Queimando escrita por Nina F


Capítulo 22
Capítulo Vinte


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, espero que gostem (:



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- Bem que Violet disse que você estava mal.

Finnick Odair sorri acima de mim, seu tridente bem apertado em suas mãos. Seu macacão está um tanto estragado e sua pele está cheia de crostas e tem um horrível tom de verde.

- Alguém está pior que eu. -digo.

Mais farfalhar de galhos e Violet aparece sorrindo atrás dele, o cabelo negro e ondulado caindo em seus ombros novamente. Então ela conseguiu? Mesmo estando machucada e acabada Violet conseguiu achar os outros? Bom, pelo menos achou Finnick.

- Fiz uma aliança. - ela anuncia.

Violet ergue as sobrancelhas significantemente para mim e então eu me lembro. O plano, a encenação para as câmeras. Finnick já era previamente um aliado, mas não posso mostrar isso.

- Encontrei Violet em pandarecos perto da praia, – começa Finnick. – quando ela me disse o que aconteceu sugeri que fizéssemos uma aliança.

- Eles têm tudo, Cato. Comida, água...

- Eles? – interrompo Violet, colocando desconfiança em minha voz.

- Eu, Johanna, Beetee, Katniss e Peeta. – esclarece Finnick.

Olho para Violet com incredulidade, mas ela retribui severamente, cruzando os braços.

- Eles são bons, Finnick é um carreirista, não estamos em condições de recusar nada. – diz ela.

Com meu braço bom eu me impulsiono e me sento contra o tronco as minhas costas.

- Então você sai pra buscar água e faz uma aliança? Sem me falar? – rosno para ela.

Violet se adianta até mim e se agacha ao meu lado, posso perceber que ela reprimiu um gemido de dor com o movimento.

- Nós dois estamos mal, muito mal, tudo o que pudermos agarrar agora é lucro. – ela tem um tom bem convincente de “carreirismo” na voz, imagino a Capital com sua respiração presa agora. - E tem uma coisa... Eles estão atrás de Gloss e Cashmere, eles mataram Wiress.

Violet deixa um pouco da atuação de lado e me dá a noticia com hesitação. A olho por um tempo e então assinto.

- Porque não confiaria em você? – digo e ela sorri.

- Tudo bem, odeio interromper, mas temos que sair rápido daqui. – chama Finnick olhando repetidamente para os lados.

Meus cortes pararam de sangrar e eu consigo me por de pé com a ajuda de Finnick.

- Acha que pode ir na frente, cortando as folhas? – ele pergunta a Violet e ela assente.

Com uma das minhas espadas ela segue, alguns passos a frente, liberando um caminho para que possamos andar. Como a distância entre o lugar em que estamos e a praia é bem considerável preciso da ajuda de Finnick para que possamos nos mover rápido, ele caminha olhando ao redor a todo minuto. Meu ombro ainda dói, mas está um tanto melhor apoiado na tala improvisada. Se tem alguém aqui que está mal é Violet. Eu fico realmente preocupado quanto a noto caminhando sempre com a mão sobre o lado esquerdo do corpo, seu passos e movimentos ficando um pouco lentos.

- Violet? – chamo. – Tem certeza que ta tudo bem?

- Tenho. – ela responde firme sem se virar.

Em alguns minutos conseguimos chegar até a praia. O céu já começou a escurecer e o sol a se abaixar. No momento em que pisamos na areia um canhão explode, nos fazendo pular, e logo um aerodeslizador aparece, mais adiante. Ele não mergulha uma, mas mais de quatro vezes para buscar um corpo em estraçalhado em vários pedaços. Finnick faz uma careta ao meu lado.

- Então é isso que temos às seis...

Violet para e se vira para ele ao que e faço o mesmo. Nós encaramos Finnick por alguns momentos tentando entender e ele então se alarma.

- Vocês não sabem não é? – ele pergunta. – Do relógio?

- Ham... Não. – respondo quando recomeçamos a andar.

- Isso é uma coisa para explicar quando chegarmos e tivermos limpado vocês dois direito.

Tanto eu como Violet damos de ombros, mas continuo me perguntando o que um relógio tem a ver com uma morte. Seguimos pela praia e em poucos momentos vejo o “acampamento” de nossos aliados. Um toldo quase a beira da água, suspenso por alguns galhos.

- Onde arranjou? – pergunto.

- Arranjar? Eu fiz. – Finnick ri. – Nessa arena a coisa mais difícil é se arranjar algo.

Consigo distinguir quatro formas ao redor do toldo de folhas e uma delas corre para nós imediatamente. Johanna.

- Seus idiotas! – ela grita quando está perto o bastante. – Pensamos que estavam mortos!

Parece que disfarçar nossa aliança não é seu plano.

- E estamos, praticamente. – Violet murmura.

Johanna torce o nariz.

- Estou vendo. Vocês estão realmente horríveis.

Finnick chia.

- Deixe eles em paz.

Quando nos aproximamos do acampamento vejo Beetee mais adiante com uma espécie de fio nas mãos, possivelmente concentrado demais para nos notar, ou quem sabe magoado demais pela morte de Wiress. Katniss e Peeta, que estão sentados juntos, imediatamente se levantam e é no mínimo estranho. Dá última vez que estivemos juntos numa arena eram eles contra mim e agora aqui estamos, como aliados.

- E aqui estão eles! – anuncia Finnick me ajudando a me sentar na areia, na sombra do toldo que percebo ser feito de folhas muito bem trançadas. – Arrebentados, mas ainda sim vivos...

Só então Beetee parece acordar para nossa presença e se vira sobressaltado.

- O que aconteceu com vocês? – ele indaga quando vê nossa situação.

- Alguns macacos bestantes nos acharam. – digo.

Peeta geme.

- Eles são horríveis, como saíram vivos?

- Nem nós sabemos. – diz Violet. – Vocês também já foram pegos por eles?

- Já, a mulher do seis foi morta. – responde Katniss ainda retraída.

Só então reparo no quão deteriorados eles estão. Não sei o que aconteceu, mas Katniss e Peeta, assim como Finnick, têm a pele esverdeada com crostas descascando. Seus macacões estão quase que completamente destruídos. Beetee e Johanna parecem inteiros, mas um tanto tensos.

- Johanna, pode cuidar da Violet pra mim? – pede Finnick deixando seu tridente na areia e a olhando estranhamente.

- É, eu posso. – responde Johanna dando de ombros. – Só tenho que pegar alguma água para os cortes dela. Violet...

Johanna para no meio da frase, soltando uma exclamação, e nós todos nos viramos sobressaltados. Violet está mais atrás, dobrada, apoiada em seus joelhos, respirando pesadamente.

- Violet? – chamo amedrontado, me preparando para me levantar, mas Finnick me empurra de volta ao chão ao que Johanna corre para ela.

- Que diabos está acontecendo com você? – ela pergunta, não desesperada, mas sim contralada e alarmada.

Apoiada em Johanna, Violet consegue se erguer. Seus olhos lacrimejam e ela ainda tem a mão segura ao lado do corpo. Finnick vai até elas e afasta a mão de Violet ao que eu solto um gemido. Há um grande rasgo em suas roupas, talvez de uns cinco dedos de largura, por onde se vê um grande inchaço começando a se arroxear.

- Ah não, Violet... – murmura Finnick. – Suas costelas estão quebradas.

Finnick mais carrega, do que apóia Violet até a sombra do toldo e ela se deita usando meu colo como travesseiro. Explico a Finnick e Johanna como exatamente ocorreu o ataque dos bestantes, e como Violet foi atingida por um deles. No final nós concordamos que o macaco deve ter a esmagado e quebrado seus ossos. Enquanto eles discutem o que têm a fazer com a fratura eu permaneço olhando-a, acariciando seu rosto na tentativa de diminuir sua dor. Eu apenas devia ter prestado mais atenção e evitado tudo. Finnick não sabe o que deve fazer e Johanna muito menos, é quando Katniss finalmente se pronuncia abertamente, se aproximando de nós.

- Temos que imobilizar os ossos. Como uma atadura em volta do tórax. – ela diz. – Já vi minha mãe fazendo algo parecido em casa.

Olho para ela aturdido ao que ela rapidamente acrescenta:

- Minha mãe era uma espécie de médica no nosso distrito, a única que havia lá.

É um breve momento o qual nos olhamos, meu olhar oscila entre ela e Peeta, parado mais atrás nos observando. E é isso, o perdão, o meu perdão. O que aconteceu está começando a ser realmente esquecido e agora nós sabemos que somos todos apenas vítimas disso. Nós agora estamos do mesmo lado, não somos inimigos, o carreirista contra os tributos fracos, somos aliados e, embora eles não saibam disso, os Tordos da rebelião. Com certeza no momento em que Finnick achou Violet, Katniss e Peeta deviam estar junto dele e, seja lá o que minha namorada e Odair armaram, conseguiram convencê-los de que estamos todos lutando contra uma só coisa: Snow.

Peeta e Finnick saem para a selva para tentarem achar uma planta resistente o bastante para servir de atadura para as costelas de Violet e também para o meu braço, enquanto o resto de nós permanece quieto na praia. Johanna fica rondando o toldo, um machado em suas mãos, Beetee volta a se concentrar em seu fio enquanto Katniss apenas permanece sentada próxima a mim. Violet permanece com os olhos fechados, os braços em volta da barriga.

- Desculpe, de verdade. – sussurro a ela.

Seus olhos se abrem e brilham para mim, o sol do entardecer os faz parecer ainda mais dourados.

- Pelo que?

- Por ter deixado isso acontecer. – encolho os ombros.

- Você sabe que não foi culpa sua. Tem sim um culpado por isto, - Violet roda o dedo erguido, apontando o lugar em que estamos. – mas sabe muito bem que não é você.

Ficamos em silêncio novamente até que Finnick e Peeta voltam trazendo uma porção de folhagens nas mãos. São realmente folhas, mas compridas e largas como cipós. Eles também receberam uma cavilha e Johanna sai para pegar água, levando duas cestas muito bem tecidas, assim como o toldo, nas mãos e as traz de volta cheias. Enquanto Peeta e Katniss permanecem por perto, juntos, apenas nos observando, Finnick e Johanna têm de dar atenção primeiro a Violet. É quando um pequeno apito começa a soar acima de nossas cabeças, um paraquedas prateado mediano cai na areia e Peeta o busca.

- Acho que é pra vocês. – ele diz, abrindo o pequeno estojo e me entregando o bilhete.

Não há nenhum recado no papel, apenas instruções e a assinatura de Mark.

- Hã... Aqui diz que o tubo prateado é pros cortes, o pote pequeno pra minha perna e o tubo maior é para meu braço e também para a fratura de Violet. – recito ao que leio.

Johanna recolhe o estojo das mãos de Peeta e o leva com urgência até Violet e Finnick, mais distantes do resto de nós para que as coisas possam ser feitas direito. Eles lavam todos os cortes dela e passam a substância do tubo menor, em seguida passam ao seu mais sério machucado. Johanna rasga boa parte de seu macacão com uma faca e ela e Finnick fitam a contusão. Dá para se ver uma leve protuberância dos ossos quebrados sob a pele de Violet. Finnick pega o tubo maior nas mãos e arranca a tampa.

- Que é isso? – ele indaga.

- Parece uma espécie de spray... – sugere Johanna. - Eu sei lá! Vamos só passar isso nela e ver no que dá.

Eles assim o fazem, Violet chia nos primeiros segundos em que a coisa entra em contato com sua pele, mas então suspira aliviada.

- Que isso faz? – pergunto a ela.

- Some com a dor. – ela responde.

Johanna amarra as folhas ao redor de Violet, do limite logo abaixo de seus seios até quase chegar em seus quadris, impedindo-a de se mexer ou se dobrar.

- Se você se mexer e tirar isso do lugar, eu te bato. – ela fala ao terminar.

Violet levanta as mãos em sinal de rendição e então chega minha vez. Meus cortes são limpos e cobertos pelo gel transparente. A mordida em minha perna está um pouco pior e ainda sangra, mas o segundo gel, um mais amarelado que veio no pote, cuida disso e da dor. Quando parte para meu ombro deslocado e mordido, Finnick precisa de novo da ajuda de Johanna. Eu cerro os dentes quando eles movimentam meu braço para tirar meu macacão, mas em seguida param.

- Não sabia que tinha uma tatuagem, Cato. – diz Johanna.

O meu tordo. Eu havia me esquecido dele.

- É, eu tenho. – viro o pescoço para trás e encontro Katniss fitando assombrada o tordo em minhas costas. – Fiz pouco antes de vir.

Ela me olha atordoada e eu me viro novamente, encontrando Violet sorrindo de lado pra mim, encostada num dos galhos que suportam nossa cobertura.

Quando a mordida em meu ombro é limpa consigo ver exatamente os pontos vermelhos onde os dentes do macaco se cravaram. A mesma substância passada em minha perna é posta em cima da ferida e usam em mim o mesmo spray de Violet. Primeiro minha pele arde, mas logo em seguida a dor some completamente, como se tudo estivesse inteiro. Finnick imobiliza meu braço novamente e me dá a noticia que eu não queria ouvir: Nada de luta, ou movimento por enquanto. A articulação do meu ombro ainda está bem ruim e ele pode sair do lugar novamente.

Finnick e Johanna terminam a tarefa de nos remendar e se juntam a nós no chão, a água para se beber parece ter acabado e Peeta e Katniss saem para buscar mais. Aposto que eles vão especular sobre o fato de eu ter a tatuagem de um tordo nas costas. Assim que eles estão longe o bastante, solto sem pestanejar.

- Quem foi morto até agora? Porque você ta verde? E o que diabos tem um relógio a ver tudo isso? – despejo de uma só vez, escorado em um galho assim como os outros.

Finnick suspira.

- Vou contar tudo do começo. – ele cruza os braços a frente do peito, seu macacão abaixado até a cintura assim como o meu. – Peguei Katniss e Peeta ainda na cornucópia, Mags veio conosco, é claro. Entramos na selva e achamos um campo de força no meio do caminho, Peeta bateu contra ele.

- O quê? – Violet exclama.

- Um choque e tanto, o coração dele parou. Foi duro, mas eu consegui deixá-lo inteiro novamente, quer dizer, quase. Era mais ou menos duas horas quando fomos pegos. Um nevoeiro terrível, feito de ácido. Uma das armadilhas do relógio.

- Que relógio?! – pergunto irritado.

- A arena é um relógio, Cato. – explica Johanna. – Não repararam o formato redondo? Nem como a cada momento alguma coisa letal surge numa das fatias do círculo? Nós estamos em um relógio e a cada hora surge um terror diferente que se estende durante essa hora inteira, daí então surge outra coisa e outra... E assim vai.

Eu e Violet nos entreolhamos entre confusos, mas também esclarecidos.

- Eu subi em uma árvore noite passada, - ela conta. – e realmente vi que a arena é um circulo perfeito, vi também uma tempestade de raios e, já de manhã, vi que a tempestade aconteceu novamente e no mesmo lugar.

- Nós estávamos, inclusive, indo pra esse lugar quando achamos os macacos, Violet achou que devesse ter alguma coisa lá.

- A tempestade de raios fica no doze do relógio. – diz Finnick. – No um temos uma chuva de sangue.

Johanna se remexe, tendo um calafrio.

- É terrível. Apenas sangue por todos os lados, no seu rosto, na sua boca...

Ela solta um gemido.

- Ela tava lá - explica Finnick. – Às duas horas tem o nevoeiro no qual fomos pegos, depois a zona dos macacos, onde vocês caíram, e então...

- Uma área cheia de Gaios Tagarelas. – suspira Johanna. – Finnick e Katniss caíram lá agora pouco.

- E o que eles fazem? – pergunto.

- Gritam. – Johanna dá de ombros. – Imitando a voz de uma pessoa que você ama sendo torturada, tem coisa mais sádica?

Finnick parece terrivelmente incomodado. Então quer dizer que ele ama alguém? De verdade? Interessante...

- Sabem o que tem nas outras horas? – Violet pergunta.

- Agora sabemos que tem uma coisa estranha das seis às sete, e também há uma onda gigante de desce a encosta das dez às onze.

E esse é nosso castigo por termos inflamado uma onda de inconformismo na Capital, por termos feito denúncias tão abertas em nossas apresentações. Encontro os olhos de Violet e sei que estamos pensando a mesma coisa, esse é o nosso castigo por termos iniciado uma rebelião. Uma arena onde não se está seguro em hora alguma do dia, onde em cada canto existe uma armadilha, uma arena onde é um tanto impossível sobreviver.

- E eu to... bem, desse jeito, - Finnick olha os próprios braços. – porque, como eu disse, o nevoeiro é feito com algum ácido. No momento em que se é atingido, seus músculos começam a ter espasmos e então aquilo vai te infectando como veneno. Por conta do contato com ele nossa pele criou essas feridas e o remédio para elas nos deixa verde então...

- Foi ai que perderam Mags? – Violet solta.

Finnick a olha um pouco baixo.

- Foi. – ele responde. – Peeta não conseguia andar por conta da colisão contra o campo e Katniss não podia levar Mags...

Dá para se ver no rosto de Finnick a dor em perder Mags.

- E Wiress? – Violet torna a perguntar, mudando de assunto, vendo o desconforto de Finnick.

Johanna balança a cabeça.

- Nós havíamos acabado de descobrir sobre a arena, estávamos na cornucópia, foi quando Gloss e Cashmere chegaram sem que nós ao menos escutássemos. Mataram Wiress e fugiram quando a cornucópia girou.

- Quando a cornucópia girou? – repito confuso.

- Talvez um mecanismo bem bolado dos idealizadores para nos desorientar no relógio. Cashmere e Gloss aproveitaram a deixa pra fugir, ou melhor, foram arremessados longe.

Nós ficamos em silêncio enquanto eu e Violet digerimos toda a informação até que Finnick decide ir atrás de Katniss e Peeta. Ele pega seu tridente na areia e parte, quando está longe o suficiente Johanna se aproxima mais de mim e de Violet.

- Mags foi mentora dele. – ela explica em voz baixa, apertando os lábios. – Acho que praticamente a única família que tem. Ela se voluntariou apenas para que não deixasse que Annie viesse.

- Annie? Annie Cresta? Aquela garota louca?

- É. – Johanna explica se voltando para Violet. – A mulher que Finnick ama.

O queixo de Violet despenca enquanto eu arregalo os olhos. Imagino as mulheres da Capital ouvindo isto agora.

- Ele foi mentor dela, há mais ou menos uns cinco anos atrás.

Quando Johanna volta a se recostar em seu galho, com uma expressão zombeteira no rosto, Finnick juntamente com Peeta e Katniss apontam mais ao longe na areia.

- Foram só esses? – pergunto erguendo as sobrancelhas para Johanna.

Ela entende meu recado.

- Perdi Blight hoje de manhã... Durante a chuva de sangue, estávamos com Pancada e Faísca, ele se desesperou e bateu contra o campo de força, mas digamos que não havia nenhum Finnick lá. A mulher do seis, a viciada em morfina, morreu hoje de madrugada. Aqueles macacos, ela salvou Peeta pulando na frente dele bem na hora e então... – Johanna faz um barulho estalado com a boca.

Então é isso, a maioria de nós já se foi. A maioria de meus aliados estão mortos como eu previa. Faço uma conta mental e acabo percebendo que, de inimigos, só restam Cashmere e Gloss, mas eu não estou em estado de acabar com eles.

Enquanto a noite chega, nós permanecemos todos inquietos na praia. Finnick tece uma rede de pescar e uma terceira cesta, concentrado em um canto. Katniss vai para a água e depois limpa os peixes pegos com a rede de Finnick. Beetee ainda continua afastado, mexendo em seu fio prateado, Johanna está tirando um cochilo a poucos metros de mim. Violet fica andando em círculos na região perto do nosso acampamento enquanto mantenho meus olhos fixos nela, vigiando-a, é quando Peeta se aproxima dela e os dois começam a conversar. Estranho seu gesto, mas tento não ser tão ciumento. As ataduras de folhas nas costelas de Violet seriam cômicas se eu não me sentisse culpado.

Passados alguns momentos, Finnick diz que teremos como jantar esta noite um belo peixe cru e quando estamos todos prestes a sossegar o hino de Panem enche a arena, acompanhando os rostos dos mortos. Wiress, Mags, a mulher do distrito cinco, a viciada em morfina, Blight e o homem do dez. Já são quase dois terços de nós.

- Eles estão realmente acabando com a gente. – murmura Johanna.

- Quem falta? Além de nós sete e o distrito um? – pergunta Finnick.

- Chaff. – Peeta responde sem pestanejar.

E mais uma vez escutamos um apito baixo, seguido de mais um paraquedas prateado. Uma pilha de pães, vinda do distrito três acaba de aterrissar a nossa frente.

- Isso aqui é do seu distrito, não é, Beetee? – é Peeta quem pergunta.

- É, sim. Do distrito três. Quantos tem?

Finnick toma os pães na mão e os conta com precisão.

- Vinte e quatro. – ele anuncia.

Minha cabeça trabalha rápido e eu, Violet, Finnick e Johanna nos entreolhamos na mesma hora. Dia três, a meia noite.

Tudo acontecerá amanhã.


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Notas finais do capítulo

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