Universo Paralelo escrita por LYSSA BARRETTOS


Capítulo 2
Essa gente endoidou?




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Lucy

—MANAAA, ACORDA! Acorda, logo!-gritou uma voz, provavelmente Travis ou Connor. Se bem que essa voz não se parece nada com a deles.

Sentei e deparei-me com Póllux. Ou seja, minhas teorias estavam corretas: não era Travis nem Connor.

Deitei-me pronta para dormir novamente. Até que me toquei não era Travis ou Connor que estava me acordando e sim Póllux, do chalé de Dionísio.

—Mas, o quê?-falei, sentando com tudo, os olhos arregalados.

—Acho melhor você se arrumar-falou, deu uma batidinha na minha perna e saiu me deixando extremamente confusa. O que eu estava fazendo aqui afinal de contas?

Não via motivo para estar lá ao invés do meu chalé. A não ser que...

Eu não acredito que ele seja tão canalha a ponto de fazer isso.

—Póllux!-gritei, atraindo a atenção de todos. Alguns meninos lançaram um olhar de desejo sobre minhas pernas, mas não me importei com isso. Fui até Póllux que estava estático e dei-lhe um tapa na cara. Ficou até a marca dos meus dedos na cara dele. Arrasei!

—O quê?Porque você fez isso?-perguntou, com a mão no rosto.

—Só me diga que eu ainda sou virgem. - murmurei baixo o suficiente para que apenas ele ouvisse.

—Quê?Claro. -falou alto, alto até demais. Todos, sem exceção, olhavam para gente.

—Ah, ufa. - Suspirei aliviada, com a mão no peito.

Ele me olhou como se eu tivesse suco de laranja no lugar do cérebro. Sim, eu sei. Uma ótima comparação.

Virei, sentindo todos os olhares sobre mim, corei e saí quase correndo do pavilhão.

Fui até o chalé de Hermes repassando toda a cena na minha mente, desde a parte que e eu acordei até agora. Até que uma coisa me chamou atenção.

Quando eu ainda estava dormindo e Póllux estava tentando me acordar ele me chamou de... Mana? Mas que diabos...?É melhor deixar pra lá. Eu hein? Cada gente louca que me aparece.

Ia entrar no chalé de Hermes quando um menino me parou.

—Não se pode entrar no chalé de outros deuses sem ser filho deles ou indeterminado. – falou. Ele era loiro, olhos cinza e tinha uma expressão de sabe-tudo no rosto. Filho de Atena, com certeza.

—Eu sei. - falei como se fosse óbvio. E realmente era. Dã. Quem não sabia disso?

—Então... -fez um sinal com as mãos dizendo para eu cair fora. - Xô, xô.

—Mas eu tenho que entrar. - insisti, aquele garoto era um demente só podia.

—Por quê?

—Para pegar a minha roupa que tá aí. -apontei para a porta. Quando eu falei isso ele olhou para o meu pijama, arregalou os olhos e corou. Saiu, murmurando alguma coisa sobre “malucos que acham que acham que estão dentro de um filme pornô e não em um acampamento de respeito”. Arregalei meus olhos quando ele falou isso, sentindo um rubor na minhas bochechas. Ele não sabia que as pessoas que moravam lá eram meus irmãos e irmãs ou então, simples semideuses indeterminados que ainda estão confusos e aturdidos com a ideia de serem filhos de um deus, alegando que foram enganados a vida toda ocupados demais para ter vontade alguma de fazer qualquer coisa?Especialmente coisas como essas.

Entrei no meu chalé. Tudo o que eu posso dizer foi que fiquei muito surpresa, confusa também. Afinal, onde estavam as minhas coisas? Minha cama, não era a minha cama, pois lá tinha uma mochila e as coisas de um semideus provavelmente indeterminado espalhadas pelo chão.

Argh!Bati o pé e corri até o pavilhão. As pessoas olhavam para mim, provavelmente ainda querendo saber o motivo do tapa que eu dei no Póllux e porque raios eu ainda estava de pijama.

Toquei no ombro de Travis. Ele olhou pra mim assustado.

—Podemos ter uma conversinha lá fora?-perguntei, com um tom de voz calmo, calma essa que eu não tenho e ele sabe disso. Engoliu em seco e me seguiu até o nosso chalé.

Sentei na minha cama, as pernas cruzadas, os braços também cruzados em baixo do peito e uma expressão séria no rosto. Ele se sentou ao meu lado visivelmente com medo. Quase ri da cena, era como se eu fosse uma namorada brava, pronta para infernizar a vida do namorado para sempre.

—E então...?-perguntou.

Respirei fundo e fechei os olhos.

—Porque tem coisas de outro semideus na minha cama?-abri os olhos. A expressão de Travis era totalmente confusa. Tão confusa que eu quase fiquei confusa também. Quase. Se eu não soubesse que era tudo fingimento.

—O quê?Lucy, como assim sua cama?

—Você sabe muito bem do que eu estou falando, pare já com este teatrinho.

—Quê?Que teatrinho?

Esse. Olha, meu dia começou bem estranho hoje. Primeiro, eu acordei no chalé de Dionísio. - soltei uma risadinha, ele pareceu não achar graça, então, continuei. - E o Póllux me chamou de mana, então eu fui para o pavilhão e bati nele. Aí, eu vim pra cá trocar de roupa, mas um menino filho de Atena me impediu de entrar com um discurso idiota, dizendo que só filhos de Hermes ou indeterminados podem entrar aqui, eu falei que já sabia disso, mas ele não me deixou entrar aqui mesmo assim, então eu falei que só tinha vindo aqui pra pegar a minha roupa e ele me deixou entrar. - parei para tomar fôlego, Travis me olhava, prestando atenção em cada palavra que eu dizia. - E quando eu cheguei aqui, eu não encontrei as minhas coisas.

—Já entendi tudo.

—Ufa!Que bom. -suspirei. - E então, você vai falar pra seja lá quem for tirar as coisas da minha cama?-perguntei ansiosa pela resposta que eu tinha certeza que seria um sim, mas o que eu ouvi foi bem diferente disso.

Não.— falou, olhando pra mim como se eu fosse uma louca, débil mental.

—Quê?-perguntei perplexa. - Mas aonde eu vou dormir?

—Claro que no seu chalé.O de Dionísio, claro.

—Dionísio?-perguntei a boca escancarada num “O” perfeito.

Ele assentiu como se explicasse para uma criança de cinco anos que dois mais dois são quatro.

Tudo escureceu e eu não consegui ver mais nada, só pensando “Essa gente endoidou?”.


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