JACK FROST

Jack sorriu. Estava tão feliz, que se aparecesse uma prova surpresa de álgebra, o menino nem ligaria. Abriu seu sorriso. O menino passou a mão na tela do celular novamente, e então os contatos sumiram. Tacou o celular em cima da cama e se deitou com toda a força que tinha.

Sexta feira, quinto dia de aula... As coisas só estavam começando. O menino deu um suspiro. Por um segundo ficou encarando o nada, ali, parado, pensando em como se aproximaria de Flynn. Na verdade, já tinha um plano em mente, mas tinha que estar longe de Soluço, Merida e Rapunzel. O menino suspirou. Ia ser difícil.

Jack simplesmente não queria perder a amizade que tinha com Soluço. Eram amigos desde pequenos, porque perderiam a amizade justamente agora? Quando as coisas pareciam que iam ficar melhores? O menino suspirou cansado.

Já havia tentado falar com o Treinador Hedge, mas ele pareceu ignorar tudo o que Jack falara. “Já fui quarterback no time em que eu jogava” “Aham, legal” “Fui indicado para bons times” “Nossa, legal” “Posso fazer vocês voltarem a ganhar tudo” “Hum... legal” O menino rabiscou a folha do caderno. Estava irritado. Qual é? Porque o treinador não podia dar uma chance para Jack? O menino simplesmente entraria pro time, viraria o novo quarterback, ficaria com Rapunzel, continuaria sendo amigo de Soluço e um dos mais populares da escola. Mas as coisas pareciam não querer dar certo.

Se Jack quisesse entrar pro time, teria que entrar com influências. E que influências melhores, que o próprio quarterback do time? Não existia influência maior. Se Flynn apresentasse Jack ao Treinador Hedge, este talvez esquecesse os seus “legais” e daria uma chance para Jack. Mas tinha um “porém”. Jack teria que esquecer Soluço. Isso foi muito gay, Jack.

Não seria fácil fingir que não era amigo de Soluço. Ignorar o amigo na festa já não foi fácil, imagine ter que ignorar o amigo o resto dos seus dias. Poderia fazer isso de uma forma clandestina, sem ninguém saber. Poderia ficar com Flynn e Soluço. Não. Alguém descobriria. Nem em filmes isso dava certo.

O menino bufou e então jogou a cabeça para trás. Estava pronto para enfrentar mais um dia de aula chata e entediante, quando viu a professora entrar na sala. Jack foi obrigado a abrir a boca. Aquela maravilha não pode ser a minha professora de literatura. Anotou mentalmente fazer de tudo para ir mal em literatura e pedir aulas particulares com ela.

— Bom dia! – Sua voz parecia a de um anjo. Por um minuto, esqueceu de todos os seus problemas, e ficou encarando aquela maravilha. O que aquela moça fazia ali? Jack, realmente não sabia. Mas não importava. – Me denomino Blair. Blair Windons. – A professora depositou sua pasta em cima da mesa. Jack se ajeitou na carteira e ajeitou seu cabelo. – Fiquem a vontade para me chamar somente de Blair. – Blair abriu um sorriso. O sorriso mais bonito que Jack havia visto. – Eu prefiro.

Jack pegou seu livro, assim como os outros, e balançou a cabeça. Não sabia onde estava com o pensamento. Não poderia pegar uma professora, se bem que isso não seria problema. Ter dificuldades com literatura, não era tão difícil assim.

A professora pegou um pequeno livro vermelho nas mãos e foi à frente a mesa. Deu um sorriso a todos e então explicou um pouco sobre o livro. Jack não prestou atenção. O blazer entreaberto de Blair, não o deixava prestar atenção.

As aulas, por incrível que pareça, passaram voando. Blair havia falado sobre o tal livro, e como seriam suas aulas. Depois, quis conhecer um pouco de cada aluno. Blair sorriu ao ver o cabelo de Jack, e o chamou de corajoso. Depois, a professora soltou um debate entre os alunos.

Quando o sinal bateu, Jack se levantou e então saiu da sala. Passou pela sua cabeça, ir procurar Soluço. Mas quanto mais cedo entrasse no time, melhor seria. Saiu no corredor procurando Flynn.

Andou mais um pouco até chegar à cantina. Viu uns seis garotos reunidos, conversando e rindo de vez em outra. Todos estavam com a jaqueta do time. Jack sorriu para si mesmo, daqui uns dias, teria aquela jaqueta. Tinha a certeza disso.

Olhou em volta, para ver se avistava Soluço, ou Merida, ou até mesmo Rapunzel. Mas não viu ninguém conhecido. Andou em direção a Flynn. Seu caderno e seu estojo ainda estavam na sua mão, mas não se preocupou com isso.

— Fala Jack! – Flynn levantou a mão, Jack também, e então as duas mãos se encontraram fazendo um barulho um pouco estridente. – Não te vi hoje nas aulas.

— Aulas diferentes. – Jack respondeu dando de ombros. Cumprimentou os outros cinco meninos do mesmo modo que fizera com Flynn, então se sentou em um banco, com um de seus pés nos mesmo. Depositou seu estojo e seu caderno em cima da mesa e encarou os outros.

— Eu te apresentaria todos. – Flynn respondeu dando de ombros enquanto olhava pros outros. – Mas estou com preguiça. – O menino sorriu e encarou Jack. – Esses bocós também jogam no time.

— Eu percebi. – Jack comentou enquanto olhava para os outros três desconhecidos. Henry e Kaio estavam lá. Jack soube que aqueles eram melhores amigos de Flynn. Não poderia contar com eles. – Mas e então? Quando vão treinar?

Flynn deu uma risada sonora.

— Para que quer saber, Frost? – O garoto perguntou encarando Jack com curiosidade nos olhos. Jack demoraria a conquistar a confiança de Flynn.

— Nada. – Jack respondeu dando de ombros. – Eu fui quarterback no time da minha escola.

— Sério? – Kaio perguntou mais ao fundo, deu um sorriso enquanto analisava Jack. Jack assentiu, enquanto ia se preparar para continuar.

— Então, você era bom? – Henry perguntou, chamando a atenção de Jack. O menino assentiu sorrindo. Estava conseguindo alguma coisa. – Imagine você aqui então... – Henry deu um sorriso, pensando no futuro. Jack já se imaginava ali.

— Não tem lugar para o Frost. – Flynn deu um sorriso. – Mas seria muito bom ter você no time.

— Se ele foi quarterback no time onde ele jogava... – Kaio começou se levantando da mesa e ficando de frente para Flynn.

— Ele pode ser melhor que qualquer um que está de reserva. – Henry terminou encarando Flynn. O menino deu de ombros. Jack estava na sua, mas vibrava por dentro. Dizer que era quarterback, para o Treinador Hedge, não mudou sua vida, mas agora dizer isto a Henry e Kaio... – Talvez a gente ganharia tudo.

Flynn deu de ombros. Para o menino, aquilo ali não parecia ter mera importância. Jack queria poder gritar para Flynn, que poderia ganhar alguma coisa, que poderia mudar o time, mas não podia fazer isso. Iria parecer desesperado demais.

— Deixa isso. – Jack pediu enquanto se ajeitava em cima do banco.

— Nós vamos falar com o Treinador Hedge. – Henry afirmou olhando para Jack. – Seria muito bom ter você no time.

— Com toda a certeza. – Kaio reafirmou rindo. Os dois meninos voltaram a sua posição inicial.

Jack estava começando a ganhar esperanças. Kaio e Henry poderiam ser melhores amigos de Flynn, mas os dois eram muito competitivos. Jack anotou isso mentalmente.

Flynn esticou suas pernas, enquanto olhava para o movimento que se repetia em toda a cantina. Jack olhou para Flynn, depois para suas mãos e então subiu o olhar. Não conteve o sorriso. Rapunzel estava vindo na sua direção. Na verdade não era na sua direção, mas na direção de Flynn. A menina chegou, deu um selinho em Flynn e acenou para os outros.

— E ai Rapunzel? – Kaio perguntou sorrindo para a menina. – O que me conta de bom?

— Toma cuidado. – A menina deu um sorriso divertido. – Emma esta de olho em outro.

Isso pareceu fazer efeito em Kaio. O menino endireitou o corpo e encarou Rapunzel, parecendo querer questioná-la mais. A menina sorria, e pareceu não perceber Jack ali no meio.

— Quem é o filho da puta?— Kaio perguntou mais nervoso do que antes. Flynn levantou-se e então fez um aceno para Kaio. O menino passou um de seus braços em volta da cintura de Rapunzel e depositou um beijo em sua bochecha.

— Depois você conversa com ela. – Flynn olhou para Kaio e depois para Rapunzel. – Não incomode minha princesa agora. – Kaio bufou, ficou em pé, alguns segundos em cima do banco, procurando a tal de Emma. Depois voltou a se sentar e fechou a cara. Jack sorriu. – Lembra do Jack? – Flynn apontou para Jack. Rapunzel olhou para o menino e fez cara de desgosto.

— Impossível esquecer. – A menina comentou, enquanto cruzava os braços. – Mas, o nosso encontro ainda esta de pé, né?

Flynn fez uma careta, como se tivesse esquecido completamente do tal encontro. Jack suspirou. Conquistar Rapunzel e ficar com a garota não ia ser uma tarefa fácil. Anotou pedir ajuda a Soluço mais tarde.

— Droga, Punz... – Flynn chutou o ar. – Eu esqueci que eu tinha uma reunião com o Hedge.

— Flynn! – A menina chamou sua atenção. Depois sua feição mudou. Um bico foi surgindo na cara de Rapunzel, seus olhos ganharam um brilho extra, uma mecha do fio louro caiu no rosto da moça, mas isso a deixou mais bonita e... Fofa.

Flynn sorriu e encarou os amigos.

— Vocês estão vendo o que ela faz comigo? – O rapaz perguntou. Rapunzel sorriu e abraçou o namorado. Jack deu um sorriso, assim como os outros. – Vocês ainda vão ver como é ter uma namorada. – Flynn sorriu e então passou a sua outra mão em volta da cintura de Rapunzel, a abraçando. – Ok. – O menino se virou para Kaio. – Hoje eu falo com o Hedge, e a gente marca a reunião outro dia.

— Pode ser. – Kaio deu de ombros, como se não estivesse escutado nada do que Flynn havia falado. Na verdade, Jack, tinha a quase certeza de que ele não havia escutado nada.

Jack encarou Flynn, enquanto o menino depositava um beijo na bochecha de Rapunzel e deixava a menina ir andar por ai. Jack de um sorriso malicioso. Sabia muito bem o que tinha que fazer agora. E faria isso hoje, se possível.

— Ok. – Flynn olhou para os companheiros e então para Jack. – Vou tentar encontrar Hedge. – O garoto pegou um caderno que estava em cima da mesa, acenou e saiu andando. Algumas meninas pareciam suspirar enquanto ele passava.

— Bom Jack... – Henry chamou o menino. – Se você quiser vir no treino hoje...

— Podemos falar com o Treinador Hedge. – Kaio sugeriu enquanto voltava a realidade. Jack percebeu que somente Flynn tratava o treinador como uma pessoa íntima, não usando o “Treinador” na frente de seu nome.

— Quem sabe... – Henry deixou transparecer uma ponta de esperança em si mesmo. Os outros três garotos se levantaram, acenaram e então saíram. – Tímidos mais que qualquer um... – Henry comentou com si mesmo, enquanto olhava os três se distanciarem. – Não sei como são jogadores.

— Ninguém sabe. – Kaio concluiu enquanto olhava para alguém. – Ok Jack. Hoje depois da aula, no campo. – O menino levantou o polegar, pegou seus cadernos e então saiu.

— Kaio está fixado em Emma. Isso vai ferrar ele com o Treinador. – Henry comentou rindo. Jack deu um sorriso. Lembrava desse nome de algum lugar, mas não lhe via na memória de onde. – Mas e você? Não sabia que era um quarterback. – Jack deu de ombros e olhou o movimento por um segundo.

— Não foi fácil virar. – Jack deu um sorriso de canto enquanto lembrava-se de tudo que já havia feito na escola anterior. – Mas depois, eu dominei.

— Hum... – Henry assentiu com a cabeça. Uma menina o chamou ao longe e acenou. Henry sorriu e acenou de volta. – Tenho que ir. – O menino pegou seus cadernos e seu estojo. – Tem aula do que depois?

Jack pegou seu horário no bolso e o olhou.

— Geografia. – O menino respondeu.

— Dois. – Henry sorriu e esticou a mão para Jack, que apertou. – Nos vemos lá.

Jack sorriu de volta. Henry continuou caminhando, passou um de seus braços em volta da cintura da menina e saíram andando. Jack abaixou a cabeça. Já tinha um plano na cabeça, só faltava o colocar em prática.

As aulas foram um saco. Exceto a de geografia. Jack sabia que Henry era melhor amigo de Flynn, mas viu no menino, coisas que nunca imaginara ver. Sentaram-se no fundo e ficaram conversando a aula inteira. Algumas vezes, o professor olhava para os dois, mas Henry entrava em ação e lhe devolvia o olhar, como se o rapaz tivesse alguma chantagem para cima do mesmo. O resto das aulas foram chatas. Jack não tinha nenhuma aula com alguém conhecido.

Da escola, partiu para o campo. Segundo seu conhecimento, Rapunzel provavelmente estaria lá, então poderia falar com a loira. Andou calmamente até o campo, esquivando-se de alguém que conhecia e correndo quando não via ninguém conhecido. Atendeu uma ligação de Soluço, e respondeu ao garoto que ia demorar a ir para casa, depois desligou o celular e o tacou dentro da mochila.

Continuou seu caminho ao campo, e viu as grandes arquibancadas ficarem enormes. Foi se aproximando com passos largos. Queria chegar logo. Talvez o treino estivesse começando, ou já teria começado.

Jack abriu o portão, e logo em seguida o fechou. Depois o menino olhou para o campo. Tinha um grupinho reunido em um canto e outro grupo reunido em outro. Jack apertou mais a mochila e andou até chegar perto da grade. Os dois grupinhos se separaram e então se colocaram em posição. O jogo, de treinamento, havia começado.

Jack olhou para as arquibancadas, em busca da loira. De um lado, no campo ainda, viu algumas líderes de torcida ensaiarem com aqueles uniformes pequenos e curtos aos seus corpos. Jack sorriu com certa malícia. Passou seus olhos para o outro lado da arquibancada e viu Rapunzel.

A menina estava com uma saia que chegava até um pouco acima do joelho, uma blusa branca com algumas letras pretas e o cabelo solto, voando com o vento. Ela estava sentada um pouco longe da grade, mas o suficiente para poder ver todos os detalhes do jogo. Jack se surpreendeu ao ver Rapunzel ali, vidrada no jogo. Esperava que a menina estivesse lendo, mexendo no celular, ou algo do gênero, não vendo o jogo.

Ajeitou os fios brancos e caminhou em direção a menina. A mochila da garota depositava ao lado da mesma, com algum livro em cima. Jack subiu as escadas, e foi até o alto, ficando o mais afastado de Rapunzel. Quando estava na sua direção, começou a descer pelas arquibancadas. Foi em direção ao lado em que não tinha nada perto de Rapunzel.

— Boo! – Exclamou, enquanto sentava ao lado da menina. Rapunzel deu um leve gritinho de susto, e um belo tapa no braço de Jack, o que fez o menino rir. Depois a mesma se recompôs e voltou a ver o jogo, como se Jack não estivesse ali. – Achei que você fosse uma patricinha que boiava no jogo. – Jack sussurrou para Rapunzel, de uma forma sarcástica e divertida.

Rapunzel revirou os olhos.

— As aparências enganam. – A menina comentou enquanto olhava atentamente para o jogo. Jack olhou para o mesmo. Era o time da escola, porém dividido em dois e competindo-se entre si. Um uniforme era branco com tudo em azul, o outro era azul com tudo em branco. Jack arqueou uma sobrancelha pro nada.

Treinador Hedge caminhava de um lado para o outro, como se estivesse faltando algo naquele time. E tem... Eu! O menino bufou irritado, lembrando-se de quando Hedge o ignorou.

— Preciso de sua ajuda. – Jack soltou enquanto olhava Rapunzel. Os olhos da mesma brilhavam ao ver aquele jogo, e Jack conseguia ver o reflexo das coisas nos seus olhos. O seu cabelo voava de uma forma delicada e comportada, como se fosse ensinado a ele a fazer isso. Rapunzel ignorou o que Jack disse e continuou a ver o jogo. A menina se levantou com toda a felicidade e soltou um grito, depois abriu seu sorriso. Jack olhou para o campo.

Flynn havia marcado um touchdown, ele corria até seus companheiros e depois mandou um aceno para o lado deles. Jack acenou, mesmo tendo a certeza de que o aceno não era para ele. Rapunzel sentou no banco e vidrou seus olhos. Parecia mais esperançosa. Jack revidou os olhos, era apenas um treinamento.

— O que foi? – Rapunzel perguntou já meio irritada. Jack a encarou. Rapunzel imitou o menino, revirando os olhos do jeito que ele fizera. Jack deu um sorriso. – Porque revirou os olhos? – Rapunzel perguntou, como se Jack não tivesse entendido o gesto da menina.

— Nada. – Jack respondeu dando de ombros. Rapunzel tirou seus olhos do campo e voltou-os para Jack. – É só que isso é um treinamento, não um jogo. – A menina o olhou com curiosidade nos olhos, como se não tivesse entendido onde Jack queria chegar. – Não precisa de tanta alegria.

— Precisa sim. – Rapunzel rebateu enquanto voltava seus olhos para o jogo. Outro touchdown marcado, dessa vez por Kaio, que correu e mandou um coração para o grupo das líderes de torcida, mais especificamente para uma lidere de torcida. Rapunzel deu um riso sacana. – Tenho dó do Kaio.

— Daquele Kaio? – Jack perguntou apontando para o menino que vibrava no campo enquanto voltava para a sua posição. Rapunzel assentiu. – Por quê?

— Ele está gostando de uma garota. – Rapunzel lançou um olhar de raiva, inimizade para as garotas que haviam voltado a dançar. – E ela não esta nem ai. – A menina deu um suspiro, como se estivesse com dó do rapaz, o que Jack não duvidava nada. – Mas finge estar.

Jack já tinha ouvido desta história, tinha visto essa história ocorrer na sua frente. Uma vez, e foi suficiente para o menino ajudá-lo. Jack suspirou. Rapunzel já havia voltado seus olhos para o campo.

— E qual é a menina? – O rapaz perguntou. Rapunzel o encarou com curiosidade nos olhos verdes que mais pareciam duas esmeraldas de tão belos.

— Aquela. – Rapunzel mostrou uma menina se afastando do grupo e pegando o celular. Jack a analisou. – Kaio sabe muito bem que não tem chances com ela. – A menina começou a contar a história. Jack fixou os olhos na garota. Conhecia-a. – Mas mesmo assim, faz de tudo para ela. – Rapunzel deu um suspiro triste e então encarou Jack. – E mata qualquer um que se aproximar dela.

Jack engoliu em seco. Estava ferrado. Kaio era melhor amigo de Flynn, havia apoiado sua entrada no time, e estava de rolo com uma garota. Ou melhor, a garota. Emma. Sabia que se lembrava daquele nome. Jack ouviu a risada de Rapunzel e olhou para a menina, que parou de rir imediatamente e voltou a se concentrar no jogo.

— Eu quero te pedir um favor. – Jack pediu para a menina. Rapunzel suspirou cansada, como se a presença do garoto, ali, a incomodava. – Não fale nada pro Kaio. – Rapunzel deu mais uma risada, e então deu duas batidinhas no ombro de Jack. O rapaz tinha a certeza de que Rapunzel virá os dois se beijando na festa. – E bem...

— Isso! – Rapunzel se levantou com um pulo e comemorou. Novamente, Flynn havia marcado um touchdown. Jack acenou para o garoto que voltava a sua posição inicial. O menino de cabelo branco tinha que admitir, Flynn era muito bom no quesito de quarterback. – Queria minha ajuda para o que? – Rapunzel perguntou voltando a atenção de Jack para seus olhos.

— Fale com o Flynn. – Jack pediu, começando a lhe contar. Rapunzel deu um sorriso, demonstrando que aquilo ela fazia todos os dias, o que era verdade. – E peça para ele me ajudar a me por no time. – Rapunzel arregalou os olhos, como se aquilo fosse um pedido extremamente difícil.

— Porque eu tenho que fazer isso? – A menina perguntou o encarando. Outro touchdown foi marcado, Jack não soube por quem, e não estava interessado em saber.

— Porque o Flynn te ama, e te escuta. – Jack falou a primeira coisa que lhe veio na cabeça. Porém isso, não pareceu convencer Rapunzel. A menina voltou sua atenção ao jogo. – E isso deixaria seu amigo feliz.

— Você não é meu amigo. – Rapunzel o cortou voltando a ser fria e prestando atenção no jogo.

— Não. – Jack concordou. Por um minuto se sentiu arrependido, mas depois continuou. – Não estou falando de mim. – A menina o fitou, como se Jack tivesse ingerido algo errado. – Estou falando de Soluço.

— Porque Soluço ficaria feliz com você no time?

— Porque ele sabe o quanto eu gosto de jogar. – Jack tinha a resposta na ponta da língua. Havia estudado e treinado mentalmente na aula de história. – E ficaria feliz em me ver no campo.

Rapunzel o olhou, desconfiada. Jack sabia que a menina não era boba e ingênua como tinha achado. Rapunzel era esperta e inteligente. A menina voltou sua atenção ao jogo, como se aquela conversa não tivesse ocorrido. Jack colocou na sua cabeça que a menina estava pensando na proposta. Jack entrava pro time, Soluço ficava feliz, Rapunzel ficava feliz, Merida ficava feliz, todo mundo ficava feliz.

— Ok. – Rapunzel virou seu rosto para encarar o de Jack. O menino se animou. – Só que eu não te garanto nada. – Jack cortou Rapunzel com um abraço. Estava mais feliz. Estava bem mais feliz. Estava com mais uma chance garantida para entrar no time. Ia entrar, tinha a certeza disso. – Frost... – O garoto escutou a voz de Rapunzel e soltou a menina, então virou para o campo, para ver se Flynn havia visto algo, mas o menino ainda estava em uma partida.

— Obrigado. – Jack sorriu enquanto voltava seus olhos para o jogo e via o time adversário de Flynn marcar um touchdown.