Cap. 1

PDV Aneliese

Joguei o travesseiro na cara do Daniel.

-Não vale, você está roubando! -Gritei irritada.

-Você que não sabe perder. -Daniel respondeu rindo.

Ele inclinou o corpo para o lado como se fazendo isso ele podia fazer o carro inclinar junto com ele, estávamos jogando video game no sofá da sala, mamãe provavelmente estava fazendo o almoço na cozinha e papai estava no escritório. Esqueci de me apresentar, me chamo Aneliese, mas não me chame assim se não quiser levar um soco, chame de Lisa e esse chato que está roubando no jogo é o meu irmão Daniel, somos gêmeos muito parecidos, mas por alguma brincadeira da genética eu tenho os olhos castanhos e ele tem os olhos verdes... Ô inveja!

-Não quero mais jogar! -Falei jogando o controle no chão.

-Deixa disso irmãzinha. -Ele deu pausa no jogo e ficou me olhando com aquela expressão, como se dissesse: Deixa de ser infantil!

-Não me chame de irmãzinha como se fosse vinte anos mais velho que eu! -Resmunguei irritada.

Temos onze anos, mas o Daniel nasceu quinze minutos antes de mim e sempre passa na minha cara o fato de ser "mais velho". Isso enche o saco.

-Mas eu sou mais velho! -Daniel disse sorrindo sarcástico.

Estão vendo? Enche o saco!

Ouvi o som da campainha soar pela casa, da cozinha nossa mãe grita.

-Alguém abra a porta! 

Daniel e eu nos olhamos por um segundo e gritamos ao mesmo tempo.

-EU ABRO!

Então pulamos do sofá e corremos para a porta, consegui chegar primeiro e abri a porta num rompante. Havia um homem, ele usava uma blusa escura e uma calça jeans, ele sorriu.

-Bom dia, me chamo Neville Longbottom. Vocês devem ser Daniel e Aneliese. -Ele nos olhou penetrante.

Olhei para Daniel e de volta para o tal Neville. Totalmente estranho. Tipo, Hello! Quem é aquele cara e como ele conhece a gente?

-Somos! -Respondemos ao mesmo tempo. 

-Mas continuamos sem saber quem você é. -Eu disse.

-Quem é crianças? -Minha mãe perguntou.

Olhei em sua direção, ela saia da cozinha, estava com um avental cor-de-rosa clarinho. Mamãe era uma mulher muito bonita, ela tinha os cabelos escuros como os nossos e os olhos verdes, seu rosto era cheio de sardas, eu nunca vou entender o que ela está fazendo com o meu pai, vamos combinar que ele não era o homem mais bonito do mundo. Mas quando perguntei a ela uma vez sua resposta foi: Seu pai se mostrou um homem incrível quando eu mais precisei dele, foi então que eu comecei a me apaixonar.

Mas ela nunca me disse que situação foi essa, enfim, ela veio até nós.

-É um tal de Neville Longbottom. -Daniel respondeu, dei uma tapa no braço dele, tem como ser mais mal educado? -Aí! Isso dói sabia?

-Bati para doer mesmo. -Falei.

-Bom dia senhora, me chamo Neville Longbottom, sou professor na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. -Ele disse tirando duas cartas dos bolsos e entregando a mamãe. -Na qual seus filhos tem uma vaga.

-Hogwarts?! -Mamãe ofegou surpresa. -Você realmente disse Hogwarts?

-Espera aí! Que história é essa de magia?! -Daniel perguntou se pronunciando.

-Como pode provar que é um bruxo? -Mamãe perguntou.

-Bruxo? -Perguntei assustada.

Neville levantou uma vareta e fez um floreio, naquele momento a TV começou a pegar fogo.

-NÃÃÃÃÃO! -Daniel e eu gritamos ao mesmo tempo.

Com outro floreio a TV estava normal de novo, meu irmão deixou o queixo cair.

-Isso foi maneiro! -Ele disse dando de ombros.

Mamãe olhou para o Neville de um modo cheio de significados. O convidou para entrar e ficamos na sala.

Eu peguei a carta nas mãos da minha mãe, uma delas tinha o meu nome e outra o do Daniel, dentro havia uma folha que explicava que tinhamos uma vaga naquela escola e  em outra havia uma lista de materiais.

-Que livros estranhos. -Falei. -Onde se compra isso? Com certeza não é em Londres!

Daniel pegou a outra carta e leu.

-Daniel. -Minha mãe chamou a atenção dele, ela estava com uma expressão séria. -Vá chamar o seu pai.

Meu irmão correu escada acima, olhei para a mamãe.

-Então somos bruxos mesmo? -Perguntei.

Mamãe somente acenou com a cabeça.

-E vamos para essa escola? -Meu rosto se iluminou.

-Por mim tudo bem querida, a grande questão é o seu pai. -Ela disse.

-Acha que ele não vai deixar? 

-Digamos que seu pai não tem uma experiência muito boa com bruxos.

-Papai sabia sobre os bruxos?! -Perguntei incrédula.

-Você me chamou Ana? -Papai desceu falando com a mamãe, Daniel vinha logo atrás dele.

Meu pai era um homem alto e forte, não era tão gordo quanto antigamente, mamãe diz que ele melhorou muito desde que se casaram, tinha os traços fortes e um bigode enorme, ele me lembrava um pouco o Mário Bros, só que loiro.

-Papai o senhor sabia que éramos bruxos?! -Perguntei de repente, não pude me conter.

-Então isso é sério? -Daniel me fitou surpreso.

O rosto do meu pai ficou branco. Mamãe levantou e foi até ele.

-Querido, esse homem se chama Neville Longbottom, ele diz que veio de Hogwarts.

-Longbottom... -Papai repetiu. -Me chamo Dudley Dursley. Gostaria de saber o que o senhor faz na minha casa.

-Senhor Dursley, vim até aqui para explicar aos seus filhos que eles são bruxos.

-Isso é impossível. -Papai falou olhando para frente como se de repente fosse assaltado por lembranças.

-Sr. Dursley... -Neville começou novamente, mas foi interrompido.

-Senhor Longbottom, eu estou ciente de tudo que isso implica. Gostaria que o senhor se retirasse. -Papai falou meio frio.

Neville pareceu momentaneamente surpreso.

-Mas senhor... 

-Se retire senhor Longbottom. -Papai falou mais firme.

Então o homem simplesmente sumiu com um CRACK.

-Wow, ele acabou de sumir! -Daniel disse impressionado.

-Papai, eu não estou entendendo nada. -Falei.

Ele olhou para meu irmão e depois para mim, em seguida para mamãe.

-Está na hora de contar a eles. -Mamãe falou serenamente e sorriu.

-Contar o que? -Perguntei.

-Talvez você devesse ligar. Ele deixou um contato. -Mamãe disse nos ignorando.

-Ligar para quem? -Perguntei.

-Faz muitos anos que não falo com ele. -Papai respondeu.

-De quem vocês estão falando? -Eu e Daniel falamos ao mesmo tempo.

Papai e mamãe nos olharam. Mamãe sorriu.

-Eles merecem uma chance Duda, pense nisso.

Papai pareceu um pouco constrangido e suspirou.

-Você tem razão querida. Vou ligar para o Harry.

Então papai subiu as escadas e nos deixou ali com a sensação de que tudo não passou de um sonho.