Acasos escrita por Weelyth


Capítulo 2
Sophia


Notas iniciais do capítulo

Um lugarzinho precário



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A gente cuidava das nossas crianças até onde era necessário, com 10 ou 12 anos, dependendo do peso da criança ela já era levada pelos guardas. Era normal não se apegar a criança, tinha mães que fazia e deixava em casa como um rato, alimentava, dava um lugar para dormir, mas nem com eles falavam, por medo de sentir dor. E tinha aquelas que amavam incondicionalmente, que sofria quando eles eram levados.
" Eu particularmente amei todos os meus 7 filhos, sofri quando eles se foram, mas nunca deixei de ama-los, mas depois percebi que não podia mais ter filhos, e foi quando o distrito parou de me oferecer comida em abundância, eu não era mais fértil, então não tinha o porque ter mordomias."
"Aceitei isso por um tempo, pois tinha minha parceira a escondidas, mas ainda a tinha. Foi quando um homem morreu a queima roupa pelos guardas, por resistir a prisão por ser gay, eu sai pelos portões da frente do distrito, não era mais fértil, então era uma cesta básica a menos para se preocupar"
"Encontrei pelo caminho uns sem tetos, disse que eu era uma escondida - apelido usado para as pessoas que viviam dentro do distrito - e eles não tiveram problemas para me ajudar. A gente viveu durante 5 anos numa casa que dava de frente para praia. A casa por dentro era tão acabada, a casa em volta era cercada por cercas de metal. Ficamos várias semanas sem energia, era tudo bem miserável, mas estávamos juntos, então a gente se animava. Tínhamos nossa plantação, era pobre mas sustentava, épocas de frio a fome era constante."
"Tive uma mulher, casamos espiritualmente mas casamos. A gente se arriscava sair da cerca para dar um mergulho no mar. Quando estávamos juntas a gente não temia. Com toda a nossa coragem, conseguimos armas em carros policiais, baterias para a cerca elétrica e produtos de limpeza no mercado. Não tinha como pegar comida, a maioria estava podre, ou já passava do prazo, a única coisa que conseguimos foi 7 potes de sorvetes. Numa casa de 20 pessoas que só comiam tomates, coco e bananas, o sorvete foi como ter uma festa, como também na vez que acharam uma cabra velhinha numa fazendinha, tiveram medo dela estar infectada, porem todos comeram com vontade. E beberam vinhos com gosto."
Sophia contava essa história com orgulho para todos os "Sem tetos" novos, e todos achavam uma inspiração. E aquela foi a ultima vez que ela contou sua história, porque na troca de casa, ela foi devorada.


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