Fiquei na praia até o nascer do sol e depois voltei para o chalé 10. Como estava muito cedo todas as minhas irmãs ainda estavam dormindo então aproveitei pra tomar banho logo, era difícil ser o único garoto no chalé de Afrodite, o chalé mais feminino de todos, mas o que foi difícil mesmo foi lidar com as piadinhas quando eu cheguei no Acampamento cerca de 5 anos atrás, crianças podem ser bem maldosas, ainda mais crianças de Ares que querem tirar onda com o maricas do chalé 10. Mas eu consegui ganhar respeito, depois de umas tantas missões bem sucedidas, umas tantas garotas bonitas apaixonadas por mim que eu podia pegar quando eu quisesse (não me leve a mal, não sou nenhum Don Juan, mas sou homem e ser filho da Deusa da beleza tem algumas vantagens). Enfim, eu me tornei um cara “com moral” e ainda por cima era o melhor espadachim do acampamento. Mas nada disso caiu do céu, eu conquistei tudo com o trabalho duro e dedicação, nada que valha realmente a pena na vida é fácil, as melhores coisas são as mais difíceis.

Tomei um banho demorado, raramente eu tinha chance de tomar um banho sossegado, então eu aproveitei. Quando sai do chuveiro, dei uma olhada no meu reflexo no espelho, era lógico que eu estava com olheiras, meus olhos pareciam cansados e meu cabelo pingava, eu gostava do meu corte estilo militar, ele me deixava parecido com um soldado, e as garotas amavam isso.

 - Páris? -  é esse é o meu nome.

 - Páris? É você?

  Era uma voz infantil, baixa e melodiosa, e parecia bem insegura, era minha irmã Laila. Ela tinha chegado a duas semanas no acampamento, tinha apenas 12 anos, ela era uma criança doce e gentil, mas tinha muita dificuldade em fazer amigos por ter uma timidez excessiva, eu me sentia um pouco responsável por ela, pois a garotas não davam muita atenção pra ela. Laila era uma garotinha que tinha vivido no orfanato até ser encontrada e trazida para o acampamento.

 - Sou eu , algum problema? - tentei falar de forma gentil, do jeito que eu lembrava que meu pai falava comigo.

 - É que... -  ela sempre hesitava  antes de falar.

 - Pode falar – encorajei-a.

 - Você já terminou? É que daqui a pouco as meninas vão acordar...

Abro a porta, ela estava de pijama de ursinho, seus cachos ruivos estavam armados e emaranhados, os olhinhos azuis estavam assustados como sempre, ela corou e olhou pra baixo quando eu abri a porta.

 - Pronto Laila, vai tomar banho

Ela entrou rápida e de cabeça baixa no banheiro , fechando a porta atrás de si.

- Você precisa perder essa timidez! – falei rindo

- Quem sabe um dia!- ela gritou de volta.

- Cala boca Páris! – Nick falou com a voz rouca de sono, ela ainda estava deitado no seu beliche, mas isso não a impediu de jogar um travesseiro em mim.

- Tá legal, tá legal – falei ainda rindo e levantando as mãos pro alto em sinal de rendição.

- Só porque tem nome de principezinho troiano fica se achando ai o princeso, rum, vou conta pra mamãe, papai num vai gostar... – Nick virou a cabeça pro outo lado e continuou resmungando.

Continuei rindo só eu agora mais baixo. Fui olhar no relógio, ainda eram 6­­:15, isso é o que dá ficar acordando de madrugada por causa de garotas misteriosas que não querem mostrar o rosto. Saí do chalé, o acampamento estava calmo, poucos campistas já tinham acordado, o  maior movimento era nos campos de morangos, sátiros dançavam entre os pés de morango tocando suas flautas de bambu. Fui tomar meu café da manhã e depois  me dirigi a arena para treinar o meu esgrima, eu teria aula de equitação  mais tarde, mas eu ainda tinha um pouco de tempo sozinho. Peguei um espada de treino qualquer, mas ela não se ajustava bem na minha mão, logo senti saudades da minha espada de bronze celestial que eu  perdido na minha ultima missão, mas pelo menos eu matei aquele drakon, me deu trabalho mas eu matei.

 Dou alguns golpes no ar, pra me acostumar com peso da espada, mas quando eu me viro quase tenho um ataque cardíaco. Sentada na arquibancada estava a minha...

-  Mãe? – falei engasgando, Afrodite sorriu, levantou-se e veio caminhando em minha direção.

- Páris querido! – me abraça – Ah! Meu bem! Vocês crescem tão rápido! Parece que foi ontem que eu te vi chegando nesse acampamento meu bebê!

 - Mãe! – eu já estava corado, ainda bem que estávamos sozinhos. – e já faz cinco anos que estou nesse acampamento.

- Eu sei querido! E eu trouxe um presente pra você! Feliz aniversário meu amor!

Agora eu realmente fiquei assustado, minha mãe veio até o acampamento me trazer um presente de aniversário? Não me leve a mal, mas deuses não visitam seus filhos, eles apenas ignoram a gente na maioria do tempo, e minha mãe se lembrou do meu aniversário? Eu estava bem desconfiado, para deuses fazer de um mortal o seu servo eterno é uma bênção, imagine o presente que minha mãe me trouxe.

- Um presente? – perguntei desconfiado.

- Sim meu bebê! Uma missão!

Bingo! Eu sabia!