Como Deveria Ser escrita por Sky


Capítulo 1
Único




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                Rose Weasley:

O dia estava lindo. Perfeito para sentar aos pés de uma árvore para relaxar depois de uma semana estressante de aulas. Não que eu não goste de estudar. Eu amo. Mas dosar as coisas também é importante. E eu iria acabar lendo alguma matéria para dar uma adiantada.

     E foi com esse intuito que caminhei pelos jardins do castelo, em busca de um recanto tranquilo. Não precisei procurar muito, afinal, eu já tinha um lugar preferido naqueles jardins depois de seis anos estudando em Hogwarts.

     Abri na página em que tinha parado, quase pronta para retomar a prazerosa leitura de uma nova história, olhei para os lados a fim de me certificar de que estava realmente sozinha para então cheirar o livro. Ah! Não há quase nada que se compare ao prazer de sentir o cheiro das páginas dos livros.

     Inspirei mais algumas vezes e depois alisei as páginas sagradas daquele objeto. Seríamos apenas eu e ele por algumas horas. E eu não queria que fosse de qualquer outro jeito.

Scorpius Malfoy:

     Os treinos de quadribol ficavam mais e mais cansativos. Terêncio Nott, um de meus poucos primos e capitão do time da Sonserina, estava realmente pegando pesado nessa temporada. Era por uma boa causa, eu sabia. Mas isso não me impedia de ficar irritado. Pelo menos o céu estava limpo hoje.

     - Se seu primo não pegar leve, eu não me responsabilizarei por meus atos – disse Albus Potter, meu melhor amigo.

     - Relaxe Al, você vai ficar satisfeito quando ganharmos a taça da casa este ano – disse divertindo-me de sua expressão ranzinza.

     - É, é, tanto faz – disse – O que vai fazer o resta da tarde, Malfoy?

     Dei de ombros – Não sei, não tenha nada planejado. E você?

     Albus não respondeu. Estancou no lugar onde estava e passou a mão nos cabelos negros, ajeitando as vestes, meio nervoso, e sorriu por algum motivo. Ao me virar entendi o motivo de toda aquela reação. Scarlet, minha irmã mais nova estava sentada na grama ao lado de Lily Potter. As duas conversavam e riam tranquilas.

     - Ah, ok Scorpius, falo com você depois – disse hipnotizado - E leve minha vassoura com você!

     Inacreditável. Albus atirou sua vassoura na minha direção para que pudesse ir paquerar a minha irmã mais nova bem na minha cara. Simplesmente inacreditável.

     De longe pude ver Lily saudando o irmão e saindo logo em seguida do lado da amiga, fez um positivo por traz de Albus para que só Scarlet pudesse ver. Ela corou instantaneamente e riu nervosa. Melhor eu sair antes que faça algo que me arrependa. Scar não ia ficar nada satisfeita se eu azarasse o seu “admirador” bem na sua frente.

     Joguei a vassoura do Potter despreocupadamente, afinal, eu não era sua babá, e continuei caminhando até o castelo, para, quem sabe tirar um cochilo. Foi aí que eu a vi. Rose Weasley, a garota que fazia meu mundo girar. Corvinal, ruiva com belos olhos azuis e, dotada das mais vastas manias.

     Não vou mentir, adorava implicar com a Weasley. Mas o que eu poderia fazer se ela ficava linda quando nervosa?

     Rose Weasley:

     Estiquei meus braços para dar uma alongada nos músculos. Já devia estar lá há umas duas horas, mas não me importava, agora só iria trocar de posição para mergulhar mais uma vez no livro. Foi aí que eu o vi. Scorpius Malfoy. O Sonserino mais pretencioso, engraçado e charmoso que já conheci. O único garoto que fazia meu coração disparar.

     Como ele era amigo de Albus, sempre passava um período das férias conosco, desde o primeiro ano em Hogwarts. A presença do garoto era constante, mas até que não era tão ruim assim, não que eu fosse admitir uma coisa dessas algum dia, claro que não.

     Scorpius estava com o uniforme do time de quadribol, o cabelo platinado mais desgrenhado que de costume, e o habitual sorriso de canto nos lábios. Imediatamente senti minhas orelhas ficarem quentes. Maldita genética Weasley, pensei enquanto o garoto se aproximava debochado.

     - Olá Weasley – disse – O que faz aqui sozinha?

     Estreitei os olhos na sua direção – Como se você não soubesse que esse é o meu lugar, Malfoy.

     Fazer jogo duro com ele era uma das coisas que eu mais gostava. Porque depois das alfinetadas, gritos e insultos distribuídos por toda Londres bruxa, sempre vinham os beijos roubados (ou nem tão roubados), as juras de amor proibidas e todos os olhares intensos. Eu o amava. Nem me lembro desde quando, a única coisa que eu tenho certeza, é de que as coisas fazem sentido quando ele me puxa para os seus braços.

     Scorpius riu sentando-se a minha frente – Qual é! Não vai me dizer que está estudando, Rosie...

     - E-eu estou sim – gaguejei totalmente consciente de que ele se aproximava perigosamente de mim – E pra você é Weasley.

     O Sonserino continuava a se aproximar, afastou uma mecha dos meus cabelos dos olhos – Que tal uma pausa, Rose?

     Só mais alguns centímetros e meus lábios encontrariam os dele. Mas não dava. Não dava mais. Mesmo que eu quisesse muito deixar-me ser envolvida mais uma vez, eu não podia. Depois de algum tempo a gente acaba se cansando de ficar se escondendo. Tínhamos de nos esconder das nossas famílias e amigos, e mentir não era o meu forte, definitivamente.

     Eu queria sim namorá-lo, mas gostaria que todos soubessem. Queria que nós fizéssemos brincadeiras com meus primos, queria apresenta-lo aos meus pais como meu namorado e, cuidar dele depois dos danos causados por meu pai. Eu queria pertencer a ele, e quem sabe essas oferecidas de Hogwarts parecem de dar em cima do meu Scorpius Malfoy.

     Coloquei meu livro (e fiel amigo) no momento exato para impedir o beijo. Scorpius pareceu confuso ao abrir os olhos cinzentos. Recusei-me a encará-lo, caso contrário, eu poderia ceder, e eu não podia. Por mais que eu adorasse estar perto dele, não era o suficiente. Eu queria mais.

     - Me desculpe, mas... e-eu preciso ir – depositei um beijo singelo em seu rosto e corri para o meu dormitório.

     Scorpius Malfoy:

     Estranho. Rose nunca tinha me rejeitado desse jeito antes. Nenhuma garota tinha, mas ela era especial. Não éramos exatamente amigos, se é que me entendem, mas sempre me senti conectado a garota dos cabelos flamejantes. Rose tinha de ser minha, e eu estava disposto a correr qualquer risco para conseguir.

     No entanto, eu tinha que descobrir o que estava acontecendo com ela antes de qualquer coisa.

     *

     Rose não apareceu para o jantar naquele dia. Pude ver da mesa da Sonserina suas primas cochichando nervosas umas com as outras. Logo Scarlet saiu da mesa Lufa-Lufa para se juntar a elas. O que será que tinha acontecido?

     - SCORPIUS! – gritavam Albus Potter e Thomas Zabine ao meu lado.

     - Ai! Que é? – perguntei zangado.

     - O que foi que você perdeu na mesa da Grifinória, Malfoy? – perguntou Zabine, meu outro melhor amigo com um sorriso malicioso.

     - Você não percebeu? – disse Potter – Rose não está lá, então ele deve estar se perguntando o que foi que aconteceu com ela. Óbvio!

     - Não sabia que você era tão perspicaz, Albus – disse Zabine ainda rindo – Sabe que você tem razão? Nosso amigo Scorpius sempre foi caidinho pela sua prima.

     - É! Lembra-se da vez em que ele quase matou Bryce O’Connor por ter saído com ela? – disse Potter muito animado.

     - Ou daquela em que a Weasley ficou sem falar com ele por uma semana! Malfoy quase não se aguentou de saudades - continuou Zabine.

     - E se lembra daquela...

     - CALEM A BOCA! – gritei massageando as têmporas – Será que dá para as duas menininhas calarem a boca por um minuto? Merlin!

     - Uou, parece que alguém não tomou os remedinhos hoje – disse Thomas – O que será que está acontecendo com o nosso Scorpius, Al?

     - Olha, eu não sou nenhum expert, mas diria que ele está sofrendo de paixão platônica crônica pela Rose. – disse Albus – Desde o primeiro ano, se quer saber.

     - O que vocês querem de mim? – rosnei irritado.

     - Uma confissão talvez, Malfoy. – disse Albus – Só não machuque minha priminha. Para o seu bem é claro. Afinal, todos sabem que na minha família há mais homens ciumentos que o normal...

     - Perdi a fome – disse levantando-me – até mais tarde.

     Não esperei para ouvir o que eles diriam. Eu precisava pensar num jeito de contatar Rose. A minha rosa. Não poderia deixa-la escapar, não depois de todo o tempo que demorei para perceber que toda a confusão que eu sentia perto dela era mais que amizade.

     Já estava quase chegando às masmorras quando ouvi uma voz feminina e conhecida me chamando. Era Scarlet.

     - Finalmente te encontrei! – ela estava ofegante e com as bochechas coradas pela corrida, imagino. – Precisamos conversar – disse.

     Dei de ombros – Pode falar, Pituca.

     Scarlet fez um beicinho, irritada – Não me chame assim! – cruzou os braços como uma criança – Odeio esse apelido idiota que você me deu.

     - O que tem pra me falar, Scar? – ignorei seu último comentário.

     - É a Rose – fiquei instantaneamente mais atento – Ela está no quarto quase à tarde inteira, se debulhando em lágrimas, achei que você deveria saber – seu olhar acusador era latente sobre mim.

     - Ei, não me olhe assim – disse – eu não fiz nada!

     - EXATAMENTE! – ela se exaltou, o que não era nada comum - Será que você poderia me fazer o favor de dar um jeito no sofrimento da minha amiga, Scorpius? Porque assim não dá!

     - O que?! – disse exasperado – o que você espera que faça? Ela não quer nem falar comigo...

     - Ah, vocês garotos, sempre inventando pretextos. É claro que ela quer falar com você. Tá na cara, seu idiota! Ela só não disse com palavras.

     - E como eu deveria saber disso?!

     - Agora não importa, vá logo e resolva isso! – Scarlet sabia ser realmente assustadora quando queria.

    

     Rose Weasley:

     Então era isso. Quatro anos de uma amizade complicada e dois de encontros ás escondidas. Esse seria o final do que nós quase tivemos. Scorpius e Rose. Não pude conter lágrimas teimosas que insistiam em cair molhando meu travesseiro.

     Papai tinha razão afinal. Eu devia ter tomado cuidado com o Malfoy. Mas amá-lo era algo quase que inevitável para mim. Todas às vezes em que ele me fez rir ou chorar, os filmes trouxas que víamos juntos, tortas de abóbora devoradas na Toca, olhares cúmplices e leves roçares de mãos por de baixo da mesa de jantar. Tudo tinha acabado.

     Meu coração sangrava. Mas era uma dor necessária. Eu só esperava que aquilo passasse eventualmente...

     - Rose – disse Alice Longbottom, uma de minhas colegas de quarto e amiga – Tem uma pessoa na entrada da sala comunal há algumas horas. Está meio que assustando os alunos do primeiro ano e,... Ele disse que só vai embora quando falar com você.

     Resmunguei desgostosa. Quem poderia ser àquela hora da noite? Minha cara deveria estar muito engraçada, pois um segundo depois pude ouvir a risada de sinos de Alice. Ela caminhou em minha direção e me abraçou de lado – Vai dar tudo certo, Rosie.

     Tentei ajeitar meus cabelos e desamassar um pouco minhas vestes, mas no final não tinha muito que eu pudesse fazer.

     Ao sair pela porta da sala comunal da Corvinal tive que piscar os olhos várias vezes para ter certeza de que eles não estavam me pregando uma peça.

     Percebi que era Scorpius primeiramente pelos cabelos loiros. Ela estava agachado junto à parede e com o rosto nas mãos.

     - Oi – eu disse de frente para ele – O faz aqui, Scorpius?

     - Você não jantou hoje – ele disse mostrando um prato com algumas coisas que gostava. Percebi que seus olhos estavam angustiados, bem diferentes que o usual – Então pensei em te trazer alguma coisa...

     Sentei-me ao seu lado e peguei um dos bolos – Obrigada.

     Depois de alguns minutos de silêncio eu finalmente olhei para ele. Scorpius parecia querer falar alguma coisa, estranho, normalmente ele não controlava sua língua.

     - Vai me dizer o que tem pra falar ou vou ter que ler sua mente, Malfoy? – ele se permitiu sorrir e relaxou um pouco os ombros.

     - Por que me afastou hoje mais tarde? – perguntou – Pensei que tivéssemos algo, Rose.

     Tive que rir – Ter algo? Bem, se você se refere aquele negócio de encontros ultrassecretos, saiba que chegou o fim deles. Não posso mais Scorpius. – Me levantei e afaguei de leve seus cabelos. – Obrigada pelos bolinhos, estavam uma delícia.

     - Rose, o que quer dizer? – perguntou – Está terminando comigo?

     Seu tom de voz era magoado – Bem, seria um rompimento se nós tivéssemos tido realmente algo...

     - Não diga isso!

     Ai. As lágrimas iriam voltar a qualquer momento agora – Desculpe não quis dizer dessa forma, mas eu preciso de mais Scorpius. A gente se vê por aí...

     Caminhei a passos firmes até o meu quarto, determinada a não chorar até chegar até lá. Com alguma sorte, eu iria dormir, e amanhã seria um novo dia.

     *

     Depois de uma das piores noites da minha vida, eu me levantei para tomar um banho e tomar um merecido café da manhã preparado pelos elfos de Hogwarts. Alice já tinha decido para se encontrar com seu namorado, o Grifinório Justin Wood.

     Era melhor assim ela não teria de me ver esmurrar algumas coisas no trajeto até o Salão Principal. Decidi me sentar-me à mesa da Grifinória, onde Lily estava também de mal humor aparentemente.

     - O que aconteceu Lil’s? – perguntei.

     - Hm, seu irmão, foi o que aconteceu!

     Lily desatou a falar sobre uma besteira qualquer que Hugo tinha feito e que ela estava absolutamente descrente de que ele soubesse como ser um bom namorado essas baboseiras. Continuei acenando e confirmando nas horas certas. A verdade é que desde que eles começaram a sair eu não tive mais paz, os dois estavam sempre brigando e fazendo as pazes mais rápido do que se possa dizer “amor-adolescente”.

     Foi ai que aconteceu. Todos no salão se calaram ao ouvir alguém usar o feitio “Sonorus”.

     - Se eu puder ter um minuto da sua atenção, por favor – disse a voz de Scorpius magicamente ampliada. Eu não tinha coragem de me virar para encará-lo. Mas a curiosidade venceu.

     Ele estava em pé sobre a mesa da Sonserina, onde muitos o olhavam zangado por ele estar estragando sua refeição. Mcgonagall olhava séria com as narinas dilatadas, no entanto, não interviu, permitindo que continuasse.

     - Desculpe atrapalhar – disse Scorpius – Mas tem uma coisa que eu preciso falar e todos precisam ouvir. Alguém uma vez me disse que precisamos fazer coisas especiais para pessoas especiais, por isso estou aqui.

     É impressão minha ou ele olhava pra mim? Ai meu Deus, o que estava acontecendo?!

     - Uma garota roubou meu coração, e apesar do que ela pensa, eu não me importo, eu o entregaria a ela a qualquer momento de qualquer maneira. Eu só queria dizer a ela que sinto muito se a magoei, essa nunca foi a minha intenção mesmo quando eu a irrito. Desculpe-me se não fui bom, eu só queria fazer as coisas direito, mas acabei estragando tudo. Enfim, eu te amo Rose.

     Scorpius desceu da mesa e caminhou cabisbaixo para fora do salão e, no minuto seguindo o salão virou um pandemônio. Meninas dando gritinhos histéricos, emocionadas, alguns riam e outros continuaram a saborear as deliciosas torradas. Aquilo tinha sido realmente inesperado.

     - O que está fazendo parada aí, Rose? – perguntaram minhas primas quase em coro.

     Comecei a rir de mim mesma e saí em disparada para dar uma palavrinha com o Malfoy. Ao que parecia ele tinha dito que me amava. Ele disse que me ama! Que me AMA! SCORPIUS MALFOY ME AMA! O que? Não é todo dia que eu recebo uma declaração dessas.

     Quase cai ao sentir alguém puxando meu pulso na curva de um corredor.

     - Aonde é o incêndio, Weasley? – dei uma sonora gargalhada. Scorpius sorria de lado para mim. O meu sorriso.

     - Esse é um péssimo trocadilho, Malfoy – disse – Afinal, não se pode mexer com fogo, sabia?

     - Essa é apenas uma das regras que eu gosto de ignorar, você sabe – não esperei por uma autorização ou pedido, beijei-o passando minhas mãos em seu pescoço sentindo seu perfume almiscarado. Scorpius sabia como, onde e quando me beijar. E eu era dele.

     - Quer me namorar, Weasley? – perguntou enquanto me abraçava.

     - Pensei que nunca fosse perguntar, Malfoy.

     Era assim que seria. Porque nós éramos como gelo e fogo. Feitos para viver em conflito. Mas nos apaixonar era inevitável. Éramos Scorpius e Rose, Malfoy e Weasley. E eu não queria que fosse de nenhuma outra forma.


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Notas finais do capítulo

Olá! E aí? O que acharam? Comentários são sempre bem vindos, vocês sabem!
Beijos da Sky .



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