir a respeito, digo o mesmo: penso que meu pai poderia encontrar uma mulher que dê sentindo a sua vida.

— Foi o que eu pensei – Melina sorriu satisfeita. — Então pensei: bom, nossos pais são dois médicos, meu pai tem muitas colegas de trabalho, todas elas mulheres admiráveis, então, bem que ele podia selecionar algumas delas, para convidar para sair um dia desses. – Nicolas tentava entender onde ela queria chegar. — Mas antes, precisávamos unir nossos pais de alguma forma, para que eles sejam amigos, assim como nós.

Nicolas pensou se isso seria possível.

— Sei que eles se darão muito bem. Pelo que conheço meu pai e pelo que venho conhecendo o seu – ela prosseguiu. — Que tal marcarmos um jantar hoje a noite? Para nós quatro.

— Acho uma ideia legal, mas não sei se meu pai...

— Não! Não pense negativo! – Melina o advertiu antes que ele completasse seus pensamentos. — Vai dá certo! Acredite. Só temos que fazer direito.

— Sim, entendi. Vou pensar positivo – ele sorriu encantadoramente. — Mas e ai? E depois?

— Depois, faço com que meu pai se convença de que precisa de uma namorada. Isso não será difícil. Daí, vou sugerir algumas de suas colegas de trabalho, mas não vou me esquecer do seu pai, pois ele também precisa conhecer pessoas novas. – Melina voltou-se para Nicolas. — Você tá me entendo?

— Acho que sim – ele riu. — Então, eles irão se tornar amigos, depois saíram com algumas garotas, e puff, eles poderão se felizes, se quiserem, é claro.

— Sim! Foi exatamente isso que eu quis dizer – ela riu. Outra vez ele percebe o quanto gosta do som da sua risada. — Mas, por favor, sem essa de “se eles quiserem serão feliz” melhor do que isso, diga “que eles vão se feliz”, pois irá dá tudo certo.

Nicolas gosta da forma como Melina pensa. Ela é objetiva, direta, determinada, e sabe o que quer. Ou pelo menos aparenta ser assim.

Eles sentam em um banco vazio de madeira, próximo a algumas flores bem cultivadas, onde borboletas sobrevoam a procura de seus perfumes e sabores. Melina coloca Bel no chão, e a cachorrinha sem medo vai cumprimentar os novos coleguinhas.

— Eu estive pensando em outra coisa – Melina se lembrou do curto dialogo que teve com Daniele mais cedo.

— Outra coisa? – Nicolas não conteve o riso. — Você pensa em muitas coisas!

— Sim, é verdade. – ela sorriu. — Eu não consigo me conter! Sempre me pegando pensando em como solucionar, não só os meus problemas, mas também como os problemas dos outros.

— E isso é bom, sinal de que você se preocupa. Mas então, no que mesmo você esteve pensando?

— Nick, é que você nunca antes, havia me dito ou comentado que, faz caminhadas todas as manhãs.

— Sim, é verdade – ele riu outra vez. — Faça chuva ou faça sol. Sempre acordo ás seis da manhã e caminho pelo quarteirão antes de ir para a faculdade. Alguns dias chove mais forte ou faz muito frio, então, meu pai não deixa eu ir. Diz que eu posso pegar um forte resfriado ou até uma pneumonia. Por ele eu fico em casa. Nesses dias em que não caminho, antes de dormir pego peso. Esse pesos de academia, sabe?

Ela disse que sim. Ela sabia.

— Essa rotina eu venho tentando manter a mais de dois anos. Pode não parecer, mas eu penso muito na minha saúde, sabia? – eles riram. Ela mal podia acreditar no que ouvia. Parecia tão surreal.

Apesar de Nicolas ter um corpão, ele não tem cara de quem leva jeito para quem pratica atividades físicas ou esportes.

— Mas o que tudo isso tem a ver com o que você tem pensado?

Melina não sabia ao certo como dizer.

— É que eu concluí que não sabemos tanto assim um do outro quando deveríamos como amigos, pelo menos não os pequenos detalhes. Por exemplo, qual sua cor favorita? Eu não sei. Ou suas manias, seu esporte favorito, uma musica que você goste, um banda ou cantor. – ela olhou bem séria para ele. — Você me entende?

— Claro que sim! Entendo. – ele não conseguia não rir. Melina estava tão radiante aquela manhã. Nicolas tem a impressão que gosta mais dela a cada dia. — Ah, bom, respondendo suas perguntas: minha cor favorita é o vermelho. Eu tenho mania de dormir de meias e de quando estou em casa sozinho, comer com as mãos. Tenho mania também de cantar de baixo do chuveiro, sempre fazendo o frasco de shampoo como meu microfone.

Melina riu da ultima confissão.

— Meu esporte favorito? Ah, eu gosto de natação. Uma musica que eu tenho gostando muito nos últimos dias é All Star do Nando Reis, conhece? – ela disse que não. — Escute, é muito boa. Nando Reis é o meu cantor favorito. Gosto também de Legião Urbana.

Ela pensou em todas as suas respostas e admirou-se por ter gostado de todas elas.

— E você, me fale de suas preferencias? – ele também teve curiosidade em saber. Agora que tocara no assunto, pensando bem, eles não sabiam essas coisas um dos outros. Apenas o que viam.

— Minha cor preferida é o vermelho também, mas gosto muito do azul. Então tenho lá minhas duvidas – ela riu. — Depende muito da situação. Só não gosto de ter que ficar escolhendo entre elas. Minhas manias? Ah, fácil: eu pinto a unha duas vezes por semana, sorrio com frequência para os estranhos, roo as unhas quando nervosa e balanço a perna ou mecho as mãos. Esportes: eu admiro os radicais, mas não que eu pratique qualquer um deles, pois não levo jeito. E no momento não tenho escutado musica, não tenho tido tempo para ter uma favorita, mas gosto também muito de Nando Reais, Legião Urbana e músicas internacionais românticas. É que depende muito do momento também e do que eu estou sentindo

Ele concordou. Os dois pensavam em todas as possibilidades de tem algo em comum ou se deveriam fazer mais perguntas dais quais tinham vontade.

— Com o tempo teremos todas as respostas para essas perguntas, sem ao menos precisar perguntar um para o outro. É uma questão de tempo.

— Concordo. – ela assentiu, procurando pelas mãos deles sobrepostas sobre seu colo.


~*~


Ao chegar em casa ao final daquela tarde, Melina decidiu que estava mais que na hora de ligar para seu pai. Não demorou muito para ele atendê-la, pensando que havia acontecido algo de ruim com sua única filha.

— Não pai, não é nada disso. Eu estou bem, não se preocupe comigo. – ela riu descontraída. — Será que podemos sair hoje à noite? Você teria um tempo para mim? – ela tinha a voz mansa. — Poderíamos jantar juntos.

— Filha...

— Sem desculpas papai. Eu já me certifiquei com a vovó que você não teria plantão hoje à noite. Nem adiante vir com essa desculpa, ela já não cola mais. Não comigo.

Alberto riu. Ela é mesmo esperta.

— O.K. Vamos sair para jantar – ele disse por fim. Não seria tão mal assim, precisava mesmo sair para esfriar a cabeça. Quer que eu vá te buscar?

— Não pai, não precisa – Melina teve uma ideia. — Nos encontraremos naquele mesmo restaurante. O seu preferido.

Antes que ele concordasse, sua secretária entrou na sala sem ao menos bater na porta. Tinha uma expressão apavorante.

— Doutor? Tem uma paciente a sua espera. É urgente!

Alberto fez sinal de positivo e se levantou para recolocar seu jaleco branco de trabalho.

— Filha, tenho que desligar. É uma emergência! Nos encontraremos as nove, tudo bem? Até lá. Tchau. Amo você querida.

Assim, ele desligou sem que Melina tivesse tempo de se despedir.

A próxima ligação que Melina fez foi para o namorado, há dois dias mal falava com ele. Thomaz está naquela fase em que só tem tempos, olhos e ouvido para o trabalho. Ele garantiu que estava passando por um momento importante, investindo em grandes ações que traria lucros dos quais ele e seu sócio precisavam para se manter.

De toda forma, sendo sincero ou não, Melina o compreendia e estava ao seu lado, não fisicamente, mas o apoiando e entendendo que ele precisava resolver essa questão.

Sempre que possível ela ligava para ele para saber como iam as coisas, normalmente Thomaz só falava e pouco a ouvia. A principio soava um tanto egoísta da parte dele, mas aos poucos ela foi se acostumando, afinal, tinha tanto amigos com quem contar. E pelo visto, ela era a única com que ele poderia desabafar e conversar. Ou pelo menos é o que ela acredita ser a verdade.

Mas se ela não ligasse, ele também não ligava, com as desculpas que não havia dado tempo e quando teve não queria incomoda-la, por ela talvez já dormindo ou estudando. De todo mal, Melina não questionava, estava sendo uma boa namorada para Thomaz. Ele não tinha o que questionar. Ele a ama cada vez mais, apesar da distante que cresceu entre eles.

— Ah, você vai sair com seu pai? – ele mostrou interesse. — Que ótimo querida! Seu pai está precisando mesmo sair para da uma volta.

Não era exatamente o que ela queria ouvir. Mas não ia insistir que ele fosse perceptível.

— E como vão as coisas por ai? – ela perguntou de maneira mais passível possível.

Thomaz relatou seus dias rapidamente, sem entrar em muitos detalhes. A conversa dos dois não durou mais que sete minutos e ele teve que desligar para atender a um cliente. Melina respirou fundo, não queria perder a paciência. Ele precisa que ela fosse paciente.



~*~


Melina não se demorou muito na arrumação. Colocou um vestido liso cor creme de margas curtas com gola em “U” e um cinto fino preto para demarcar sua silhueta. Para os pés, optou por um sapato aberto de salto menor. Os cabelos longos e livres emoldurando seu rosto. Não exagerou na maquiagem, preferiu algo mais formal e simples. Na caixa de joias ela escolheu seu brinco pequeno de perola e uma anel.

— Nossa! – Nicolas entrou no quarto boquiaberto. A porta já estava aberta, ele nem precisou bater. — Você está linda!

Ela parecia um anjo ou uma boneca.

— Você também não está nada mal – ela gostou da camisa cinza dele de botões e mangas.

— Já está pronta? – ele se aproximou para cumprimenta-la com um beijo suave na maça do rosto. Nos últimos dias Nick havia criado esse habito, como se já não tivesse mais vergonha diante dela.

Eles desceram escadas abaixo. Iriam todos em seu carro. Antes de se assentar no banco do motorista, Melina viu o doutor Renato, pai de Nick, o homem estava bonito, como se fosse Nicolas dali uns anos, com um paletó preto e jeans.

Dentro do carro eles poucos conversaram. Tanto com Nicolas quanto seu pai não sabiam o destino naquele jantar. Eles raramente saiam para ocasiões como aquela. Preferem sempre a uma pizzaria, uma lanchonete, a praça de alimentação do shopping. Mas nada como aquele restaurante todo envidraçado com musica clássico ao vivo.

— Gostam? – Melina perguntou preocupada, ao mesmo tempo em que se sentia animada para aquele jantar especial.

Eles assentiram, sentindo-se um tanto deslocados.

De longe Melina viu seu pai, o único homem ali sentado sozinho, em uma mesa próxima ao bar do restaurante. Ali era onde eles sempre se sentavam quando fazia reservas no estabelecimento.

— Papai! Que bom que você veio! – ele se levantou e ela beijou seu rosto. — Veja só quem eu trouxe para jantar conosco – ela virou-se para os outros dois. — Esse é Nicolas, o meu amigo, de quem tenho falando tanto com você nos últimos dias. Lembra-se dele?

— Ah sim! Claro! – Alberto cumprimentou o rapaz com um aperto de mão e um meio sorriso. Não esperava que tivessem companhia. — Melina fala muito de você. Você deve ser mesmo importante para ela.

Nicolas enrubesceu. Melina notou e sorriu com a situação.

— Esse aqui é o seu pai – Melina virou-se para Renato. — Ele é o veterinário na loja em que trabalho. E dono também! – os dois homens também se cumprimentaram. — Renato esse é o meu pai, Alberto.

Assim que os quatro se acomodaram, o garçom se aproximou e anotou os pedidos. Na escolha, Melina ajudou a Nicolas e seu pai. Como eles pouco entendiam daquele lugar, aceitaram as sugestões dela, e de Alberto também que não se manteve calado. Adorava aquele lugar desde muito jovem.

O jantar prosseguiu de maneira agradável. Melina esteve o tempo todo preocupa em manter os três homens conversando sobre coisas em que possivelmente teriam o que dizer ou talvez pudessem encontrar pontos em que teriam as mesmas ideias e opiniões. Não foi tão difícil para ela que já conhecia pelo menos dois deles.

— Papai, o doutor Renato também é um homem solteiro – Melina levou o assunto à tona. O motivo exato de ela ter proporcionado aquele encontro. — Sei que vocês têm muito mais em comum do que acham que têm.

Melina virou-se para Renato.

— Meu pai doutor, conhece muitas mulheres agradáveis no hospital em que ele trabalha, não é mesmo papai? – Alberto quase engasgou. Nicolas percebeu o constrangimento e riu internamente. — Muitas delas são amigas do meu pai. Ocasionalmente também solteiras. – Melina soltou um risinho. Sem querer parecer muito direta, mas que o assunto soasse com naturalidade. — Um dia desses, vocês poderiam marcar para se encontrar, e convidar alguns delas para conhecerem melhor. Que tal?

— É uma excelente ideia Melina – Renato tomou o assunto por entendido. Melina é uma garota muito espertinha. Gosto dela! Ela é direta de maneira sutil e objetiva. — Estou mesmo precisando conhecer mulheres agradáveis. Há tanto tempo eu não sei o que é isso.

Alberto ficou surpreso com a resposta de doutor. Não esperava que ele fosse cair na ladainha de sua filha. Que por sinal, estava sempre fazendo de tudo para atrair mulheres para ele. Ele caiu feito um patinho! Melina sempre consegue o que quer e quando quer. Alberto sorriu satisfeito pensando consigo mesmo.

— E então papai – Melina voltou-se para Alberto. — Você vai apresentar alguma de suas amigas para o doutor Renato, não é mesmo? Olha só para ele – ela olhou. — Está tão ansioso com a ideia! Ao contrário de você, que nem sempre dá importância para minha ajuda.

Melina fez uma cara de aborrecimento. Igual a de uma criança que quer um pirulito que os pais recusam a dar. Mas que por final cedem os caprichos da filha.

— Está bem. – Alberto cede. — Vou sim apresentar uma de minhas amigas ao doutor. Qualquer dia desses.

— Ótimo! – ela voltou a sorrir.

Os quatro continuaram a conversar durante a sobremesa. A hora passou depressa. Eles levaram-se para ir embora as onze e meia.

— Quer que leve você minha filha? – Alberto perguntou ao saírem do restaurante.

A brisa do lado de fora estava gelada.

— Não, pai. Obrigada. Estou de carro. Vou levar Nicolas e Renato para casa e mais tarde te ligo.

— Combinado. – eles se despediram. — Foi bom conhecer você Nicolas e Renato. Espero voltar a ver vocês.

Alberto pareceu sincero. Além de Melina, Renato sorriu satisfeito, finalmente, em anos, havia feito uma nova amizade.

— Você é muito mais esperta do que imaginei, Meli – Nicolas comentou entre risos quando finalmente estavam sozinhos. De frente para a casa dele.

A brisa gelada da noite fazia Melina estremecer.

— Muitas coisas que eu quero, eu consigo – ela admitiu. Sentindo-se grandiosa. — Mas não pense que sou mimada!

— Eu sei que não é – ele deu um passo a frente. — É o seu jeito: você se sente bem ajudando ao próximo.

— Exatamente. – ela adora a forma como ele sempre a compreende e diz coisas das quais ela necessita ouvir, porque faz com que ela se sinta especial diante dele.

Os dois olharem-se por um momento. De uma maneira diferente, ambos perceberam. Encabulada, Melina apertou os braços de encontro ao seu corpo na tentativa de se defender da friagem, depois de colocar o cabelo por trás orelha.

— Está com frio? – ele meio que sussurrou mais afirmando do que perguntando. Seus cabelos balançavam com o ventinho frio.

Melina foi surpreendida com os braços dele de em volta ao seu corpo frágil e pequeno. O frio que ela sentiu, foi embora, como se nunca tivesse existindo.

— Obrigado por proporcionar novas chances ao meu pai – ele falou baixinho. — Ele precisava mesmo de um amigo como seu pai.

— Sei que eles serão bons amigos – ela tentou olhar na direção dos olhos dele. Mas teve medo. Não sabia explicar o porquê.

Melina só queria ficar ali... Tipo... Para sempre. Estava aquecida e sentia-se protegida. Não poderia existir lugar melhor.

— Sendo amigos, eles irão juntos em busca de uma missão: – ela disse risonha. — encontrar futuras esposas. Pelo menos é isso que eu quero, e você, o que quer?

— O mesmo que você. – ele admitiu mais depressa do que esperava. — Eu quis dizer: eu quero o mesmo. Quero que meu pai seja feliz, é isso.

— Ah – ela suspirou. — Eu também quero isso.



~*~


Aquela noite, antes de ir se deitar, Melina telefonou para seu pai, como havia prometido. Ele atendeu no segundo chamado.

— Melina, você me meteu em uma encrenca! – por mais que quisesse ser mais firma com a filha, Alberto nunca conseguia. — Eu não tenho “amigas” no hospital.

— É claro que tem pai, eu sei que tem. Não é possível que não tenha! Você trabalha lá há anos! – Melina riu. — Não se preocupe pai. Eu não disse que iria te ajudar? Pois bem. É exatamente isso que estou tentando fazer.

— Mas filha – Alberto protestou. — O doutor Renato, pai do seu amigo, vai se iludir. Ele vai achar que eu sou o cara mais sortudo do mundo por ter inúmeras amigas no trabalho. Mas não é nada disso! Você sabe.

— Pai, você é um cara sortudo. Só precisa aprender a olhar as coisas com outros olhos! Mas eu já disse: não se preocupe. Eu te ajudo!

Alberto por fim se convenceu, deixaria tudo na mão de Melina a final fora ela mesma quem criou aquela situação embaraçosa.

No fundo havia de confessar que ela estava se saindo melhor do que esperava. Alberto aguardaria ansiosamente pelas surpresas que estavam por vir.


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