Um Destino A Dois escrita por Laura Marie


Capítulo 5
Lamentações e acasos




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Vampira passou a manhã inteira trancada em seu quarto. As doces lembranças de seu primeiro encontro com Gambit foram substituídas por aquelas imagens frustrantes. Ela sentia vontade de chorar, mas não conseguia.


“Eu não posso estar tão apaixonada assim”, ela pensou. Afinal, nem se quer sabia o que realmente sentia por ele, pois ela não admitia em estar louca por ele só por causa de um único encontro. Ele poderia a tocar sem se ferir, e isso contava muito. Além do mais, ele era o homem mais bonito que ela já tinha visto.


De início, ela achava que não tinha o direito de ter ciúmes dele. Eles só ficaram juntos em uma noite e ambos não se comprometeram a ninguém. Mas ela passou a gostar dele e não conseguia mudar isto. No entanto, ela achou uma solução: transformou toda a sua desilusão e tristeza em raiva. A culpa foi dele. Ele a iludiu com a aquela história de seus poderes, aproveitando, então, de sua fragilidade, para que no dia seguinte simplesmente partisse para uma próxima vítima.


“O único homem que pode me tocar não se passa de um canalha miserável! Eu deveria ter desconfiado disso, porque eu não mereço um destino feliz! Mas que idiota que eu sou!”, Vampira agora sentia raiva de si mesma. Ela não deveria ter confiado nele, ela não deveria ter confiado em si mesma. Ela nunca deveria ter saído de casa naquele sábado à noite, ela nunca deveria ter o encontrado. O correto seria aceitar o seu destino que lhe foi imposto.


Quando a cabeça de Vampira parecia que ia explodir, alguém bateu em sua porta.


– Vampira, eu posso entrar? Sou eu, Logan!


Ela não queria ver ninguém, principalmente Logan que tinha lhe dado um aviso ontem. Mas ela não tinha escolha.


– Sim, pode entrar!


– Vampira, está tudo bem? Até agora você não saiu do quarto.


– Estou bem sim, só estou me sentindo um pouco indisposta.


– Tem certeza? Ontem você estava tão animada e agora parece um pouco abatida – Logan sentiu um clima de tristeza ali presente – Aconteceu alguma coisa?


– Eu já disse que estou bem, e caso ainda não percebeu, eu sempre estou abatida, sempre estou agoniando aqui dentro por causa destes malditos poderes!


– Vampira... – Logan não sabia o que dizer, mas não podia deixar a “sua menina” naquele estado.


– E sabe o que eu não entendo? Eu não entendo porque todo mundo menti pra mim! – Vampira se recuou e abaixou a cabeça. Naquele momento ela pensou em Gambit, mesmo não sabendo ao certo se ele tinha mentido para ela. Aliás, ele não lhe tinha prometido nada.


– Vampira, sobre aquela história da cura, eu não sabia o que fazer. Eu não sabia como você reagiria a isto, não queria esconder nada de você! Você me conhece há quase cinco anos, e apesar de não parecer, eu tenho dado o meu máximo para cuidar de você!


Logan estava certo. Vampira sentiu que estava sendo injusta e ingrata a ele. Logan era como se fosse um pai para ela, e o que ela tinha feito até o momento era só reclamar e se lamentar.


– Me desculpe, Logan!


– Tudo bem – Logan se aproximou e a abraçou – Mas agora me diga a verdade: aconteceu alguma coisa durante as noites em que você saiu?


Vampira não tinha conseguido fugir do assunto, mas ela também não queria esconder a verdade. Ela só se sentia desconfortável em contar sobre sua vida amorosa fracassada ao homem que era como um pai.


– Por favor, Logan, não se preocupe! Não aconteceu nada.


– Está bem – Logan fingiu por vencido – Então eu já vou indo e espero vê-la no almoço daqui a pouco!



No entanto, Vampira nem se quer planejava em almoçar aquele dia. Ela só queria permanecer em seu quarto e tentar esquecer esta terrível fase de sua vida.


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Ororo estava em sua sala, analisando alguns papeis, quando alguém bateu em sua porta.


– Pode entrar!


Era Logan.


– Conseguiu falar com ela? – Tempestade parou de fazer o que estava fazendo.


– Ela ainda está chateada pelo retorno dos poderes, mas certamente não é só isso. Eu acho melhor você também conversar com ela depois.


– Por que você acha isso?



– Porque eu sinto que há mais alguém envolvido nisto.


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Conforme o esperado, Vampira não tinha descido para almoçar. Já eram quase duas horas da tarde e ela ainda não tinha comido absolutamente nada naquele dia.


De repente, alguém novamente bateu em sua porta.


– “Droga! Será que eu não consigo ficar sozinha nesta casa!”, disse consigo mesma – Entre!


Desta vez era Tempestade, trazendo uma bandeja contendo um lanche.


– Vampira, eu entendo que você não quer sair hoje, mas não pode ficar sem comer nada.


– Obrigada, Ororo, mas eu estou sem fome.


– Mas pelo menos tente.


Vampira se levantou e se sentou na cama. Ela percebeu o quanto todos se preocupavam com ela, e achou que esta poderia ser uma boa oportunidade para se abrir.


– Você quer me falar alguma coisa, Vampira?


– Promete que não vai contar para ninguém, nem ao menos para o Logan?


Tempestade sentiu que esta seria uma conversa bem íntima, do tipo “mãe e filha”. Agora ela entendeu porque o Logan a aconselhou a ir conversar com Vampira. Mas enfim, Ororo aceitou as condições, e logo as duas já estavam conversando.


Vampira começou a contar desde o início. Ororo não conseguia entender como alguém poderia tocá-la sem se machucar. Vampira tentou explicar os poderes de Gambit, e tudo começou a fazer mais sentido. Depois, ela contou o que aconteceu entre eles, e logo, sobre a sua recente frustração.


– Vampira, eu sinto muito. Mas este tipo de coisa acontece...


– Mas ele pode ser o único homem que pode me tocar. Só que ele não se passa de um idiota!


Ororo percebeu que os olhos de Vampira começaram a lacrimejar. Então ela se aproximou mais e a abraçou.


– Olha, Vampira, você tem sido pessimista demais sobre você mesma. Você ainda pode ser muito feliz. Basta apenas dar uma chance a você mesma. Este mutante não é o único. Você é que é a única!


Vampira começava a entender o que Ororo queria dizer.


– Você é a única capaz de te fazer feliz. Basta você dar uma chance a você mesma e também ser paciente.


As palavras começaram a surtir algum efeito. O semblante de Vampira começou a mudar e ela passou a se sentir melhor.



– Obrigada, Ororo! – Vampira agradeceu à amiga com um forte abraço.


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Já era quarta-feira e não havia um dia em que Gambit não tinha pensado em Vampira. Ele saía com outras mulheres, mas sempre estava pensando naquela garota misteriosa. Nunca antes em sua vida ele ficou tão fissurado em uma pessoa assim. Ele já nem conseguia entender a si mesmo.


Naquele domingo à noite, ele esperou por Vampira no mesmo lugar onde tinha a abordado. Ele acreditava que ela retornaria por sua causa, talvez usando o lenço esquecido como desculpa para vê-lo (e ele estava relativamente certo). Ele esperou por um bom tempo naquele balcão, até que desistiu de esperar e resolveu retornar aos seus “hábitos noturnos”.


Talvez ele tivesse a assustado naquele dia. Ele não deveria ter levado as coisas a um nível tão rápido. Aliás, aquele tipo de coisa era como se fosse uma novidade para ela. No entanto, ela tinha lhe dito algo sobre ter um ex-namorado, então imaginou que ela tivesse alguma experiência. Mas ela se apresentou bem tímida, o que pode ter influenciado também.



Gambit também não podia passar o dia inteiro pensando em uma garota que mal sabia se a veria novamente. Assim que terminou o seu almoço, ele saiu do restaurante e foi tratar de alguns assuntos.



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– Eu já disse que hoje não, Jubileu! – Disse Vampira que vagava pelo corredor, sendo seguida pela amiga tagarela.


– Vamos lá, vai ser divertido!


– Sinto muito, Jubileu, mas eu não estou com cabeça para shopping hoje.


– Faz muito tempo que você não vai lá, e também faz um longo tempo em que nós não saímos juntas.


Vampira definitivamente não estava com muitos ânimos para sair da mansão. Ela já estava se sentindo melhor, apesar de que ainda pensava em Gambit.


– E por acaso alguém sabe que você está matando aula?


– Por enquanto só você! – Jubileu se mostrava bem despreocupada com as responsabilidades e insistia cada vez mais – Vamos! Por que você não compra um lenço novo lá?


– Eu não sei, Jubileu. E como vamos? A minha moto precisa de um reparo e eu não quero pegar o carro da Ororo ou do Hank emprestado.


– Então vamos de táxi!



Vampira soltou um suspiro e, finalmente, se deu por convencida. Talvez, sair um pouco poderia realmente ajudá-la. E não demorou muito para que as duas pegassem um taxi na porta da mansão a caminho do shopping.


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Já havia se passado um bom tempo e nada tinha chamado a atenção de Vampira. Enquanto isto, Jubileu aproveitava todas as liquidações que ia encontrando pela frente.


– Olha este, Vampira! É lindo e é parecido com o seu – Jubileu mostrava à Vampira um lenço que tinha encontrado na loja.


– Eu acho que não... o meu era um verde mais escuro e o tecido era seda.


– Ah, mas este é bem mais bonito e combina com você. Por que você não o leva? Até agora você não comprou nada.


– Eu não sei, Jubileu...


– Olhe os outros lenços, talvez ache outro melhor.


Vampira, para fazer a menina se calar, foi ao cabide de lenços e pegou o primeiro que encontrou. Era parecido com o que tinha perdido, também era de seda, mas ao invés de verde escuro, era preto.


– Então eu vou levar este daqui! – Disse Vampira, mostrando o lenço para Jubileu e para a atendente.


Após pagar a compra, a atendente perguntou à Vampira se ela gostaria que embrulhasse o lenço.


– Não, obrigada! Eu vou guardá-lo em minha bolsa mesmo – Vampira pegou o lenço e o jogou de qualquer jeito para dentro de sua bolsa.


Assim que as duas saíram da loja, Jubileu percebeu que Vampira parecia um pouco exausta.


– Há algo errado, Vampira?


– Só estou me sentindo um pouco cansada. Eu nunca tive muita paciência para andar em shoppings.


– Se você quiser, podemos ir embora agora. Eu acho que já comprei tudo o que eu queria.



– Ótimo! – Sem pensar duas vezes, Vampira guiou à amiga, rumo à saída do shopping.


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Em um lugar não tão distante, Gambit estava em uma lanchonete, falando ao telefone, mas não parecia muito animado com a conversa.


– Eu já disse que eu não quero ir agora!


“Remy, você tem que voltar e nós já conversamos sobre isso!”- dizia a voz no telefone.


– Eu sei, mas me dê mais um tempo!


“Afinal, o que você está fazendo aí?”


– Caso ainda não percebe, Henri, eu estou tentando estabilizar um pouco a minha vida.


“Mas aí? Venha para cá, Remy. Você não corre mais riscos aqui, será bem-vindo!”


Gambit ficava cada vez mais confuso e nervoso. Ele fechou os olhos e soltou um longo suspiro.


– Me dê mais um tempo e eu vou pensar no que fazer. Agora eu tenho que ir. Au revoir, mon frère ! – Gambit desligou o celular sem dar chance à pessoa com que falava para se despedir.


Ele parecia cansando, certamente estava tendo um dia difícil. Então, ele se levantou da mesa onde estava e prefiriu ir embora, rumo onde havia estacionado a sua moto. Chegando lá, quando ele já estava em cima da moto e prestes a colocar o capacete, algo lhe chamou atenção. Há cerca de 5 metros de distância, do outro lado da rua, ele avistou uma jovem mulher com mechas brancas em um ponto de taxi, ao lado de outra garota.


– Vampira ? – Perguntou para si mesmo. Ele não tinha certeza se era ela, mas depois ele viu que a garota também usava luvas. Logo, confirmou que realmente era ela.


– Vampira ! – Ele se levantou da moto e gritou, mas ela não ouviu. Quando ele começou a ir em sua direção, Vampira e Jubileu entraram em um taxi.


– Droga ! – Gambit imediatamente colocou o capecete e subiu novamente na moto. Assim que deu a partida, foi desesperamente atrás daquele taxi.


No entanto, apesar de sua velocidade e agilidade, ele perdeu o taxi de vista em meio aos outros carros. Afinal, havia mais de um taxi como aquele. Gambit até passou olhando para dentro dos carros na esperança de encontrá-la, mas não adiantou. Já que tinha a perdido, ele preferiu parar para descansar. Assim que tirou o capacete, o seu cabelo e rosto estavam molhados de suor. Por questão de segundos ele perdeu a sua misteriosa garota de vista.


Merde ! – Disse Gambit, desapontado consigo mesmo. Vampira, novamente, tinha escapado dele.


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