Wesen Para Matar escrita por GhostOne


Capítulo 12
Prontos para jogar?


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Escrevendo o capítulo anterior, toda a minha afinidade com essa fic voltou e eu quebrei o bloqueio, pelo menos aqui ;-; Estou com tudo pra essa fic! (E mesmo assim o chappie sai uma bosta ;_;)
OBS: No último capítulo, eu não consegui inserir por completo as notas finais, elas sempre saíam pela metade, e os asteriscos do último capítulo não foram explicados. Então, aqui vai:
Meme do Fred Mercury: Eu tinha trocado os memes LOL’ mas aqui a imagem: (são todos da direita, e o da foto) http://www.geeknisses.com.br/wp-content/uploads/2011/09/freddie1.jpg
Guardarroupa: Segundo a nova regra ortográfica, agora sempre que a palavra que acompanha seu prefixo (ou a palavra anterior, no caso, guarda) começa com r, ele repete na primeira palavra e não há hífen. Meu Word simplesmente não aceita isso ;−;
Temperatura: O clima de Portland é frio, gente. Dá pra ver que o pessoal dorme com edredom sem nem usar ventilador e ainda ficam com frio se a janela tá aberta! (Beeware, oi?) Se você for dormir assim no Amazonas, ‘cê assa (se bem que lá, na casa da minha avó, se chover, usando o ventilador, eu fico com frio ;−; impressionante!)
O parque perto do Waterfront Walk: Eu não sei se tem, não consegui encontrar essa informação. Então, inventei. Essa é a droga de se escrever sobre um lugar onde você não mora ;−; (mas hoje eu tô chorando demais! ^u^’)
Se eu esqueci algo, me avisem e culpem o Word! (Tadinho dele, não fez nada ;−;)
CAPA NOVA! Cara, depois de eras e eras, eu consegui. Tive essa ideia depois de uma fotomanipulação que eu fiz com o Nick e a Ally, que tinha os dois na frente e uma espécie de sombras deles atrás.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/384013/chapter/12

Um email.

Da minha mãe.

Ter notícias dela depois de tanto tempo, mesmo que não fosse para mim, era uma das melhores coisas que poderiam me acontecer. Saber que ela estava viva, mesmo depois de Nick vê-la, era um alívio.

Eu sempre pensava na mamãe, desde que fui para o asilo. Eu não tinha mais notícias dela, sentia sua falta, queria saber como ela estava, queria falar com ela, ter certeza de que ela estava viva. E cada vez que eu pensava nela, mais tensão se acumulava em mim, e cada vez mais eu ficava preocupada.

E então, finalmente eu conseguira. Ela tinha mandado um email para o Nick. Uma afirmação de que estava viva.

Admito, deu um pouco de ciúme.

É ridículo eu ter ciúme da minha mãe porque ela enviou um email para o meu irmão por dois motivos: 1) eu não tenho email e 2) ela nem sabe que estou viva. Mas dizer isso pra minha eu ciumenta que é complicado.

− E o que ela diz? – Perguntei, mordendo um pouco os lábios, tanto de ansiedade quanto de ciúme.

− Ela diz: “Desculpe ter desaparecido por tanto tempo. Sinto sua falta. Está tudo bem.” – Nick fez uma pausa e, com uma expressão de escárnio e... Dúvida? Enfim, fazendo carinha estranha, continuou: − “Pretendo gastar o dinheiro sabiamente. Com amor, mamãe.”

− Oh, então vocês estão bem íntimos. – Falei, um tom de riso na voz, disfarçando o ciúmes borbulhando e querendo se transformar em ódio dentro de mim. − O que ela quer dizer com “gastar o dinheiro”?

− Ela está falando das moedas.

Como é que é?

As moedas? As moedas de Zakynthos, que foram responsáveis pela morte do meu pai e pela “morte” da minha mãe?

Loading...

− As moedas? Ela tem as moedas? Como ela conseguiu? Pra onde ela está indo? − Metralhei-o com perguntas, mesmo com a leve consciência de que ele, talvez, não soubesse as respostas.

− Calma! – Ele disse, a voz alterada. Então, respirou fundo e falou, mais controlado: − Ela conseguiu as moedas comigo, e está indo para a ilha de Zakynthos, na Grécia, onde ela pode destruí-las.

− Você tinha as moedas? Como conseguiu?

− Houve um assalto a uma joalheria, e eu fui investigar... Os ladrões/assassinos roubaram todas as moedas dele, mas as moedas de Zakynthos estavam no estômago do joalheiro. E... Bem, teve confusão, claro. Peguei-as depois delas terem sido tomadas do último possessor.

− Quem tocou as moedas? – Perguntei, preocupada. Se alguém tivesse ficado sob a influência daquelas moedas pelo tempo suficiente, poderia ser um perigo alto demais para ser levado passivamente. (E com passivamente, eu quero dizer sem matar.)

− O Hank, a legista, o capitão... Um homem relacionado ao “acidente” dos nossos pais... – Nick parou por uns segundos, e eu o cortei:

− Qual homem? – Se antes eu estava ciumenta/odiosa, agora eu estava pura fúria. Se o Nick não o tivesse matado, eu ia atrás do cara e estrangulava ele. E dava um tapa na cara linda do meu irmão. – Quem?

− Soledad Marquesa. Ele era um dos quatro... Estão todos mortos, relaxe. – E ele, como o irmão maravilhoso que é, se pôs atrás de mim e começou a massagear meus ombros. – E tinha mais um... Farley Kolt.

Farley Kolt... Minha mãe o mencionara vez ou outra, e ele sempre estava relacionado com o nome de Tia Marie. Forcei um pouco a memória. Mamãe nunca tinha realmente citado o porquê dessa relação, mas eu lembrava de ter escutado algo...

− Nick, ele tem alguma relação com tia Marie?

− Ele era noivo dela. Por quê?

Era isso! Uma noite, antes de dormir, eu estava sem sono, então desci as escadas da casinha em que morávamos para pedir que mamãe cantasse pra mim... (Eu sei a musiquinha até hoje!) Eu devia ter uns nove anos. Quando cheguei escada abaixo, ouvi mamãe remexendo a bolsa que sempre levava consigo, tirando dela as fotos que conseguira pegar para si na noite do acidente. Ela sentou-se na cadeira, e eu não cheguei a ver a foto, mas ouvi ela dizer: “Por que diabos ela ia casar com Farley Kolt?”

− Eu lembrei desse nome. Mamãe estava resmungando algo sobre “ela se casar com Farley Kolt” uma noite. Acho que ela não sabe que eu escutei até hoje – Enrolei um cacho nos dedos. Talvez não soubesse mesmo.

− Ela era tia Marie.

Ficamos quietos por uns segundos, mas logo percebemos que tínhamos que ir embora. Você parado na beira do rio junto à outra pessoa e quatro corpos não passa a impressão de que algo bom aconteceu.

− Quer que eu te leve de carro até sua moto? – Ele ofereceu, quando voltamos para sua latinha “véia”.

− Por favor. – Pedi. Minha moto estava muito longe, e mesmo que eu pudesse ir a pé, eu queria passar uns últimos minutinhos com Nick e seu carrinho antes de ter que ir embora.

− Tudo bem. – Refizemos o caminho até o carro sem trocar uma palavra. Quando entramos, ele comentou:

− Tem coisas que você não pode fazer com outra pessoa sem passar a prestigiá-la muito. Matar quatro caras da Verrat é uma delas.*

Uma filosofia de vida.

*

Estava sendo quase nostálgico parar na frente daquele maldito prédio para ver aquela maldita pessoa de novo. Bom, ele ficou, mesmo que só por um tempo (esperava eu) com as moedas, então eu tinha que, bem, checá-lo.

Quer dizer, era isso que eu dizia a mim mesma. Não tinha tanta necessidade de vê-lo, mas enfim, eu queria garantir. E não tinha mais nada a fazer. Além do mais, eu poderia tentar arrancar algumas muito improváveis informações sobre quem era a namorada de Nick e quem era a Hexenbiest. Se ela queria a chave, ele poderia ter conhecimento disso.

Acho que o porteiro já até me conhecia, então cumprimentei-o e segui meu caminho com naturalidade. Eu não entendi o porquê de nenhuma pergunta ter sido feita, mas se eu perguntasse, talvez perdesse uma chance de ouro de entrar sem questionamento, então segui reto, entrei no elevador e apertei o dezesseis.

Quando cheguei, tudo estava muito quieto. Andei até a porta, estabelecendo mais uma vez minha persona reservada para ele: rude, ácida, aliada.

Não adiantou muito; ele não estava. E nem a pau que eu iria gastar toda a minha dignidade sentada do lado de fora; eu tinha meu jeito de entrar.

Abri a bolsinha e tirei dois grampos dela. Torci, mexi, entortei, dobrei e logo tinha um pequeno trequinho que servia perfeitamente para abrir portas. Encaixei-o na fechadura e, com jeitinho (pois eram apenas arames), abri a porta.

Nada tinha mudado, fora o fato de que o dono do apartamento não estava ali. (EBA) Eu estava com sede, então fui até a cozinha procurar algo pra beber. E como sou excêntrica, peguei um champanhe aberto e servi uma taça. (Como estava na geladeira, estava friiiiiiiio! Eu sei, dã, mas...) E eu não tinha nada pra fazer, então fui assistir tevê.

Sentei (lê-se me joguei) no sofá e liguei a televisão, procurando um canal em que estivesse passando algo legal. Quando parei na MTV, estava passando South Park, então deixei lá, porque South Park é podre e muito engraçado. Tomei um gole do champanhe e assisti normalmente, dando risada com as piadas imorais e pesadas que faziam. Quando já estava quase no fim do episódio, e eu estava me divertindo com o Cartman exigindo o “ouro judeu” de Kyle, ouvi um clique na porta.

− Eu devia ter adivinhado que era você. – A voz do capitão voou até meus ouvidos. – Como entrou?

− Oi também? Pela porta. – Dei de ombros e bebi mais um pouquinho do conteúdo da taça. – Não sou uma Kitty da vida.

− Você entendeu. – Ele ficou parado no lugar, e olhou para a tevê. – Quê isso?

− South Park, shiu. É “Dois Dias Antes Do Dia Depois De Amanhã”. – Coloquei o indicador na frente da boca e fiz um chiadinho, pedindo que ele fizesse silêncio na hora que Kyle jogava o ouro judeu no fogo. – Perdi a melhor parte. Deixe-me ver o resto.

Ele se aproximou e tomou o controle de mim, desligando a tevê.

− Ei! Ainda não tinha acabado! – Tentei pegar o controle de volta, mas ele estendeu acima do ombro.

− Me responda.

Franzi os lábios e terminei de beber o champanhe antes que ele me tomasse a taça também. Quando terminei, voltei à posição anterior (mas trocando de lado, claro, pra ficar mais longe dele) e expliquei:

− Eu abri. Sabe, é bem útil eles nos ensinarem como abrir portas trancadas com dois grampos. – Tirei o bagulinho da bolsinha e lhe mostrei, devolvendo-o ao lugar quase no mesmo momento, e pegando o celular. – Só acho que você concorda.

− E por que motivo você acha que pode vir na minha casa e agir como se morasse aqui? – Ele perguntou, obviamente com raiva.

− Porque eu sei que posso? – Desafiei, enquanto mexia no celular sem de fato prestar atenção nele. – Vamos lá, eu posso. Não preciso da sua permissão pra fazer o que quiser.

− Na minha casa, precisa. – Ele empurrou meus pés de cima do sofá, com força, o que incomodou. – Senta direito.

− Não sabia que você era meu pai. – Respondi sem olhar nos olhos dele, seus olhos cinza frios... Afaste esses pensamentos da cabeça! Os olhos dele só são mais claros que os meus, claro que não me atraem.

− Não sou, mas lembre-se que você está nos meus domínios, e você foi feita pra me servir. Senta. – Olhei pra ele como se ainda o desafiasse, com raiva dos argumentos que ele usava. Eu me negava a obedecê-lo. Ele era um bastardo, e eu era praticamente renegada. Eu realmente não tinha sido feita para servi-lo.

Mas o que ele fez me surpreendeu.

O capitão se inclinou pra frente com agilidade, e eu só pude ver seu vulto, por causa da atenção que eu dedicava ao celular. Ele pegou a minha blusa na altura dos seios, segurando o pano com força, apanhando também meu sutiã, a ponta dos dedos dele roçando de leve na área entre meus seios. Gritei de surpresa, e ele me puxou brutalmente, até eu ficar sentada, vendo seus olhos cinza tão de perto (mais do que antes), e a proximidade repentina, junto ao seu leve toque, fez um milhão de volts começarem a disputar Fórmula 1 pelo meu corpo, me aquecendo de um jeito estranho. Seu rosto estava a centímetros do meu, e ele deixou a boca bem perto da minha orelha, seu hálito quente me arrepiando sem motivo quando ele sussurrou:

− Não me subestime. – Ele se afastou, presunçoso ao ver o quanto eu estava chocada com a sua petulância em puxar minha blusa (e meu sutiã!), mas eu tirei seu sorriso do rosto com um tapa bem dado.

− Você puxou minha blusa! – Achei desnecessário comentar que também pegou minha peça íntima, então nada disse.

− Fale logo o que você quer. – Ele pegou a taça de volta, indo até a pia e colocando-a lá.

− Você teve as moedas de Zakynthos. – Renard virou a cabeça por sobre o ombro para me olhar. – Como conseguiu?

− Elas apareceram em uma investigação de um roubo que envolveu assassinato. Eu deveria tê-las levado para a sala de Evidências... Mas fiquei tão atraído por elas que simplesmente fiquei com as moedas. – Ele não olhou para mim um segundo enquanto explicava, e continuou sem olhar quando terminou a história. – Por quê?

− Porque eu quis saber. – Desconversei. – E... Como é?

Ele se virou pra me olhar totalmente, vistoriando-me visualmente, e por uns dois ou três segundos, senti que era como se ele estivesse me despindo e acariciando com a visão, de tão intensamente que ele me encarava. Aquilo me causou um incômodo, que foi se transformando em arrepio, e eu tive que me controlar e buscar todo o meu autocontrole para não me encolher e cerrar os dentes.

− É insano. Depois que perdi as moedas, ou melhor, que me tomaram as moedas, vim pensando nelas. Não as quero da maneira descontrolada que outros querem, mas vim remoendo aquele tempo. Elas dão um poder crescente incrível... – Renard se encostou na bancada. – No dia seguinte, eu já estava... Elas já estavam fazendo efeito, e eu tinha mais influência que antes. Eu me sentia no topo do mundo.

− Tipo o rei da cocada preta? Vish, você deve ter ficado insuportável, mais do que já é. – Cortei.

− Calada. – Levantei uma sobrancelha para sua ordem. – Mas elas tem um preço. A sua própria sanidade.

Essa parte me chamou a atenção, então deixei minha máscara de lado e me virei para ele, inclinando-me muito levemente.

− Disses?

− Depois que detive a posse das moedas, eu só conseguia pensar no poder. Era tudo o que eu queria. E aquelas moedas, eu mataria se fosse para ficar com elas. E quando as perdi, fiquei desesperado. Pode perguntar ao seu irmão. – Franzi a testa à citação de Nick. Ele nem comentou aquilo. – Alguns dias depois, o efeito passou por completo, eu deixei de ficar tão agoniado querendo aquelas chapinhas de ouro de volta. Desde lá, venho pensando naquilo.

− Você não sente vontade de tê-las de novo?

− Acho que precisa de mais que 24 horas para isso. – Ele disse. – Eu nem consegui passar esse tempo todo com elas, acho.

Fiquei absorvendo tudo o que ele disse para dentro de mim, como se assimilasse as palavras. Um leve estalinho veio à minha mente e eu perguntei:

− Antes de tudo, quem era a ex-namorada de Nick?

Silêncio. De novo.

Por muito mais tempo que seria o necessário, ele ficou quieto, o que me fez deduzir que ele sabia e estava pensando se me contava.

Se ele não contasse, eu ia descobrir se ele tinha a marquinha da Hexenbiest debaixo da língua, por assim dizer.

− Ok, só queria saber isso. Muuuuito obrigada pela resposta. – Fiquei de pé e fingi alisar a blusa, como se estivesse me ajeitando. – Não puxe mais minha blusa.

− O nome dela é Juliette Silverton.

Surpreendi-me com a resposta em cima da hora, porque eu já estava perto do corredorzinho que me levaria para a porta. Girei nos calcanhares e olhei-o nos olhos, vasculhando qualquer traço de mentira nas íris claras. Ele me olhava daquele jeito frio, do seu jeito eu-sou-mais-eu-e-você-é-um-lixo. (Eu não!)

− Hum. Obrigada. – Eu tinha dito aquilo mesmo?

*

Voltei para casa com as informações novas pipocando na minha cabeça. Porém, quase que perdi todas quando dois seres humanos morenos pularam em cima de mim, me derrubando.

− Ai... – Falei quase sem fôlego, porque o impacto me tirou praticamente todo o ar.

− Finalmente! Já estávamos achando que ele tinha te matado e jogado na caçamba de lixo! – Emily disse, saltitante.

− Ou que você tinha ido morar com ele e nos deixado! – Bárbara completou, ainda mais saltitante, as mechas encaracoladas dando pulinhos com os pulinhos dela.

Já que eu estava quase incapacitada de falar, fiz um movimento com a mão para que elas saíssem de cima de mim, e milagrosamente (ou não, mas, né), as duas entenderam e se afastaram. Ofeguei de alívio (e falta de ar) quando elas deram espaço para minha caixa torácica se movimentar.

− Olá! – Cumprimentei, levantando-me e abraçando as duas. – Nenhum dos dois aconteceu, graças a Deus.

− E então, como foi? – Barbie perguntou.

− Ah, ótimo. Ele é um doce, acho que no próximo ele já vai querer ver vocês. Fiz algumas propagandas sobre as duas. – Pisquei. – Oh, uma boa nova: Ele é solteiro.

− ELE É SOLTEIRO? – As duas praticamente explodiram. Elas começaram a dar pulinhos de mãos juntas, cantarolando e agradecendo. Eu ri muito do jeito feliz delas, que só faltavam cantar à tirolesa. – Ah, obrigada, Ally, querida! – Barbie beijou meu rosto. – Deus te abençoe e guarde!

− Senhor, abençoa essa criatura considerada, que descobriu que o Nick, aquele lindo, é solteirão... – Emily se ajoelhou, pegou minhas mãos e fingiu rezar. Eu ri.

− Ah, meninas, parem com isso. – Fiz Emily ficar de pé. – Eu não o tornei solteiro. Eu só descobri que ele é solteiro. – Ou que ficou solteiro, mas enfim. – Uma história triste de como ele ficou solteiro, ó. Ele chorou me contando.

− Oh, que fofo. Enxugou as lágrimas dele? Deixou ele chorar no teu ombro? – Emily me perguntou. – Se a resposta for não, te dou um tapa e vou sair correndo atrás dele imediatamente.

− Vai ter que me ganhar, querida. – Bárbara disse, já na porta, que estava entreaberta e com um pé entre ela e o batente.

− Eu já ganhei. Fiz tudo o que você falou. – Respondi com um sorriso irreprimível de vitória quando as duas fizeram “aaaaah”. – Mas venham, vou contar a história pra vocês. Estou com fome, só tomei uma taça de champanhe na casa da Vossa Alteza.

− Ué, cê foi lá?

− Sim, longa história. – Falei, pegando um prato e me servindo do que sobrara do jantar servido mais cedo. (Ou eu que tinha chegado mais tarde) Enquanto o fazia e esquentava tudo no micro-ondas, eu despejava a história de Nick sobre as duas, que ouviam como se fosse uma fofoca preciosa. (E era mesmo) Quando acabei, as duas me encaravam bestas.

− Não acredito que a ex dele botou chifre nele! – Bárbara disse, batendo com os punhos cerrados na mesa. – Vaca!

− Vai ver não era culpa dela. – Emily dê de ombros, e nós a encaramos como se ela fosse traidora, e também como quem diz “ah vá”. – Que foi? Estou com pena da mulher. Tô com raiva dela também, claro, mas pode ter sido culpa da macumba que a tal da Hexenbiest jogou nela. Duplo efeito, pô, ela não tem necessariamente que ser a puta da história, talvez ela nem soubesse. E vocês duas a odiando já vale por meio mundo.

− E quem é o cara? – Bárbara perguntou, mas eu balancei a cabeça em negação.

− Eu não sei, ele não me falou. – Tamborilei os dedos na mesa, pensativa. – Mas se eu acho a ex dele e a tal Hexenbiest, eu vou enfiar sete metros de cacto onde for possível nas duas.

− Ai, que horror – Emily disse, com um tom de medo e desinteresse muito legal. – Mas enfim, ele é solteiro e é isso que importa. Estou com sono, desde que você se foi eu tenho jogado Dance Central com esta criatura. – Ela apontou pra Barbie − Que está aprendendo a me vencer, para os autos. Enfim, estou exausta.

− Eu avisei. Boa noite, Ally. – Bárbara acenou de um jeito fofo. Quer dizer, tudo o que ela faz é fofo. Esta menina é pura fofura.

− Ah, amanhã vou levar vocês pra dar uma volta. Podemos nadar um pouco, isso faz falta. – Emily disse, alisando os braços como se ela realmente fosse descascar. – E não me olhe com essa cara, Alicia, sou um enésimo Naiad.

− Ah, eu te olho com essa cara, sim senhora. Não tenho outra – Falei, olhando-a ainda mais intensamente, vendo as duas rirem um pouco. – Boa noite.

− Tchau. – As duas subiram a escada discutindo quais os diabos de motivos pra ex do Nick tê-lo chifrado, tadinho dele, blá blá blá, ele vai ser meu, não prestei atenção. Eu continuei comendo e pensando no que havia ouvido.

Eu estava devendo uma ao capitão por ele ter me dito quem era a ex do meu irmão, que tivera coragem de ficar com outro.

Foi aí que minha cabeça deu um clique.

“O nome dela é Juliette Silverton.”

Ele demorou a me responder, como se pensasse se me dizia ou não. É claro que tinha coisa estranha ali. Além do mais, ele e Nick não tinham cara de serem amiguinhos pra sempre, que bebem juntos e compartilham segredinhos. (Nossa, essa cena ficou tão gay...)

O outro era o capitão em pessoa.

Ah, seu filho da mãe.

Subi as escadas depois de terminar de comer e lavar a louça. Eu tomaria um banho e faria uma pequena pesquisa, relacionada à Juliette Silverton. Esse nome já tinha um gosto amargo na minha boca.

Fui, como de praxe enchendo a banheira com sais de banho, mas eu estava mais aérea que o normal. Eu liguei o computador, já me preparando para hackear os endereços necessários, e deixei-o repousando em cima da cama, enquanto tirava as roupas e as jogava dentro do cesto de roupa suja.

A água pareceu me dar boas vindas quando sentei na banheira, tocando meu corpo nos pontos mais íntimos, locais que eu jurava que ninguém além de mim iria tocar para o resto de minha vida. Gemi com o friozinho do líquido, sentindo meu corpo se revitalizar. Vai ver era coisa de Naiad mesmo.

Esfreguei a pele como sempre, gostando do meu toque. Quando minhas mãos subiram dos quadris para o tronco, minha mão parou na minha barriga.

Tantas mulheres tendo mil e um filhos (uma dica: CAMISINHA!), e eu que sonho (literalmente e no sentido de desejar) em ter uma só. Só a minha menininha tão igual a mim, minha Ruby, aquela fofa.

Pensando assim, deu uma melancolia só de lembrar que eu não podia ter filhos. Maldita infertilidade causada pela transformação... Vá tomar banho, cachorra.

Mas antes que eu pudesse descobrir um jeito de poder engravidar pra me livrar daquela melancolia, lembrei quem teria que ser o pai dela para que ela fosse igual ao meu sonho.

Ai, capitão, você no caminho da minha vida seeeeempre.

Lembrei-me do momento em que ele puxou minha blusa e toquei o mini caminho entre meus seios, no qual seus dedos cobertos pela minha blusa roçaram um pouco. Isso e o olhar dele praticamente me eletrocutaram, mas por quê? Por que diabos eu era tão suscetível aos toques dele? O que ele tinha de diferente? Podia ser o mistério, aquela aura pesada que o envolvia, como aqueles bichos venenosos que sempre tem cores vibrantes como um aviso: sou perigoso. Quem sabe não fosse aquilo. Ou seu porte físico, os ombros largos, o tronco aparentemente musculoso, e alto. Bote alto nele! Eu já tinha lido em algum lugar que as mulheres ficavam mais atraídas por homens musculosos e altos. Eu não sabia se eram todas, mas com certeza me atraíram muito.

Eu não me sinto assim com ele. Não é atração, não é amor, não é desejo, é só indiferença. Você sabe disso.

Ah, se sei.

Mas se realmente fosse, você teria que estar dizendo isso pra si mesma, como uma esquizofrênica?

Que se dane. Pra mim, era verdade e pronto.

Terminei meu banho e saí do banheiro, vestindo uma roupa de dormir. Vi o computador com a tela esmaecida e apertei uma tecla qualquer para ativá-lo novamente. Coloquei-o no meu colo, abri os programas e tudo necessário e comecei a digitar incessantemente comandos, chaves, sequências e tudo o que precisava para acessar os arquivos e fichários do governo em que eu poderia encontrá-la. Depois de alguns minutos procurando e digitando, encontrei a dita cuja.

Huuuum... Veterinária, ruiva, olhos verdes, até que era bonitinha. Nenhuma Afrodite da vida, mas ninguém é perfeito. Pesquisei um tanto mais e mais até que achei o endereço dela. Li, reli, reli de novo, vezes suficientes até eu ter certeza de que tinha memorizado.

Eu queria muito, muito, muito sair e dar uma de perseguidora maníaca assassina dela, mas eu estava cansada, e tudo o que eu queria era fechar os olhos e dormir quatro dias inteiros. Abri uma página no bloco de notas e fui anotando o que eu iria querer lembrar, e tirei alguns prints das páginas que eu iria querer revisitar no dia seguinte.

Quando acabei, limpei todo o histórico, caches e tudo o que podia ter sobrado no meu computador que pudesse me detectar. Desliguei tudo e me deitei novamente na cama, amando a sensação dos lençóis fofos e todo o conforto que a cama me proporcionava.

Juliette, vamos jogar um jogo?

Sorri com o tom perverso que aquela frase tinha na minha cabeça. Eu já tinha uma ideia do que fazer, ah se tinha.

Eu não iria matá-la, seria me divertir muito pouco. E Nick me odiaria se eu a matasse. Eu iria me beatificar mais com o sofrimento daquela ruivinha; como diziam? Dar o troco na mesma moeda.

Quando sonhei, meu sonho foi esquisitinho. Embaçado, estranho, confuso, apressado, imemorável, mas eu só pude distinguir uma voz masculina, dizendo:

Eu te amo, Alicia. Pra sempre.”

Não me agradou nem um pouco.

*Meia semana depois*Mihaela*

− Não, não e não! Como pode sugerir isso?

− É querer cutucar a onça com vara curta, e vocês veem bem isso. Ou nós desistimos, ou continuamos insistindo, e perdemos mais gente. – A jovem estendeu sua mão direita, exibindo sua palma, ampliando o significado que queria dizer com gente.

− Não, mais uma vez! Abrir mão disso é como abrir mão do prêmio da loteria: você pode nunca mais ver. E se nós abrirmos mão e nunca mais a mesma oportunidade passar pela nossa frente? Vai ser deixar que mais de nós morram ao procurar a... – O homem se interrompeu. – É isso!

− Teve uma ideia? – Ela perguntou, desinteressada se o assunto era mais uma das ideias consideradas brilhantes por seu chefe.

− Eles não tem preparo nenhum. O ponto fraco de vocês é justo o que vocês não estão atacando.

− O que quer dizer? Algum de nós deveria armar um plano para... – Antes que terminasse, ela entendeu. – Acho que saquei. Mas mesmo assim, explique o seu plano, que dessa vez parece ser bom mesmo.

O mais velho explicou o que tinha pensado, passo por passo. E ela sorriu ao reconhecer, finalmente, a chance de ver a derrota do alvo de seu ódio pela derradeira vez.

− E tenho a impressão de que você gostaria de ir... – Ele acrescentou, assim que finalizou sua explicação. – Ou devo mandar outro?

− Eu vou, e escolho quem vai comigo. Quando nós partimos?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

TÁ-DÁ!
Esse capítulo ficou tão putamente curto (e de tão baixo nível) que me arrependo de ter decidido que vou escrever só de quatro mil a cinco mil palavras. Vou voltar a escrever seis, sete mil que tem mais graça. (E o capítulo fica mais recheado, mas quem gostou curtinho avise, antes que baixe a PC Cast em mim de novo.)
E acho que, por mais que eu tenha tentado, ficou óbvio quem são os dois discutindo no finzinho do cap, quando eu assumo a narração. (Eu tenho neura de achar que nunca consigo deixar mistério) Mas enfim, são muitas pontinhas soltas. Pelo menos, uma delas eu já vou dar o nó, assim vocês não ficam tão “essa história da Keehl é igual lençol velho, toda desfiada”. Mas enfim, lá vão as explicações: (vocês leem o que eu escrevo aqui?)
A frase filosófica do Nick: Eu tirei do primeiro livro de Harry Potter (COISA INCRÍVEL), só adaptei para a situação. Obrigada, Tia Jk!
Beijos da Miha!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Wesen Para Matar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.