Wesen Para Matar escrita por GhostOne


Capítulo 20
Tem coisas que ninguém sabe


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Aquele beijo Alicard ainda está tipo OWN em mim então aqui vamos revolver em volta dele. A-DO-RO.
Quer dizer... Claro que não vai ser só isso.
Vai? Não vai. Aqui eu dou um start kick pra continuar a expandir o arco da Jujubee com a Alicia (catfight, que bonitinho), porque elas são tudo de bom #Ormindafeels LOL
Enfim, esse capítulo está bem leve, só pra dar uma abaixada na poeira, mas mesmo assim, boa leitura!
Começarei a fazer umas coisinhas novas por aqui. Como isso é uma fanfic de Grimm, alguns capítulos terão introduções, assim como Grimm tem. Juro que farei o meu melhor para achar as intros para todos os capítulos...
Intro desse capítulo: Lenda japonesa do Fio Vermelho (ler mais aqui: http://animeshoujoo.blogspot.com.br/2013/08/akai-ito-o-fio-vermelho-do-destino.html)



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"Um fio vermelho conecta todos os que estão destinados a se conhecer

Independentemente do tempo, lugar ou circunstâncias

O fio pode se esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir."

*

Eu estava acordando lentamente, sentindo um cheiro familiar nos lençóis da Emily, que estavam macios demais, e eu só queria dormir de novo.

Mas quando levei o braço pro lado, minha mão achou algo liso e estranho, especialmente considerando que era uma cama.

E foi quando abri os olhos que eu vi que estava no quarto do Renard, não no da Emily, e lembrei de toda a noite anterior.

O Renard havia me beijado.

Minhanossasenhoradequalquercoisatodasasminhasnossassenhorasalguémmeajuda!

Gente, não era possível. Parecia um sonho de surreal, era estranho demais, era... Parecia algo de outro mundo, que eu não conseguia entender como havia ocorrido.

Ele havia cuidado de mim. Havia me ajudado com o ataque de pânico. Havia me tirado do ataque de pânico. Mas não menos importante, havia me tirado com o ataque de pânico com um beijo.

Ruby dá pulos de alegria.

Que diabos eu fazia? O que eu fazia? Nada nunca tinha sido tão confuso. Tão... É, confuso.

Eu e o Renard éramos apenas aliados, apenas, e nossos interesses nem se igualavam tanto assim. Sendo aliados, tudo que nós deveríamos tratar eram... “Negócios”, entre aspas sim senhor. E ele tinha cuidado de mim, me acolhido, me beijado. Praticamente me salvado.

“Eu não quis te acordar. Sinta-se à vontade para fazer o que quiser.” Sem assinatura, a notinha.

Eu queria entender. E pelo som de cerâmica batendo em algo rígido, liso, como vidro ou o mármore da bancada, me indicavam que ele ainda estava ali.

Saí da cama, me deparando com o fato de que eu estava sem sapatos, ou seja, ele ainda se deu ao trabalho de me deixar o mais confortável (ou a cama mais limpa) sem ser invasivo.

A passos lentos, fui até a cozinha. E realmente, ele estava lá, com seu terno habitual e uma gravata simples, amém. Tomando café.

Os policiais são todos católicos devotos a Nossa Senhora do Café, oh yeah.

− Renard... – Ele me olhou, como se estivesse surpreso com minha presença. E eu não sabia o que dizer.

− Bom dia. Não achei que você fosse acordar tão cedo. – Ele tomou mais um gole do líquido.

− Pois é... Eu não achei que vinha acordar aqui. – Arrastei o pé pelo chão. – Ok, olha só...

– Alicia, consigo ver que está confusa. Vamos esclarecer uma coisa: a noite passada nunca aconteceu.

Congelei.

− Como? Como assim?

− Alicia, obrigado. Você salvou a nossa vida ali, a de muita gente. Mas isso nunca aconteceu. Porque o Nick sabe que nós nos conhecemos, ele já percebeu praticamente tudo entre nós, deve saber que eu que te ajudei a encontrá-lo. Mas se ele souber que eu te levei pra essa reunião com o Sebastian, sabendo o risco que você correu tirando aquela bomba de lá, ele não vai deixar essa passar e amanhã meu corpo estaria boiando no Willamette. Então, esclarecendo: você não estava lá. Eu estava. Eu tirei a bomba. E nós nunca nos beijamos, no carro.

Parecia que tudo em mim tinha derretido, criado uma bola no meio do meu peito, e recongelado como uma pedra enorme e agoniante.

Por que eu... Estou assim?

− Mas, Renard, era disso que eu queria falar. Quer dizer...

− Aquilo não foi... Foi como um beijo técnico, ok? Nem considere como beijo. – Ele se levantou. – Tudo o que eu quis fazer foi te ajudar com a hiperventilação e taquicardia. Mas eu nunca te beijaria. Você é uma garota linda, mas eu não te beijaria. – Ele se aproximou de mim e tentou pegar um cacho do meu cabelo, mas eu dei um tapa em sua mão.

− Não me toca. – Dei as costas pra ele. – Tudo esclarecido. Nós nunca nos vimos ontem.

− Alicia. – Ele suspirou, mas eu continuei:

− Não, tá tudo bem. De que importa eu ter salvado a sua vida? Poderia ter perdido a minha pra salvar sua maldita bunda nobre, mas não, vamos fingir que eu não fiz isso porque simplesmente não é o suficiente! – Gritei, sentindo uma dor, uma ferida nos sentimentos. Gente, por quê?

− Alicia... Para. – Ele me pegou pelos ombros, tendo que segurar forte porque eu não iria facilitar pra ele. – Eu estou te devendo um favor enorme por isso. Você me salvou, tá?

− E eu... Foi o meu primeiro beijo, tá? Você basicamente estragou tudo. – Mordi os lábios de raiva.

− Quer... Você quer fazer isso direito? – Ele inclinou a cabeça pro lado, parecendo confuso, como se fosse um filhote de cachorro vendo o dono uivar também.

− Não, eu não quero! Eu quero ir embora! – Soltei-me dele e bati o pé. Meu celular estava ali, na bancada, e eu o peguei. Milhares de mensagens das meninas.

− Eu já respondi pra elas. Disse que você estava comigo.

– Cadê meus sapatos?

− Perto da porta. – Fui até lá em passos longos. – Tchau, Alicia.

Não respondi. Simplesmente coloquei as botas e saí.

*

Eu não entendia minha reação quanto ao Renard. Estava envergonhada de mim mesma por aquilo. Mas...

Caramba, eu iria bater minha cabeça na parede! Que idiota! O que tinha sido aquilo? Era só verdade o que ele tinha falado e eu agia como uma adolescente idiota, que eu nem era mais! Eu tinha dezenove anos! Caramba!

E quanto ao beijo? Meu Deus, eu queria saber como a gente ficaria depois do beijo, da minha reação. Eu poderia ter estragado...

Mas pera, desde quando eu me preocupo tanto com o Renard? Desde quando eu fico me sentindo mal por causa disso? Desde quando eu me sinto mal também porque ele quer fingir que a noite passada nunca aconteceu? É melhor, mesmo. Nick realmente poderia, vai, ficar mordido se souber que fui eu que tirei a bomba do Lotus Cafe... Ai, meu Deus, meu tudo. Preciso me desculpar com ele dep...

Preciso o cacete! Eu não preciso. Só vou dizer pra ele que entendo o que ele fez. E isso já será humilhante.

− Alicia! – Era Michael. – Ally...

Meu Santo Cookie.

Como que eu iria olhar na cara dele depois de ter... Tocado lábios... Com o capitão?

− Você tá bem? – Ele me segurou pelos braços, deslizando as mãos, tirando meu cabelo dos seios, me analisando. – Me desculpa, Ally, mas ontem... Eu te segui, eu vi tudo, eu não pude te salvar... – Ele me puxou pra um abraço, parecendo arrasado. – Querida, me desculpe...

Paralisei. Ele estava vendo tudo?

E um calafrio. Ele tinha visto o beijo?

− Michael... Tá tudo bem... – Afastei-me dele. – Como assim “você viu”?

− Eu meio que... te segui até a casa da Emily, um belo casarão, se me permite. – Ele passou as mãos pelo cabelo, como se estivesse nervoso. − Depois eu vi você indo até aquela esquina, onde o cara alto pra caramba te pegou.

− Aquele é o capitão da polícia, Michael. Chama ele assim.

− Hm... Ok. E eu continuei te seguindo até o Lotus Café com o capitão-da-polícia-Michael, e eu vi o cara entrar, mas não percebi que era uma bomba. E não entendi nada até ela explodir. E, minha nossa senhora, eu me senti tão culpado que eu não percebi... Desculpe, desculpe... – Segurei o rosto dele, deslizando os polegares pelas belas maçãs do rosto.

− Pobre menino... Não foi culpa sua... – Usei minha melhor voz de amor pra isso. – Michael, não foi culpa sua. Mas... O que mais você viu?

− Eu também vi o capitão-da-polícia-Michael-chama-ele-assim saindo com você no colo. Eu até iria lá, mas eu vi que você estava tendo um ataque, e como eu já não gosto daquele cara... Decidi me remoer de culpa sozinho.

Suspirei de alívio. Ele não tinha visto o beijo.

− É... Ele me ajudou, me acalmou e me fez dormir. Mas ele quer que esqueçamos, pro meu irmão não surtar.

− E com “me ajudou” você quis dizer “me beijou muito romanticamente”? – Michael não parecia magoado. Antes que eu também começasse o discurso ai-meu-deus-desculpa-desculpinha-fui-uma-idiota, ele me cortou: − Ally, sem problemas. Eu vi que foi só ele. Mas, bem, estou magoado que não fui eu.

Suspirei.

− Eu bem que queria... Seria bem melhor. – Bati o pé no chão várias e várias vezes. Ai ai... – Bom... acho que tenho que ir... Preciso ver as meninas... – Fui me afastando, mas ele chamou.

− Ally. – Michael estava perto de mim, bem atrás, e eu me virei pra ele.

E ele se inclinou e me beijou.

Foi algo rápido, simples e doce. Seu gosto lembrava maresia, morango, mel e algo misto, o nosso tipo único de hibridez, complexo. E romântico. Me veio à cabeça férias na praia, boiando na água, comendo docinhos ao lado dele quando senti aquele gosto.

Dois beijos em menos de vinte e quatro horas. Que jeito da minha boca começar a beijar.

Ele aproximou-se mais, e colocou a mão em minha nuca, fazendo carinhos. Sua língua deslizou pelo meu lábio inferior, e nos separamos, porque era cedo e não era hora de beijos molhados de língua.

− Todos os homens do mundo podem te beijar, Ally, porque eu vou te esperar. Vou esperar pra sua boca sentir falta da minha e me buscar. Quando você me chamar, eu virei, virei pra você por toda a eternidade.

E ele se foi.

Duas bocas, um me chuta, o outro me recebe. E eu ainda tinha dúvidas depois do beijo de ontem à noite...

*

− Alicia! A gente pensou que você tinha morrido! – Emily e Barbie deviam desenvolver uma técnica para abraços duplos esmagadores sem empatarem umas às outras.

− Ai, meninas, estou viva... Relaxem. – Me separei delas. – Estou bem.

− Me conte tudo o que aconteceu naquele lugar, Ally. Ficamos sabendo da bomba... – Emily começou a me vistoriar. – O capitão fez o quê?

− Matou o cara. – Eu não iria comentar sobre o beijo. Não iria. Nenhum dos dois. – E me levou pra casa porque eu estava muito cansada.

As duas me olharam com uma cara de quem não acreditavam e fomos para dentro da casa, onde o cheiro do café da manhã deixava até as flores felizes.

− Não acredito. Você, cansada, tão cedo? Geralmente só quando você tem... – A mente de Emily fez click. – Ataques.

Suspirei.

− Eu tive um quando pensei que os Verraters estavam podendo entrar na cidade de novo. E estão. – Mordi o lábio. – Tentaram matar a todos nós ontem.

− Como o Renard deve ter lidado com seu ataque que deve ter sido interessante. – Quase engasguei com o ar. EMILY!

− Ele não lidou! – Cuspi. As duas me olharam estranho com minha reação. – Ele... Não lidou, simples.

− Então por que isso agora? – Barbie apontou pro meu corpo, indicando minha reação. – Nem foi necessária.

Droga, era melhor eu falar tudo de uma vez.

− Ele conseguiu fazer meu ataque parar. – As duas arregalaram os olhos, e já iam pedindo pra saber que código de GTA que ele tinha usado pra isso quando eu as cortei: − Me beijando. – E elas quase quebraram as mandíbulas, de tanto que o queixo caiu. – E o Michael me beijou hoje de manhã também, falando que ele não ligava pro Renard e que me esperava.

Melhor não esconder nada, do jeito que as coisas tem ido. E as duas estavam pipocando no lugar.

− Alicia! Que fofo! Você já beijou duas vezes! – Emily me abraçou. – Que promíscua. Temos que ficar de olho nela.

− Ei, eu nunca quis beijar o Renard. Já o Michael, hum... É, o Michael foi bem vindo. Vamos logo almoçar. – Eu não queria falar sobre aquilo. Não muito.

Quer dizer...

*

Tomar banho foi uma experiência estranha, lembrando dos acontecimentos das últimas doze horas.

O capitão tinha me segurado, me carregado. ME BEIJADO SENHOR AMADO.

E Michael. Me beijou, até a língua dele, faltou tão pouco pra irmos além. A mão dele em minha nuca causou arrepiozinhos.

Mas os dois... Eles eram... Tão diferentes.

O Renard tinha algo selvagem, naturalmente feroz, intenso... E sensual. Algo de homem, masculino e dominador. E meu lado híbrido, meu lado mais selvagem, amava ferocidade, eu não podia negar aquilo. Foi como se ele pudesse fazer o que Michael fez comigo e mais – me colocar contra a parede e me possuir. Toda. Dava vontade de rugir só de pensar no ato. Até o gosto dele dizia aquilo.

Ok, a parte mais selvagem de mim bem que gostava da ideia. Mas eu não o amava, não o desejava. EU, não. Vamos enfatizar porque parecia que só de pensar naquele cara meu útero queria ficar fértil de novo.

E o Michael... Além de ser um cara ótimo, demais, ele era carinhoso e obviamente sentia algo por mim. E eu sentia algo por ele... Não sentia?

E ele era romântico, pelo menos, depois do beijo, pareceu. O gosto, sua declaração. Ele.

Dizendo que iria me esperar.

Eu queria... Poder saber que diabos fazer. Porque não podia ignorar os dois, nem o que eles me causavam.

Mas o que um me fazia era carnal. O outro era sentimento, e pra mim era isso que importava. O Renard era o que o corpo queria, mas o meu coração queria o Michael.

E eu não iria perder NADA sem ficar com o capitão, oras. Nada! Nem Ruby. Eu não iria engravidar dela de qualquer jeito. Eu era estéril, ele também. Se eu e o Michael quiséssemos ter filhos, iríamos adotar. Simples assim.

Só havia um detalhe sobre o Michael: ele tinha me seguido. Praticemente perseguido até a casa de Emily, até o capitão e até o café. Gente, eu não achava isso de Christian Grey muito saudável...

Terminei o banho me sentindo mais resolvida comigo mesma... Mas eu só queria entender o porquê de minha reação ultra emocional ao Renard só querendo proteger a si mesmo.

Antes de dormir, recebi uma mensagem do Nick.

“Tenho algo pra te mostrar. Amanhã às duas. Vai ser a última prova de que confio em você, e a última chance de você perder minha confiança.”

Nossa. E eu achei que tava bom.

Enfim, respondi a ele que tudo bem, que eu não iria trair a confiança dele.

Eu estava fazendo de tudo pra merecê-la.

*

− Pra onde estamos indo? Pra lá não é meio deserto? − Nick sorriu.

− Vou te mostrar uma coisa, como disse. Acho que, como você é minha irmã, é sua também. – Ele continuou focado. – Estamos chegando.

Aparentemente, estávamos indo para um pátio de armazenamento, cheio de carros velhos, um barco, e um trailer. Branco meio encardido, aparentemente simples por fora, todo metálico. Inclinei a cabeça.

− Um trailer? – Dei uma analisada. Parecia normal.

− Não só um trailer. É aqui que a tia Marie, e agora eu, guardava todos os livros e armas dos nossos antepassados. – Meu queixo caiu. – Aqui tem muita coisa valiosa. E eu vou te mostrar. Pra mostrar que confio em você.

Saímos do carro. O lugar tinha cheiro de deserto, e velho. Um trem apitou ao longe, mas não acabou o momento nem conseguiria. Era o trailer da minha família.

− Me sinto querida. – Ele abriu a porta e fez um gesto com a cabeça pra eu entrar.

O trailer não era espaçoso, mas cabia três pessoas confortavelmente ali. Tinha uma mesa, um armário, um móvel cheio de gavetinhas, uma cama de solteiro em um canto e vários objetos espalhados onde for possível imaginar e colocar. O lugar cheirava a livros velhos e poeira, e lembrou minha mãe. Tudo ali tinha um ar de precioso.

− É aqui que eu venho quando não sei de um Wesen. – Ele mexeu numa coisinha pendurada no teto. – Aqui tem quase tudo.

Fui pra escrivaninha. Tinha um livrão lá, e eu o abri com todo o cuidado. As páginas eram amarelas e ressecadas, os desenhos eram precisos, as caligrafias mudavam. Era demais.

− Que irado! – Dei uma folheada. – Nick, isso é demais! – Olhei pra ele. – Não é?

− É bem bacana. – Ele foi até o armário. – Olha só. – Quando ele abriu as portas, quase derramei uma lagriminha de emoção; estava cheio de armas, todas antigas e tradicionais, lindas de doer.

− Gente... Isso aqui é, tipo, a Compilação Mestre da História das Cabeças Furries Decepadas! Isso é tão... Caraca, é tão... Caraca! – Tirei de dentro do armário um machado de dois lados, lindo lindo. Deslizei o dedo pela lâmina. – Tá tão afiada, corta só de olhar... – Eu estava tão feliz pelo Nick ter me levado ali, era praticamente a Prova Suprema da Confiança Fraternal. Guardei o machado de volta e abracei-o. Nick tinha um cheiro ácido, mas eu não ligava. – Obrigada, maninho. – Esfreguei meu rosto nele. – Importa muito pra mim.

− Tudo bem, maninha. Agora... – Ele olhou no celular. – Eu não posso ficar, só queria te mostrar o lugar mesmo. Tome cuidado e divirta-se. Qualquer dia fuçamos isso aqui juntos! – Ele disse antes da porta se fechar.

Tinha algo estranho no cheiro do trailer, algo masculino que não era do Nick, mas eu ignorei. Estava muito pirada com tudo aquilo.

Sentei na mesa e fiquei lendo os livros, estudando tudo o que eu não pude antes; deitei na cama, organizei as coisas, dei uma limpadinha nas armas (tem um rifle tão lindo, tão maravilhoso!), li um muito mais, deitei na caminha de solteiro, e depois de ler e arrumar e limpar e ver as poçõezinhas e quase morrer sufocada com o cheiro de umas (haja sais de banho pra tirar a catinga), eu meio que dormi, meio reconheci o cheiro também.

Era do...

Filhodamãedesgraçadosaidemim.

Não, quer saber? Eu ia ignorar. Tinha muito tempo pra colocá-lo no seu devido lugar; enquanto isso, eu iria dormir e sonhar. Que eu estava finalmente em casa.

*

Acordei deitada na caminha, quase caindo, e decidi levantar. Quando olhei pela cortina, já era de noite, e Nick estava na mesinha.

− Oi, dorminhoca. – Ele sorriu pra mim. – Bom trabalho com o trailer. Eu nunca conseguiria.

− Ah... Achei que esse lugar precisava ficar mais organizado. É o nosso cantinho. – Apoiei-me em um cotovelo. – Precisamos deixá-lo respeitável.

− É verdade. Está mais digno agora. – Ele fechou o livro. – Vamos pra casa, baixinha.

− Eu não sou baixinha. Sou quase da sua altura. – Saí da cama. – Quem mais sabe desse lugar?

− Hank e um amigo.

E Renard.

− Ah, irmãzinha, uma coisa. – Ele colocou a mão no bolso e tirou uma chave comum. – Eu realmente confio em você, e eu te amo, ok? Foi rápido, mas eu já te amo como se a gente se conhecesse desde sempre. Então, toma.

Peguei a chavinha, maravilhada. Ela era novinha, eu podia sentir aquilo, no brilho, no cheiro, na frieza do metal.

Eu estava sem palavras que não fossem essas:

− Muito obrigada! – Abracei-o esmagadoramente, provavelmente tirando todo o ar de seus pulmões. – Muito muito muito obrigada!

Nós saímos daquele que havia se tornado o meu cantinho favorito, o lugar onde aquilo que eu era emergia de verdade.

*

Minhas visitas ao trailer eram quase diárias. Eu lia livros atrás de livros, analisava as armas, traduzia textos no meu caderno, fazia anotações. Eu nunca tinha me sentido tão Grimm, tão inteligente, tão... Verdadeira.

Então, um dia eu estava indo lá e vi um Fusquinha amarelinho (que cabe aqui na minha mão! Desculpe, não pude evitar...) estacionado ali perto. Eu ignorei; era familiar, mas era desinteressante demais pra eu tentar lembrar de onde. Eu só queria continuar as anotações sobre o Excandesco e como neutralizá-lo.

E quando entrei no trailer, tomei o maior susto. Juliette e um carinha estavam lá.

Eu acabei wogando de surpresa, e meu primeiro instinto foi buscar a faca presa no cós da calça, mas o carinha ergueu as mãos como quem se desculpa. Era um Blutbad; também estava em woge.

− Ei, ei! – A voz dele... Era o amigo do Nick, com quem ele estava morando. A ficha do fusquinha caiu. – Calma, moça!

Voltei ao normal, retomando o controle sobre a minha respiração. Ele fez o mesmo. O cara era razoavelmente alto, um cabelo todo encaracolado e bagunçado, castanho, olhos castanhos, barba, um cara com um jeito bem doméstico e que parecia muito gente boa. Analisei-o.

− O que vocês estão fazendo aqui? É propriedade privada. – Cruzei os braços, analisando-os. Juliette franziu as sobrancelhas e seus olhos brilharam com a percepção:

− Você...

− Nós estávamos... Ah, eu... – Ele parecia confuso, e eu suspirei.

− Você, carinha. Venha comigo. – Acenei, e pulei pra fora do trailer, esperando que ele fosse junto. E ele foi.

− Hã... Quem é você? – Fiquei de frente pra ele, que ainda parecia sem jeito. – Eu não vou te fazer nada. Só quero saber quem é você, porque só te conheço como amigo do Nick.

Ele arregalou os olhos.

− Você que é... A híbrida de mais de dois? A irmã dele? – Ele parecia estar encaixando pecinhas na sua mente. – Mas é a cara dele.

− Considerando o quanto ele é bonito, obrigada! – Sorri e estendi a mão. – Sou Alicia.

Ele me olhou e olhou minha mão por uns segundos antes de apertá-la.

− Monroe. Prazer em conhecer, eu... – Ele olhou pro trailer. – Acho.

− Claro que é um prazer! O Nick não me apresentou a quase ninguém até agora. – Fiz um muxoxo. – Estamos indo bem, mas parece até que é proibido. Enfim, o prazer é meu. O que está fazendo com ela aqui? – Apontei com a cabeça na direção do trailer.

− É que ela é a namorada, quer dizer... A ex namorada do Nick e... Olha, a história é meio complicada... – Eu ri e ergui a mão.

− Ah, eu sei da história, pode relaxar. Ela entrou em coma, perdeu a memória, ficou com outro, eles se separaram. Eu conheço a Juliette. – Ele ficou surpreso, mas eu o cortei: − Ela é uma Kerhseite. O cérebro dela vai virar papinha de tentar entender o que tem lá dentro.

− Ela está começando a se lembrar, pelo menos é o que parece. Ela fica vendo o Nick em todos os lugares, e recentemente ela o viu no trailer. E ela achava que se viesse aqui, poderia lembrar do Nick.

Olhei pra baixo. Então ela estava mesmo alucinando com o Nick... E poderia estar lembrando dele. Comecei a pensar como ela estaria lidando...

Quê isso! Eu não devia ficar com bondade para com a Juliette. Ela tinha magoado o Nick, querendo ou não. Mas, é claro, a situação devia ser bem desagradável.

− Então tá. Eu não gosto dela, mas também não tenho nada a ver com ela. E acho que o Nick vai gostar de ver a garota que ele gosta lembrando dele, então que seja esse sacri...

A porta do trailer abriu com tudo e Juliette saiu dele, quase voando. Ela parecia assustada, provavelmente o bicho-papão tinha puxado o pé dela. Ela parou perto do barquinho rosa que estava ali a poucos metros, ofegante.

− Juliette? O que aconteceu? – Eu e Monroe fomos pra perto da ruiva, meio trêmula.

− Eu não sei. – Ela ajeitou o cabelo, sem virar para nós. Parecia que ela se recusava a olhar.

− Você está bem?

− Eu acho que não. – Revirei os olhos. Eu sabia! Juliette era tão fraquinha quanto qualquer outro humano que pegássemos na rua.

− Eu estou com medo de perguntar, mas... – Monroe me deu uma olhadinha e então voltou pra Juliette. – O que foi que você viu lá?

− Desenhinhos, e historinhas de terror. Ela ficou com medinho. – Provoquei, fazendo meu beicinho mais infantil, e o amigo do Nick me olhou feio, como se dissesse agora não.

− Eu vi o Nick. – Ela se virou para nos olhar. Franzi as sobrancelhas, expressando minha dúvida. – Acho que eu devo dizer que eu vi Nicks. Eu o vi... Em todos os lugares.

E minha expressão virou a minha melhor cara de “oi?”.

− Como assim, Nicks? Tinha mais de um? – Perguntei, mais do que curiosa pra entender as alucinações de Juliette.

− Sim, e eles estavam todos falando ao mesmo tempo, e eu não entendi nada do que nenhum deles estava dizendo.

− Ok, hã... – Monroe levou uma mão à têmpora direita, apertando-a como se sentisse o início de uma dor de cabeça. – A gente não deve estar fazendo isso direito. As memórias podem ser traiçoeiras.

− A minha, definitivamente, é.

− Olha, eu iria dizer pra pegar leve nas drogas, mas... – Mal pude terminar meu escárnio antes de Juliette pirar:

− Calada! Você não tem ideia do que eu tenho passado, ou sentido, ou visto, e pra completar você invadiu a minha casa, me ameaçou e quase me matou! E sim, eu percebi que era você. Então, se quer me torturar, não precisa, os Nicks já estão fazendo o trabalho! – Inclinei-me pra trás, surpresa. Kerhseite bravinha!

Mas eu também estava brava. Ela tinha acabado de me entregar pro Monroe.

− Perdão? – Ele ficou alternando olhares entre nós duas, tentando compreender o que ela tinha dito. Suspirei.

− É tudo verdade, eu invadi a casa dela. – Sorri maldosa. – Fazer o quê.

− Como você fez aquilo? Com seus olhos e... Seus dentes? – Ela estava recuperando a postura. – E como entrou na minha casa?

− Uma mágica nunca revela seus segredos. – Pisquei de uma forma inocente, como se eu não tivesse culpa de nada. – O que eu fiz foi pelo Nick.

− O que eu estou fazendo é por nós dois! – Ela gritou, e Monroe decidiu interferir antes que eu talhasse um jogo de xadrez na cara dela:

− Olha, garotas, vamos evitar brigas, ok? Nós três sabemos que não é o melhor momento pra isso. – Suspirei.

− Eu só quero ir pra casa. – Ela balançou a cabeça. – Foi muito pra processar de uma vez.

− Ok. – Monroe seguiu a ruivinha, virando-se para me dar um olhar reprovador e um tchau. Dei de ombros e acenei pra ele também.

Que curioso... Uma alucinação com uma pessoa era normal, mas ver a mesma pessoa multiplicada em várias pelo lugar todo? Pelo menos o Nick era um cara bonito de se alucinar. Juliette estava reclamando de quê?

Entrei no trailer mais uma vez. O cheiro de Juliette tinha deixado rastros por ali, feminino, doce, suave, mas ácido. Não era como o de Nick, ardentemente ácido, mas tinha aquela acidez, aquela coisinha que fazia o fundo do meu nariz coçar de leve. Ela tinha mexido no livro, nas poçõezinhas que estavam na cômoda, aquela mulher era muito xereta. Mas, bem, eu meio que a entendia.

Sentei-me na mesa com o livrão dos Grimms, procurando a página que tinha parado. No fundo de minha cabeça, uma intriga que tinha surgido na minha cabeça desde a primeira vez que a vira: por que ácido? Poderia ser pela convivência com o Nick, mas aí seria o cheiro todo que teria ficado, não só a parte ácida. E o Nick já tinha saído de lá há alguns meses.

De qualquer maneira...

*Nick*

Eu estava sentado na mesa de cozinha do Monroe com comida pronta, jantando e olhando meus e-mails quando Monroe chegou.

− Cheiro bom! Não sabia que cozinhava! – Tomei um gole da cerveja antes de responder:

− Eu não cozinho, é pronta. Você não deveria estar em um encontro com a Rosalee? – Olhei pra ele, estranhando.

− Ah, é que ela não estava se sentindo tão bem. O que está lendo?

− Meus e-mais. Nada de novo. – Olhei pra ele. – E então, algo de novo da sua parte?

− É, tem duas. – Franzi as sobrancelhas, esperando e especulando o que seriam. – Eu levei a Juliette ao trailer.

Todo o meu ser entrou em alerta. Fechei a tela do computador devagar, preparando-me para o que quer que viesse.

− E então?

− Ela se lembrou, mesmo, de ver você no trailer. – Ele falou, com calma, como se esperasse que eu quebrasse. Mas tinha uma fagulhinha brilhando lá no fundo de mim.

− Ela se lembrou de mim? – Os cantos da minha boca foram se erguendo.

− Só no trailer. – Ele reforçou.

− Mas, é um começo, não é?

− Claro que é um começo. Mas ela viu vários de você. − ... Oi? – Por todo o lugar, falando ao mesmo tempo.

Tentei raciocinar por um segundo, mas não deu.

− O quê?

− Cara, a memória dela definitivamente está tentando voltar. Mas acho que o melhor pra nós dois fazermos agora é ficar fora do caminho.

− Não, eu preciso falar com ela – Protestei. Se ela estava se lembrando de mim, eu precisava ir vê-la, entender, ajudar, mas Monroe me cortou:

− Você tem falado com ela o dia todo, na cabeça dela, amigo. Acho que ela está meio “Nickada”. Pode ser até perigoso se tentarmos forçá-la.

Eu queria esfregar meu rosto de raiva, jogar água fria, qualquer coisa que me ajudasse a me controlar. E não era nem o fim:

− Segunda novidade. – Ergui os olhos para encará-lo.

− Ainda não acabou? – Pronto. Tava ótima minha vida. Ainda falam que viver é belo.

− Eu encontrei a híbrida de mais de dois. A sua irmã, que você demorou pra me apresentar? – Alicia... Eu vou dar uma pedrada na cara dessa garota. – Cara, por que você demora tanto pra me apresentar as mulheres da sua vida? Parece que eu só as conheço quando elas são sequestradas ou entram no seu trailer.

− Cara, não. A Alicia pegou um ódio absurdo da Juliette, elas não podem se ver!

− Não deu... E a parte do ódio eu percebi. A garota não deu uma brecha pra Juliette, e aparentemente ela invadiu a casa dela e se transformou na frente da Juliette. – Ok, aquela parte eu não sabia, e eu não sabia se ficava chateado, irritado, com raiva ou simplesmente guardava as sobras e ia dormir. – Nick, percebeu? A sua irmã não aceita que você fique com a Juliette.

− A Alicia quer me forçar a escolher uma das duas. – Esfreguei meu rosto de verdade dessa vez. – E ela não vai admitir que eu volte pra Juliette porque eu estou mal por causa dela.

− Sua irmã é complicadinha, cara. E, sinceramente, ela parece uma boa pessoa. Só que má.

*Renard*

Ouvi um toc toc na porta. Fechei a ficha que estava em meu colo e fui atendê-la. Estranhamente, era Alicia.

Ela ficou parada na porta, parecendo séria.

− Pela primeira vez, você não invade. – Ela ergueu as sobrancelhas, esperando por algo. – Entre.

Dei espaço para ela, que passou do meu lado firme e altiva.

− Isso é pra te ensinar boas maneiras. Porque, pelo jeito, você não tem nenhuma. – Ela parou à minha frente. – Já que você invadiu o trailer da minha família com tamanha cara de pau. – Disfarcei perfeitamente o meu espanto, mas logo me acalmei. Ela deveria ter sentido meu cheiro. – Como você conseguiu? O que você pegou?

− Eu nem sabia que vocês tinham um trailer. – Tentei blefar, mas ela ergueu a mão e fez um gesto de desprezo:

− Ah, por favor. – Ela ergueu a mão. – Eu senti seu cheiro ruim lá. Você é mais esperto que isso, Renard. Por que não disfarçar o seu cheiro? Você não sabe que tem pós específicos pra isso? A wolfsbane branca, por exemplo? – Semicerrei os olhos.

− Wolfsbane branca?

− Não tente me driblar, capitão. Fala logo! – Ela gritou, e eu recuei alguns centímetros, esperando que ela tentasse rasgar meu peito com as garras. – O que você pegou de lá?

− Eu não peguei nada. Eu fui procurar a chave. – Os olhos dela se arregalaram, as narinas dilataram, e eu continuei: − Achei-a algum tempo depois, e ela voltou pro seu irmão. Eu só queria propor uma trégua e uma aliança entre nós dois. Alicia, eu não vou fazer nada pra prejudicar nenhum de vocês. Nunca.

− Claro. Porque qualquer coisa assim que te colocar em risco é muito arriscada, não é? – Ela revirou os olhos, e eu quase fiz o mesmo.

− Você não vai me perdoar, não é?

− Renard, você me ajudou, me tirou do meu ataque de pânico e ainda me deu meu primeiro beijo. E você quer fingir que nada aconteceu? Sabe como isso vai ser complicado pra mim?

− Alicia, eu não queria te beijar daquele jeito. Eu só...

− Nem completa. Já sei o que você vai falar. E já estou de saco cheio. – Ela se virou, indo de volta para a porta, e eu grunhi, com raiva.

− Você só vai ficar melhor quando fizermos isso direito, não vai ser? – Reclamei, e a resposta dela foi meio inesperada:

− Talvez eu fique! – Avancei um passo, e a olhei, surpreso.

− Bom... – Eu me sentia sem jeito. Talvez ela me desse um tapa; talvez não. – Mas primeiro quero te mostrar uma coisa. Esse é Henri LeSuer... – Passei a ficha pra ela, que eu tinha acabado de pegar. – Um empresário de Marselha da área têxtil. Tem ligação com a Al-Qaeda, em Marrocos. Segundo o relatório, ele iria entregar um dispositivo explosivo para alguém na Pacific Northwest.

− Essa última parte é falsa, querido. – Ela me entregou a ficha, mas eu não a peguei. – Sabemos a verdade.

− Isso é o que ficará no relatório. O nome verdadeiro dele é Aguistin Katt, nasceu em Malta, em 1973, uniu-se com a Legião Estrangeira Francesa com 17 anos. – Ela fez uma cara pensativa e voltou a abrir a ficha. − Subiu de postos com rapidez e depois desapareceu por oito anos, para reaparecer com uma nova identidade e trabalhando para a Verrat. – Ela pareceu ficar mais alerta, mais assustada. – Sei que não é o que quer ouvir, mas se vamos trabalhar juntos, devemos ficar sabendo de tudo. Vou dizer isso a Nick e Hank amanhã.

Ela parou, parecendo raciocinar, querendo encontrar falhas.

− O Hank sabe, não sabe? – Confirmei. – Ótimo. Faça o que quiser. A escolha é sua. E se eu voltar a sentir seu cheiro no meu trailer de novo... Querido, eu vou colocar uma prateleira lá só pra sua cabeça.

Ela se foi, e eu não fiz o que tive vontade de fazer.


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Notas finais do capítulo

Então, gente. Eu iria terminar esse capítulo com uma sessão de beijos, ou em inglês, make-out, entre esses dois, mas eu achei que estava apressando demais, então...
Qualquer coisa, o final antigo está em um backup no computador. (Que eu perdi ç.ç)
POIS É! Como eu disse, um capítulo calminho antes de dar o chute inicial pra começar novos cliffhangers e acelerar as coisas, preciso chegar na “season finale” o mais rápido possívi. PRECISAMOS ADIANTAR AS POHAS. Então, provavelmente os próximos chaps serão corridinhos.
Acho que ficamos por aqui! Beijinhos e nos veremos nos comentários!



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