Literally Falling From A Parachute escrita por Paul Everett


Capítulo 30
Capítulo 30: Eu estarei aqui


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo meu deu um trabalho! Começando pelo fato do meu notebook ter travado enquanto escrevia e não salvou o capítulo pronto que tinha feito, depois de algumas horas, recomecei a fazer, puta da vida, mas fiz. Pelo menos saiu, não melhor do que a primeira vez, mas saiu.

Queria agradecer aos comentários anteriores, não respondi, mas prometo em breve. Nas notas finais estarei explicando como será as coisas daqui em diante, tanto atualizações, história e possibilidades de uma continuação. Enquanto você não chega lá, tenha uma boa leitura!



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Nova York conhecida como Cidade dos Sonhos. Kurt nunca pensou que sentiria saudades daquela cidade problemática. A volta para a tal cidade havia sido tranquila. O clima de despedidas deixou a família Hummel e Hudson emocionadas. Mesmo Blaine deixou uma lágrima escapar pelo rosto no momento tão intenso. Ele havia sido acolhido por aquela família, era difícil acreditar, principalmente pelas situações passadas com a sua própria família. Novamente, Burt e Kurt conversaram... Algo rápido e simples, mas as palavras sábias do Hummel mais velho eram tudo que Kurt precisava.

Tendo Quinn e Sam ao seu lado não era o suficiente, eles ajudavam no que poderiam, mas não estariam sempre ali. Kurt teria apenas Blaine ao seu lado... Seu fiel companheiro naquela jornada. Pela frente eles teriam que enfrentar todo o tipo de preconceito, não esquecendo que o namoro ainda era escondido... A qualquer momento aquela bola de segredos poderia explodir. Nenhum deles estava pronto para a explosão.

Já na universidade, Kurt teve que resolver seus problemas com a ida para Ohio enquanto Blaine estava cheio de assuntos pendentes por ter perdido as aulas. Ele caminhava pela calçada das ruas movimentadas, segurando um pacote pardo. Seu celular começou a tocar e rapidamente o pegou do bolso com a mão livre, olhando para a tela de touchscreen. Era Kurt. Quem mais poderia ser? Blaine sorriu amorosamente, aceitando a ligação.

— Kurt, eu já disse que não precisa me ligar de cinco e cinco minutos. — Blaine brincou.

Você fala isso como se não gostasse. — Kurt fingiu estar ofendido, arrancando uma risada gostosa de Blaine. — Já chegou à floricultura?

—Nah... Espera... Hmm, pronto. — Blaine empurrou a porta da floricultura. Sorrindo diretamente para Kitty, que retribuiu. —Acabei de chegar... Espera, você não deveria estar com Marley?

Estou, mas...

— E ai, Blaine! — Ryder gritou, aparecendo detrás do balcão. — Pensei que não viria mais!

— Desculpa a demora, Ry, tive um contratempo. — Blaine suspirou, pondo o pacote pardo sobre o balcão. — Trouxe biscoitos!

— Oh, biscoitos. — Ryder gemeu, pegando o pacote. — São de que?

— Amendoim, seus favoritos. — Blaine sorriu.

— Você é o melhor, cara, — Ryder exclamou.

Que contratempo foi esse, Blaine?

Céus, ele ainda estava numa ligação com Kurt.

— Algumas meninas queriam ajuda para um trabalho, elas não sabiam muito do assunto... Como eu tinha pedido mais algumas informações pelos dias perdidos para o professor, dei minhas anotações para elas. — Blaine respondeu, pegando um biscoito do pacote para si. — Eu não precisava delas...

Blaine...

— Elas só queriam ajuda, eu não poderia rejeitar! — Blaine insistiu, entre uma mordida e outra do biscoito. — Eu realmente não preciso das anotações, lembro de boa parte delas, eu sei me virar.

Eu sei, meu amor, você é um gênio! Mas, essas meninas apenas querem tudo na mão, não é justo. — Kurt disse seriamente. — Conversaremos mais tarde.

— Kurt...

— É o Kurt? — Ryder perguntou e Blaine assentiu distraidamente. — Manda um abraço pra ele!

— Kurt, Ryder acabou de mandar um abraço para você. — Blaine disse.

Mande outro, fale para ele aparecer com Unique no nosso apartamento qualquer dia, podemos fazer um jantar duplo...

— Boa ideia! Ele disse...

— Parem com isso! Por que vocês não se falam normalmente e não através de alguém?! — Kitty resmungou, revirando os olhos.

— Um jantar duplo com você e Unique no nosso apartamento. — Blaine continuou, sorrindo. — Topa?

— Claro, seria demais... Unique adorou conhecer vocês. — Ryder disse.

— Certo, acho que daria certo. — Blaine disse. Ele pegou mais um biscoito para si e voltou sua atenção para o namorado na linha. — Ryder adorou a ideia, só falta marcamos uma data e pronto.

Ótimo! Qualquer dia que não estivermos ocupados seria bom... Poderíamos convidar as meninas.

— Mas... Brittany e Santana?

Não, Rachel e Quinn. As duas parecem tão tensas, acho que elas precisam de um pouco de diversão. — Kurt disse, tristemente.

— Pensei que Rachel tinha se resolvido com Finn...

Também achei, mas parece que não. Nosso casal Finchel está passando por uma crise enquanto Quinn parece um zumbi andando pela universidade. Achei que poderíamos fazer algo para distraí-las. — Kurt deu de ombros.

— O que é Finchel?

Ah, é o nome de Finn e Rachel juntos... Eu não sei quem criou, mas sempre usávamos quando estávamos no McKinley e queríamos dirigir as palavras aos dois. — Kurt zombou. — Acho que deveríamos ter um.

— Oh, eu e Sam também temos um... Chama-se Blam! — Blaine disse, mordendo seu biscoito. — Mas não somos um casal... Achei estranho, mas somos amigos, ele mencionou algo chamado “bromance”, romance entre irmãos, eu não sei. Tudo bem?

Hmm.

Claro, quer dizer, por que não? — Kurt zombou novamente. Ele não estava com ciúmes, mas quem deveria ter nomes juntos eram eles. Eles sim são namorados. — Apenas achei estranho. Podemos ter um junto... Somos um verdadeiro casal! — Kurt sugeriu.

— Burt...

Oi? Aconteceu alguma coisa com papai?

— Não... É uma sugestão dos nossos nomes... Mas é estranho, é o nome do seu pai.

Certo, vamos excluir isso... — Kurt fez uma careta. — Que tal começarmos pelo nome do meio?

—Debeth?

Elievon... Oh, não.

— Quê?

Dezabeth... É feminino demais. — Kurt fez uma careta. Blaine franziu a testa, era a vez dele. — Ou Elion.

— Não era minha vez?

Isso é complicado! — Kurt gemeu frustrado. — Ok, que tal o sobrenome?

—Andermell.

Hummerson?

— Eu gosto deste. — Blaine sorriu. — Parece nome de automóvel, sabe, aqueles carros caros e antigos.

Parece, mas eu não quero que nossos nomes juntos seja nome de carro. — Kurt riu baixinho. Blaine ouviu uma segunda voz e reconheceu ser Marley. — Eu preciso ir, temos uma reunião com editor chefe da editora, ele ficou animado no livro.

— Você vai demorar?

Nunca para você.

Blaine sorriu levemente, deixando que a coloração rosada tomasse conta das suas bochechas.

Eu preciso ir...

— Eu também, acho que Ryder e Kitty precisam da minha ajuda. — Blaine disse, olhando de soslaio para os dois discutindo. — Nós vemos em casa?

Sim, na nossa casa. — Kurt sorriu. — Vou aproveitar que estou de carro e passar no mercado, vamos fazer nosso jantar hoje. Cooper mencionou que você gosta de macarronada, que tal?

— Ér... Macarronada? — Blaine fez uma careta.

Ou talvez possamos pedir pizzas. — Kurt sugeriu.

— Seria ótimo! Eu te amo, Kurt...

Duh, eu sei, querido. — Kurt zombou e Blaine soltou uma gargalhada, chamando a atenção dos curiosos. — Então, já temos tudo programado! Até mais, querido...

Blaine sorriu quando a ligação foi encerrada, ele caminhou em direção aos amigos. Céus, ele nem conseguia se concentrar no trabalho, Kurt estava em todos os cantos, ele estava completamente apaixonado por aquele homem. Isso era mais do que óbvio.

Quando o moreno terminou sua primeira tarefa na loja, o estoque estava devidamente arrumado. Ele precisava de ar livre, não que reclamasse do trabalho, mas estar num lugar apertado e pequeno lhe deixava frustrado. Sentando sobre o balcão, ele conseguiu visualizar a loja arrumada. A porta foi aberta e Blaine franziu a testa ao ver várias crianças entrando na loja juntos a uma senhora. Todas aquelas coisas pequenas e barulhentas... Muito barulhentas. A própria senhora não conseguia conter aquelas crianças.

Os olhos castanhos se arregalaram e suas mãos taparam protetoramente seus ouvidos, tentando abafar aquela barulheira. Ele apertou os olhos juntos... Céus, alguém precisava parar com aquilo.

—Que diabos é... — Ryder apareceu, segurando uma caixa na mão. Ele olhou para toda aquela confusão atordoado. A mulher sorriu torto em sua direção enquanto tentava acalmar a galerinha do barulho. — Posso ajudar senhora?

— Oh, meu Deus, essas crianças não param, me desculpe... Jacob, não mexa ai!

— Certo, eu posso atendê-la enquanto meu parceiro aqui, fica cuidando das crianças. — Ryder sugeriu e a mulher suspirou.

O barulho de algo se espatifando no chão chamou a atenção deles. A mulher pediu desculpas mais uma vez e Ryder assentiu, olhando para o vaso de planta quebrado no chão. Blaine abriu os olhos e olhou diretamente para o “pequeno acidente”, ao lado estava um menino de mais ou menos 7 anos chorando escandalosamente. O restante das crianças corria pela loja e cutucavam nas flores e plantas.

— Blaine, você poderia me ajudar? — Ryder perguntou, pondo a mão no ombro do moreno. Ele percebeu o quão tenso estava o amigo, ele nunca havia visto Blaine assim. — Cara, tudo bem?

A única resposta que Ryder recebeu foi um rápido negar de cabeça antes de ver Blaine correr para o estoque e fechar a porta atrás de si... Ele devia estar, mas não conseguia.

***

— Acho que isso é tudo por hoje. Sr. Hummel.

— Oh, por favor, me chame de Kurt. — Ele pediu.

— Certo, Kurt. Você não teve que aguardar, ansiosamente, uma resposta nossa, que costuma demorar. Estamos realmente interessados no seu trabalho, é uma grande obra. Um dos nossos editores fará sugestões de mudanças para você. Pode ser um corte de um terço do original ou simples trocas de palavras. O original rescrito será devolvido pra você, que pode acatar, ou não, as sugestões.

Kurt assentiu pensativamente e olhou para Marley, que sorriu positivamente. Ela sabia o quão nervoso estava Kurt diante aquele homem.

— Caso você e nossa editora não chegarem a um acordo, o livro não sai. — Marley disse, olhando diretamente para Kurt. — Mas caso há um acordo, ela segue para uma revisão no arquivo. Todo o texto passará por uma formatação, são impressas cópias para duas revisões de "prova", com as páginas já com sua cara final.

— Pois é... Podemos ficar tranquilos sobre o livro final, temos os melhores revisadores. Logo depois podemos pensar numa capa. Temos os melhores capistas na editora, mas alguém de fora sempre é bom.

— E-eu concordo com tudo... Mas preciso ter um pouco de profissionalismo aqui. Tenho conversado bastante com Justin, ele tem ótimas ideias, chegamos a um acordo que não vamos mudar de personagens. — Kurt disse, tranquilamente. — Ele tentou respeitar minhas decisões mesmo empurrando mais e mais ideias. Não quero que meu livro seja uma daquelas novelas mexicanas.

— Ficamos sabendo sobre isso. Justin é um ótimo editor, às vezes exagera e faz escândalos. — Marley comentou.

— Sim, ele é confiável, mas... Temos outros editores bons quanto ele, daremos nosso jeito. Sua saga é ouro, não podemos desperdiçar uma obra tão grandiosa. 

— Oh, obrigada Sr. James. — Kurt disse sorridente. — Eu deveria agradecer pela oportunidade, todos me receberam tão simpáticos.

— É mais do que nossa obrigação ao ter um escritor como você, mesmo sendo iniciante. Em breve teremos a saga, Sombras de Priestly. — Kurt e Marley assentiram. Este seria o nome definitivo. — É clichê, mas soa bom...

— Um bom nome, um bom enredo... Temos o que precisamos para começar. — Marley sorriu.

— Kurt, somos uma grande editora, fomos responsáveis pela grande saga de J.K. Rowling. Queremos bastante que seu livro faça sucesso, faria bem tanto a você quanto a nós. Logo, logo, você poderá curtir feliz uma sessão de autógrafos!

— Ufa! — Kurt brincou.

Mais uma reunião acabava. Kurt apertou a mão de Sr. James antes de sair do escritório. O livro estava no caminho... Tudo estava dando certo. Ele caminhava pelo estacionamento, brincando com o chaveiro do carro na mão. Ele conquistou a Ariel para lhe emprestar seu carro. A ideia de vir para a editora pedalando havia sido descartada de primeira, era longe e cansativo demais. Ao apertar o botão de destravar o carro, o celular de Kurt tocou em seu bolso.

Revirando os olhos ao ver quem era, ele atendeu. Nada estragaria aquele momento, nem mesmo Quinn e seu veneno.

— Late, Ellen Page loira...

— Sem brincadeiras, Kitty acabou de me ligar...

— Por que Kitty tem seu número? — Kurt franziu a testa.

Isso não importa agora! Kitty me ligou para te avisar que o teu namoradinho está tendo uma crise na loja, parece que várias crianças entraram e fizeram uma baderna, Blaine ficou assustado e acabou se trancando no estoque.

— Oh, meu Deus, não... Eu preciso ir lá...

Você precisa... Ryder não sabe o que fazer, ele tentou ligar para Cooper, mas ninguém sabe dele. Não temos o número do trabalho dele e Blaine não quer sair daquele maldito estoque.

— Ugh, já posso ouvir Cooper zumbindo no meu ouvido! — Kurt resmungou, entrando no carro e ligando o motor. — Como ele some num momento desses? Eu vou tentar chegar o mais rápido na floricultura. Quanto tempo Blaine está lá?

Eu não sei... Você está dirigindo e falando comigo?

— Eu não estou escrevendo mensagens e nem Blaine vai casar. Eu posso fazer essas duas coisas ao mesmo tempo, eu sou professor e escritor e não comprei minha carteira. — Kurt zombou, trocando a marcha enquanto equilibrava o celular. Ao sair do estacionamento, ele parou no sinal vermelho.

Obrigada pela parte que me toca, Hummel... Apenas tente não sofrer um acidente ou atropelar alguém no caminho enquanto dirige. — Quinn avisou.

—Eu estou no meu caminho.

Uma buzina interrompeu o professor. Ele olhou para o retrovisor e revirou os olhos, percebendo que havia aberto o sinal.

Ainda vivo? — Quinn perguntou, preocupada.

— Sim, estou... — Kurt resmungou, recebendo mais uma buzinada. — Algum apressadinho atrás de mim...

Kurt, tenha cuidado, Blaine precisa de você ainda vivo. — Quinn disse tranquilamente. Kurt voltou a dirigir prestando atenção nas palavras da amiga e no caminho. O que era extremamente difícil para ele, um teimoso, na verdade. — Para isso você precisa desligar o celular e prestar atenção no caminho.

— Você é a única falando aqui — Kurt brincou.

Vá se...

— Ok, ok... Te vejo lá?

Hmm, e-eu acho que... Não...

— Não? — Kurt franziu a testa.

Eu tenho um compromisso, você sabe, hoje é quinta-feira...

— É? Pensei que suas saídas não aconteciam ao final da tarde. — Kurt zombou, mantendo o ritmo tranquilo na direção. — Quando vamos conhecer a morena loira?

M-morena loira?

— Blaine e Sam viram...

Oh...

— Sim. — Kurt sorriu. — Quando?

Eu preciso ir, estou atrasada. — Quinn desconversou. — Cuidado e me ligue quando Blaine estiver bem! Tchau!

— Quinn...

A ligação foi encerrada. Decidiu não criticar as decisões da amiga, mesmo sabendo que a fariam sofrer. Kurt suspirou e jogou o celular no banco do passageiro, tendo seu foco totalmente para o caminho em frente. Estava tudo parado e os semáforos fechados não estavam ajudando.

***

O trânsito de Nova York não havia ajudado, entretanto Kurt conseguiu chegar à floricultura. Ele percebeu a faixa de “fechada” na porta, mas as luzes ainda estavam ligadas. Empurrando a porta da loja, alguns suspiros aliviados foram ouvidos no lugar. Os olhos azuis percorreram pelas expressões dos amigos, numa mistura de preocupação e nervosismo. Ryder parecia ao ponto de surtar. Kitty tinha um olhar misterioso no rosto, seu rosto estava neutro. Sam estava... Quê? Por que Sam estava ali?

— Kurt! Que bom que você chegou, Blaine ainda está...

— Que diabos você faz aqui Sam? — Kurt questionou confuso.

— E-eu... Bem... — Sam coçou a cabeça, timidamente. — Eu estava no apartamento quando Quinn ligou atrás de você, ela acabou contando o que aconteceu. A única coisa que fiz foi vir para cá, queria saber como Blaine estava e se poderia ajudar. Eu sei que fui intrometido...

— Não, Sam! Desculpe-me, eu apenas... — Kurt respirou fundo, massageando a têmpora. — Eu estou nervoso, eu quero saber como Blaine está, é isso.

— Ele ainda está preso no estoque. — Kitty disse, chamando a atenção dos dois. — Não ouvimos nada lá dentro, pensávamos que ele quebraria alguma coisa, mas não.

— Foram as crianças! Elas estavam tão animadas e Blaine pareceu ficar com medo, era muito barulho... Perdi meus melhores vasos. — Ryder suspirou.

— Você deveria ter cobrado o dinheiro para aquela mulher...

— Não Kitty, ela e aquelas crianças indo embora daqui eram o suficiente. — Ryder respondeu.

O olhar de Kurt pousou sobre a porta fechado do estoque. Pensar que Blaine estava encolhido naquele lugar apertado precisando de alguém doeu no seu coração. Ninguém merecia isso. Blaine não merecia isso depois de tudo. Todos conversavam sobre os vasos e tudo que Kurt queria era tirar o namorado daquele lugar e levá-lo para casa, cuidar dele e segurá-lo para longe de tudo que o machucasse.

— Conseguiram falar com Cooper? — Kurt perguntou e Sam negou, soltando um suspiro. — Eu vou falar com Blaine, vocês podem tentar avisar Cooper sobre o que está acontecendo?

— Claro! Preciso do número dele. — Ryde pediu.

— Eu tenho. — Kitty disse, dando de ombros. Sam e Ryder se entreolharam, mas nada disseram. — O quê?

— Nada...

— Kurt, tudo bem? — Sam questionou, preocupado. Ele percebeu o silêncio do professor, mas não imaginava o que se passava em sua cabeça. Era um turbilhão de coisas desconectas prontas para explodir num bolo de emoções. — Podemos esperar Cooper para resolver...

— Não! — Kurt respondeu rapidamente, assustando o loiro. — Se precisássemos de Cooper, ele já estaria aqui. Tudo vai ficar bem.

Sam assentiu observando o professor andar em direção da porta do estoque. A mão pálida parou na maçaneta e a girou, abrindo a porta. Um feixe de luz iluminou o lugar escuro, mostrando o corpo encolhido de Blaine num canto do quarto cheio de flores. O corpo já encolhido conseguiu se encolher mais ainda, um suspiro escapou dos lábios de Kurt atraindo a atenção do moreno. No meio daquela escuridão, os olhos claros encontraram os castanhos, agora, escuros. Kurt entrou no estoque e fechou a porta atrás de si, deixando tudo numa escuridão novamente, ele caminhou até onde lembrava Blaine estar.

Sentou ao lado de Blaine, aliviado ao sentir o calor do outro corpo. Aquilo também pareceu relaxar Blaine. Eles ficaram em silêncio. Era o suficiente. Apenas as respirações e as batidas ritmadas dos corações. Isso bastava para eles confirmarem estarem juntos. Minutos se passaram e Kurt percebeu que Blaine estava mais solto, respirando normalmente sem dificuldade. Estava ficando quente. Kurt estava suando, mas continuaria ao lado do amado. Ele limpou as mãos suadas na calça e estendeu uma para Blaine, que meio hesitante a aceitou. Diferente de Kurt, as mãos do moreno estavam molhadas, poderia ser de suor ou pelas lágrimas já derramadas. Os dedos úmidos de Blaine se entrelaçaram com os de Kurt. Nenhum deles se importou com a sensação pegajosa.

Tomando uma grande lufava de ar, Kurt se endireitou e limpou a garganta seca. Estava ficando tarde, ele sabia que seus amigos estavam do outro lado da porta, preocupados e doidos para saber o que acontecia. Ele escolheu as palavras certas e abriu a boca, começando a falar:

— Quando pequeno, eu tinha medo das outras crianças, pelo fato de me sentir diferente delas. Meu pai falava que era besteira, que não existiam essas coisas... Já minha mãe, ela conversava comigo, conversávamos por horas. Ela me entedia e me fazia entender sobre as coisas. Contei todos meus medos para ela, e o principal era o medo de ser rejeitado. Ela ouviu tudo, sem me interromper nenhum momento. No final, ela riu. — Kurt riu baixinho, soltando um suspiro logo após. — Ela me explicou que somos todos diferentes, cada um tem seu caráter e seu jeito de ser. Seria muito chato sermos todos iguais, ela disse. Eu concordo... Imagine se eu encontrasse outro Kurt, meu Deus, eu não o aguentaria...

Blaine soltou uma gargalhada rouca, apertando a mão de Kurt, que também riu.

— Crianças são barulhentas, felizes e curiosas... São inocentes, são crianças. — Kurt deu de ombros. — Depois de ouvir a minha mãe, eu fiquei tão feliz, porque finalmente poderia chegar naquelas crianças sem medo de ser rejeitado. Vesti minha melhor roupa e peguei os meus brinquedos favoritos. E quando encarei aquele medo... Fui rejeitado.

Blaine olhou surpreso para o namorado, ele buscou os olhos claros do namorado, mas foi em vão, estava uma escuridão naquele lugar.

— Ninguém queria brincar comigo. Para eles, eu era diferente demais! Exagerado! Afeminado demais! — Kurt disse, engolindo em seco. — Então, eu voltei para casa... Com a cabeça abaixada, minha melhor roupa e meus brinquedos impecáveis. Eu contei tudo para mamãe, ela sorriu para mim, aquele sorriso que guardava apenas para momento como aqueles. Brincamos a tarde toda e conversamos sobre tudo, menos sobre aquelas crianças.

— Eu queria ter conhecido a Sra. Hummel... — Blaine deixou a escapar.

— Ela amaria conhecer você, eu tenho certeza disso. — Kurt sorriu. — Naquele dia eu venci um dos meus maiores medos, mesmo que tenha acabado desse jeito. Eu sei que todos têm um... Você tem, você quer me contar, meu amor?

— E-eu... Essas crianças...  — Blaine fechou os olhos e respirou fundo. — Havia tantas delas, barulhentas e não paravam de correr e quebrar as coisas. Eu lembrei quando meus primos zombavam de mim, correndo em volta de mim com algum brinquedo meu, e-eu...

— Blaine, respira fundo! — Kurt pediu e Blaine obedeceu, tranquilamente. O professor procurou o rosto de Blaine no meio da escuridão, segurando cada lado com uma mão e aproximando seus rostos. — Esses seus primos eram idiotas. Olhe o nosso presente, estamos juntos e você está na universidade...

— Fazendo algo que não gosto. — Blaine resmungou.

— Mas, você tem amigos! É o melhor biscoiteiro que conheço, cuida dessas flores e ajuda Ryder e Kitty aqui na floricultura, e ainda consegue surpreender mais ainda pintando aqueles lindos quadros! Quantos dos seus primos estariam querendo o seu lugar? E daí se eles estão em escritórios ganhando seus míseros dinheiros em casamentos infelizes? Você não é mais aquela criança... Você cresceu e vai continuar crescendo a cada dia.

— Eu vou!

— Você vai, meu amor, estarei aqui para presenciar isso. — Kurt disse firme. Ele colou sua testa a de Blaine, depositando um beijo demorado nos lábios carnudos do moreno. — Eu estarei aqui. Para sempre. Ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

O livro pegando seu embalo. Kurt segurando Blaine nos momentos de "recaídas". A cada capítulo o relacionamento desses dois vai ficando mais forte.

Sobre a crise do Blaine: não tinha planejado. Seria mais um capítulo sobre o dia a dia dos dois, mas acabei mudando de ideia. Alguns perceberam que eu estava fugindo da doença de Blaine, obrigada pelo aviso, nessa 2° parte vamos explorar mais a tal Asperger. Assim como a família de Blaine e Copper, nosso querido sumido. Aqueles que esperam a aparição de Oliver para Sam sair do pé de Klaine, relaxem, não promete nada no próximo capítulo, mas elesvoltará. Eu não tenho dias para atualizações, até porque se eu prometer um dia acabo não cumprindo. Pensei numa continuação para essa fanfic, mas achei melhor não. Separarei a fanfic em partes, estamos na metade, se possível chegaremos no capítulo 60, sem problemas.

Enfim, comentários? Tudo é bem-vindo, mesmo uma crítica é importante. Espero que tenham gostado e até mais!



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