Soul escrita por Writer


Capítulo 13
Previsão do tempo: Chuva de vacas


Notas iniciais do capítulo

Demorei, eu sei. Mas é complicado fim de ano né? Esse capítulo tem um POV do Nico bem curto, que eu fiz sem motivo algum, Mas eu fiquei com vontade e fiz.



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Eu fiquei fora do ar. O mundo podia explodir ou monstros poderiam aparecer, eu não ligava. Enquanto ele me beijava e segurava minha mão tudo estava bem. Nem mesmo me lembrei do pesadelo.

Ao contrário da sua pele, seus lábios eram quentes. Sua mão que não segurava a minha foi para a minha bochecha e eu sorri entre os beijos. E ele também.

Quando nos separamos. Estávamos um pouco mais próximos do que antes e eu nunca havia me sentido tão feliz. Ia ser difícil me manter séria depois disso.



–Você precisa descansar. - Ele disse antes de nos beijarmos novamente.

–Eu não vou conseguir. E já dormi demais. - Então me lembrei que ele precisava dormir e mudei de idéia. - Então apaga a luz. Deixa o abajur ligado.



Ele obedeceu com muita preguiça. Mas eu sabia que ele estava cansado. Me deitei e ele deitou ao meu lado. Como a cama era de solteiro quase não coubemos ali. Mas eu o abracei e coloquei a cabeça em seu peito. Ele passou um braço por mim e me aconchegou. Eu era pequena e ele era grande.



–Você acha que devemos contar aos outros? - Nico perguntou enquanto eu sentia seu peito subir e descer com a sua respiração.

–Não. Eles atrapalhariam, eu acho. Ficariam em cima e irritando.

–Também acho.

–Encontros as escondidas. - Eu murmurei rindo de leve e adorei quando seu peito subiu e desceu rapidamente com a sua risada silenciosa.

–É, tipo isso. - Estavamos com um humor tão bom que nada poderia estragar. - O que aconteceu no passeio com seu pai? - Ele provavelmente estava curioso fazia muito tempo.



Contei para ele de tudo o que aconteceu, desde o deus da morte me jogando do céu até minha tatuagem.



–Seu pai é cruel. - Ele disse enquanto tirava alguns fios de cabelo do meu rosto.

–Ele não é bem meu pai.

–Nâo adianta negar. É pior. - Ele me aconselhou.

–Eu não estou negando. Estou só não o tratando como se fosse meu pai porque eu fiquei sozinha por 80 anos esperando alguém aparecer. Se ele fosse mesmo meu pai ele teria aparecido.

–Eu sinto muito. Por você ter passado tanto tempo sozinha.



Eu não respondi. Apenas estiquei meu pescoço e o beijei. Não sei porque fiz aquilo, mas apenas me pareceu certo.



–Agora eu já posso começar a te treinar melhor, porque já tenho uma noção dos seus poderes. - Ele disse, quebrando o silêncio depois de um tempo. Fiz um barulho no fundo da garganta e ele sorriu.

–Sem treinos por alguns dias. - Murmurei.

–Ok, mas seria uma boa justificativa para usar de encontro as escondidas. - Eu ri baixo.

–Ok, talvez manter os treinos não seja uma má idéia.



§§§



Quando eu acordei de manhã ele não estava lá. Eu tinha pensado que não ia dormir, mas estava tão aconchegada que acabei caindo no sono.

Rolei na cama antes de levantar. E quando consegui, fui direto pro banheiro tomar um banho. Quando me olhei no espelho, eu me assustei ao ver meu braço enfaixado. Lembrei de que havia cortado quando estava treinando com Nico. Mas ai me lembrei da noite anterior e não pude deixar de sorrir. Passamos grande parte da madrugada conversando, nos beijando e rindo. Eu ria na maioria das vezes na verdade. Ele apenas me observava rir.

Com um bom humor maravilhoso, tomei um banho e fui de toalha para o meu quarto pra poder me trocar. Nos primeiros dias eu assustei quando via as meninas ou os meninos andando apenas de toalha pela casa, mas agora estava acostumada. Coloquei um short e uma camiseta, prendi o cabelo enorme e sai do quarto. Escovei os dentes e finalmente estava livre das preparações matinais. Os meninos entravam e saiam do quarto, arrumando mochilas. E eu não me lembrava para o que aquilo era. Bocejando e pensando em maneiras de esconder o sorriso e desculpas para caso eles me pegassem sorrindo para o nada, eu fui para a sala.

Não havia ninguém na sala e a TV estava ligada. Se reclamassem da conta de luz cara eu iria jogar aquilo na cara deles. Desliguei a TV e joguei o controle no sofá e arrasteio os pés enquanto caminhava para a cozinha.

Minha barriga estava roncando. A cozinha estava o terror. Só faltavam tocar fogo e começar a dançar em volta. Haviam pratos na pia, cheiro de comida queimada, eles passavam de um lado pro outro se atropelando toda hora.



–O que que é isso? - Perguntei olhando tudo.

–Nós estamos atrasados. Já arrumou suas coisas? - Percy perguntou passando por mim e indo para a geladeira.

–Pra onde a gente vai? - Perguntei extremamente confusa.

–Pro acampamento. - Nico disse indo até mim e o meu coração disparou. Como se nada tivesse acontecido, a sua expressão era vazia. Colocou um prato de panquecas na minha mão e como ninguém estava olhando ele deu uma piscadinha pra mim.



Eu sorri de orelha a orelha.

Ele era um ótimo ator. Quase no mesmo segundo ele voltou a sua expressão séria e observadora. Escondi o sorriso do jeito que consegui e peguei um garfo. Comi na velocidade lenta de sempre com todo mundo me apressando a cada minuto.



–Anda logo Sophie! - Frank disse pela segunda vez, mas era apenas a segunda vez que ele dizia aquilo.

–Chega. - Falei alto me estressando.



Joguei o prato na pia, literalmente. Um pedaço enorme saiu dele com um barulho a quase todo mundo olhou pra mim.



–Sophie! - Jason exclamou surpreso. Mas eu estava cansada deles me apressando para tudo, até no banho eles me apressavam.

–Dizer meu nome a cada frase não vai fazer mágica. - Disse saindo da cozinha e quase atropelando Connor.



Não pedi desculpas. Mas eu ainda estava acostumada a passar através das pessoas. Fui para o meu quarto batendo os pés no chão. Peguei uma mala pequena e comecei a colocar as coisas dentro. Até onde eu me lembrava, iríamos ir embora apenas no meio da próxima semana. Não sei pra que passar tanto tempo lá. Mas a escola acreditava que iríamos visitar nossos pais, graças à alguns papeis e assinaturas falsas. Quando já estava terminando de arrumar, colocando as blusas de frio para caso precisar.



–O que é? Veio me apressar? - Disse ainda irritada.

–Fiz alguma coisa? - Nico disse colocando a cabeça dentro do quarto.

–Não é você, são os outros. - Terminei de arrumar tudo, mas não estava conseguindo fechar. - Vai ser educado e me ajudar?

–Grossa. Eu poderia não ajudar mesmo.

–Então sai daqui. - Soquei a mala, morrendo de raiva.

–Sai, vai. - Ele disse entrando no quarto e me empurrando de leve pela cintura. Ele fechou a mala sem nem se mexer e me olhou com uma expressão convencida.

–Agora sai que eu quero me arrumar. - Cruzei os braços na frente do corpo.

–Posso ver o desenho na suas costas?

–Não! Sai!

–Porque não? - Ele perguntou descruzando meus braços e segurando minhas mãos.

–Porque... - Perdi a linha do raciocinio quando ele entrelaçou nossos dedos. Aquilo já estava virando mania. - Porque não!



Ele fez uma cara de cachorro que caiu da mudança e eu fiz cara feia. Soltei suas mãos para poder mandar ele para fora do quarto. Mas quando eu dei um passo para longe dele ele segurou meu pulso. O seu toque frio e aconchegante ao mesmo tempo, enviou um choque por todo o meu corpo. Lentamente ele me puxou e me beijou.

Minha cabeça girou e eu senti aquela sensação estranha, borboletas no estômago. Coloquei as mãos em seus ombros para colaborar com meu equilíbrio. Toda vez que ele me beijava era incrível e me fazia perder a noção de tudo.



–Isso não me fez mudar de idéia. - Disse me separando dele.

–Quem disse que essa era a minha intenção? - Ele perguntou e eu sorri.

–Sai. - Exigi.

–Fazer o que né. - Ele murmurou e eu fiz cara feia.



Ele finalmente saiu do quarto e eu pude me trocar. Coloquei um short mais bonito e uma camiseta melhor. Coloquei um tênis torcendo para que me deixassem dirigir. Mas provavelmente não deixariam.

Havia um problema. Eu não conseguia carregar minha mala direito. Ela não tinha rodinhas, era daquelas de alças. Então do jeito que pude eu coloquei ela no chão e a chutei até a sala. Sua fraca, fiz bullying comigo mesma. Foi difícil fazer as curvas. Mas finalmente cheguei na sala.




–O que você tá fazendo? - Connor perguntou quando me viu entrando na sala chutando a mala.

–Chutando uma mala. E você? - Disse mal humorada.

–Quer ajuda? - Mesmo eu sendo indelicada e grossa como um elefante ele ainda era um doce comigo. Então decidi não ser grossa com ele.

–Seria uma boa. - Disse dando um sorriso envergonhado e ele sorriu também.



Se eu não estivesse doida pelo Nico eu poderia até considerar ter alguma coisa com ele.

Ele se abaixou e pegou minha mala com facilidade. Deuses, eu preciso ir em uma academia. Ele a carregou até o hall do andar e deixou em um canto. Quando ele voltou eu agradeci um pouco envergonhada e me sentei no sofá. Todo mundo ia e voltava de um lado para o outro, e não demorou muito para me colocarem para fazer as coisas.

Coisas do tipo, lavar a louça, pegar algo que eles precisavam, checar se tudo estava arrumado. Fiquei mais que aliviada quando saímos. Tivemos que descer o elevador em duas viagens. Eu fui na segunda com Nico, Piper, Leo e Travis. Aí eles decidiram conversar sobre carros. Havia tanta testosterona no ar que eu podia engasgar. Quando as portas se abrira eu quase voei pra fora. Não literalmente. Até porque se fosse literalmente seria um pouco estranho.

Fiz Nico carregar minha mala e a dele usando de desculpa o fato de que eu estava machucada e carregar peso fazia o corte no meu braço doer. Com seu cavalheirismo - que vivia bem no fundo de seu ser - ele não conseguiu negar. E também ele que havia me cortado. Então de qualquer jeito ele ia me ajudar.



–Quer dirigir? - Leo disse oferecendo as chaves para mim. Fiz uma careta.

–Vão me deixar dirigir? Sério?

–É. Mas você fez aquele curso de direção defensiva? - Percy perguntou e eu fiz careta. Para poder dirigir os carros era obrigatório fazer um curso de direção defensiva para o caso de algum ataque de monstros ou algo do gênero.

–Fiz.

–Teoricamente ou literalmente? - Frank perguntou zoando do fato de eu saber fazer tudo na teoria.

–Os dois. - Estendi a mão e peguei a chave. Mas ai notei que era diferente e franzi o cenho. - Cadê o carro novo?

–Aqui.



Eles foram para as nossas vagas na garagem e eu os segui. Só pra constar: eu não entendia de carros. Eu só sabia que o carro era grande e as quatro rodas aceleravam. Apenas isso. E ele era preto.



–Nossa. - Murmurei. - Qual era o problema do outro carro?

–Não era bom para emergências. - Ouvi Jason dizer.

–Claro, monstros. - Murmurei destrancando o carro.

–Fala assim porque nunca os viu, ou foi atacada. - Percy disse destrancando o carro do lado, que era igual.

–Eu já os vi. - Me defendi.

–Mas nunca foi atacada. - Hazel disse enquanto nós estávamos entrando nos carros.



A conversa acabou ali. Todos pareciam meio tensos em me deixar dirigir em uma situação dessas. Se fosse apenas para ir a escola tudo bem. Mas quando era pra ir para o acampamento, nããão. Era como se, só porque íamos pegar um pouquinho de estrada, fossemos ser atacados.

Ajustei todos os retrovisores e o banco. Assim como Percy, que estava dirigindo o outro carro. No meu estavam, Connor, Travis, Nico, e Piper. O restante estava no outro. Coloquei a chave na ignição, respirei fundo e sai com o carro da garagem. Aquilo ia ser estressante.



Nico



Sophie parecia tensa. Pelo jeito que ela segurava o volante e estava sentada no banco dava pra perceber. E olha que eu nem era do tipo extremamente observador, como ela.

Connor, Travis e Piper conversavam sobre os chalés do Acampamento e eu não estava prestando muita atenção.



–Você quer arrancar o volante ou algo parecido? - Perguntei para Sophie e ela mal me olhou por um segundo e logo voltou a olhar para frente.

–O que? Não! - Ela pareceu ofendida.

–Claro, até porque você ta segurando o volante como se fosse o último donut do mundo.

–Não! - Ela negou novamente. - Eu nunca comi um donut! Então foi uma comparação ruim.

–Não mude de assunto. Relaxa um pouco.

–Não consigo. - Ela falou baixo. - Estou com medo de algum monstro aparecer.



Era bem possível que um monstro apareça. Porque estávamos em movimento, era mais difícil para os deuses focarem em nós para fazer com que o cheiro desapareça do que quando estavamos parados ou andando devagar. Então, provavelmente estávamos deixando um rastro forte de cheiro. Mas não podia dizer isso pra ela. Ela iria ficar ainda mais tensa, como se fosse possível.



–Só para de apertar o volante e sentar tão reta.



Ela respirou fundo e seus músculos relaxaram. Respirei fundo, voltando a prestar atenção na rua movimentada.



◀▶◀▶◀▶



Estávamos na estrada faziam apenas cerca de meia hora e ela estava estranhamente vazia para um Domingo. O que apenas nos deixava mais alertas. O carro de Percy estava na frente, mas não muito longe já que ele e Sophie dirigiam em uma velocidade absurdamente alta, para alguém que estava com medo de alguma coisa acontecer. E ela estava bem mais tranquila. Dirigia bem como qualquer um e prestava atenção em qualquer mudança de cenário.

Estávamos ouvindo a música do rádio quando algo caiu na frente do carro. Ela pisou no freio e virou o volante fazendo o carro derrapar e parar a poucos metros do objeto enorme. Com o susto, Percy também parou o carro com uma freiada brusca.



–O que foi isso? - Piper perguntou assustada.

–Tá todo mundo bem? - Sophie perguntou, apertando seu pulso e com uma cara de dor.

–Eu só bati a cabeça. De resto está tudo bem. - Respondeu Connor que estava sentado na janela.

Você tá bem? - Perguntei observando-a.

–É, eu só virei o volante de mau jeito.

–Aquilo é uma vaca? - Connor perguntou com uma expressão confusa e semicerrando os olhos.



Olhei para frente para perceber que era mesmo uma vaca.



–A previsão do tempo não falava nada sobre chuva de vacas. - Ironizou Travis.

–Quando vacas começam a chover não é um bom presságio. - Murmurou Piper.

–Vamos sair daqui logo. - Sophie disse manobrando o carro e parando ao lado do outro carro. Ela abriu a janela e Percy fez o mesmo.

–Aquilo era uma vaca? - Ele perguntou com os olhos arregalados.

–Era. - Respondi.

–Tem alguma coisa atrás da gente. Vamos embora daqui, agora. - Annabeth disse rapidamente.



E não demorou nada para Sophie fechar a janela e por o pé no acelerador, fazendo o carro cantar pneus. Ela havia voltado a ficar assustada e tensa. Andamos um pouco à quase 100 km/h antes de algo novo acontecer. O chão começou a tremer. E não era algo contínuo como um terremoto. Era como se algo grande se aproximasse correndo. Tipo passos pesados. Olhei pelo retrovisor para encontrar algo enorme e para a nossa sorte longe de nós. Mas não demoraria muito para ele estar perto.



–Por favor me diga que o Acampamento não é longe. - Sophie disse olhando do retrovisor para a estrada de dez em dez segundos. Ela estava pálida, mais do que o normal.

–Uns cinquenta quilômetros. - Piper disse.

–Meia hora nessa velocidade. - Ela deduziu. E em seguida senti o carro acelerar mais. Essa garota queria morrer e levar todo mundo junto. - Não vai dar.

–Vai dar sim. - Travis tentou ser positivo. Mas todos sabíamos que não iria dar pra chegar lá de carro, mesmo nessa velocidade.

Não vai dar!– Ela disse mais alto dessa vez.



Chequei a distância do gigante pelo retrovisor. Ele estava bem mais próximo do que antes.



Sophie



A cada passo daquele gigante, a cada vez que o chão tremia eu me sentia mais inútil. Se eu não conseguia nem ao menos dirigir um carro em alta velocidade para fugir de um monstro eu não achava que conseguia fazer algo muito mais complicado.

Meu pé ficava no acelerador e eu não o tirava dali. Eu estava dirigindo na contra mão e Percy dirigia na outra pista. Era apenas um outro carro aparecer na outra pista que estaríamos mortos assim que os carros colidissem. Era apenas nisso que eu conseguia pensar. No se algo acontecer.

Olhei pelo retrovisor. Ele estava mais próximo. Minha visão ficou turva. Eu não podia chorar. Eu tinha que nos ajudar. Nos salvar.

Olhei para o lado para encontrar Frank no teto solar, para fora do outro carro, atirando flechas. Dei um leve sorriso ao me lembrar do quão assustadoramente boa era sua mira.



–Cuidado! - Connor gritou e tudo foi como um borrão.



Pisei no freio com força e virei o volante, me assustando com uma árvore caindo bem na nossa frente. O carro girou e então estávamos de frente para o gigante. Encurralados.


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Notas finais do capítulo

Capítulo meio diferente dos outros. Tem um pouco de ação. Vocês viram diferença entre a narração do Nico e a da Sophie? Porque eu tentei fazer algo diferente um do outro.
Ah e mais um recado: FELIZ NATAL E FELIZ ANO NOVO ADIANTADO PRA VOCÊSSSSS



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