Capítulo 3 – Guerra de comida e conversa no lago:

Estava no refeitório com Clarisse e Thalia quando a confusão começou. Thalia pegou um bolinho de carne com molho de tomate no meu prato. Não me importei de início porque achei que ela iria comer quando vi sua intenção tentei impedi-la.

_Thalia, não! – Sussurrei. Mas ela não me ouviu. Atirou o bolinho no moletom do Percy que estava sentado de costas na mesa da nossa frente.

Como coloquei a mão no bolinho para impedi-la fiquei com ela melecada de molho. Estava com a minha mão parada no ar quando Percy olhou para trás para descobrir o autor do disparo. Ele olhou para mim e depois olhou para minha mão. Me deu um sorriso travesso e foi até o bufê, pegou uma torta com muito glacê branco e olhou para mim.

_Não Percy. Não faça isso! – Ele foi até mim e pegou um pouco de glacê e colocou na ponta do meu nariz logo depois amassou a torta na minha cara. Limpei meus olhos. A essa altura o refeitório estava prestando atenção na nossa cena. Caminhei até o bufê, Percy me seguiu. Peguei a travessa de strogonoff e joguei em cima dele. Todo mundo fez ‘’OOOH!’’ tipo deviam pensar que eu estava doida por jogar comida em Percy Jackson.

Ele pegou a jarra de suco de laranja e derramou na minha cabeça. Quebrei um ovo na cabeça dele e ele jogou chocolate em mim. Logo em seguida Thalia olhou pra todo mundo e gritou.

_GUERRA DE COMIDAAA!!!

O refeitório se tornou uma confusão. Enquanto isso eu e Percy ríamos e tentávamos descobrir mais coisas para jogarmos um no outro. Peguei um vidro de mostarda e me escondi atrás de uma mesa. Levantei e fiz o maior estrago que eu podia. Ele estava com um vidro de molho de churrasco e digamos que meu cabelo e minha blusa não ficaram muito legais.

Quando Quíron entrou, bem...ele não ficou muito feliz e apitou. Todo mundo olhou na direção da porta. Afrodite que parecia estar encharcada de refrigerante e estava com uma torta pronta para atirar em Clarisse parou.

Rosane que estava com Quíron olhou para ela e disse:

_Nem pense nisso!

Ela parou e colocou a torta numa mesa.

_Muito bem. Quem começou tudo? – Perguntou Quíron.

Todos apontaram para mim e para Percy.

_Senhorita Chase, senhor Jackson para minha sala agora.

Eu olhei para trás enquanto saía e vi Afrodite pegar a torta e jogar em Clarisse. Thalia olhava pra mim como quem pede desculpas.

Era a primeira vez que estava na sala de alguém por ter feito algo errado.

Nós e nossas roupas estavam em estado deplorável.

Quíron não nos deixou sentarmos. Provavelmente estragaríamos o estofamento da cadeira.

_Eu espero que tenham se divertido. Bem, vou ligar para seus pais e depois vão receber como punição lavar toda a louça do almoço. – Disse Quíron.

_Por favor. Eu cumpro a punição. Apenas não ligue para minha mãe. Eu faço qualquer coisa, Quíron.

Quíron olhou para mim e disse:

_Lamento Annabeth.

_Algo a dizer, Percy? – Perguntou o homem que provavelmente deveria ter uns 40 anos.

_Pode até tentar ligar pro meu pai. Mas acho que ele não vai atender.

Todos sabíamos o quanto Nicholas Jackson era ocupado.

_Entendo. Bem, eu deixo o recado com a secretária dele.

Assim que Quíron ligou para minha mãe senti meu estômago embrulhar. Percy pareceu sentir meu nervosismo. Ele colocou a mão em meu ombro e disse que tudo iria ficar bem.

Quíron estendeu o telefone para mim.

_Ela quer falar com você. – Pensei que receberia a pior bronca da minha vida.

_Alô.

_Annabeth?

_Sim mãe, sou eu.

_Oh querida estou tão orgulhosa de você, mas tive que bancar a durona com o diretor. Quem diria você fazendo guerra de comida....fez amizades? Disfarce a voz para parecer que estou te dando uma bronca. – Cada vez mais eu me surpreendia com minha mãe.

_Sim mãe...

_Tem algum garoto bonito aí? – Olhei para Percy.

_Sim.

_E está gostando dele?

_Sim.

_E ele gosta de você?

_Hãn...acho que sim.

_Se cuide minha filha. Eu te amo. Tchau.

_Eu também. Tchau mãe. – Devolvi o telefone a Quíron.

_O que ela disse? – Perguntou Percy depois que saímos da sala de Quíron e caminhávamos pela calçada ao lado do lago.

_Hã...perguntou se eu tinha tido ajuda na guerra e além de me dar uma bronca disse que me amava.

_Você tem sorte em ter uma mãe como Atena Chase. – Sorri.

_E você tem sorte de ter um pai como Nicholas Jackson. – Percy ficou sério.

_Nem tanto. Quando minha mãe morreu, ele ficou diferente. Se distanciou sabe? – Eu assenti. Quando meu pai tinha morrido, minha mãe também tinha mudado. Ela ia para o bar todas as noites, voltava tarde e sempre vivia com um cara diferente a cada semana. Quem cuidou de mim durante uma boa parte da minha infância foi Mary e meu irmão.

_Eu sinto muito.

_Tudo...tudo bem. Mas e o seu pai? Deve ter muito ciúmes da menina dele, né?

_Ele...ele morreu quando eu tinha dois anos. Mal me lembro do rosto dele. Tudo o que sei dele é por uma foto e um diário. O resto, bom...o resto todo mundo sabe. O modo como ele escrevia era...era incrível.

_Lamento...

_Tudo bem. Mas e então, seu pai se casou de novo?

_Não. Ele até pensou em arranjar alguém pra cuidar de mim por fazer tantas besteiras, pensou em me colocar num colégio interno mas Lisa, a secretária dele e muito amiga nossa o fez desistir da idéia. Quando falei pra ele que queria ser ator ele meio que surtou, sabe? Achava que não era profissão pra filho dele ter mas aí ele foi se convencendo quando viu meu trabalho e hoje ele nem liga. Passa uma semana em cada país diferente. Madalena, nossa empregada cuida da minha comida, minhas roupas e eu já aprendi a fazer um pouco de coisa. Ela é como uma mãe pra mim.

_Hum...tem irmãos? Ah, não precisa responder...eu devo estar sendo uma enxerida.

_Não, imagina. Tenho um mais velho. Mas a gente nunca se deu bem. Charlie sempre me detestou. Ele acha que eu sou culpado da morte da nossa mãe. E de uma certa forma ele está certo...ela morreu assim que eu nasci. A pressão dela subiu e bem, não era pra eu ter ficado vivo também mas eu sobrevivi. Nasci prematuro então ainda tenho uns problemas com má formação de órgãos.

_Não se culpe...o que aconteceu foi uma fatalidade. Não tinha como você impedir. Já a morte do meu pai...foi culpa minha.

_Como...como aconteceu?

_Era um dia chuvoso e eu e Antony estávamos brigando no banco de trás, eu não me lembro o motivo. Mas era bobo. Papai teve que se virar pra nos acalmar e... e um caminhão estava vindo na contra-mão e... – Engoli um nó que se formava em minha garganta. Não tive como evitas as lágrimas. – meu irmão ficou paraplégico, minha mãe tem um problema na coluna e eu fiquei com um problema na perna mas a fisioterapia curou.

Percy olhou para mim de um modo tão gentil e me abraçou. Eu chorei no ombro dele e me desvencilhei logo depois.

_Eu tenho que ir...tomar um banho. – Apontei pro meu cabelo sujo de chocolate e glacê.

_Eu também – Disse Percy sorrindo – você fez um belo estrago na minha cabeça.

_Desculpe.

_Tudo bem. Eu consegui me vingar.

Quando estava indo embora a voz de Percy me chamou.

_Annie? – Me virei.

_Sim?

_Você vai na fogueira hoje?

_Sim...

_Então a gente se encontra a noite.

_Ok.

Assim que entrei fui surpreendida por Afrodite.

_O que pensa que está fazendo? – Ah sabia que ia ter essa conversa mais cedo ou mais tarde. Bem, parece que é mais cedo. Me fingi de boba.

_Desculpe, não entendi.

_Entendeu sim, mas vou repetir. Caso você não tenha percebido o Percy é meu...

_Sério, cadê a etiqueta com seu nome? – Perguntei sarcástica. Afrodite sorriu.

_Ah queridinha...eu tenho uma coisa que é sua, e que vai ser destruída caso não se afaste dele.

Corri até minha mala e a revirei. Abri minha carteira. Cadê? Onde está? Não estava encontrando a foto do meu pai.

_O que você fez? Devolva Afrodite.

_Ups...não vai dar. – Afrodite saiu e eu gritei de raiva.

_Aquela vadia...ela tá pedindo pra levar uma surra.

Fui tomar banho na água fria pra me ajudar a relaxar.