O idiota do meu vizinho - Brutinha escrita por Judrigo


Capítulo 41
Capítulo 41




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 Levantei um pouco sonolenta e fui até o banheiro. Fiz minhas necessidades matinais e me joguei na cama novamente. Tudo o que eu mais queria era ficar aqui deitada, ver um filme, comer um brigadeiro ou uma pipoca, e tomar refri. Aliás, tudo o que eu mais queria, era ficar aqui deitada, tomando Coca-cola e comendo marshmallow, na companhia de Fani. 

Faz uns três dias que não falo direito com Bruno, o máximo, foi um sorriso ou um "oi" seco. Sim. Estou com saudades.. da sua mão, forte e macia explorando meu rosto e minha nuca. Com saudades do seu corpo colando do meu. Com saudades do seu cheiro de hortelã entrando no meu respirar, toda vez que o abraço. Mal tenho visto Bruno pela janela. E sempre que o-vejo, ele está mais triste do que antes. Ele está.. se afastando?! Não.. ah Céus.. como eu queria que isso não acontecesse! 

- Filha! - gritou meu pai subindo pelas escadas, fazendo que rangesse um pouco, e entro no meu quarto após bater e eu gritar um "entra!".

- Tava falando com a sua mãe! - ele disse sentando no meu lado na cama - Ficamos entre terça ou quinta.. que dia que você acha melhor? 

- o que?! - disse ainda não entendo e me sentado, encostando minha costa da parede. 

- Ah.. passagem.. Brasil! - ele disse me deixando tirar minhas próprias conclusões - então.. terça ou quinta?! - ele disse, meio que, exigindo uma resposta, já!

- Terça! Terça! - disse dando uns gritinhos e batendo palmas.

Meu pai riu e me envolveu num abraço.

- Eu te amo tanto, minha filha.. - ele disse me abraçando no inesperado e passando a mão nas minhas costa, como se tivesse querendo me consolar - eu lamento..

- Pai! - o-cortei - que drama! - disse saindo do abraço e cruzando as pernas como "índio".

- Saiba que qualquer coisa o pai está aqui.. e saiba que eu te amo muito.. e não importa o que aconteça, esterei contigo, beleza?! - disse me encarando. Se ele não tivesse me encarando sério, acho até que conseguiria rir da ultima "gíria" que ele usou. 

- Pai.. - disse e ele me interrompeu sem usar nenhuma palavra.

Ele fechou os olhos e os-abriu lentamente. Se levantou e me deu um beijo na testa. Se afastou e me olhou de relance por cima dos ombros.

- Pai! - chamei, ele me olhou - confio em você! - disse e sorri. Ele abriu um sorriso, menos seco e menos sério. Mais brincalhão e mais seguro. Abriu a porta e passou por ela - te amo! - gritei, esperando que pudesse ter ouvido.

 Fiquei parada, rindo durante um bom tempo, até me trazer de volta ao presente. Me levantei e arrumei minha cama. Peguei uma regata azul, que ficava um pouco acima da cintura, deixando um dedo, mais ou menos, abaixo do umbigo, a mostra, e uma saia não muito, mas curta, jeans e florida. 

Troquei de roupa e fui até a cozinha. Meu pai estava sentado no balcão/mesa, comendo... donuts. Tinha uma sacola de papelão, com alguns donuts dentro, e ele estava comendo um. 

- Donuts? No café da manhã?! - disse rindo e me juntando a ele.

- Hoje é sábado filha! Sem restrição! - disse abrindo um sorriso meio distante.

- Algo me diz que não é só por isso que tem donuts agora! - disse abrindo um olhar meio desconfiado.

 Há alguns dias que meu pai tem pouco falado sobre Jenifer, mal tenho visto ele. Ele chega do trabalho, cansado, e deita na cama. Tentando dormir. Ele não dorme. Ele fica andando de um lado para o outro falando sozinho. Se ele vai dormir, é umas três ou quatro horas da manhã, e ele acorda seis horas. 

Ele olha para o donuts e o-coloca num pequena caixinha. Ele pisca rapidamente e se apoia no balcão.

- Filha.. é.. hoje eu preciso ir trabalhar.. enquanto eu não sou o chefe, tenho que cumprir ordens.. preciso cumprir.. hum.. horas extras - ele disse se ajeitando e limpando a mão na calça, e se virando. Ele deu um suspiro grande, e pegou a chave do carro, pressa num pendura-chaves que fica na parede, abaixo dos armários.

- Pai.. o que houve?! - sussurrei. 

Ele ignorou e abriu a porta que dava para a área externa.

- Pai! - gritei, e me olhou - o que houve?! - disse. Ele abaixou o olhar e piscou algumas vezes, passou por mim, me deu um beijo na testa e saiu sem deixar eu perceber alguma expressão no seu rosto. 

- Pai!  - gritei, correndo até ele, que já estava na garagem da casa. 

- Pai! - gritei de novo, e ele já estava indo para algum lugar.

Eu sabia que ele não estava indo no trabalho.

- Fat! - gritou alguém me chamando.

Olhei para o lado. Lia.

- Tudo bem loira? quando tempo! - diz estendendo a mão para eu "bater" de volta. Eu fiz. 

- Ah, sim..  é.. andei um pouco sumida.. - disse pensando no que fazer agora. Olhei para a porta fechada e olhei para Lia - você está indo pra casa da Ju agora? Ou você ta saindo de lá agora? - perguntei.

- Indo pra lá agora! - ela disse erguendo uma das sobrancelhas.

- Eu vou com você! - disse passando a mão no rosto e tentando escapulir da preocupação com o meu pai. 

- Tá né! - ela disse rindo e pegou no meu braço e fomos. 

Ju atendeu a porta, e nos cumprimentou com um abraço, e nos puxou para o quarto dela. 

- Ju.. cadê seu irmão?! - disse parando em frente da porta do quarto dele e reparando que estava cheio de caixas e sem nada no quarto, a não ser a cama, e claro, as caixas.

- Ah, ele não te contou não, Fat?! - ela disse erguendo uma sobrancelha. Olhei para ela confusa e ela entendeu - ele se mudou.. não me disse bem o porque.. acho que é.. - ela continuou a falar e eu não prestei atenção.

Me perdi em meu pensamentos.

Bruno.. ele agora está longe.. não me falou nada.. ele me deixou aqui.. meio insegura, eu preciso dele! 

- Oh Fatinha! - disse Ju se aproximando e me abraçando - porque está chorando linda?! - ela disse passando a mão pela minha cabeça.

Só quando ela disse "chorando", foi quando me toquei, que realmente estava chorando. Como eu queria sentir o cheiro de Bruno. Como eu queria que fosse o Bruno no lugar dela!

- Ju.. onde ele está morando? - perguntei olhando para o rosto dela, e secando as lágrimas, e deixando que as outras deixassem escorrer. 

- Se ele não te falou Fatinha.. acho que ele queria ficar um tempo sozinho.. eu não sei o bem o porque.. mas, eu vou te ajudar, Fatinha.. mas, não chore! - ela disse me puxando para o outro abraço consolador.

- E-eu.. preciso.. ir pra casa! - gaguejei e ela desfez o abraço.

- Fatinha.. fica aqui! A gente conversa..

- Não - interrompi - eu.. preciso ir pra casa, de verdade! - gaguejei de novo e desci as escadas me apoiando na beirada. Respirei de novo e quase cai.

- Fat! - gritou Lia e desceu correndo e pegou no meu braço - tudo bem? - disse pegando na minha mão - credo! Você está soando frio! - ela disse levantando a palma da minha mão.

- Eu to bem! Juro! - disse dando um leve suspiro e dando um sorrisinho.

NÃO, eu não estou bem!

Eu nunca estive, bem!

- Eu só preciso.. ir pra casa! - gaguejei de novo.

Ela piscou e segurou mais firme no meu braço, me impedindo de andar.

- Lia.. por favor! - implorei. Ela soltou o meu braço.

- Qualquer coisa, grite.. berre.. ligue, sei lá, só dê um jeito de avisar! - ela disse me puxando para um abraço - Fique bem! - me soltou e eu fui pra casa.

Fechei a porta por trás de mim, e me apoiei nela. Não esperei nenhum segundo a mais, e desabei!

As lágrimas caiam desesperadamente. Parecia que o mundo ia acabar agora!

Ele já havia acabado! - era o que eu não queria acreditar.

Subi correndo para o meu quarto e coloquei a minha almofada em baixo do rosto.


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Notas finais do capítulo

Eaê gnt.. finalmente, postei, néh?!
.. O que acharam?!
Mereço comentários??