O Adeus De Teresa escrita por otomriddle


Capítulo 4
A Última Vez




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Quando voltei... era o palácio em festa!...
E a voz d'Ela e de um homem lá na orquesta
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!...

E ela arquejando murmurou-me: "adeus!"

O Lorde das Trevas fora derrotado. No meio do Salão Principal, Potter ressuscitara e, ao tentar matá-lo, Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado morrera. Draco ainda não podia acreditar. Tão pouco compreendeu porque a resistência permitia a ele e aos seus pais ficarem ali no meio das comemorações e despedidas que aconteciam. Eles eram completamente ignorados, como se nem mesmo estivessem no recinto; como se nem mesmo estivessem no lado perdedor da Guerra à apenas algumas horas atrás. Sentia as mãos trementes de sua mãe em seus cabelos, e os dedos fortes de seu pai apertando-lhe os ombros levemente, ambos querendo ter certeza que ele estava ali e bem. Fora por essa razão apenas que Draco ainda não fora atrás dela. Daria alguns momentos aos pais para que eles se acalmassem e soubessem que ele estava bem, e então iria atrás de Hermione. A imagem dela, gritando no chão da Mansão, lhe assombrava durante todos os momentos do dia e pela noite voltavam em forma de pesadelos horríveis nos quais ela sempre morria, e sempre por sua culpa. Minha culpa. Essa era a frase que o jovem mais repetia a si mesmo ultimamente. Sua culpa que ela tivesse sido capturada para começar; deveria ter dado um jeito de avisar sobre o tabu no nome de Você-Sabe-Quem. Sua culpa que Bellatrix a reconhecera, pois sua tia havia encontrado uma foto da garota no quarto do sobrinho meses antes e ele não tivera opção a não ser falar de quem se tratava. “Eu guardo a foto para o Lorde das Trevas. Ele precisa saber contra quem está lutando, não é?” Se lembrou das palavras frias que dissera à Bellatrix como forma de explicar a razão de ter uma foto de uma nascida-trouxa em sua gaveta. A mulher pareceu acreditar, uma vez que nunca mais mencionou nada sobre isso. Até o dia que os três grifinórios apareceram em sua porta, e ela reconheceu Hermione de imediato. Draco pensou em mentir quando foi interrogado sobre a identidade da garota, mas ele achou melhor não. Aquilo apenas traria conseqüências piores. Pensou que talvez, se dissesse a verdade, Hermione seria poupada, seria considerada pouco importante diante da possibilidade de terem capturado Potter. Ele se enganara amargamente.

O garoto fechou os olhos brevemente, e buscou a mão da mãe para entrelaçar com a sua. As súplicas de Hermione voltaram a sua cabeça, mesmo diante do esforço que fazia para esquecer. Draco sabia que jamais esqueceria.

“Pai?” Sussurrou, procurando o olhar do homem ao seu lado.

“O quê?” A voz de Luciu soou tensa e nervosa.

“Eu preciso fazer algo. Preciso procurar... Alguém.” Ele nunca contara à família sobre seu envolvimento com Hermione. Nunca contara a ninguém. Era mais seguro assim. “Você acha que é seguro?” Draco falou, fazendo um gesto com a cabeça em direção ao Salão. Ele sabia que parecia uma criança assustada ao fazer a pergunta, mas não pode evitar. Sempre recorrera à Lucius quando precisava da opinião de alguém para algo importante, e agora não seria diferente.

O pai olhou em volta nervosamente, seus olhos vagando pela sala espaçosa. Após alguns segundos, voltou a encarar Draco. Franziu o cenho, mas suspirou e disse:

“Sim, acho que é. Eles já poderiam ter nos expulso ou prendido ou qualquer outra coisa a essa altura. Não vão fazer nada.” Ao terminar, beijou o topo da cabeça de Narcissa e murmurou algo contra os cabelos muito loiros da mãe, e ela sorriu de forma leve. Dessa vez foi o garoto que franziu o cenho, confuso com aquele gesto, mas resolveu ignorar, pelo menos pelo momento.

“Então eu vou-” Ele começou, mas sentiu sua mãe apertar mais sua mão, que ainda se encontrava na dela.

“Filho, não acho que você deva ir... Ainda pode ser perigoso!”

“Cissa, deixe-o ir. Provavelmente está à procura de algum colega. Estamos seguros.” Lucius falou e dessa vez parecia mais firme. A mulher olhou longamente para o filho, mas concordou de forma rígida. O garoto sorriu antes de se perder no meio da multidão que andava pelo Castelo.

Hogwarts fora em grande parte destruída na Batalha. Estátuas jaziam decapitadas no chão, paredes foram inteiramente demolidas e não havia sequer uma janela que não estivesse quebrada. Draco caminhava por entre esse cenário, desviando de pessoas que lhe lançavam olhares estranhos aqui e ali mas que, fora isso, pareciam achar sua presença tão normal quanto à de todos os outros. Muitos grupos dançavam, riam e comemoravam. Muitas pessoas choravam, gritavam e se desesperavam. O jovem evitou todos, seguindo seu caminho rapidamente enquanto seus olhos vasculhavam todos os rostos. Vira Hermione acompanhada de seus tão fiéis Potter e Weasley caminharem na direção da Torre do Diretor. Draco estava a meio caminho do local quando finalmente a viu.

Estavam em lados opostos de um corredor apinhado de estudantes gritando felizes. Draco, porém, graças a sua altura, pode ver a garota que perseguia seus sonhos (e pesadelos) de forma bastante clara. Ele estava perto da janela, o sol nascente banhando-a com uma luz dourada. A última vez que a vira, Hermione estava muito magra, mas agora parecia ter voltado a sua forma saudável original. Seus cabelos volumosos estavam contidos por um elástico, amontoados em um rabo de cavalo um tanto precário no topo da cabeça. As roupas dela estavam rasgadas e sujas, e ela tinha vários cortes pequenos em seu rosto. Mas fora isso, parecia estar muito bem. Ela ria de algo com Potter, que se encontrava a sua direita. Draco começou a se encaminhar para o local onde ela estava. Precisava tomá-la nos braços, senti-la contra si. Ele estava a apenas alguns passos de distância quando Weasley apareceu de um corredor adjacente. O grifinório estava tão sujo e machucado quanto os outros dois, mas parecia infinitamente mais pálido e abatido. Claro, Draco se lembrou de repente, parando perto de um pilar meio destruído de onde tinha uma visão limpa dos três mais à frente, o irmão dele morreu... Um dos gêmeos. Ele não podia imaginar a dor que Weasley deveria estar sentindo.

Potter falou algo e sorriu, abraçando o amigo. Weasley riu levemente, e concordou. Hermione deu um passo à frente, sorrindo o sorriso de Draco. Fora assim que ele apelidara aquela expressão, pois era uma que apenas ele via. Era um sorriso cheio de calor, promessas e amor sincero. Ela nunca o dera para mais ninguém além dele. Até então. Hermione ficou nas pontas dos pés, e lançou os braços ao redor do pescoço de Weasley. O ruivo abaixou-se e a beijou. Potter corou, olhando para o outro lado e dizendo algo que se perdeu no meio dos gritos do corredor. Weasley levantou a cabeça apenas o suficiente para falar algo que fez os três amigos rirem, e depois voltou a beijar Hermione.

Draco acompanhou toda a cena sem piscar e sem se mexer. Levou a mão ao coração, e se surpreendeu ao senti-lo pulsar rapidamente. Poderia jurar por Merlin que seu coração acabara de ser arrancado de seu peito e esmagado em sua frente. O garoto ficou ali parado acompanhando seus batimentos desenfreados pelo que pareceu uma eternidade. Ouviu um som desesperado de dor e demorou alguns segundos para perceber que fora ele mesmo que o fizera. Finalmente, o beijo entre o casal à janela chegou ao fim. Hermione deu um passo para trás, mas entrelaçou os dedos com os de Weasley, que começou a conversar com Potter outra vez. A garota deixou seu olhar vagar por entre a multidão que se encontrava no corredor, sorrindo de lado. Parecia feliz. Não, não apenas isso, ela parecia radiante. Foi então que seu olhar encontrou o de Draco. O sorriso dela morreu em seus lábios e, mesmo à distância, ele pode ver que ela empalidecera. Draco engoliu em seco, sentindo seus olhos arderem devido às lágrimas contidas. Não podia chorar na frente dela. Lembrou-se da última vez que dissera aquilo a si mesmo, todos aqueles meses atrás, e se encontrou sorrindo de forma triste, balançando a cabeça. Ele queria que ela fosse embora, que ficasse segura e, acima de tudo, a queria feliz. Ela fizera tudo aquilo, não fizera? Ele tivera sucesso na única missão que se propusera. Fazer Hermione feliz. De longe, ele acenou adeus. Hermione mordeu o lábio, ficando nas pontas dos pés para poder ver o garoto que já virava as costas.

“Adeus!” Ela gritou por sobre o barulho ensurdecedor. Ele não se virou. E as lágrimas que estivera tentando evitar rolaram por seu rosto.


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