“Com esta mão, eu espantarei suas tristezas. Seu cálice nunca estará vazio, pois eu serei seu vinho. Com esta vela, eu iluminarei o seu caminho. Com este anel, peço a você, que seja minha.”

―A Noiva-Cadáver

 Uns sete segundos depois Gil apareceu na porta, que ligava a cozinha com a sala. Ele estava com o boné, que cobria metade do rosto, e estava com a mão dentro do bolso da jaqueta. Ju me olhou e deixou uma lágrima exagerada cair. Ela olhou pra Gil de novo. Não dava muito pra saber pra onde Gil olhava. 

- Ju.. - Gil disse finalmente, e quebrando o silêncio.

Ela se virou, ficando de costas pra ele, e se apoiou no sofá. Ela suspirou. 

- Ju.. me escuta! - Gil disse dando mais alguns passos pra frente. 

- Gil! - ela disse olhando pra cima - não! - ela disse voltando a olhar pra ele. Ele me lançou um olhar quase que me expulsando dali. Da minha própria casa. Dei uma piscadinha de "entendi o recado", e fui em direção a Lia. Puxei ela por um braço e em seguida puxei Bruno pelo o outro. Eles me olhavam na maior cara de confuso. Me segurei pra não soltar uma risada ali mesmo. Olhei para trás, e Gil estava do lado de Ju. 

- Pode explicar, Maria de Fátima?! - Lia disse levantando uma sobrancelha. 

- Claro! - disse rindo.

Fechei a porta, dando mais privacidade pro -talvez- novo casal, e comecei a contar, desde da parte que Ju foi ao encontro, a parte de que planejei esse encontro. 

Ju Menezes:

Um fato?! Eu não sabia o que estava sentindo. Eu sentia uma sensação de raiva. Ódio. Saudade, de ouvir aquelas palavras diretamente pra mim, e de rir com ele. Se concentra Juliana! - disse pra mim mesma.

- Ju.. por favor! Me escuta! - ele disse colocando a mão no meu ombro. 

- Gil.. - disse tirando a mão dele do meu ombro e me virando pra ele - pra você arranjar uma desculpa? Pra que? Você está namorando aquela.. vadia! Que ódio.. Gil.. eu pensei.. que talvez.. - soltei um gritinho e outra lágrima caiu - pensei que talvez aquelas palavras que você disse pra mim fosse sinceras! 

- Ju.. - ele começou, e depois abriu a boca e logo fechou de novo.

- Ah.. - disse batendo a mão na perna e me apoiando só numa perna - agora você só sabe dizer Ju?! Gil.. presta atenção! - disse estalando os dedos - por mim.. você pode namorar qualquer.. vadia, que você quiser.. eu não ligo.. afinal, não TEMOS NADA mesmo! - disse dando ênfase no "não temos nada mesmo!".

- Ah não?! - ele disse dando mais um passo pra frente, invadindo o limite do meu espaço pessoal. Ele passou a mão no meu rosto, e jogou um mexa de cabelo pra trás. 

- Não Gil! - eu disse, e logo fui interrompida por seus lábios colando no meu. Ele passou uma mão pela minha cintura, e a outra passou entre meus cabelos aprofundando o beijo. Parar?! Não ia ter como! Resistir?! Tava impossível! Ceder?! É contra as minha regras! 

Ele parou o beijo lembrando que tinha que respirar e olhou pra mim e abriu um sorriso safado no rosto. Encantador. 

- Ah, então é assim?! - disse me separando dele - você acha que um beijo pode desfazer tudo?! - disse cruzando os braços ficando de costa pra ele. 

- Ju.. você não entende! 

- Ah! Claro! Eu não entendo.. - disse me virando pra ele. Seus olhos estavam negros, sem mostrar nenhuma emoção – eu não entendo que em um momento... você simplesmente estava comigo.. me fazendo rir.. sendo feliz.. – eu o encarei – e no outro.. você está lá.. beijando aquela.. – respirei fundo – garota.. como se fosse a coisa mais normal, não é?! E claro.. porque beijar outra garota é a coisa mais normal do mundo – disse fazendo um tom de sarcasmo.

-Ju.. – ele disse me puxando pelo braço – você não entende o meu lado! – ele disse dando um suspiro e olhando pra cima.

- Que lado Gil? Que lado?! – disse tentando me soltar, coisa que não consegui, e permiti que continuasse me segurando.

- O lado que tudo que eu disse pra você era verdadeiro.. eu me senti como um idiota me confessando pra você no primeiro encontro.. tudo eu que eu disse era verdade. Confie em mim – ele disse tirando uma mexa de cabelo do meu rosto – aquela tal de.. vadia?! Não é?! – ele disse abrindo um meio sorriso no rosto ignorante – ela se jogou em cima de mim.. e eu estava bêbado! – ele disse dando uma pausa – eu simplesmente.. não estava em mim.. eu havia esquecido onde eu estava.. com quem.. você acha que se eu lembrasse naquele estado que eu estava, com quem eu estava, eu simplesmente sairia beijando outra garotas por ai?! – ele disse levantando meu rosto pelo meu queixo.

- Agora é a culpa é da bebida?! – disse balançando meu braço fazendo-o soltar.

- Não.. a culpa é minha! – ele disse olhando nos meus olhos – a culpa é minha por ser um idiota.. por sem um imbecil.. eu estava com a melhor garota de todas comigo, e me entreguei a outra.. me deixei ser levado por outra.. Ju.. o que eu sinto por você é verdadeiro! – deu um suspiro e me puxou pela cintura.

- Gil.. – disse tentando o afastar de mim. Fechei os olhos e deixei que as lágrimas caíssem.

- Não chore minha princesa! – ele disse enxugando as lágrimas – você quer que eu pare de fazer você chorar agora?! – ele disse me soltando e fazendo com que eu olhasse pra ele. Ele puxou as orelhas e fez uma careta. Eu ri – Assim que eu gosto princesa! – ele disse voltando para o meu lado e se encostando ao sofá.

- Gil.. só me responde uma coisa.. pode ser?! – disse tentando me recompor. Ele fez um sinal positivo com a cabeça – se você estivesse sóbrio.. aonde que chegaríamos na noite anterior?! – disse o-encarando.

- Você quer mesmo saber?! – ele disse dando uma risada e olhando pra cima. Ele se aproximou e me puxou pela cintura e segurou meu rosto entre as mãos. Ele me deu um beijo no pescoço e sorriu. Ele avançou pra boca, selando os nossos lábios. Menta. Ele cheirava a menta. Como eu queria ter aquele cheiro grudado em mim pra sempre. Ele parou o beijo entre selinhos e acariciou minha cabeça. Fechei os olhos e olhei para o peitoral dele tampado pela jaqueta. Apesar de não estar muito frio, estar com ele me esquentava. Segurei na alça de passar o cinto da sua calça e mordi o lábio inferior. Me lembrei da noite anterior. Queria só me lembrar dos momentos em que passamos juntos. Nos momentos bons. Me lembrei das palavras que ele dissera no carro na ida a festa.

- Tá pensando no que? – ele perguntou percebendo o silêncio, que eu deixava.

- Curioso? – disse rindo – não queira saber.. só.. – disse indo para mais um beijo.

- Gostoso! – ele disse entre vários selinhos.

- Gostoso! – afirmei e aprofundei o beijo.

Fatinha:

 Cheguei em casa ofegante e me joguei no sofá. Depois de quase uma semana faltando a autoescola, meu pai me obrigou a ir duas semanas. Sem faltar. O que me deixava, só com parte da manhã e parte da tarde e noite livre. Respirei um pouco, e fui pra cozinha. Havia optado por dar uma corrida da volta pra casa. Peguei um copo de água, e subi para o meu quarto. Tirei as sapatilhas e joguei num canto. Peguei uma blusa verde justa, e um short floral. Me joguei em baixo da água do chuveiro. Deixei que a água morna descesse pelo meu corpo antes de fazer qualquer coisa.

  Terminei de tomar banho e me joguei na cama, e peguei no sono. Meu pai iria jantar com a Jenifer, e provavelmente dormir fora, então quer dizer, que não teria que me preocupar com a janta.