Stranger escrita por Okay


Capítulo 11
Imprevisto.


Notas iniciais do capítulo

Beijos & Boa leitura! ♕
Capítulo revisado e reescrito 02/09/2018



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Capítulo 11 — Imprevisto.

O filme já havia ficado para trás, sendo ignorado assim como as roupas que estavam ao chão. Lucas respirava ofegante, seu corpo estava quente e suado, tanto pelo o que houve, quanto pela vergonha que tentava ocultar. Se sentia constrangido e puxava a coberta para cobrir seu corpo.

Gustave havia lhe despido e lhe tirado da seca. O loiro não se lembrava da última vez que havia recebido um boquete como aquele, ainda respirando pesadamente. Gostaria de retribuí-lo, mas sua vergonha o impedia. Não era como se Lucas fosse o homem mais casto do universo, mesmo assim, o ex-namorado fazia-o se sentir como um garoto inexperiente mais uma vez.

O loiro foi abraçado por ele na cama, recebendo um beijo na testa em seguida. Gustave conseguia ser o dono do olhar mais meigo do mundo, com seus olhos castanho-claros e cabelos da mesma tonalidade. Também era o dono da voz mais pacífica que conseguia se lembrar, não importava qual assunto fosse, Lucas sempre se derretia ao ouvi-lo falar. O sorriso dele era outro grande ponto forte que ele carregava, o conjunto de todas essas coisas eram armas fortes contra o seu frágil coração indefeso.

Lucas não queria se apaixonar e negava estar apaixonado. Não sabia dizer o que sentia por Gustave, mas era algo forte, gostava de estar em meio aos braços dele e mais ainda de seus beijos, mas todas aquelas sensações pareciam erradas para o loiro. Era como um fardo, queria estar entregue a ele naquele momento e ao mesmo tempo, queria loucamente estar com outra pessoa.

Cochilaram naquela tarde, acordando perto das nove da noite, onde assim Gustave convidou-o para passar a noite, convencendo-o com a sua voz sedosa e seus olhos brilhantes. Lucas não teve como negar, rindo baixinho com a maneira que ele fazia tudo parecer tão simples, como se vivesse em um universo paralelo onde os relacionamentos eram fáceis de se lidar.

Jantaram juntos e o loiro aproveitou para ajudá-lo na limpeza em seguida, reparando que em alguns momentos, Gustave parava para encará-lo, sorrindo bobamente. Ao vê-lo lhe encarando mais uma vez, resolver indagar:

— O que foi, Gus? Por que tá me olhando desse jeito?

— Você não vai querer saber da resposta. — Ele riu de antemão.

— Por que, não?

— É obsceno. — Gustave continuou a guardar os talheres.

— Agora vai ter que falar. — Lucas insistiu.

— É que a sua bunda é coisa de outro mundo. — Revelou, vendo-o ficar em choque em seguida. — Tá vendo? Eu disse que era inapropriado.

— Não, tudo bem quanto a isso. — O loiro segurou a risada. — Eu só achei estranho.

— Eu acho uma benção divina. — O ex lhe deu uma piscadela. — É sério, você sempre teve bundão, mas você cresceu mais desde quando a gente era moleque, sua bunda hoje é enorme. 

— Por favor, enorme também não. — Riu com ele. — Eu estou só no pó de tanta magreza e você me fala isso.

— Você é magrelo sim, mas olha só como a sua calça tá larga embaixo e apertada na bunda. — Gustave observou, caminhando para perto dele.

— Gostaria que você parasse de encarar a minha bunda, por gentileza. — Lucas falou, brincalhão, ficando de frente para ele.

— Pode deixar. — Envolveu-o no quadril, escorregando os dedos para baixo, agarrando ambas as partes carnudas com suas duas mãos.

— Ei! — O loiro reclamou, ao mesmo tempo que ria

— Eu não estou olhando.

— Mas também não precisa ficar apalpando. — Lucas ria com o atrevimento, tirando os braços dele de si.

— Ou eu te olho, ou te apalpo, me privar dos dois é castigo. — Brincou com ele, dando-lhe um beijo na bochecha. — Brincadeira, tá? Não fica chateado comigo.

— Eu sei que é brincadeira, por que eu ficaria mal?

— Eu mal sei do que você gosta ou não e já estou agarrando a sua bunda. — Gustave mordeu o lábio, receoso. — Me desculpe por forçar a barra da intimidade.

— Fica tranquilo, Gus. — Lucas terminou de guardar os pratos. — Se eu não tivesse gostado, você iria saber.

— Então tudo bem. — Sorriu. — Quer assistir outro filme?

— Dessa vez a gente vai assistir mesmo? — O loiro soltou uma risada debochada, indo com ele ao quarto.

Segunda-feira, 1 de outubro de 2012.

— Bom dia, Lu. — Gustave sussurrou, voltando a distribuir beijos carinhosos pela nuca do loiro.

— Nhm, bom dia. — Murmurou, virando-se para ele, esfregando os olhos em seguida.

— Tá com fome?

— Não se preocupa comigo, eu nunca tomo café da manhã. — Lucas falou, ainda deitado.

— Nem vem, aqui em casa você não vai sair sem comer. — Riu, olhando para a expressão preguiçosa do loiro. — Eu vou preparar umas torradas e uns ovos mexidos com bacon, que tal?

— Não precisa mesmo. — Sorriu, manhoso. — Se você me der uma carona hoje, já vai me ajudar muito.

— Mas é claro que sim, meu Deus! — Agarrou-o na cama, lotando-o de beijos. — Como é que você pode ser tão fofo?

Lucas ria alto com as cócegas que o rosto dele fazia em seu pescoço, sentindo todo o carinho dele sendo exalado. Abraçou as costas dele, olhando em seus olhos e em seguida dizendo:

— Eu nem escovei os dentes, estou com bafo.

— Tem uma escova de dentes nova no meu banheiro, pode usar ela. — Gustave saiu de cima de seu corpo. — É bom assim porque já facilita nas próximas vezes que você vier, ela já fica sendo sua.  

— Você vai me acostumar mal. — O loiro riu, se levantando. — Eu vou lá então, já volto. 

— Por favor, fique à vontade, Lu. Eu vou preparar o nosso café. — Afirmou, retirando-se do quarto.

Lucas escovou os dentes, não tendo paz, pois não conseguia parar de pensar na cena que cismava em vir em mente. Jogou água gelada no rosto para despertar, ainda tentando não lembrar-se de Marcus.

Terminou de se arrumar e foi ao quarto. Parou para olhar as horas em seu celular, percebendo que tinha uma nova mensagem de um número confidencial. O SMS era composto por poucas palavras, que já foram o suficiente para que se sentisse abalado pelo restante do dia. 

“Sentirei sua falta. (Marcus)”

Não entendia como ele havia conseguido o seu número e muito menos o porquê do número dele ser confidencial. Ao menos ele tinha se identificado e a resposta para quem poderia ter lhe dado seu número era clara.

Tentou não parecer transtornado quando foi à cozinha, querendo esquecer a mensagem. Lucas estava sem apetite, mas se forçou a beliscar o que Gustave havia preparado com tanto carinho. Olhava para o rosto angelical e sorridente dele, mal vendo a hora de que iria sentir amor por ele plenamente, porque no momento, não podia negar que estava dividido. E o mais irônico, por quem tinha rejeitado há alguns dias.

— Quando for a hora de ir, me fala, não quero te atrasar. — Gustave avisou, tomando um gole de suco.

— Relaxa, ainda tem um tempinho, eu que não quero te atrapalhar. — O loiro rebateu.

— Não se preocupa com o meu horário, hoje eu vou entrar um pouco mais tarde. — Gustave informou. — Isso tem o lado bom, mas também tem o lado ruim, como não poder voltar pra casa tão cedo.

— Então a gente não vai se ver hoje? — O loiro indagou, mordendo uma das torradas.

— Bom, eu não posso garantir o horário que eu vou chegar, mas se você quiser, eu posso ir te buscar e voltar para o trabalho e a gente se encontra de novo depois.

— Não, não precisa se preocupar em me buscar. — Lucas explicou.

— Mas fica tranquilo, se eu sair um pouquinho mais cedo te aviso, tudo bem? — Gustave falou, abrindo outro sorriso que iluminava o local.

Lucas andou até a livraria, era estranha a sensação de chegar ao trabalho sem antes ter passado em seu apartamento, pensando que talvez daquele momento em diante teria que se acostumar com aquilo. Lembrou-se de que teria que verificar se havia algum uniforme disponível, caso contrário, precisaria voltar ao apartamento para pegar o seu. 

Registrou a sua entrada e verificou a disponibilidade de um novo uniforme, indo ao depósito, ligando a luz. Ao andar pelo local, assustou-se ao deparar-se com Alberto, calado em um canto.

— Que susto, Al! — Lucas reclamou. — Por que estava aqui no escuro?!

— Me desculpa. — Falou, enxugando os olhos. — Eu só não queria que ninguém soubesse que eu vim pra cá, precisava de um tempo sozinho.

— Mas o que aconteceu para você estar assim logo pela manhã?

Olhou para ele, se compadecendo daquele homem adulto que chorava sozinho e no escuro de um depósito. Seus cabelos de um tom escuro de loiro estavam bagunçados, e seus olhos castanhos estavam avermelhados e inchados, o que poderia indicar que ele não havia chorado pouco.

— Por favor, não é nada. — Alberto tentou disfarçar a voz que estava evidentemente manhosa pelo choro.

— Vem cá, me dá um abraço. — Abriu os braços. — Eu não sei o que é, mas um abraço é sempre bom.

— Você é uma graça. — Abraçou Lucas, apertando-o com força, afastando-se quando ele começou a rir com o seu gesto.

— Eu não tenho amigos, então se você quiser desabafar comigo, eu vou ficar feliz em te ouvir. — Sorriu, encarando Alberto de perto, somente agora reparando na pequena pinta que ele tinha logo acima da sobrancelha esquerda.

— Não tem amigos?

— Nenhum. — O loiro admitiu. — Eu não costumo sair, tipo, nunca. Além do mais, as únicas pessoas que eu conversava eram os meus antigos colegas de faculdade, que eu provavelmente não vou ver mais agora que eu tranquei o curso.

— Poxa, que deprimente. Estamos praticamente na mesma situação, então. — Alberto falou.

— Por quê?

— Sabe o Marcus?

— Claro. — Lucas falou, sentindo seu coração começar a bombear com força. — O que tem ele?

— Eu sou o melhor amigo dele, conheço ele a vida toda e sinto que eu não estou recebendo a mesma consideração dele. — Se queixou. — É algo bobo, eu sei.

— Não, é claro que não é. Se te incomoda, não é bobo. — Lucas sensibilizou-se. — Olha, nem sempre a pessoa considera a gente como a gente considera ela, essa é uma coisa que eu aprendi da maneira mais difícil.

— Eu só gostaria que ele pudesse me contar do porquê decidiu do nada viajar e nem faz questão de me dizer para onde.

— Viajar? — Lucas, sem perceber, deixou transparecer toda a sua curiosidade.

— Bom, ele é imprevisível, sempre foi assim. Dessa vez ele está muito mal por alguma coisa que eu também não posso saber. — Reclamou. — O pior é que eu não sei nem mesmo se fui eu que o magoei desse jeito, parece ser algo muito sério e ele não quer me contar.

— Relaxa, ele deve ter seus motivos, não significa que ele não se importe com você, talvez por se importar com você que ele não conte. — Lucas falou, sentindo a consciência pesar, imaginando que Marcus provavelmente estaria chateado pelas suas palavras de outro dia.

— No fundo, eu só estou preocupado com ele, essa é a verdade, mas obrigado mesmo assim. — Alberto abriu um sorriso simpático, que sempre emoldurava bem o rosto quadrado e charmoso dele.

— Eu entendo como é. 

— Obrigado por me ouvir. — Alberto recuperou a expressão carismática de sempre. — Bom, agora vou voltar ao trabalho... Eu posso te ajudar em alguma coisa?

— Bom, eu estava procurando um uniforme por aqui, eu esqueci de lavar o meu. — Mentiu. 

— Ah, acredito que chegaram uns de manga longa. — O supervisor de vendas informou, já recuperado. 

— Melhor ainda se tiver. — Lucas afirmou, seguindo-o.

O loiro agradeceu-o após receber um novo uniforme, indo ao banheiro trocar-se. Agora era a sua vez de voltar ao trabalho, não sabendo quando conseguiria concentrar-se, principalmente agora que não conseguiria parar de pensar em onde Marcus estaria e o que se passava pela cabeça daquele homem.

Talvez, mesmo distante de si, Marcus estava tentando lhe passar algum recado, talvez a mensagem de mais cedo poderia significar que estava arrependido de tudo ou envergonhado, indo para longe para acabar de uma vez por todas com aquele teatro esquisito que tinha armado nos últimos dias.

Lucas se esforçava para tentar entender quem era aquele homem que tanto se esforçava para se aproximar e que tão rapidamente havia conseguido ganhar um pedacinho de seu coração. O jeito malandro e sarcástico dele de ser, junto com a forma abusada de agir, tomando iniciativa para se aproximar e demonstrando interesse como uma criança petulante era incrivelmente perturbador e sensual.

O loiro queria entender o que tinha em si que tanto atraía aquele homem que parecia lhe confundir com alguém, sabia que nunca seria como a pessoa que aquele homem tanto falava, mas no fundo, sentia que podia ter sido especial para ele como esse possível amante dele foi no passado.

Para livrá-lo daqueles pensamentos, Gustave lhe mandou uma mensagem carinhosa, dizendo que estava indo ao trabalho, desejando-lhe um ótimo dia e prometendo beijos calorosos na próxima vez que se vissem. Lucas podia ter afastado um homem com um potencial e tanto para fora de sua vida, mas havia ganhado outro.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Capítulo feito com carinho, deixe seu review, mesmo que curtinho! (◡‿◡✿)