Srtª Gatuxinha escrita por Une amie jaune


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Essa história foi escrita há muito tempo na minha sala de aula só por diversão. Finalmente consegui editá-la para que ela fosse legível rs
Espero que goste, qualquer erro gramatical ou de digitação, gostaria de ser avisada.
Torço para que a formatação não saia estragada, qualquer coisa estranha, me perdoe - ou reclame com uma review lol.
Boa leitura.



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– Aqui, Aline, já estou ligando o computador pra te mandar as receitas por e-mail. Digitalizei o livro de receitas da minha vó, foi dele que eu fiz aquela lasanha do almoço, não estava boa?

– Estava uma delícia, quero fazer uma assim lá em casa.

– Qualquer dia desses você e o Eduardo podem vir aqui almoçar de novo, a gente adora cozinhar, aí nós vamos pro cinema assistir outro filme, o que você ach... – Valéria, infelizmente não pôde concluir o raciocínio, porque o que leu no computador era chocante – MAS O QUE É ISSO?

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Rafael estava em cima de uma mesa. Ele estava muito doido enquanto rebolava e tirava a camisa, jogando-a longe.

Não era o tipo de coisa que ele estava acostumado a fazer, mas ele estava em uma festa louca com todos bêbados, inclusive ele.

Rebolando também até o chão da mesa, estava o que no momento ele classificava como “o meu macho”, Eduardo.

As outras pessoas da festa gritavam para os dois, acariciando suas pernas, ou se agarravam, deixando-os de lado.

Rafael se aproximou de seu macho e deslizou os dedos em seu tronco nu e suado. O macho envolveu-o e inclinou-o pela cintura, fazendo com que Rafael delirasse.

Então, sem saber como chegou lá, Rafael se viu em um cômodo desconhecido com a cabeça de Eduardo encostada entre as pernas. Ele se sentou e viu que estavam deitados no chão. Em um sofá próximo à parede, viu que dormia um homem nu. Quando se acostumou com a visão, viu que o homem era Jair, amigo e colega de trabalho de Rafael. Na cabeça dele estava amarrada uma bandana do Justin Bieber.

Você deve estar se perguntando: que tipo de trabalho é esse de Rafael para que ele e seus colegas se encontrem numa situação constrangedora como essa? Não, ele não se prostitui, para a infelicidade de muitos aspirantes a clientes. Voltemos à história.

Incrivelmente, o local estava limpo. Rafael se levantou para investigar mais sobre onde estava e, ao abrir a primeira porta, encontrou um banheiro. Mesmo sem saber que lugar era aquele, lavou o rosto antes de continuar a aventura. Ele não sentia dores de cabeça, o que era estranho. Abriu outra porta e encontrou a sala da casa de Jair.

Pelo menos agora ele sabia onde estava. Em cima da mesa onde rebolou há poucas horas, estava o celular de Rafael, que marcava 11 horas da manhã. Cedo para um domingo, na opinião de Rafael. No meio de roupas e garrafas empilhadas, ele encontrou e jogou a camisa da escola sobre os ombros. Rafael é professor.

Se algum diretor sensato soubesse do estado de Rafael, a carreira dele certamente seria abalada, mas, para a sorte dele, o único diretor que talvez soubesse disso estava dormindo sem as calças tranquilamente no lavabo, com a porta aberta. Rafael levou um susto com essa visão.

Ele resolveu acordar Eduardo, voltando pelo caminho de onde tinha vindo. Enquanto andava, sentiu mãos fortes descerem pelas costas e virou-se, encontrando Pedrão, Jair, Jefferson, o diretor Arthur, e Eduardo, todos nus, exceto pela bandana do Justin Bieber de Jair.

Essa visão poderia ser chocante, e provavelmente foi, mas Rafael gostou do que viu, e sentiu toda a matéria de seu corpo se transformar em desejo. Acima de todos, porém, quem atraía os olhares de Rafael era Eduardo, o macho, e foi ele quem Rafael abraçou e beijou enquanto seus colegas os envolviam e os acariciavam.

De forma inconveniente, um celular começou a tocar, e como se tal desagrado não fosse o suficiente, o celular era de Rafael, que de imediato soube que era sua esposa ligando. Ele pediu silêncio e se viu acordando dizendo alô, acordando também a pobre Valéria, a esposa.

Rafael achava-se em seu quarto, na sua cama, nada mais natural.

– Eu estava sonhando com você – ele disse sorrindo para a esposa, e não era bem uma mentira.

Ela sorriu de volta, deitando a cabeça sobre o peito do marido e dando três voltas com os dedos ao redor do umbigo dele. Depois, ela fechou os olhos para voltar a dormir.

Rafael permitiu-se refletir. Ele passou a semana inteira pensando no sábado, hoje, quando ele iria se encontrar com seus colegas de trabalho, na casa de Jair, para comemorar o aniversário dele. Depois de recapitular o sonho esquisito, ele se levantou e foi preparar um café, que tomou em frente ao computador, planejando as aulas da semana.

Depois de terminar as torradas, ele deu uma pausa no trabalho e abriu seu blog. Não era o blog do sério professor Rafael – como se ele tivesse um – mas o blog da “Srtª Gatuxinha”, uma suposta stalker que escreve sobre acontecimentos suspeitos que vê na escola em que estuda. Por acontecimentos suspeitos, entenda gays, principalmente entre os professores Rafael e Eduardo, por quem Rafael, na visão da Srtª, nutre uma paixão secreta – óbvio que a esperta Gatuxinha usa apelidos para se referir aos professores: um é Fofo, o outro Fófis.

Em teoria, esse blog seria um espaço seguro para que Gatuxinha pudesse escrever o que pensa, mas quando a Srtª não passa de uma representação estranha de um professor, e quando esse professor tem uma esposa dormindo a alguns metros de distância, acessar esse lugar secreto deixa de ser reconfortante e passa a ser preocupante.

Ansioso pela festa, Rafael não conseguia controlar os movimentos da perna, que balançava freneticamente para cima e para baixo.

Rafel, ou a Srtª Gatuxinha, escreveu na semana passada sobre uma festa esquisita que os professores estavam combinando de fazer – foi o que ela ouviu quando passou pela sala dos professores com os ouvidos atentos à porta, e sobre o que ela imaginava que aconteceria. Que coincidência engraçada essa opinião da Srtª ser tão parecida com o recente sonho de Rafael.

Infelizmente, ninguém fez nenhum comentário na postagem. Bem que Rafael gostaria de ler algum palpite sobre o que aconteceria na festa. Quem sabe isso lhe desse inspiração para a noite. Mas não.

Falando em Eduardo, Valéria havia convidado ele e sua esposa para almoçarem lasanha hoje. A lasanha já tinha sido preparada por Rafael e por sua esposa e estava aguardando na geladeira o momento de ser assada.

Então, algo inesperado aconteceu. A perna incontrolável de Rafael desconectou o computador da tomada, fazendo com que a tela e tudo mais apagassem. Frustrado, ele tentou se consolar “pelo menos já salvei meu trabalho, não ia fazer mais nada mesmo”, pensou.

Resolveu tomar um banho, mas mudou de ideia. Ele faria uma surpresa agradável para Valéria. Na cozinha, preparou um sanduíche, suco e cortou uma fina fatia de abacate. Entrou no quarto em silêncio e colocou a bandeja de café da manhã ao lado da cama. Deitou-se ao lado de Valéria e acariciou seu rosto.

– Bom dia, amor! – ele cumprimentou enquanto ela abria os olhos – trouxe café pra você – ele era mesmo um cafajeste.

– Bom dia! – ela respondeu e sorriu, recebendo a bandeja das mãos do marido e trocando com ele um beijo delicado – que cavalheiro!

Valéria deu uma mordida no sanduíche e continuou:

– O Eduardo ligou?

– Ainda não, mas vou ligar pra ele pra saber se ele já está chegando.

– Ah, já que eu não vou poder ir para a festa, combinei de sair com a Aline – Rafael tinha sido bastante enfático ao dizer que talvez fosse melhor que sua esposa não fosse, até pela sua falta de intimidade com Jair, o aniversariante.

– Legal, o que vocês vão fazer?

– Vamos ao cinema, talvez eu compre alguma coisinha.

Valéria ainda mastigava quando Rafael lhe deu um beijo no rosto e levantou.

– Vou tomar um banho antes de ligar pro Eduardo, ok?

No chuveiro, ele se permitiu um largo sorriso. Sabia que não conhecia muito bem Jair e que só fora convidado porque eles eram colegas de trabalho, e usou isso como argumento para convencer a sua esposa a não ir. Mesmo assim, havia o risco de Aline, a esposa de Eduardo, aparecer. Agora estava confirmado: ela não ia. Isso era uma bobagem, já que não ia acontecer nada entre ele e Eduardo, mas eles pelo menos tinham chance de passar um tempo sozinhos.

Rafael saiu do banho com a toalha enrolada na cintura e escovou os dentes. Usou a mesma toalha para secar o rosto e saiu do banheiro secando os cabelos, detendo os próprios passos ao encontrar Eduardo sentado na cama, já arrumada. Assustado, cobriu suas partes com a toalha, mas o amigo já virara o rosto.

– Desculpa – disse Eduardo – a Valéria me disse que você estava aqui.

– Tudo bem. Só vou vestir uma roupa – Rafael respondeu se dirigindo ao armário – cadê a Aline?

– Está na sala conversando com a Valéria.

Depois de estar vestido, os dois amigos foram até a sala encontrar suas esposas.

– Bom dia, Aline! – cumprimentou Rafael, estendendo a mão.

– Bom dia! – ela respondeu, se levantando para abraçá-lo.

Ele sentou-se ao lado de Valéria, e ela pediu-lhe com a cabeça em seu ombro:

– Já coloquei a lasanha no forno, daqui a pouco fica pronta. Por que você não arruma a mesa?

Rafael se levantou, caminhando em direção à cozinha. Já tinha dado alguns passos quando virou o rosto discretamente e lançou um olhar para Eduardo, continuando depois a caminhar e entrando na cozinha. O olhar foi entendido como convite e respondido com uma expressão de dúvida se deveria ou não acompanhá-lo. Por fim, Eduardo também se levantou, explicando às duas mulheres que iria ajudá-lo com a mesa.

Eduardo já encontrou Rafael colocando os talheres sobre a mesa. Ele não poderia saber o que se passava na mente do amigo, mas o que Rafael desejava no momento era poder se sentar ao lado do outro.

– Os pratos estão no armário em cima da pia – disse Rafael, já contanto com a ajuda.

Arrumada a mesa, Eduardo tinha as mãos firmes no encosto de uma cadeira, aguardando que o outro lhe desse um sinal para retornarem. Os olhares que trocavam, entretanto, sinalizavam mais um desejo por privacidade. O constrangimento causado pelo clima é que fez com que ambos voltassem à realidade.

– Vamos? – convidou Rafael, pondo a mão no ombro de Eduardo.

Encontraram as esposas sentadas próximas, rindo de alguma história ou qualquer coisa assim. Vendo que havia lugares ao lado, não esperaram e nem pediram que as esposas abrissem espaço. Preferiram, logicamente, sentar-se um ao lado do outro, quem sabe até com um roçar de joelhos, para não causar irritações na risada das esposas.

Tentando não pensar na própria falta de caráter, Rafael pouco falou com Aline e Valéria, e elogiou tanto Eduardo, progressivamente, sua inteligência, personalidade e por fim seu físico, que deixou o amigo um tanto quanto calado, constrangido.

– Obrigado – ele disse sorrindo, depois de ouvir que era muito simpático, fisicamente falando – eu também te acho bonito, pra falar a verdade.

Rafael chegou seu rosto mais perto, instintivamente para evitar que ouvissem a conversa.

– Só que eu te acho lindo – sussurrou.

Valéria e Aline se mostraram muito curiosas .

– Vamos comer? – chamou Valéria.

Na mesa, Valéria e Aline revelaram o plano:

– Já que daqui algumas horas vocês vão para a casa do Jair, eu e a Valéria vamos juntas para o shopping no meu carro e você leva o Eduardo no seu.

– Só que a gente já vai – disse Valéria – porque o filme que vamos ver começa daqui a pouco.

Despediram-se e Rafael lavou a louça enquanto Eduardo secava. Depois ficaram no quarto conversando quando Jair ligou.

– Fiquei sabendo que o Eduardo está aí na sua casa – ele falou, abaixando então o tom de voz, zombeteiro – estão se pegando muito?

Rafael riu, ou tentou rir, sem graça, junto com Eduardo. O telefone estava no viva voz.

– Hey – ele continuou – venham logo, já tá tudo preparado aqui, só faltam os convidados.

– Já? – perguntou Rafael – então estamos saindo.

Os amigos entraram no carro e Rafael iniciou uma conversa enquanto dirigia:

– Fiquei a semana inteira pensando nessa festa, até sonhei com isso.

– Como foi?

– Sem comentários – sorriu.

– Ah, fala! – ele pediu rindo.

Rafael não respondeu, sério. Estava arrependido por ter tocado no assunto. Ficaram calados por vários minutos.

– Não vai contar mais nada? – Eduardo perguntou.

– Espera eu ficar bêbado que eu conto tudo nos mínimos detalhes – respondeu, finalmente, percebendo que o que dissera era extremamente suspeito.

Carro estacionado, os amigos desceram e Eduardo tocou a campainha. Jair atendeu a porta com Daniel no colo, ambos de robe de seda com estampa de oncinha. Visivelmente bêbados.

Jair recebeu um feliz aniversário dos convidados, mas não pode apertar a mão de ninguém, já que segurava Daniel no colo.

– Oi gatinhos, vamos festar muito hoje! – disse Daniel, jogando confete pelo caminho.

Jair colocou o amigo no chão e segurou as mãos dos amigos, sem pudor ou receio.

– Tem muitas gatinhas aqui – Jair disse mostrando as colegas de trabalho – mas acho que vocês vão preferir alguma privacidade – ele disse apontando com a cabeça para um quarto, depois caindo na gargalhada.

– Muito engraçado – disse Eduardo.

Com o tempo, todos foram se dirigindo ao quintal, onde havia música e comida.

Rafael estava conversando com Eduardo quando a Andressa veio cumprimentá-los. Conversaram um pouco e ela começou a dançar com Eduardo. Sem segundas intenções, claro, Andressa era casada.

Rafael, no entanto, sentiu-se solitário. Sentou para petiscar um pouco, esperando que Andressa fosse fazer outra coisa. E foi o que aconteceu, ela foi conversar com Daniel, e Eduardo veio sentar-se também.

– Estou como sede, mas não gosto de suco de uva, e não posso tomar cerveja por causa do meu remédio – Eduardo já foi dizendo – vou na cozinha beber água – e, aproximando-se mais, continuou – já volto.

– Espera – Rafael disse – eu quero ir com você.

Foram andando em direção à casa, afastando-se cada vez mais das pessoas. Enquanto isso, Rafael massageava os ombros do amigo.

Ele sabia muito bem que estava tirando uma casquinha do outro, era irresistível. Eduardo abriu a geladeira e, enquanto despejava água em um copo, Rafael continuou subindo a mão pelos cabelos dele.

– Na verdade – Eduardo disse – eu gosto de suco de uva.

Rafael sentiu o coração bater mais forte em resposta a essa incongruência e, na tentativa de esconder os próprios olhos, virou-se para a pia, lavando o copo do amigo.

Quando fechou a torneira, sentiu as mãos do outro em sua cintura. Nervoso, virou em sua direção e abraçou-o, encaixando o rosto em seu pescoço. Eduardo acariciava suas costas e seu quadril, causando arrepios. Depois de se separarem, Rafael beijou-o.

Interromperam o beijo, nervosos por estarem na casa de Jair, olhando ao redor.

Seus colegas de trabalho em choque se reuniram próximos à cozinha, no meio de tanta gente Eduardo e Rafael encontraram suas esposas, horrorizadas.

FIM


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Notas finais do capítulo

Tenho que admitir que escrever essa história foi muito engraçado pra mim.
Adoraria receber qualquer sinal de vida dos leitores.



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