Animos Domi escrita por Chiye


Capítulo 27
Capítulo 27 - Mudança


Notas iniciais do capítulo

Sou muito indecisa, sim, admito. Postei em uma nova fic, segunda temporada, mas me arrependi e vou voltar a postar aqui. Simplesmente não consigo ficar sem escrever sobre os dois, é muito legal.



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Havia várias caixas de papelão desmontadas em cima da cama de John e um rolo de fita adesiva. Ele olhou em volta, nervoso. Suas roupas já estavam na mala, faltavam apenas objetos pessoais. Passou os olhos pela estante de livros. Tinha realmente muitos livros. Com um suspiro, montou uma das caixas e começou a enche-la. A saga Harry Potter, o senhor dos anéis, Agatha Christie, Shakespeare, vários livros sobre Platão e Sócrates, O mundo de Sophia, A menina que roubava livros, Julio Verne, Nárnia, guia do mochileiro das galáxias, A guerra dos mundo entre outros. John se divertiu bastante os colocando na caixa, com todo o cuidado do mundo. Então recolheu pôsteres da parede, jornais, revistas e DVDs.

No fim de meia hora, tinha cinco caixas cheias de coisas. Ele levou-as para baixo, para o caminhão, uma por uma. Um espécie de pânico controlado se avolumava dentro dele. Quando tinha posto a ultima caixa no caminhão, quase esbarrou com Rose na porta de entrada. Ela sorriu e perguntou, meio nervosa.

--Pronto?

John fez que sim com a cabeça. Mas definitivamente achava que não estava pronto. Os vai ver todos os humanos ficavam assim quando algo grande estava para acontecer em suas vidas.

Mas para entender tudo, é melhor voltarmos um pouquinho no passado.

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John Smith e Rose Tyler haviam voltado para casa depois do episódio com os seres e as orbes. Tudo estava muito bem: Iam e vinham do trabalho diariamente, passavam o tempo livre juntos, cuidavam de Tonny as vezes e outras coisas perfeitamente normais.

Mas o que realmente mudara algo fora Daniel. Ele se recuperara bem do tiro. Alguns dias depois, chamou John, Rose, Liz e Holly até a enfermaria.

--Vou direto ao ponto. –Disse ele. –Vocês serão promovidos. Agentes temporais.

Foi uma sorte John estar na enfermaria. Uma sorte enorme Rose ter agido rápido e colocado uma cadeira atrás dele. John caiu sentado, completamente bobo e feliz.

--O que?—Perguntou, abobado.

--Agentes temporais, Smith. –Disse Daniel. –Missões pelo espaço e t...

Mas o resto da frase ficou meio abafado pelo berro de alegria de John. Ele se levantou e abraçou Rose, rindo de orelha a orelha. Rose riu do jeito bobo do humano. As palavras ressoavam na cabeça de John. Espaço e tempo... Minha nossa, como sentira falta disso!

--Caramba, cabelos. –Comentou Liz. –Mais um pouco e você vai chorar de alegria.

E ela não errou.

Daniel explicou mais algumas coisas sobre salários e horários(que eram totalmente incertos) e os mandou saírem.

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Depois de um tempo, John murmurou algo sobre dar um telefonema e sumiu. Na primeira meia hora, Rose não se importou. Então começou a ficar preocupada, mas não queria ir atrás dele assim, sem desculpa nenhuma. Mas essa chegou alguns minutos depois na forma de um relatório que John precisava assinar com urgência.

Andou metade da base até encontrá-lo. Ele estava sentado no gramado de torchwood, rasgando alguns pedaços de grama, aparentemente sem notar o que fazia, o olhar perdido ao longe.

--John!?

Ele olhou, sendo puxado de volta a realidade. Rose levantou o relatório e ele, acostumado as regras de torchwood, pegou-o e assinou. Depois voltou seu olhar para a frente. Não fora dar um telefonema, que desculpa daria a Rose agora?

--Está tudo bem?—Perguntou ela. Parecia simplesmente saber quando algo estava errado com ele.

John deu de ombros. Depois murmurou um “Estou.”. Depois gaguejou que estivera pensando em umas coisas. Então disse que estava lembrando. Menos de um minuto depois, ele havia confessado que estava na realidade relembrando do tempo, do espaço, das viagem, do espaço e da TARDIS. John sentia muita falta da TARDIS. Demais. Rose se encostou em seu ombro e deixou-o falar, optando por “hums” e “lembro” e “sim”. Ela soube de imediato que seu humano precisava falar sobre isso. Não sabia como, mas sabia que isso o ajudaria.

Ele falou. Falou muito. Como sentia falta de tudo, como achava que estava bem agora, como tinha incertezas.... Um humano. Depois de falar, houve uma pausa. Uma longa pausa na qual o silencio o consolou também. John segurava a todo custo as lagrimas. Não gostava que Rose o visse chorando. Não gostava que ninguém o visse chorando.

--Realmente sinto muita falta. –Murmurou John. Então se virou para Rose, parecendo bem mais feliz. –Agentes do tempo. O que acha?

Rose pode sentir o contentamento do humano subir em ondas. Agentes do tempo. Como ele devia ter sentido falta do tempo...

--É ótimo!—Exclamou ela. –Imagine só, como antigamente. –Então ela emudeceu e um silêncio meio constrangido se ergueu.

--Não como antigamente. –Disse John, mesmo sabendo que esse “antigamente” não havia existido, afinal, não era o senhor do tempo. –Será melhor. –E sorriu.

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O salário de um agente temporal era o triplo do que ganhavam. Rose contou isso a mãe, animada, assim que chegaram na casa.

--Deviam arranjar um lugar só para vocês. –Disse Jackie, embora parecesse meio em duvida sobre sua própria ideia. –Uma casa, sabem.

John e Rose se encararam demoradamente. Por mais incrível e estupendo que possa parecer, estavam considerando a ideia.

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E agora, algumas semanas depois, estavam prontos para sair. Haviam saído, juntos, e olhado várias casas. Algumas eram muito grandes, outras não tinham quintal, algumas estavam muito caras e outra tinha uma infestação de gatos. Por fim, em um bairro a menos de um quilometro da casa de Jackie, acharam uma casa barata e do tamanho certo. Havia um pequeno quintal e um corredor, logo na entrada, que dava acesso a todos os outros cômodos.

--Quem iria imaginar. –Comentou John. – Eu, procurando uma casa como qualquer um faria.

Ele não soube definir se estava feliz ou triste com isso. Mas definitivamente estava melhor do que nos dias que chegara ali. Ele sorriu com a lembrança.

A ultima caixa foi colocada no caminhão e os dois foram se despedir de Pete, Jackie e Tonny. Jackie abraçou a filha por quase um minuto, então Rose se virou para Pete e Tonny e Jackie foi até John. Ele estendeu a mão direita, esperançoso, Spock, o gato, seguro e ronronante na mão esquerda.

--Cuide... Dela... Direito... Seu... ALIEN... Idiota... –Ela pontuou cada palavra com um tapa, algumas lágrimas nos olhos.

--Claro.... AI, Jackie...

--Cuide... Dela...

--Cuido... AI... Pode deixar... AI!

--Seu... ALIEN... Idiota...

--EU NEM SOU ALIEN!—Engrolou ele. –John... AI! John Smith, lembra?

--Cuide... Dela... E se cuide. –Então Jackie o abraçou carinhosamente.

Um John confuso espiou por cima do ombro da mulher e viu Rose e Pete contorcendo os rostos para conter uma crise de risadas.

--Cuide dela. –Disse Jackie de novo ao se afastar dele.

John apertou a mão de Pete, recebendo mais ordens para cuidar de Rose, e se despediu de Tonny. Então os dois subiram no caminhão ao lado do motorista, um sujeito gordo com um cigarro na boca, que partiu com o caminhão assim que a porta bateu, rabugento. John suspirou, nervoso, colocou Spock no painel do caminhão e pegou a mão da humana.

--Juntos?—Perguntou.

--Juntos. –Respondeu ela.

E antes que pudessem se conter, os dois gritaram “Allons-y!” juntos e trocaram um beijo.

O motorista do caminhão os ajudou (de muito mal grado) a levar as muitas caixas para dentro da casa. Os dois se sentiam especialmente ansiosos, afinal, não sabiam o que encontrariam.

O caso é que John e Rose foram chamados em torchwood justo quando estavam comprando móveis. Jackie os mandara ir e dissera que cuidaria de tudo. John lhe entregou seu cartão, temendo o que poderia acontecer. Ela comprara todos os móveis e mandara entregar e montar. Estava agora ver o estrago.

--O que será que ela fez, hein?—Perguntou John, quando o motorista abriu o caminhão e ele (com o braço esquerdo) e Rose pegaram cada um uma caixa.

--John!—Exclamou a loira. –Você tem que aprender a confiar nela.

John mexeu os lábios em silencio quando Rose se virou. Algo mudo parecido com “Ela não é confiável...”

John deixou a caixa no chão e abriu a porta. Lá estava o corredor. Uma mesinha com um vasinho de flores e fotos dos dois e de Jackie nas paredes. Era muito bonitinho, pensou John.

Abriram a porta da cozinha e deixaram as caixas lá. O motorista saiu logo, mas John e Rose olharam em volta por um momento antes de sair. Era uma cozinha junto com uma sala de jantar. Uma mesa com quatro lugares, armários e uma cortina na janela.

Mais e mais caixas, todas deixadas na cozinha. Depois os dois arrumariam tudo. Quando a ultima caixa foi baixada e o motorista saiu, praguejando baixinho, Rose se jogou em uma cadeira e John e uma caixa que sabia conter seus livros. Spock os seguia para dentro a para fora.

--Até que enfim, acabou. –Suspirou Rose.

John sorriu.

--Acabou nada. Ainda temos que levar para os cômodos certos e arrumar tudo. Ou quer deixar assim e esperar Jackie chegar e nos decapitar?

Jackie havia dito que iria até a casa na manhã seguinte, antes de eles saírem para trabalhar, e conferiria se Rose estava bem.

Foram levando as caixas para cada cômodo, juntos. Havia a sala, com uma enorme televisão e um aparelho de DVD, o banheiro, um quintal nos fundos um quarto vazio e o quarto do casal.

Rose encarou John com uma expressão no mínimo maliciosa, pendurada a seu braço esquerdo. Ele, por sua vez, não olhou para Rose. Tentou controlar sua imaginação humana.

Guardaram talheres e copos na cozinha, empilharam DVDs na sala e guardaram suas roupas. Exploraram as duas portas no quarto e descobriram que uma dava em uma banheiro e a outra e um pequeno cômodo vazio. John pensou em seus livros, ainda nas caixas por falta de espaço.

--Podíamos transformar esse lugar em uma biblioteca. –Sugeriu.

--Ah, John. Eu pensei em um closet.

Eles se encararam. Um consenso, pensou John, precisamos de um consenso.

--Podíamos deixar um lado de closet e um de biblioteca. –Sugeriu ele. –a Sala é um metro por dois, ficaria muito bom.

--Ok. –Respondeu a humana. –Mas no momento estou faminta. Vamos preparar algo.

Como era de se prever, foi um completo desastre.

Haviam colocado a carne no fogo a algum tempo quando um enorme estrondo veio do andar de cima. Os dois correram, assustados. Mas chegando lá gargalharam. Spock havia, sabe-se lá como, derrubado uma caixa cheia de livros de cima da cama para o chão junto com um rolo de fita azul. Agora havia um emaranhado de fita, gato e livros.

Os dois riram e começaram a desenrolar Spock, que continuava a caçar a fita vorazmente com suas patinhas de filhote. O casal não resistiu ao olhar capenga do bichano e logo estavam brincando distraidamente com ele. Riram e rolaram no carpete, até que...

--Cheiro de queimado... –Comentou Rose.

Realmente, pensou John, alguma coisa está cheirando a queimado...

Em uníssono os dois arregalaram os olhos e se jogaram escada abaixo, Spock passando entre suas pernas.

John pegou a panela fumaçante, Rose abriu a torneira e ele a largou lá.

Primeiro ficaram em silencio, sérios. Depois sorriram, depois riram logo estavam gargalhando.

--Isso vai dar um trabalho para limpar...—Comentou Rose.

--Se vai... –Respondeu John. –Mas, por hora, que tal pizza?

--Eu peço. –Disse a humana, indo para a sala. Spock miou, indignado.

--Não temos nada para você. –Disse John. –Tudo queimado.

Enquanto esperavam pela pizza, John, Rose e Spock ficaram no sofá da sala zapeando pelos canais da televisão.

--Que fome... –Comentou Rose. –E meus braços estão doendo...

--Que peninha. –Ironizou John. –Vem cá. –Disse, mais caloroso, puxando sua humana e lhe massageando os ombros.

--Pizza!—Alguém gritou na porta. John foi atender.

Ele voltou com uma pizza e foi direto para a cozinha. Spock começou a miar assim que sentiu o cheiro da calabresa.

--Ele não enche a barriga só com ração?—Riu-se Rose.

--Calabresa é mais gostoso. –Disse John. Ele abriu a pizza, catou umas calabresas para Spock e os dois começaram a comer.

--Está ansioso?—Perguntou Rose. –Digo, por amanhã. Agentes do tempo, hein?

--Claro que estou. –Respondeu ele. Um tom afogueado subiu a seu rosto; Realmente parecia ansioso.

Depois de comer levaram um bom tempo para conseguir limpar a panela queimada.

--Não sei você. –Disse John. –Mas eu vou dormir.

Rose lhe lançou um olhar muito parecido com o de Jack harkness. Sentindo o rosto completamente vermelho, John subiu as escadas. Dois pensamentos lhe ocorreram.

*O que, por Rassilon, estava acontecendo?

*Rose demoraria para segui-lo?

Banho, confere. Dentes escovados, confere. Ele pegou um de seus livros e começou a ler, apoiado na cabeceira da cama. Rose chegou dez minutos depois, trazendo Spock.

--O que está lendo?—Perguntou a loira.

--O banquete, de Platão. –Respondeu ele. –Muito interessante.

Rose se sentou ao seu lado. John leu por algum tempo antes de seus olhos encontrarem os da loira. Spock foi colocado para fora do quarto e a porta foi fechada. 


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Notas finais do capítulo

Deem uma olhadinha no me perfil, tem outras fics lá, ok?
Alguém ai conseguiu ingressos para o especial de cinquenta anos?



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