Literally Falling From A Parachute escrita por Paul Everett


Capítulo 37
Capítulo 37: Ao infinito e além


Notas iniciais do capítulo

Nyah voltou e não tinha feito nenhum capítulo, isso mesmo, fiquei tão atolada de trabalho escolares e problemas pessoais... Mas tirei sábado e domingo para escrever este capítulo, não ficou como eu quis, mas deu nisso e... É. Respondi todos os comentários, gente, por favor, não morram, hehe.

Pra vocês aí, capítulo novo e boa leitura!



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Olhou no relógio e respirou fundo. O carro finalmente parou em frente ao prédio, Blaine precisava estar logo em casa. Sua casa. Onde estava Kurt e seus amigos.

— Vamos. — Cooper disse.

Blaine olhou para Cooper, que já estava fora do carro. Ele saiu do carro e entrou no prédio. Então estancou. Cooper franziu a testa tentando equilibrar as bagagens. Chuck e sua mãe que discutiam com um morador pararam de falar, o rapaz tratou de ajudar Cooper, que manteve seu olhar sobre o irmão.

— O que foi? — Cooper questionou confuso.

Blaine olhou nervosamente para o irmão, sua mão segurava a bainha do seu suéter. Seu olhar estava perdido. E se Kurt não o quisesse mais? E se ele tivesse errado em não ir embora? Mas Kurt lhe amava, não é? Ele havia prometido lhe procurar, certo? Sua cabeça estava cheia de pensamentos. Ora pensamentos positivos, ora negativos.

— E se...

— Deus, não, não comece com esse papo de “e se”. — Cooper repreendeu, cruzando os braços. — Não me arrependa de ter ajudado você.

— Ok. — Blaine assentiu.

Blaine abriu e fechou a boca, olhando entre as escadas e o irmão. Ele respirou fundo. Puxando a bainha da camisa para cima e tirando-a, jogando na direção do irmão. Seu torso ficou descoberto, deixando expostos seus músculos e abdômen. Aquele suéter era presente de seu pai. Ele não queria nada que lhe lembrasse daquele homem. E o suéter era horrível.

— Melhor? — Cooper riu.

— Acho que sim. — Blaine estremeceu com o frio.

Estava de fato muito frio mesmo com o aquecedor, a neve estava chegando à cidade de Nova York. E daí se estava frio? Claro, ele podia ficar gripado. Mas não usaria aquele maldito suéter. Aquilo coçava. Passando levemente as mãos nos seus lados tentando causar algum atrito de calor, ele correu em direção as escadas. O elevador continuava do mesmo jeito, então ele subiu as escadas apressadamente. Pedindo desculpas para quem ele trombasse no meio do caminho. Cooper estava logo atrás, no reboque, sorrindo timidamente para os olhares curiosos. Ofegante, Blaine começou a bater na porta do apartamento. Bater não, arrombar a porta, era quase murros. A porta abriu de supetão e os dois se encararam.

— Blaine...

—Sabe, eu estou com frio. — Blaine disse para quebrar aquele clima de surpresa. — Eu agradeceria se você me abraçasse.

Ele rapidamente correu na direção do moreno. Por um momento Blaine admirou sua simples habilidade de locomover-se tão velozmente. Depois ele jogou-se em seus braços quase o derrubando com o choque dos corpos. Blaine gemeu baixo, mas não era dor ou coisa parecida, mas sim por sentir o calor penetrando seu corpo assim como seu perfume invadia seus pulmões. Fechou seus braços ao redor do outro corpo com força o prendendo entre eles como uma tentativa consciente de dizer que ele não iria sair dali, nunca mais.

— Por que demorou tanto? — Kurt perguntou, apertando-o mais forte.

Blaine riu alto sem conseguir conter a felicidade. Naquele primeiro momento eles ficaram ali, aquele abraço poderia ser eterno. Para Kurt era como se estivesse pondo seu coração arrancado bruscamente de volta para seu peito de uma forma terna e segura. Ele nunca iria largá-lo, nunca. Não sabia quanto tempo durou aquele abraço ou quando ele começou a chorar silenciosamente.

— Kurt... Estou sufocado. — Blaine reclamou com a voz rouca.

Kurt riu baixo e afrouxou o abraço, afastando seu rosto para poder olhá-lo. Gravou novamente cada traço de seu rosto em sua memória. Seus marcantes olhos castanhos, o desenho perfeito daquela boca, o traço de seu queixo e maxilar. Poderia passar todo tempo do mundo apenas encarando aquele rosto que não se importaria. Mas não aguentaria passar mais um segundo sequer sem relembrar o sabor de seu beijo. Foi pensando nisso que encaixou suas bocas em um toque suave, sinceramente foi como se um raio atingisse seus corpos fazendo todas as células vibrassem em ressonância a uma única e poderosa emoção. Blaine suspirou contra seus lábios e levou uma mão para sua nuca, aquilo foi a deixa para que o beijo se tornasse intenso, desesperado e urgente. Porém, infelizmente, o ser humano precisava respirar e assim eles se afastaram apenas o suficiente para buscar ar avidamente.

— Como? — Kurt perguntou, colando suas testas — Como e por quê?

— Eu não aguentaria ficar longe de você e seguir todas as regras do meu pai. Eu odeio todas essas coisas... Eu já aguentei o suficiente quando estava com ele, aqui eu tenho toda minha liberdade, posso ser quem eu sou, principalmente ficar com quem quero. — Blaine suspirou. — Você é mais importante do que uma viagem para longe ou do que Oxford.

— As consequências são grandes...

— Estaremos juntos contra elas, certo?

Kurt assentiu.

— Até mesmo contra sua verdadeira família?

— Você é minha família! Minha família são meus amigos, todos que amo. Eu, você, Cooper, Sam, Quinn, Brittany, Santana, a pequena bebê delas, até mesmo o casal Finchel e seu pai. Considero-os minha família, eles me apoiaram e estiveram comigo em todos os momentos, seja bons ou ruins. — Blaine sorriu.

— Eu te amo...

— Sam, venha aqui, sexo gay no meio do corredor. — A voz de Quinn se fez presente, em um tom de zombaria. Blaine sorriu timidamente para a loira atrás do namorado. — Bem-vindo de volta, pequeno Elfo.

— Hey, Quinn. — Blaine acenou.

— Blaine! Cara! — Sam apareceu gritando, empurrando seus amigos e ficando na frente de Blaine. Ele segurou o rosto do moreno e distribuiu beijos por todo seu rosto. Depois puxou Blaine para um abraço apertando. — Eu senti sua falta, deus, tanta, irmão!

Ambos começaram a gargalhar. Kurt remexeu-se no seu lugar, não havia gostado nem um pouco daquele tipo de interação, mas entendia o que Sam sentia. Todos ali estavam com saudades.

—Uau, eu ficaria de olho nisso se fosse você. — Quinn sussurrou para Kurt.

— Cale a boca. — Kurt resmungou. — Vá abraçá-lo também!

Quinn riu levemente e caminhou em direção do moreno, para logo parar.

— Cadê sua camisa?

Todos olharam para Blaine.

— E-eu…

— Acho que ele tem passado muito tempo com Sam. — Kurt brincou e todos riram.

— Vista alguma coisa, credo. — Quinn fez uma careta. — Eu não vou te abraçar assim.

— Quinn! — Blaine puxou a loira sem permissão alguma. Quinn tentou se afastar, mas acabou não resistindo ao abraço acolhedor do moreno. Ambos sorriram ao se afastarem. — Eu sentiria sua falta se tivesse ido para Londres.

— Nos veríamos de qualquer jeito caso você fosse. — Quinn piscou.

Blaine franziu a testa ao ver o sorriso misterioso que brotou nos lábios da amiga.

— Como você chegou aqui?

— Eu não consegui seguir em frente com aquela ideia maluca do meu pai sendo que queria ficar com vocês. — Blaine sorriu. — Eu não podia! Vocês em pouco tempo valeram mais do que todos os anos que passei com meus pais, sendo ignorado e excluído pela síndrome. Vocês me ensinaram o que é viver sem medo de sofrer... Sem vocês eu não teria tanta liberdade de me expressar ou saltar na piscina de alguém que não conhecia — Ele olhou carinhosamente para os loiros. Focou seu olhar nos olhos azuis que tanto amava. —Talvez eu não tivesse arranjado um emprego, assim eu não teria entrado na loja de Ryder para comprar flores para Kurt... Talvez eu não soubesse o que é amor, como é amar.

Kurt sorriu amorosamente para o moreno.

— Foi a primeira vez que me senti realmente em casa! Eu não conseguiria ficar longe de vocês depois de tudo que passamos. — Blaine suspirou. — Vão ter que me aguentar muito ainda!

— Acho que podemos fazer isso. — Quinn deu de ombros, sorrindo.

— Definitivamente. — Sam disse sorridente.

— Fazer o que?

Todos olharam para Cooper que trazia as bagagens de Blaine com a ajuda de Chuck, que olhava curiosamente para o grupo de amigos.

— O que eu perdi? — Cooper perguntou, deixando as malas no chão. — Tudo bem por aqui?

— Você também ficou? Eu pensei...

— Eu não deixaria Blaine para trás, mesmo que Londres fosse uma proposta tentadora. — Cooper explicou, sorrindo levemente. — E eu me acostumei com vocês.

— Obrigada pela parte que me toca, Anderson. — Quinn zombou.

— Quinn. — Kurt repreendeu.

Blaine sorriu para a interação que foi se formando, as provocações e zombarias de Quinn contra Cooper enquanto Kurt tentava controlar o pequeno bate boca. Então Sam ficaria observando tudo com vontade de rir. Isso era sua família. Ele estava de casa novamente. Sem dúvidas.

***

Uma semana havia se passado após todos aqueles acontecimentos. A tensão na universidade havia diminuído, mas não foi uma surpresa quando Blaine parou de frequentar as aulas. O casal teve uma longa conversa, uma rápida crise e a reconciliação. Chegaram a uma conclusão, Blaine não faria nada que não gostasse ou quisesse. Dias após a decisão, o pagamento da universidade foi cortado. Cooper respondeu todas as perguntas necessárias que o reitor perguntou. Enfim, Blaine saiu da universidade. Aquilo foi um alívio para o moreno e os rumores mesmo que ainda existissem foram deixados para o lado com sua ausência. Suas manhãs agora vazias foram preenchidas por horas tentando fazer outros sabores de biscoitos e conversando com Sam quando o loiro não estava em reunião ou com Oliver. Suas tardes continuavam sendo apenas na floricultura, agora mais amigo de Kitty e cuidando das flores. A noite era envolvida pelos braços do seu amado. Ele não reclamaria se sua vida continuasse assim.

Kurt voltou com a ideia de procurar ajuda e Blaine recusava a qualquer custo ouvir. Mesmo que ele dissesse pensar no assunto. Não havia nenhum resultado. Até mesmo Sam tentou abrir os ouvidos do amigo, mas não deu em nada.  Sobrou a Quinn convencer o moreno ou apenas incentivá-lo. Ela aproveitou a folga que tinha da universidade e viu a oportunidade de falar com o moreno, vestiu um vestido de verão, mesmo que fizesse frio, com um casaco grosso. Pegou sua bolsa e suas chaves, saindo do apartamento e abrindo a porta do apartamento de Kurt.

—Bom dia, flor do dia! — Quinn gritou, fechando a porta atrás de si.

Blaine saltou de susto, virando-se para encarar a loira. Ele bufou e abaixou o pincel que tinha em mãos. Como se aquilo ameaçasse caso fosse um ladrão, mas um ladrão não diria “bom dia”. Ele voltou a atenção para seus quadros no cavalete.

— Você devia ter cuidado, qualquer um poderia entrar. — Quinn disse, jogando sua bolsa sobre o sofá. Blaine encarou-a com uma sobrancelha arqueada. — Até mesmo eu.

— Não tem que trabalhar? — Blaine perguntou.

— Não, mereço uma folga. — Quinn piscou para o moreno. — Tenho uma missão hoje.

— Tipo?

— Você vem comigo.

Blaine virou-se para a amiga com um dedo apontando para si mesmo.

— Você mesmo, docinho. — Quinn sorriu.

— Docinho?

— Não reclame quando eu voltar a te chamar de Elfo. — Quinn disse e Blaine levantou a mãos em rendição. — Vista algo quente que vamos sair desse ovo.

— Mas, pra onde?

— Sem perguntas, apenas me obedeça. — Quinn sorriu.

Blaine revirou os olhos, indo para o quarto. Trocou o jeans velho e a camiseta suja de tinta por uma camisa de manga comprida e uma calça jeans limpa. Penteou rapidamente os cabelos lutando contra os cachos rebeldes e pôs os sapatos. Quando voltou para a sala de estar, Quinn já estava do lado de fora do apartamento esperando por ele. Após vestir seu casaco de frio e trancar o apartamento, eles saíram do prédio.

Em momento nenhum Quinn comentou sobre onde eles estariam indo. Eles andavam pelas ruas movimentadas de Nova York sem qualquer rumo, pelo menos para Blaine. A caminhada era longa, estava bastante frio, mas nem isso fazia as ruas vazias, algumas lojas já estavam enfeitadas para o Natal, outras nem tanto. O apartamento de Kurt e Blaine ainda não estava enfeitado para as festas de fim de ano, mas isso mudaria, o primeiro Natal de Blaine em Nova York teria que ser perfeito. Sam chegou a comentar que compraria a árvore de Natal e Cooper ajudaria. Ele faria qualquer coisa para deixar o irmão mais novo feliz.

Blaine estava tão preso nos seus pensamentos que não percebeu que já estava no Central Park. Ah, ele sentia falta daquele lugar! Seu quase primeiro encontro com Kurt, os piqueniques com Quinn, o dia da chuva onde ele ficou preso. Aquele lugar lhe trazia boas lembranças... Ele não se arrependia de ter ficado com seus amigos e ter sido contra seu pai. Era apenas olhar ao redor e ver que ele tinha feito a escolha certa.

— O que estamos fazendo aqui? — Blaine perguntou confuso.

Quinn suspirou e sentou num banco próximo. Eles estavam mais ou menos perto da fonte, poucas pessoas estavam no parque, alguns atletas corriam e outros cortavam caminho ao passar pelo parque.

— Eu não sei. — Quinn deu de ombros. Ela olhou para o moreno para logo desviar. — Eu gosto desse lugar! Aconteceram tantas coisas boas entre a gente aqui, não é?

— Sim... Eu também gosto, mas...

— Às vezes eu me arrependo de ter implicado com você desde começo, mas olha agora, somos amigos e vizinhos de apartamento. O mundo dá voltas... — Quinn deu um sorriso pequeno. — Você é jovem, tem um futuro imenso pela frente! Vai precisar lutar bastante para conseguir o que quer, pois nem tudo que queremos conseguimos, como dizem, querer não é poder, mas nunca é tarde para sonhar.

— Eu não entendo, Quinn...

— Sente, Blaine. — Quinn disse, revirando os olhos. Meio desconfiado, Blaine fez o que foi dito. Após um longo suspirou, a loira voltou a abrir a boca. — Eu tenho uma filha.

— O quê? — Blaine exclamou.

— Surpreso? — Quinn riu nervosamente. — Seu nome é Beth, e-ela é a coisa mais importante que aconteceu na minha vinda. Tive quando era mais nova, aquela noite foi um erro, mas foi desse erro que ela nasceu e por causa dela eu não me arrependo tanto. Meus pais me expulsaram quando souberam, as únicas pessoas que estiveram ao meu lado foi o Glee Club, uma parte deles pelo menos.

— Quem é o pai?

— Puck. — Quinn riu ao ver os olhos arregalaram de Blaine. — Surpreso novamente? Pois é, até hoje eu ainda fico surpreso pela minha escolha, mas Puck era um garanhão e eu estava numa fase difícil, eu não conseguia sentir nada com meu namorado e eu estava me sentindo confusa, então...

— O traiu. — Blaine completou e Quinn assentiu. — Não é meio...

— Egoísta? Eu sei. — Quinn suspirou. — A verdade que eu só queria esquecer alguém naquela noite e não pensei nas consequências. Puck mentiu sobre usar proteção e pediu desculpas, mas já era tarde demais. Quando Beth nasceu, eu fiquei tão feliz, ela era perfeita... E-eu queria ficar com ela, mas eu não podia, não tinha condições para criar uma criança então eu entreguei para a doação.

— Quinn...

— Eu estou bem. — Quinn limpou as lágrimas que caiam, fungando levemente. Suas mãos estavam trêmulas e a qualquer momento ela explodiria em lágrimas. Blaine pôs a mão nas costas da loira, afagando-a. — Para grande ironia a mãe de Rachel adotou Beth.

— Rachel tem mãe?

— Sim, como você acha que ela nasceu?! — Quinn disse, arrependendo-se logo depois. Blaine abaixou a cabeça, envergonhado. — Desculpa, e-eu não quis...

— Está tudo bem, Quinn. O que aconteceu?

— Eu nunca mais a vi. — Quinn disse olhando para frente. — Puck parece ter contato com Shelby, a mulher quem a adotou, mas... Eu nunca tive coragem, por que diabos ela iria querer conhecer a mulher que lhe deixou?

— Ela entenderia que você não conseguia...

— Mesmo assim! Ela deve ter uma vida perfeita, não precisa ter uma pessoa como eu na sua vida, ela tem tudo, não precisa de mim...

— E se ela quiser?

— Não, ela não quer...

— Mas se ela quiser, Quinn? — Blaine insistiu. — Não importa com o que você acha! Se ela quiser, se um dia ela quiser conhecer você, vai impedir ela disso? Você é a mãe dela.

— Não, a mãe dela é aquela quem a criou, esteve em todos seus momentos, levou para o primeiro dia de aula... Eu não estava nesses momentos. Eu não sou mãe dela!

— Você pode construir momentos com ela, apenas você duas! Basta você querer! — Blaine segurou as mãos pálidas nas suas. — Ela vai te amar, quem não ama?

— Blaine...

— Basta tentar. — Blaine sorriu.

— Você é impossível. — Quinn riu entre as lágrimas. Ela puxou Blaine para um abraço meio desajeitado. — Obrigada.

— Estou ao seu dispor...

— Você também tem que tentar.

— O quê? — Blaine franziu a testa.

— Kurt me contou...

— É por isso que estamos aqui? — Blaine apareceu irritado.

— Ei, calma! Eu não vou te forçar nada, é apenas uma conversa...

— Eu não preciso de ajuda! Eu p-posso fazer tudo sozinho, eu estou livre. — Blaine gritou, levantando do banco. — Eu n-não quero ninguém mandando em mim novamente... Nenhum médico... Ou...

— Blaine, sente-se, por favor. — Quinn pediu, calma. — Eu quero apenas conversar, não vou te obrigar a nada.

— Eu não tenho o que conversar. — Blaine disse.

— Então, quando você vai querer conversar? Quando Kurt estiver famoso e todos estiveram em cima dele pedindo fotos e autógrafos enquanto você está tendo uma crise por causa de multidão ao redor? Quando Kurt já não conseguir ter um controle sobre você? Quando tiver uma crise por causa de crianças novamente, e se for seus filhos? Quando seus filhos te pedirem algo e você não saber lidar com isso?— Quinn levantou-se, encarando seriamente o moreno com os olhos vermelhos. — Todos nós precisamos de ajuda, nem sempre Kurt vai estar do seu lado. Quer que ele fique orgulhoso de você?

Blaine cambaleou levemente com as palavras da amiga. Claro que ele queria fazer seu namorado orgulhoso, sem dúvidas.

— Você precisa de ajuda, você sabe disso, não faça isso por mim ou por Kurt. Faça por você! Você não precisa de nenhum herói, você tem que ser o herói.

— Eu tenho medo.

— Medo de que?

— De não conseguir...

— Você vai, Blaine. — Quinn sorriu, pondo a mão sobre o ombro do moreno. — Todos estarão ao seu lado para te apoiar.

—E-eu... P-podemos... Apenas voltar para o apartamento?

— Claro. — Quinn suspirou. — Vamos...

***

Era uma noite apenas deles. Sam tinha saído com Oliver e Quinn não tinha dado as caras desde cedo. Kurt chegou cansado do trabalho por causa dos exames finais, ele sentia o dobro de saudade do namorado. Pelo menos quando Blaine estava na universidade, Kurt ainda o via pelos corredores e na sala de aula, mas agora não. Telefonemas rápidos e mensagens de textos não pareciam o suficiente. Ao chegar ao apartamento, o professor se deparou com o namorado fazendo o jantar. Foi uma surpresa, pois Blaine ainda era novo na cozinha. Ele nunca foi livre para fazer o que queria e agora tinha tal liberdade. Por um momento Kurt ficou com medo de chegar e encontrar o apartamento em chamas, mas suspirou ao ver que tudo tinha saído bem.

O moreno serviu a comida para o namorado e a si mesmo, eles comeram enquanto assistiam a um filme. Às vezes Kurt contava seu dia e Blaine fazia o mesmo, em nenhum momento comentou sobre seu passeio com Quinn. O caminho de volta para o apartamento os dois falaram sobre coisas amenas, o papo era rápido e Quinn não pressionou mais Blaine sobre o assunto. Logo Quinn voltou para suas coisas e Blaine para suas pinturas.

O primeiro filme chegou aos créditos finais e eles foram para o quarto, Blaine sugeriu assistir outro filme antes de dormir.

— Hairspray é filme incrível. — Kurt afirmou, puxando o DVD da estante.

— O remake ou o original? — Blaine perguntou. Ele estava deitado na cama vestindo um short de pijama e uma camiseta do Buzz Lightyear com a frase “ao infinito e além”. Blaine olhou para o teto enquanto brincava com o anel vermelho de plástico ligado a uma corrente de prata no pescoço.

— Eu gosto dos dois, mas o que vamos assistir esta noite é o remake.

Kurt virou-se para a TV e colocou o filme. Ele pulou na cama ao lado do moreno e se aconchegou. Kurt olhou para o namorado antes de apertar o play.

— Então, você realmente gosta de Toy Story? — Kurt perguntou ao ler a camisa do namorado, ainda brincando com o anel.

— Sim eu gosto. Eu vi com meu irmão quando saiu nos cinemas. — Blaine suspirou com a lembrança. — Cooper me levou porque papai e mamãe estavam em algum argumento, ou melhor, o papai estava gritando com a mamãe. Mas Cooper usou seu próprio dinheiro, que ele guardou, e comprou pipoca e bebidas, ficamos fora até tarde. — Blaine sorriu. — E quando chegamos em casa papai tinha saído e mamãe estava dormindo. — O moreno soltou uma pequena risada. — Agora, sempre que eu penso no filme me faz lembrar que eu cheguei a ser uma criança normal e não ter que se preocupar com as coisas que estavam acontecendo em casa.

Kurt sorriu tristemente para seu namorado e beijou-o suavemente no rosto.

— Estou feliz que você tenha pelo menos uma lembrança assim. — Kurt disse, olhando para a camisa novamente. — Mas Buzz? Eu teria pensado em escolher Betty ou Woody.

— Eu gosto do Buzz. — Blaine admirou sua camisa. — Ele era meio arrogante no início, mas ele muda.

— Para o infinito e além. — Kurt leu a camisa. Seu sorriso alargou ao olhar o teto para encontrar um céu escuro coberto de estrelas brilhantes que tinham sido pintadas alguns dias atrás.

— Nós realmente fizemos um bom trabalho. — Blaine comentou enquanto seguia o olhar de Kurt para as estrelas.

— Você pintou maior parte, eu estava lá apenas para dar apoio moral. — Kurt riu, levantando a mão pra cima, como se fosse tocar as estrelas. — E eu realmente gostei de ver você pintar ao invés dos quadros.

— Hmm, bem, você pode pedir e me ver pintar a qualquer hora...

 Blaine olhou para Kurt, mas o outro ainda estava olhando o teto com um pequeno rubor nas suas bochechas. Quando Kurt finalmente olhou para Blaine, o moreno beijou suavemente o namorado, o beijo durou alguns segundos, quando Kurt se afastou. Blaine lambeu os lábios e colocou um cacho de seu cabelo no devido lugar.

— Animado para assistir o musical? — Kurt perguntou sorrindo para seu namorado.

— Sim. — Blaine disse, bicando os lábios de Kurt em seguida.

Ele apertou o play e relaxou ao lado do namorado. Blaine entrelaçou seus dedos aos pálidos, tocando o anel vermelho no dedo de Kurt antes de focar sua atenção para a televisão. Quando a primeira música começou a tocar Kurt começou a cantar junto. O moreno deu mais atenção ao namorado nos seus braços do que os outros que cantavam na tela. Ele estava contente ao assistir seu próprio pequeno show.

Com apenas cerca de trinta minutos restante de filme, Kurt tirou os olhos da tela e olhou para um moreno sorridente olhando de volta para ele.

— Você está gostando? — Kurt perguntou, quando outra pessoa começou a cantar. Blaine olhou rapidamente para a tela antes de responder o namorado.

— É bom. — Blaine deu de ombros.

— Qual a sua parte favorita? — Kurt perguntou olhando para o moreno desconfiado.

Blaine desviou os olhos dele antes de responder novamente.

— A parte que eles cantam.

Kurt deu uma tapa no braço de Blaine e rolou para o outro lado da cama.

— Não me deixe, querido. — Blaine lamentou. Ele estremeceu ao sentir o vento entrar pela janela aberta. — Está frio.

— Você estava mesmo assistindo o filme? — Kurt ignorou completamente

— Bem, e-eu estava assistindo você... E você praticamente cantou o filme inteiro. Então, sim, de uma forma eu estava assistindo. — Blaine sorriu esperançoso para o namorado.

Kurt olhou para o moreno sorrindo e revirou os olhos. Ele não disse nada e apenas olhou com expectativa para o seu namorado enquanto a próxima música começou a tocar na televisão. Blaine rolou para o lado da cama de Kurt, fazendo seu cabelo ficar uma bagunça, caindo sobre sua testa. Kurt tentou levantar, mas foi puxado para frente pelos braços do moreno.

— Blaine. — Kurt sorriu para o moreno, que escondia seu rosto nas coxas do professor.

— Kurt. — Blaine respondeu, segurando-o mais apertado.

— Blaine. — Kurt repetiu.

— Querido? — Blaine disse antes de beijar a coxa de Kurt sobre a calça de pijama. — Huh?

— O que você está fazendo? — A voz de Kurt tremeu quando os beijos começaram a ser distribuídos pela sua coxa, fazendo que a respiração dele engatasse. — Hmm... Blaine?

Blaine começou a sentar, mas continuou beijando Kurt. O moreno beijou sobre a coxa de Kurt, foi subindo pelo estômago coberto do namorado até chegar ao peito. O professor começou a respirar mais forte quando Blaine colocou beijos leves, mas amorosos em seu peito. Blaine mordeu levemente a pele exposta logo acima do colarinho da regata de Kurt, fazendo-o suspirar e morder o lábio. O moreno olhou para Kurt apenas para continuar com seus beijos na pele macia e continuar o caminho para o ouvido de Kurt.

— Você está bem? — Blaine perguntou.

O moreno não tinha certeza de que tinha acontecido com ele, mas ele simplesmente não podia deixar de beijar Kurt. Realmente ele não podia deixar de beijar o namorado todos os dias, mas agora havia algo que o fez querer beijá-lo... Em todos os lugares.

—Uhmm... — Kurt murmurou silenciosamente implorando para Blaine continuar.

Blaine voltou a beijar o namorado, arrastando seus beijos para o pescoço pálido, hesitante em passar a língua levemente sobre a pele quente, Kurt gemeu, enfiando as mãos sobre os cachos escuros do moreno. Blaine beijou o pescoço do namorado novamente, e sorriu ao aspirar o perfume que Kurt usava. Kurt aproximou-se do moreno colocando a cabeça para o lado, dando mais acesso para Blaine. O moreno sorriu para o pescoço do professor e continuou sua exploração.

— Eu te amo, Kurt...

— Oh, eu também, meu amor, eu também. — Kurt choramingou.

—E-eu... — Blaine afastou seu rosto do pescoço do namorado. — Eu preciso...

— Eu também, meu amor, preciso muito. — Kurt assentiu, puxando o rosto do moreno para seu pescoço novamente. — Sem provocações, B.

— Ok, eu vou precisar da sua ajuda. — Blaine murmurou.

— Eu vou ajudá-lo, mas sem enrolações, por favor...

— Eu sei, eu demorei demais pra fazer isso...

— Não, você... Estamos no tempo perfeito, continue fazendo...

— E Quinn conversou comigo hoje...

— O quê?

Kurt sentou-se rapidamente e Blaine sentou num estilo indiano, observando o namorado.

— Não foi uma conversa, eu soube algumas coisas e ela falou outras...

— Espera. — Kurt massageou as têmporas e olhou para o namorado. — O que você está falando?

— Sobre eu procurar alguém para ajudar com minhas crises. — Blaine respondeu.

— Oh...

— Eu sei que demorei, mas, eu quero melhorar.

— Você está fazendo isso por mim? — Kurt segurou as mãos morenas.

— Não. — Kurt franziu a testa. — Por mim.

— Oh... Sério?

— Sim! — Blaine sorriu adoravelmente. — Eu preciso melhorar pra seguir você, eu não quero ser uma pedra no seu sapato...

— Blaine, você não é...

— Kurt! — Blaine apertou levemente a mão do namorado. — Eu quero deixar você orgulhoso...

— Você vai!

— Kurt... — Blaine riu. — Me deixa falar, ok?

— Claro. — Kurt revirou os olhos.

— Eu quero deixar você orgulhoso quando estiver ao seu lado na festa de publicação do seu livro e conseguir falar com todos seus novos amigos e fãs. Eu quero deixar você orgulhoso quando conseguir lidar com os nossos filhos numa situação difícil...

— Filhos? — Kurt arqueou a sobrancelha.

— Kurt... Claro que sim, podemos adotar, vamos ter vários deles. — Blaine exclamou e Kurt choramingou. — Ou apenas dois.

— Dois é bom.

— É. — Blaine inclinou-se para beijar os lábios de Kurt, que fechou os olhos. — Você vai me acompanhar?

—Hmm...?

— Nas sessões.

— Sim, eu vou. — Kurt abriu os olhos e colou suas testas. — Aonde você ir, eu irei junto.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostariam?

Tentei fazer algo engraçado pra descontrair, mas teve esse lance do Blaine que deixou um pouco mais sério. No próximo capítulo vamos explorar mais a síndrome, vou preparar minhas pesquisas e queria ajuda de vocês, talvez sugestões para encher a história. Vi o alívio de vocês ao saberem que Walter foi embora, mas você me conhecem, eu nunca deixou essas coisas pela metade, estou chegando no capítulo 40 e não vou parar por ai. Seu tiver que chegar em 60 capítulos para acabar com Klaine velhinhos, eu chegarei.

Espero que tenham gostado e até o próximo capítulo. Deixe um comentário, uma sugestão ou uma crítica... Vai na sua preferência né! ;)