Estava deitada novamente naquele lugar...Olhei para o céu,estava azul e quase não haviam nuvens.Aquela falsa calmaria me incomodava...Me peguei pensando novamente "Por que estou aqui?Por que nasci?",eu não sabia o motivo e com certeza não iria encontra-lo ali.Ouvi o soar do sino da igreja...Já era tão tarde?Escutei passos e um senhor apareceu...

—Ei,você,não ouviu o sino?Não é seguro ficar fora de casa...E o que você faz deitada neste morro tão perto da fronteira?

Não respondi apenas me levantei e segui de volta para a vila.Já não se via ninguém fora de casa,nenhuma luz,nenhum som.Nada...Eram tempos sombrios,em que se vivia com medo da noite e do mundo exterior.Eu nunca havia saído daquele lugar,mas sonhava com isso,na verdade,já estava me preparando para isso.Finamente cheguei em casa,verifiquei minha mochila,não faltava nada...Eu podia partir,mas não ia conseguir sair se alguém me visse.Minha vila possuía três regras: Respeitar o toque de recolher,ninguém entra e principalmente ninguém sai...Aquele lugar era como uma prisão,diziam que estavam nos protegendo,mas na verdade mais pareciamos pássaros na gaiola com medo da própria sombra.Eu odeio este lugar,mas estarei fora daqui amanhã mesmo,custe o que custar.Me deitei e adormeci pensando em minha liberdade que finalmente estava tão próxima...