À Espera De Você... escrita por Érica


Capítulo 6
Destino?


Notas iniciais do capítulo

*-* Olá, pessoas! Mais um capítulo para vocês :D Um certo moreno dará o ar da graça, encontro inesperado, enfim... Curtam! XD



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– E que o amor que os trouxeram aqui perdure, pois só ele é capaz de trazer a felicidade. Que nos momentos difíceis, nas tristezas ou mesmo alegrias, que ele se sobressaia e que juntos vocês consigam apenas fortalecer esse sentimento tão precioso.

                Mas nem sempre isso acontece. Às vezes o amor, por maior que seja, acaba se perdendo pela vida e nem nos damos conta disso. Foi o que Lia quis dizer ao padre, mas ela não estragaria esse momento especial na vida dos amigos. Ela sabia por experiência própria que as palavras tão bonitas, perfeitas para uma cerimônia como aquela, em nada mudavam o que ela vivenciou. Lia amou. Amou mais do que foi capaz e desejou amar uma pessoa, mas esse sentimento se perdeu e lhe fazia tanta falta. Há semanas ela se perguntava repetidamente “Por quê? Por que comigo?... Por que não outro fim?”.

                – Desejo que vocês caminhem juntos, em apoio mútuo. Que construam a felicidade sempre em comunhão e que a compartilhem com os seus filhos, amigos e parentes.

                Lia olhou em volta da igreja lotada. Dizia que era por curiosidade, mas tinha esperança de vê-lo. Mas ele não estava lá, nem ele nem a atual esposa. Custava-lhe acreditar que rumo à vida dele tomou, mas lhe pesava mais aceitar que ela não fazia parte dela. Que tantas coisas os separavam.

                – É de livre e espontânea vontade que vocês vêm aqui, hoje?

                – Sim.

                – Sendo assim... Gilberto Porto, aceita essa mulher para amá-la e respeitá-la? Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da sua vida?

                – Aceito. – A emoção transparecia dos olhos de Gil ao mirar a noiva.

                Ju estava linda com seu vestido longo de noiva. Uma produção a altura dela, com tudo o que ela sempre sonhou. Véu, grinalda, num clássico vestido, mas sem perder a essência moderna da mulher. Quando a viu entrando pela igreja, Lia não pode negar que sua amiga nunca esteve mais linda e o amor que era refletido nos olhos dela ao avistar Gil no altar nunca foi tão evidente. E talvez por isso mesmo, por ver o que eles tinham, se perguntou se algum dia se sentiria assim. Se teria isso de volta.

                Um mês atrás, as duas estavam na sala do seu apartamento, e na época, ela mal podia imaginar os conflitos que surgiriam na sua vida. As descobertas, as dúvidas, a carta... ‘Maldita carta!’ Pensou, mas ainda a tinha junto a si. Não teve coragem para respondê-la, nem que fosse para mandá-lo ir para o inferno, mas a mantinha junto o tempo todo, a levava a qualquer lugar que ia. E às vezes, a relia tentando entender o que ele queria agora, depois de tantos anos... Eram tantos os questionamentos, e por mais que quisesse, relembrar os momentos que foram esquecidos foi inevitável. As lembranças vinham com força, sem pedir licença, bagunçando seu coração. A mata, o telhado, as cartolinas nunca foram tão presentes em seus pensamentos, nem ele foi tão presente nesse tempo que esteve longe.

                E agora ela estava ali, finalmente no Brasil, celebrando o casamento dos melhores amigos. E temia a tentação de procurar Dinho, de vê-lo nem que de longe... Mas era errado, ela sabia. Ele era casado, ela tinha um namorado que mesmo a quilômetros de distancia, merecia respeito. Na hora que fez as malas tudo pareceu tão simples, ela viria, participaria do casamento, comemoraria e depois iria embora. Mas não era o que queria nesse momento ao ver Gil e Juliana valsando pelo salão, encantados um pelo outro. Ela sonhou com mais. Ela quis o amor da adolescência de volta.

                – Nunca a vi tão feliz – Um moreno alto se aproximou de Lia, parada perto da parede.

                – Eles se amam – Lia olhou em volta, todos os convidados entretidos. Mas o homem ao seu lado parecia compartilhar do mesmo estado de espírito que ela.

                – Faz tempo que não te vejo... Senti saudades.

                – Eu também. ‘Cê’ sabe que é como uma irmã pra mim, né? – Ela acenou, confirmando que sim.

                Lia reparou no olhar perdido de Bruno. Não tiveram muito contato nesses últimos anos, mas tinha muito carinho pelo rapaz.

                – Como vai a vida? Eu não vi a Ana.

                – Ela não está aqui. Nós estamos separados.

                Bruno suspirou pesadamente. Veio ao Brasil para o casamento da irmã, mas o que poderia dizer sobre essa união se a sua própria estava se desfazendo? Ana e ele pareciam tão certo, ela era perfeita. Educada, responsável, segura... Mas em nenhum dia dos últimos anos em que esteve com ela, foi capaz de sentir o que só outra lhe despertou. Mas era passado e no passado ela ficou, junto com a loucura, a doença... Os erros. Ele fez tudo o que se esperava dele. Casou, construiu uma carreira solida como publicitário... Porém, não era feliz. A felicidade sobre a qual o padre tanto alardeou ficou fora da equação.

                E mesmo tendo alcançado todas as expectativas, ele estava com um casamento desfeito. E pensar que foi ela a pessoa a pedir o divorcio. Ela que tanto fez questão em tê-lo como marido... Mas e ele? E a sua cota de culpa onde ficava? A solidão dos dias, dos momentos foi a sua punição.

                – Eu quero mais do que apenas ser uma sombra na sua vida, Bruno! Eu quero mais do que você foi capaz de me dar! Eu te amei, juro, mas você... Você nunca deu valor a isso! NUNCA! Eu fui só um acessório que você teve na sua vida perfeita, mas eu cansei! Eu... Eu quero mais de mim, quero amar alguém que me ame. Alguém que cuide de mim, que olhe para mim do mesmo jeito que você um dia olhou para ela.

                Ana não precisou dizer o nome, ele sabia de quem ela falava. Depois da discussão de seis meses atrás, ela saiu de casa. E fez o que ele não teve coragem, foi em busca da felicidade. Bruno não sabia se ela a tinha alcançado, mas diferente dele, Ana havia dado o primeiro passo. Pelo menos, não tinham filhos que os prendessem além do necessário, pensou cinicamente ele.

Filhos... Ele sempre os quis, mas ele e Ana nunca entraram num consenso sobre tê-los. Mas independente disso, às vezes ele se pegava a observar as crianças nas ruas com seus pais, brincando, correndo, rindo. E ele sentia tanta falta disso, do que ele não tinha.

                – Eu não... Acho que foi melhor assim, não?

                – Sutileza nunca foi uma das suas características mais fortes – Ironizou ele sobre a sinceridade da jovem.

                – Se você me conhece, acho que posso dizer o que penso. Na minha dispensável opinião, você e ela nunca tiveram muito a ver, Bruno. Vocês eram tão iguais que não poderia dar certo... Sem falar que sempre houve outra pessoa entre vocês.

                – Fala da Fatinha?

                – Eu não citei nomes. – Lia voltou a olhar pelo salão.

                – A verdade é que... Bem, talvez você tenha razão. Talvez eu tenha sonhado com um outro destino, mas fui fraco demais para lutar por ele. E sabe Lia, isso é o mais triste... É tão triste pensar que só dependia de mim.

                Bruno deixou a moça sozinha e saiu caminhando por entre os convidados. Lia ficou observando ele se afastar, a sua tristeza um pouco maior. Ela amava aquele babaca como um irmão, e como se partilhassem do mesmo sangue, os dois haviam cometido erros semelhantes e deixado algo muito bom escapar.

                – AI, DROGA!

                – Mas o que?!

                Ela virou-se para um garotinho que distraído acabou esbarrando nela sem querer.

                – Desculpa, moça! Eu não queria, eu juro que não vi você aí... – Atrapalhou-se ele ao desculpar-se. Lia sorriu, não soube o porquê, mas um sorriso surgiu no seu rosto.

                – Tudo bem, ninguém saiu ferido mesmo. Mas acho que esse não é um bom lugar para se correr, não é?

                – É... Foi mal. Só não conta pro meu tio se não nunca mais ele me leva para lugar nenhum! – Pediu o garoto com olhos suplicantes.

                – Prometo não contar nada! Meu nome é Lia.

                – Lia... Acho que já ouvi esse nome. O meu é Mi...

                – MIGUEL! – Chamou Fera, ao avistar o garoto conversando com uma moça.

                – E... Sujou pro meu lado! Tio, eu não fiz nada!

                – E eu to te acusando de alguma coisa por acaso? Vem... Lia? – Fera surpreendeu-se ao dar-se conta de quem era a tal mulher com quem Miguel falava.

                Destino... Foi a explicação que lhe veio a mente ao ver a sua antiga amiga conversando com o filho de Dinho e Fatinha.

                – Fera? Quanto tempo, eu não sabia que tinha sobrinho... Mas você não é filho único?

                Tão surpresa quanto Fera estava Lia ao reencontrar o antigo colega de classe. As feições dele haviam mudado, tornou-se mais velho, mas não menos bonito.

                – Eu só o chamo de tio, mas ele não é irmão da minha mãe nem do meu pai. Vocês se conhecem? Você conhece meu pai , Lia? O nome é Dinho.

              Dinho... Ela não esperava por aquilo, ela sequer estava preparada para aquela revelação... Mas num golpe muito estúpido do que seria o destino, ela conheceu o filho dele. O filho de Dinho e Fatinha... Lia sentia-se confusa, estranha, vazia de amor. Olhou Fera, mas não o viu de verdade. Ela não viu nada, só aquele garoto de sorriso encantador tão sincero quanto o sorriso do... Pai.

                Estariam eles lá também? Seria ela obrigada a ver a ‘feliz família’ unida?

                Sendo sincera consigo mesma, Lia sabia que não suportaria ver essa cena.

               

                


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Notas finais do capítulo

:X Hum... Bruno e Lia ainda tem muito o que descobrirem! Como eles irão reagir quando a verdade for dita? Gostaram? Comentem! PS: Devido a alguns problemas, haja demora na postagem de novos caps. Desculpem-me. :(