Meu Querido Chefe escrita por Anonymous Writer, Yumenaya


Capítulo 2
Novo emprego




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/383874/chapter/2

Um ano depois, Aya terminou a escola e lutou muito com sua mãe pela liberdade de ir à faculdade para obter um diploma em administração de empresas. Para sobreviver, ela teve de trabalhar infinitas horas num bar de estudantes, combinado salário baixo com refeições gratuitas. Aos 21 anos, Aya conseguiu seu primeiro emprego numa firma de importação em Piraeus, onde, por mais duro que trabalhasse, seus colegas do sexo masculino recebiam o reconhecimento, mas ela ficava apenas com as tarefas administrativas rotineiras. Quando ela viu um anúncio na internet, no ano seguinte, para um cargo bem remunerado de assistente pessoal nas Indústrias Black, não perdeu tempo se candidatando.

Sirius Black tinha rapidamente se cansado de trabalhar para seu pai bilionário no negócio de transportes marítimos da família. Separando-se, ele fundara a Black Industries aos 24 anos, ganhara milhões e já estava a caminho de se tornar um magnata formidável por seu próprio mérito. “O Tubarão”, a revista Time o rotulara num artigo, elogiando a rapidez com que ele derrubara sua reputação de piloto playboy para demonstrar seu valor como empreendedor perspicaz.

Como parte do processo de seleção de emprego, Aya recebeu tarefas que deveria executar em um dia. Foi uma experiência árdua, trabalhando contra o relógio e lidando com personalidades difíceis, mas, 48 horas depois soube que tinha passado naquela primeira fase e ganhado uma entrevista com Sirius. Ela ficou surpresa que ele participasse tão ativamente do recrutamento.

No momento em que entrou no escritório sofisticado de Sirius, em Atenas, vestida em suas melhores roupas, ela estava uma pilha de nervos. Magnífico em seu terno preto, Sirius a estudou.

- Fiquei surpreso em ver seu nome na pequena lista dos aprovados na primeira fase.

Aya o olhou, notando a dureza que o tempo adicionara às feições fortes dele. Os cabelos, antes compridos, agora estavam curtos.

- Eu só quero que alguém me dê a chance de fazer um trabalho em que eu possa usar o meu cérebro...

- E você acha que eu posso lhe dar essa chance?

- Não acho que você vai me rejeitar porque eu nasci na Inglaterra...

- Um pensamento otimista para alguém que não gostava de mim – zombou Sirius, preguiçosamente. – Mas está certa. Eu não me importo de onde você vem, só estou interessado em quem é agora. O que poderia me oferecer como funcionária?

- Eu sou muito discreta e trabalho depressa e arduamente. Também tenho boas ideias...

- Todos tem boas ideias. Eu nem sempre quero ouvi-las.

- Tenho ótimo senso de organização e posso assumir responsabilidades.

Sirius estudou-a com intensidade, enquanto ela mudava de posição, subitamente muito consciente de cada defeito físico seu. Era como se a perfeição masculina dele acentuasse seus defeitos. Seu cabelo vibrante estava preso num coque francês, seus olhos verdes brilhavam contra a pele clara. Com seios e quadris generosos, Aya sentia que lhe faltava altura para carregar suas curvas com classe. Sua cintura era estreita, e suas pernas, delgadas. Kate sempre se recusara a lhe contar quem era seu pai, e Aya tinha dúvidas se até mesmo sua mãe sabia. Certamente, ela não herdara as pernas longas e cabelo loiro de sua mãe.

- O cargo disponível envolveria trabalhar diretamente comigo.

Aya entendeu por que estava sendo entrevistada pelo próprio chefe.

- Eu gostaria de saber exatamente o que o cargo envolve.

- O candidato vencedor irá cuidar de tudo que eu não tenho tempo. Ele ou ela viajará comigo com frequência, e as horas serão longas. O trabalho vai cobrir tudo, desde marcar horas com meu alfaiate até comprar presentes no meu nome e barrar as mulheres que eu não quero mais ver ou falar – explicou Sirius sem rodeios. – É um cargo que demanda considerável confiança da minha parte. Uma cláusula sobre sigilo será incluída no contrato do emprego, tornando ilegal compartilhar quaisquer revelações sobre mim ou sobre meu estilo de vida com a empresa.

Na verdade, Aya se sentia atônica pela extensão do que estava sendo oferecido. Mesmo que as funções não fossem exatamente o que procurava, qualquer posição trabalhando diretamente par Sirius acrescentaria crédito ao seu currículo.

- Eu quero contratar alguém capaz de fazer qualquer coisa que eu pedir a qualquer hora do dia...

- Uma escrava? – Aya falou, então desejou retirar as palavras ao ver as feições incríveis dele enrijecerem.

- Uma muito bem remunerada. Eu não trabalho pelo relógio. Nem quero alguém que conte as horas ou exclua certas tarefas.

Aya assentiu, aflita pela perspectiva de viajar, e racionalizando que era livre como um pássaro, e capaz de lidar com um papel tão exigente. Na semana seguinte, ela foi informada de que conseguira o emprego. O valor do salário lhe tirou o fôlego. No seu primeiro dia, Aya chegou em seu traje mais novo.

- Você precisa modernizar seu guarda-roupa de trabalho – Sirius a informou assim que a viu. Ignorando o rubor que cobriu o rosto de Aya, entregou-lhe um cartão de crédito. – E, desta primeira vez, pode fazer isso à minha custa...

Aya ficou tensa.

- Isso não é necessário...

- Olhe no espelho. Você está desmazelada – interrompeu ele. – E eu sempre decido o que é necessário.

Sentindo-se censurada, Aya pegou o cartão e foi a uma loja sofisticada naquela mesma tarde, de onde saiu com roupas que colavam ao corpo e sapatos de salto alto que sempre considerava inadequados num ambiente de trabalho. No terceiro dia, usava uma saia acima dos joelhos, que acentuava a curva de seus quadris, e uma blusa justa, que marcava o formato e o tamanho de seus seios. Não gostou do seu reflexo, não parecia profissional.

- Vire-se – instruiu Sirius, estudando-a com olhos críticos. – Melhorou imensamente.

- Eu prefiro uma aparência mais formal – disse ela.

Os olhos azuis acinzentados com brilho dourado sorriram enquanto ele absorvia a postura rígida de Aya. Então ele sorriu.

- Você é jovem e bonita. Aproveite tais qualidades enquanto pode.

Quando Aya olhou para o rosto maravilhoso de Sirius, uma onda de sensualidade envolveu todo o seu corpo, o que a enervou, porque não queria se sentir daquela forma pelo seu chefe. Mas, embora lutasse contra aquilo, sentiu-se lisonjeada pelo simples fato de que aquele homem, que saía com algumas das mulheres mais lindas do mundo, considerava-a “bonita”. Subitamente, os saltos altos e a saia curta não pareciam mais uma má ideia.

A equipe de Sirius era toda de funcionários masculinos, e Aya foi assiduamente ignorada até a primeira vez em que ele lhe telefonou no meio da noite, para que ela o ajudasse com uma pequena crise, e os funcionários descobriram então que tinham de contatar Sirius através dela. Mais tarde naquela semana, com o “gelo” quebrado, ela perguntou para um dos homens por que eles a excluíam tanto.

Remus lhe deu um olhar sem graça.

- Mais cedo ou mais tarde, as funcionárias do sexo feminino acabam na cama de Sirius – contou ele relutantemente. – E isso nos deixa desconfortáveis. Depois de uma ou duas semanas, Sirius sempre transfere essa pessoa do escritório principal para outro trabalho. Nós conhecemos o esquema. Quatro mulheres já entraram e saíram dessa seu cargo num curto período de tempo.

Aya exibiu um sorriso calmo.

- Isso não vai acontecer comigo. Ficarei aqui por um longo período de tempo.

Mas aquele aviso também a deixou vigilante perto de Sirius, embora logo tivesse percebido que a culpa era raramente dele. Inúmeras mulheres literalmente se jogavam em cima de Sirius na primeira oportunidade que tinham. A vida sexual dele chocava-a, pois a natureza de seu trabalho significava que via todas as mulheres que o rodeavam. Durante o segundo mês em que ela estava trabalhando lá, ele passou a noite no seu iate com duas modelos gêmeas, Katty e Kerry, que mal podiam articular uma sentença inteligente entre elas.

- Leve-as às compras – Sirius instruiu Aya na manhã seguinte, dando-lhe um cartão de crédito. – E não olhe as etiquetas de preços.

Aya viajou para a praia de lancha com as duas louras dando risadinhas. E, enquanto as escoltava para as butiques exclusivas, foi obrigada a ouvir sobre as habilidades sexuais de Sirius na cama. No momento em que se separou das gêmeas, estava furiosa e determinada a nunca mais ter de repetir a experiência. Abordou Sirius com o assunto ao encontra-lo no deck assim que retornou ao Sea Queen.

- Por favor, não me ponha novamente numa posição na qual eu tenho de ouvir suas amigas discutindo sua performance sexual da noite anterior – Aya falou com raiva, os olhos verdes brilhando como esmeraldas.

Sirius a olhou por um momento, então caiu na gargalhada.

- Qual foi a minha nota? Recebi zero ou fui considerado um herói?

- Isso não é algo que quero discutir com meu patrão. – Aya assegurou, irritada pela recusa dele em levar sua objeção a sério.

- Você é muito puritana – disse Sirius, magnifico num calção de banho. – Isso me surpreende. Ambos tivemos pais liberais a esse respeito, entretanto, a experiência parece ter nos afetado de modo diferente. Sexo era considerado diversão, e nunca foi um assunto sério enquanto eu crescia. Prefiro mantê-lo assim agora...

- Eu não sou puritana – protestou Aya, embaraçada pela referência ao estilo de vida promíscuo de sua mãe. Aquela era uma parte do passado da qual não gostava de ser lembrada.

- Aya... a visão de duas mulheres tomando café comigo esta manhã a ofendeu – apontou Sirius. – Mas você não deve exercitar suas convicções morais enquanto trabalha para mim. Não estou interessado em sua opinião. Minha vida particular é... minha. Eu só quero que você faça seu trabalho.

Endireitando os ombros, Aya o interrompeu:

- E eu lhe disse que tenho limites. Essa manhã, Katty e Kerry ultrapassaram esses limites. Fiquei envergonhada em estar em público com elas, que se vestem, se comportam e falam como prostitutas.

- Eu não durmo com prostitutas – reprovou Sirius com firmeza. – Mais uma sugestão nestas linhas, e você está despedida.

Ultrajada por aquela atitude, Aya retrucou:

- Porque eu tenho padrões? Porque eu espero ser tratada como profissional durante o meu dia de trabalho?

- Você não tem padrões, tem a mente estreita. Eu a avisei, antes de contratá-la, que esperava que você lidasse com tudo...

Determinada a não ser intimidada pela raiva que via nos olhos azuis, Aya ergueu o queixo.

- Katty e Perry foram um passo longe demais...

- Se você não pode seguir ordens, não me serve. Eu não vou tolerar membro algum da minha equipe me dizendo o que posso ou não posso fazer, ou reclamando sobre as responsabilidades que lhe dou – declarou Sirius. – Portanto, se a situação é essa, limpe a sua mesa e eu a mando de volta para Atenas de avião.

Com a cabeça erguida, Aya entrou para empacotar seus pertences. Como Sirius Black ousava chama-la de puritana? Somente porque ele dormia com inúmeras mulheres e não procurava por nada além de beleza e sexo de suas parceiras!

A promiscuidade de Kate deixara Aya muito cautelosa ao lidar com o sexo oposto. Como poderia não ter sido influenciada pelo desprezo que o estilo de vida de Kate despertara em tanta gente? De todas as maneiras possíveis, Aya traçou uma linha divisória entre sua vida e a de sua mãe. Nunca usava roupas reveladoras. Não flertava com homens casados. Era contra sexo casual. Tivera apenas três relacionamentos... Lucius e dois na faculdade, que haviam terminado depois que seus namorados não conseguiram o que queriam. Um galanteador altamente sexy como Sirius Black era o pior pesadelo de Aya na procura por um parceiro.

Aya retornou, via Atenas, para a ilha Speros, onde Kate logo arrancou da filha a confissão de ter sido demitida.

- Por que você simplesmente não riu daquelas mulheres? Por que leva tudo tão a sério? – protestou Kate. – Você é sua pior inimiga... Consegue o emprego de sua vida, e o arruína em seguida!

- Eu não preciso disso, mamãe. – Aya suspirou. – Mas não se preocupe. Ainda posso cobrir seu aluguel pelos próximos dois meses, e, até lá, devo ter arrumado outro emprego.

- Com certeza não vai achar um tom bem remunerado. O que deu em você?

- Não gosto do estilo de vida ou das atitudes dele, e no cargo que ocupo não posso evitar participar, de certa forma, destas coisas.

Kate lhe deu um olhar zombeteiro.

- Você sente desejo por ele e está com ciúmes...

- Não! – exclamou Aya, incendiada por aquela acusação.

- Ele é maravilhoso. Eu não o rejeitaria – replicou Kate com expressão maliciosa.

Aya resistiu á vontade de apontar que sua mãe não rejeitava os homens de um modo geral. Na casa dos 40, Kate não era mais a garota sedutora que fora um dia, e havia menos homens em sua vida. Dezoito meses tinham se passado desde que Aya chegara em casa para encontrar um garotão morando com sua mãe. Mas a mera sugestão de Sirius e Kate juntos lhe causou náuseas, e esse conhecimento a fez perder o sono naquela noite.

Estaria mais atraída por Sirius do que queria admitir? Sentira-se mortalmente ofendida por Katty e Kerry porque elas haviam compartilhado a cama de Sirius? No fundo, tinha inveja das gêmeas livres e sexualmente confiantes? Tremeu com a suspeita. Sim, Sirius era lindo e perfeito como um Deus Grego, mas ter ciência disso não significava que ela estivesse atraída por ele, certo? E, mesmo se estivesse, que diferença fazia? Aya era uma mulher comum, e Sirius só se envolvia com mulheres deslumbrantes. E, mesmo se ele tivesse um momento de fraqueza, ela era muito mais sensata para cair em tentação. Mortificada pela suspeita de que podia não ter tanto preconceito ou princípios morais quanto acreditara, Aya passou a noite em claro.

No dia seguinte, retornou a Atenas e ao apartamento que dividia com duas outras mulheres, a fim de procurar um emprego novo. Mas logo descobriu que o fato de ter trabalhava muito pouco tempo com Sirius prejudicara sua imagem aos olhos dos outros. Um mês depois, estava menos zangada com Sirius e mais zangada consigo mesmo por ter estragado suas perspectivas de carreira. Naquela altura, sua manifestação impulsiva sobre valores morais lhe parecia mais tola do que corajosa.

Esse era o humor no qual se encontrava quando a campainha tocou uma noite e ela abriu a porta para ver um dos homens da equipe de segurança de Sirius.

- Senhor Black gostaria de lhe falar. Tenho um carro esperando do lado de fora por você – ofereceu ele, ante de virar-se e começar a descer, como se nem passasse pela sua cabeça que Aya ousaria recusar o convite.

Aya recuou, olhando-se no espelho do hall. Seus cabelos recentemente lavados, caíam em ondas vibrantes sobre os ombros. Vestia bermuda jeans e uma camiseta sem mangas. Ergueu o queixo. O que Sirius queria? Ela poderia simplesmente negar a oferta de um encontro, então morrer de curiosidade depois, completou. Pegando sua bolsa, saiu e bateu a porta.

Sirius tinha um apartamento luxuoso em Atenas, apenas uma das muitas propriedade que possuía ao redor do mundo, uma vez que já herdara diversas da família paterna. Ela se recordava de uma casa em Veneza, um castelo no sul da França, uma casa em Nova York, um alojamento de esqui na Suíça e uma fazenda na Austrália. Cuidar daquelas propriedade havia sido responsabilidade sua, e estivera ansiosa para visitar cada um daqueles lugares em algum momento.

Sirius estava ao telefone, falando em francês, quando Aya foi conduzida para uma enorme sala de estar, com móveis de design arrojado e muitas esculturas de arte moderna. Vestido numa calça de linho e camiseta aberta, Sirius estava descalço, claramente recém-saído do banho. Os cabelos pretos rebeldes estavam úmidos, uma barba despontando no maxilar forte e acentuando a boca incrivelmente sensual.

Apenas olhar para ele causou um tremor interno em Aya. Ela engoliu em seco.

- Você queria me ver?

Sirius gesticulou uma mão, indicando que ela esperasse até ele terminar o telefonema, e ela imediatamente quis gritar com ele de novo, que a obrigada a atravessar a cidade às 7h da noite e ainda estava colocando seus próprios desejos em primeiro lugar. E sempre seria assim, reconheceu. Sirius estava parado ali, mais lindo do que em qualquer mortal tinha o direito de ser, sentindo que o mundo era seu, porque era um Black bilionário de sangue azul e puro. Na vida dele, pessoas sempre largavam tudo a fim de correrem para atendê-lo. Tinha sido desta forma desde que Sirius nascera.

Orion Black havia idolatrado seu único filho. Sirius tivera um guarda-costas antes que pudesse andar. Uma criança mais fraca teria ficado marcada por uma criação tão protetora, mas Orion descobrira que ele enfrentava batalhas quando lutava contra o regime de segurança rígida a cada passo do caminho. Sirius tinha participado de esportes radicais na escola, ido pescar nos velhos barcos dos vilarejos, aprendido a navegar sozinho, aprendido a pilotar. Repleto de energia, sempre desafiara a si mesmo e aqueles ao seu redor. Não permitira que nada ou ninguém o impedisse de ser ou fazer o que queria.

- Desculpe. – Sirius suspirou jogando o telefone de lado. – Sente-se, por favor.

Aya se sentou no sofá ao seu lado, uniu as mãos sobre o colo e lhe deu um olhar interrogativo.

- Eu tentei duas assistentes pessoais desde que você foi embora e rejeitei ambas. Elas não conseguiam fazer o seu trabalho.

- No fim, eu também não consegui – apontou Aya.

- É importante que eu não tenha de lidar com toda a chateação de ser um Black... As propriedades, os convites sociais, meus parentes. Preciso me concentrar nos negócios – disse ele, com impaciência. – Quando não estou trabalhando, gosto de uma vida pacífica. Durante as seis semanas em que você estava no comando, eu desfrutei de paz total. Quero que volte a trabalhar para mim.

Aya ficou tensa. Sentia-se lisonjeada e perturbada ao mesmo tempo.

- Não tenho certeza se isso seria uma boa ideia. Não combinamos.

- Do meu ponto de vista, eu mal notava a sua presença na maior parte do tempo – disse Sirius. – Você é muito quieta.

Não muito satisfeita em saber que era apenas parte do papel de parede na opinião dele, Aya encontrou-lhe os olhos azuis acinzentados.

- Presumi que fosse isso que você queria.

- Por que está sempre tão tensa? – questionou Sirius, franzindo o cenho. – Você se comportava assim perto de mim mesmo quando era criança. Olhe sua postura agora... Sentada aí, imóvel, como se estivesse esperando ser jogada numa piscina de tubarões famintos!

Num movimento defensivo, Aya cruzou os braços.

- Eu nunca sei o que você vai fazer ou falar a seguir. Isso é... Enervante.

- Pode aprender a conviver com isso. Se você voltar ao trabalho amanhã, eu dobro o seu salário. – murmurou Sirius sedosamente, observando o sol lançar mechas douradas nos cabelos castanho-avermelhados dela, os quais eram mais longos do que ele tinha notado, e surpreendentemente atraentes. Em geral, gostava de loiras, não de ruivas, mas, pela primeira vez, notou a beleza daquela cor de cobre, particularmente em contraste com a pele clara e perfeita de Aya.

- Mas eu ainda nem disse se voltarei, e oferecer dobrar meu salário é uma extravagância!

Sirius sorriu.

- Eu tenho condições de ser extravagante. Se o fato de precisar lidar ocasionalmente com as mulheres de minha vida a incomoda, você pode contratar uma assistente para fazer isso em seu nome. Eu não me importo.

O fato de Sirius querê-la tanto de volta era um elogio à sua eficiência. Ele estava lhe oferecendo um salario incrível para fazer um trabalho que ela gostava. Com aquela quantidade de dinheiro entrando, Aya não precisaria mais se preocupar que Kate atrasaria com os aluguéis, e poderia comprar uma casa para as duas.

- Tudo bem – concordou Aya. – Eu recomeço amanhã.

- Você não arrumou outro emprego, certo?

- Eu não pude encontrar uma desculpa boa o bastante par deixar a empresa depois de somente seis semanas! – respondeu ela de maneira fervorosa.

Sirius riu.

- Onde estava sua esperteza? Você poderia ter dito que eu tentei assediá-la. Com a minha reputação, todos teriam acreditado.

Aya enrubesceu e desviou o olhar.

- Essa ideia nunca me ocorreu.

Provavelmente porque também não lhe ocorrera que alguém acreditaria que ela o teria rejeitado se Sirius tivesse mostrado interesse, reconheceu Aya com tristeza.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!