Serendipidade escrita por Roxanne Evans


Capítulo 11
11




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11

"I'm falling deeper and deeper
Getting sweeter and sweeter
Can't obscure desire
'Cause you learn as it grows
It's so strong
It lingers on
Forever... Forever..."

–Acho que precisamos conversar – Ele declarou com a voz séria. A menina suspira, acendendo a luz, mordendo o lábio pelo lado de dentro, aproximando-se devagar, sentando-se ao lado do moreno.

–Se você vai dizer de novo que a gente não devia fazer isso, que isso é errado e blá blá blá, eu prefiro que você não fale – Ela murmura, mas o desânimo era claro em sua voz. Ele a encara por um instante, sorrindo fraco.

–E por que então você acha que eu vim até aqui e fiz o que fiz daquele jeito? Você acha que eu fiz isso só para dizer que não devia ter feito depois?

Disso ela ri, mas dá de ombros, o cabelo ruivo, mexendo de leve, o brilho visível. Não conseguia dizer o que ele pensava, era algo impossível por enquanto. Ele sempre a surpreendia. Como saber que não era exatamente isso que ele iria fazer?

–Não sei, você é um pouco imprevisível, nunca consigo saber o que você está pensando. Tipo quando você veio aqui ontem... – E jogou a idéia, na verdade, querendo uma explicação. Um truque barato.

–Heei... – E ele a acerta de leve com o ombro – Eu queria ter certeza do que eu sentia pela sua mãe e o que sentia por você...

A explicação é agridoce, pois ao mesmo tempo em que a tranqüiliza pelos motivos, o resultado a deixa agitada, a perna batendo de leve no chão, repetidas vezes, em um gesto nervoso, sem que percebesse.

–E então? – Não consegue se segurar, embora talvez, a resposta não lhe pertencesse. Ele sorri, discretamente, vendo seu nervosismo.

–Funcionou tão bem, que hoje acabei fazendo a merda que fiz agora... – E estica o sorriso, ela ri, alcançando de leve a mão dele, que repousava no próprio colo, acariciando-a de leve. Ele lambe os lábios de leve, e ela fica com vontade de voltar a beija-lo.

–Depende do ponto de vista... – Era incapaz de concordar quanto à parte da merda. Ele ri ainda mais, mostrando os caninos pontudos, os dentes brancos que tanto lhe tiravam o fôlego nunca antes lhe parecendo tão interessantes, agora que ela provara totalmente o gosto de sua boca.

–Do ponto de vista do seu pai... - Ele brinca, ela o acompanha.

–Auch! O ponto fraco...

–Mas e então... O que vamos fazer com isso? – E ele levanta as mãos entrelaçadas, indicando-as. Agora provavelmente, vinha a parte complicada, pois tinham de decidir o que fariam, que caminho iriam tomar a partir de então, uma atitude que nenhum dos dois parecia muito certo de que postura tomar.

Ambos parecem parar, ponderando sobre o assunto. É quando falam ao mesmo tempo.

–Acho que não devíamos contar para os meus pais

–Acho que devíamos falar com seus pais.

Os dois se encaram, em um instante mudo, pensando em seus próprios motivos e nos do que poderiam estar na mente um do outro. Tudo é rápido e a ruiva retoma.

–Ahh, Jake... – Lamenta-se, um gemido suspirado, fraco, pensando na possibilidade, as idéias lhe passando rápidas, mais do que as conseguia formular verbalmente.

–E por que não? – Ele estranha, já não gostando da reação, mas ela trata de se explicar.

–Não que eu seja contra a idéia de você contar a eles – E tenta ser convincente – sério, mesmo! Mas no momento que você o fizer, primeiro virá à guerra, e depois, tudo será tão sério que você provavelmente terá de se casar comigo em um mês!

Ele se cala, a nova informação sendo muito para ele assimilar, parecendo deixa-lo tonto.

–E o que você propõe que façamos?

Ela pára para pensar. Algo lhe acende as idéias.

–O aniversário de casamento deles é daqui a um mês. A gente podia se dar esse tanto. Para ao menos ver se funciona. – Lhe soava bem, esperava que realmente fosse uma boa idéia. Eles podiam ir com calma, tentar se conhecer e ver se ao menos poderiam dar certo... Se ainda estivesse tudo bem, poderiam contar, teriam o mínimo da margem de erro sem pressão, quase.

Ele pensa apenas alguns segundos, antes de respirar fundo, jogando a cabeça para baixo, deixando-a totalmente solta, antes de voltar a encara-la.

–Temos um trato. – Concorda. Ela sorri, animada. Agora era oficial.

–Um mês então? Para a gente ver como isso funciona?

–Um mês... – Ela confirma sorrindo e ele lhe devolve um sorriso maior, sincero, iluminando-lhe a face de moça.

–Já aviso que não sou muito bom nisso, ok? – E volta a indica-los, como casal – Não fiz isso muitas vezes, e todas às vezes que fiz, devo confessar, foram desastrosas.

Ela ri, regozijada, parecendo divertir-se.

–Eu posso te ensinar.

Ela recita, lançando-lhe um sorriso esperto, cheio de segundas intenções, e ele não hesita. Os dois voltam a se beijar, devagar. Ele a puxa devagar pela cintura, aproximando seu corpo do dele, fazendo-a suavemente deitar sobre ele no sofá.

–E então, disposta a continuar de onde paramos?

E ela sorri, marota, fechando a distância entre eles.

E embora ainda empolgados com a idéia, Jacob, em nenhum momento novamente deixou a situação sair de controle, sempre a parando toda a vez que isso começava a acontecer, obrigando-a a ir mais devagar.

Ela adorava sentir a mão dele entrando por sua blusa devagar, acariciando suas costas, fazendo seu corpo queimar. E adorava esfregar-se contra ele devagar, sentindo o que ele sentia quando o fazia. Os gemidos só serviam para fazê-la esquecer o que fazia, entregando-se completamente. E embora ele estivesse se contendo, ela não pareceu perceber ou se importar, satisfeita em sentir as mãos dele passando pelo seu corpo devagar, derretendo-a.

Ele, embora não parecesse estar totalmente saciado com os dois vestidos, parecia estar aproveitando cada instante, apertando o corpo pequeno contra o seu, murmurando em seu ouvido, controlando-se ao máximo para não perder o domínio de si mesmo, enquanto sentia a perna dela pressionada contra sua excitação, ao mesmo tempo querendo prosseguir, mas impedindo-se. A entrega dela o deixava louco, fazendo-o querer toma-la por completo.

Ainda era muito cedo.

A beijava com toda sua intensidade, tentando marca-la, finalmente mostrar que ela o pertencia, friccionando os corpos o máximo possível, acariciando-a, suas mãos percorrendo a máxima extensão do corpo dela possível.

Ela gemia com seu toque, incentivando-o a continuar, mostrando que ela gostava.

A boca dela era aveludada e ele parecia que nunca teria o suficiente. Ousada, sua língua percorria todo o caminho do pescoço até sua orelha, provocando-o, pequena, quente. Ele grunhia, apertando mais a menina contra si.

Quando percebe que não agüentaria mais, ele pára, empurrando-a devagar.

–Hei, a gente ainda tem tempo, não precisamos correr desse jeito.

Nessie o encarou, um pouco confusa, mas ele, com delicadeza, já se sentava, empurrando-a de leve. Ele se senta, mas ela ainda estava sobre ele, uma perna de cada lado de seu corpo. Ele limpa a garganta, quando ela se mexe devagar, sentindo sua rigidez embaixo de si.

–Jake... – Ela geme, baixo, encarando-o, luxuriosa – Mas você... – E indica, já desligada de si, devagar. Ele fecha os olhos, respirando fundo, antes de voltar a empurra-la, tirando-a de seu colo.

–Exatamente por isso – Responde, agora tomando grandes goles de ar, tentando, de todas as maneiras, manter a cabeça, e principalmente, outras partes, frias.

–Mas... – Ela ajeita o cabelo com as duas mãos, passando as mãos pequenas pela boca, sem entender, tentando reconstituir-se.

–Temos tempo ainda, não precisamos correr... – Ele completa, sem deixa-la falar.

–Mas... – Ela tenta novamente, mas ele volta a interrompe-la, levemente impaciente.

–Você ainda é muito nova! A gente não devia nem estar fazendo isso, principalmente eu, tendo a idade que eu tenho e considerando a situação em que a gente está! – Ele era obviamente o que conservava mais de sua razão.

–Mas eu quero... – Ela tenta, contrariada. Ele sorri de leve, mas nega com a cabeça, suspirando fundo, enchendo os pulmões de ar.

–Você ainda não está pronta. – Era um ponto final e ela sabia disso, mas ainda não estava disposta a desistir.

–E como você sabe se eu já não fiz isso muitas vezes antes?

Ele levanta uma sobrancelha, descrente, se era para jogar, ele também sabia faze-lo.

–Não importa, agora você está comigo e eu te digo que você não está pronta para fazer isso comigo. Que tal?

Ela cruza os braços, primeiro zangada, e depois confusa, ajeitando a calça, alisando-a.

–Mas por que? – Agora parecia uma criança pequena, querendo todas as satisfações para tudo. Sabia que a situação deles era complicada e só se complicaria ainda mais se o fizessem, mas ainda assim, não entendia por que tinham de ser proibidos de fazê-lo. Aquilo lhe soava um pouco forte demais.

Ele irrita-se um pouco, mas continua, sem demonstra-lo.

–Não sabemos nem se isso vai dar certo, seria errado da nossa parte, com tamanha responsabilidade em mãos, agirmos dessa forma... Já estamos em uma situação perigosa e isso só pioraria as coisas – E pondera apenas por segundos – Talvez depois de falar com seus pais...

Ela faz uma careta.

–Depois de falar com meus pais? ! – E bufa, inconformada, jogando os braços para o alto. Ele parece pensar melhor sobre o assunto, algo borbulhando em sua mente.

–Ou melhor, só quando você fizer dezoito anos. – Ela arregala os olhos, encarando-o, não muito certa de que ele falava sério.

–E por que só depois que eu fizer dezoito?

–Bem, por uma razão, daí eu não poderia ser mandado para a cadeia, nem que seu pai quisesse – Aquilo era balela e ela sabia, e embora ele lhe escondesse a razão real, por mais inconformada que estivesse, disso ela teve de rir. Alguns segundos se passam, e aquilo os trás de volta para a velha questão.

–E como vamos fazer isso funcionar então? Como vamos nos ver? Depois da aula, eu passo no hotel, como vinha fazendo? – Ele concorda com um leve aceno de cabeça, e embora ela não pudesse ler sua mente, via claramente a culpa em seus olhos, e no quanto ele queria poder contar para Bella, principalmente, o que se passava. Ela procura ignorar – E nos fins de semana, como a gente faz?

–Eu não sei, a gente vai ter de ir pensando conforme for acontecendo, que tal?

Era a única coisa que podiam fazer, agir de situação para situação. É a vez dela concordar.

–-/--

Quando seus pais voltaram, Nessie estava estranhamente no mundo da lua, sem nem ao menos conseguir prestar atenção ao que eles falavam. Não conseguiu ouvir nem mesmo quando tentaram contar do quase acidente de carro que sofreram.

Ela parecia desligada.

Sei pai ficou desconfiado, e, pela primeira vez, Bella também.

A menina foi se deitar por volta das onze horas, mas não sentia sono, ainda pensando em cada toque e cada momento que repartira com Jake. Nisso, sua mãe entra no quarto.

–Hey Nessie.

–Hey mãe! – E ela sorri, meiga, quando a morena fecha a porta – Já na cama? O que é isso, uma espécie de milagre? – E ri

–Não fique tão esperançosa, porque eu não sinto sono nenhum... – A menina emenda, traquinas.

A moça riu um pouco mais, sentando-se a seu lado. Passa algum tempo mexendo na coberta, até chegar ao assunto que queria, abordando-o com a voz macia.

–Você está bem? Você parece meio desligada... – E soava preocupada, fazendo a ruiva sentir-se mal. Não gostava de ver sua mãe preocupada, por mais idiota que fosse o motivo.

–Não se preocupe – A menina é mais do que rápida em consertar, afinal, fizera aquilo durante tanto tempo. – Estou só um pouco cansada. – A mãe concorda, parecendo distante.

Pela primeira vez, a menina entende a culpa que Jake sentia, assim como sua hesitação, pois nunca antes as sentira tão fortes quanto agora, enquanto olhava sua mãe. Tudo o que menos queria era machuca-la. E o sentimento crescia em seu peito, amargo, fazendo-a abaixar os olhos.

–Boa noite então – E a beija de leve. Estava prestes a se levantar, quando vê algo errado – Nessie... – A voz era estranha – O que é isso? – E indica algo em seu pescoço, próximo ao ombro. A menina vira-se para olhar, no espelho da escrivaninha, há alguns passos de si, onde estava deitada, o cabelo caindo pelo rosto, apenas para ver uma marca arroxeada do que tinha feito na pele. Seus olhos esbugalham-se, surpresos.

–Não sei... – Responde, tentando permanecer calma, vendo sua voz fria, e sentindo-se, ao mesmo tempo mais aliviada e culpada, na mesma proporção. – Na verdade, nem sei quando parou aí. Devo ter feito alguma coisa...

A mãe levanta uma sobrancelha, mas nada diz, acenando positivamente.

–Sei... Boa noite então – E levanta-se, saindo do quarto, apagando a luz.

A menina se xinga lentamente. Agora seria só uma questão de tempo até ela contar a seu pai e ele deduzir tudo. Ela e Jacob estavam tão ferrados. Precisava fazer alguma coisa para impedi-los de descobrir, por enquanto, não importava como. Era uma medida necessária. Seu coração falha uma batida.

Era a culpa que lhe falava novamente.

–-/--

A menina estava presa ao celular, e conversava, com um risinho besta gravado no rosto, deitada de ponta cabeça no sofá da sala, os cabelos escorrendo pelo chão, os pés encostados à vidraça, mexendo-se suavemente.

–Você realmente precisa controlar seus impulsos – Comenta. Conversava com Jake naquela segunda-feira de tarde, pois ele tinha de ir buscar algumas encomendas, e naquela tarde, provavelmente não poderiam se encontrar. – Você me deixou toda marcada e minha mãe viu.

–Ixi, o que a Bells disse?

Era tão estranho vê-lo chamá-la tão casualmente. Para ele, ela fora Bella antes de ser mãe, e assim sempre o seria. Era algo besta a se pensar, mas ainda incomodava-se com a intimidade entre eles. Talvez por saber o real motivo da existência dessa. Da paixão contida da parte de Jacob durante tantos anos.

–Eu tentei desviar, mas acho que ela está desconfiada. A gente vai ter de tomar mais cuidado. Já não bastasse a situação perigosa...

E o silêncio cede reflexão para a culpa. O moreno parece tentar mudar de assunto.

–Meu pai me ligou hoje – Para aparentemente, outro assunto tão tenso quanto o primeiro.

–E como foi? – A menina quis saber, sentando-se corretamente, cruzando as pernas como as de um índio, os cabelos lhe escorrendo, desgrenhados, sabendo que o assunto seria mais complicado.

–Ele queria saber quando eu ia voltar – E o silêncio volta por mais alguns segundos, Nessie mordendo o lábio por dentro, para em seguida morder uma unha da mão, introspectiva.

–E o que você disse? – Sua voz não passava de um suspiro. E embora não tivesse parado para pensar sobre isso até agora, era outro peso. Mesmo que conseguisse ficar com Jacob, ele morava, literalmente, do outro lado do país. Era uma situação enroscada.

Sabia que era jovem, mas mesmo assim amaldiçoava-se mentalmente por não ter pensado em tudo isso antes. Estariam destinados ao fracasso, como tão pareciam estar?

Toda a vez que quisesse vê-lo, teria de atravessar um país, e aí, como isso funcionaria? Mesmo se seus pais permitissem, por que afinal, ele teria de voltar a Forks em algum momento. Seu coração torna-se ainda mais pesado.

Parecia que, no momento, o único conforto que encontravam era estarem próximos um do outro. Esperava que isso fosse o suficiente.

–Disse que tinha que ver, mas que não demoraria a voltar. Acho que se ele soubesse que pretendo ficar pelo menos mais um mês longe, ele ficaria louco – E tenta fazer graça, forçando um riso, mas ela permanece séria, sem conseguir fingir.

Teve ímpetos de perguntar a Jake se ele voltaria depois que seus pais concordassem, mas segurou sua língua. Não tinha o direito de perguntar isso, pelo menos, não ainda, quando ele provavelmente ainda nem tomara uma decisão a respeito, estando tudo tão longe como estava.

–É, provavelmente ficaria – E tenta soar divertida, mas falha. – O que acha da gente ir ao cinema mais tarde? – E tenta ser mais sensata, mudando de assunto completamente – Eu posso dizer que vou sair com a Jane, e ir com você.

–Parece uma boa idéia – E pela primeira vez, ela consegue senti-lo leve, como se também tivesse relaxado. Nisso, seu sorriso volta a nascer.

–Te vejo de noite então?

–Até a noite – Ela responde, e os dois desligam.

E quando desliga, por um momento, percebe que não importava que tivesse simplesmente todos os motivos para não ficar com ele racionalmente falando, pois nada disso chegava aos pés de descrever o quanto em um único instante, se sentia bem ao lado dele, como se aquele fosse seu lugar ideal.

A idéia faz um novo sorriso bobo nascer no rosto, e é assim que ela passa a tarde, entre suspiros e programações.

Mais tarde, troca mensagens com Jake, marcando os horários e lembra-se de ligar para Jane, combinando tudo, para que nenhum acidente acontecesse. E, enquanto comia um lanche de jantar, cantarolando, encarando a janela, Bella entra.

–Nossa, por que toda essa felicidade?

–E precisa-se de um motivo para estar feliz? – A menina responde, a brisa fresca que entrava pela janela, extremamente agradável, mexendo-lhe os cabelos, devagar. A morena apenas acena, impressionada. – Ow, antes que eu me esqueça, vou sair com Jane hoje, a gente vai no cinema.

A mulher volta a concordar. O que poderia dizer diante de tão animada convicção?

Tentara se controlar para que a produção para o cinema com Jane não parecesse exagerada, mas acabou perdendo para si mesma. Não poderia dizer que tinha se importado. O único problema da noite foi quando sua mãe decidiu ligar para a amiga, só para confirmar se o plano era real. Por sorte, se prevenira, a avisando por mensagem o que faria de verdade, e a loira confirmou, com excesso de entusiasmo. Sua mãe começava a representar outro perigo.

E, enquanto caminhava em direção ao cinema, voltava a se perguntar o que estava fazendo, sem contar a seus pais. Parecera-lhe uma razão tão boa e óbvia na hora, mas agora, passado o momento, começava a duvidar de sua decisão. Mas, novamente, como diria isso para seus pais?

Não havia uma maneira que soava melhor em sua cabeça, todas pareciam perigosas ou desastrosas. Fora que seu pensamento tinha um ponto firme. Ainda assim, um mês poderia fazer diferença? Queria acreditar que sim, e que não estava sendo mimada e irracional.

Ainda entra pela porta dupla, de vidro, sentindo instantaneamente o efeito do ar condicionado, pensando nisso. Encosta-se a uma pilastra, introspectiva.

–E o que uma menina tão bonita faz aqui sozinha? – Ela sorri ao ver a sombra parada a sua frente, levantando o rosto, esquecendo o que pensava, o coração acelerando.

E a ruiva se joga nos braços do moreno, sentindo-se mais feliz do que jamais estivera, trocando um beijo rápido com ele.

–Nossa, e tudo isso com apenas um dia de separação? Imagina se fosse uma semana! – Ela faz uma careta, mostrando-lhe a língua, e batendo de leve em seu peito. Ele ri da graça.

Os dois entrelaçam as mãos suavemente.

No dia, o cinema foi o menos importante de tudo, sendo que o filme poderia ter sido qualquer um, não importava, pois se divertiriam da mesma forma.

E assim como entraram na sessão, saíram, de mãos dadas, trocando sorrisos encantados.

–Sabe o que eu estava pensando? – A moça começa, empolgada. Ele escutava com atenção – Que a gente podia, no final de semana, fazer uma visita rápida ao mar, o que acha? Passar na praia, se divertir?

Ele faz uma interrogação.

–E seus pais? – E ajeita a jaqueta jeans no corpo, sem nunca deixar de encara-la.

–Eu tinha pensado em dizer que iria com a Jane, faço isso com a família dela o tempo inteiro.

Ele recomeça a rir.

–E o que seria de você sem ela?

Os dois andam alguns instantes, calados, ele abrindo a porta para ela.

–Você tem certeza? – volta a perguntar, no fim de um instante.

–Certeza de que? – A de cabelos cacheados volta sua atenção para ele.

–Certeza do que estamos fazendo? Não queria fazer isso dessa forma, de alguma forma, isso parece muito errado, e eu sou tudo, menos um adolescente que tem de ficar escondendo seu namoro com alguém, por isso, quero saber se você tem certeza de sua decisão. Realmente queria que seus pais soubessem, mas nunca seria capaz de ir contra a sua decisão.

A menina enruga a face levemente, mordendo o lábio em seguida, mexendo-se, desconfortável. Era um assunto que não saía de sua mente, e sabia que o incomodava, tanto ou mais quanto incomodava a si mesmo.

–Olha, os motivos que eu te dei são reais o bastante, mas, se eles não forem o suficiente, devo confessar que estou com medo da reação deles, e não importa o resultado, já sei o que eu quero, e sei que tenho cabeça para decidi-lo. Só queria de um tempo para prepara-los para a notícia, contar nos meus termos... – E dá de ombros – Algo assim, mas, se você preferir contar agora...

Os dois tinham seus lados, mas estavam desconfortáveis em expô-los, e forçando-se um no outro. E por isso, voltam a se calar, a companhia mais agradável que os pensamentos.

Ele suspira.

–Tudo bem então, deixemos as coisas como estão e depois a gente vê o que faz. – Ela confirma, achegando-se mais a ele, fazendo-o sorrir de leve.

–Então você quer ir a praia, sim? – E ela acena, empolgando-se na idéia. Ele apenas ri da agitação nova dela, acompanhando-a. Não parecia tão má idéia, era perfeitamente realizável, e, afinal de contas, enquanto estivessem na cidade, toda a discrição era pouca, sempre podia haver alguém que poderia encontra-los.

Todo o cuidado era pouco. Assim, poderiam ter um tempo para eles e realmente relaxar. Só precisavam tomar o cuidado de planejar tudo com cautela.

Despedem-se ainda conversando sobre o assunto.

A menina entra em casa saltitando. Sua mãe estava na cozinha, tomando chá. A menina estica o sorriso feliz, vindo a seu encontro.

–Que estranho, você tomando chá!

A morena lhe lança um sorriso, mas ergue uma sobrancelha.

–Sim, não estava passando muito bem, agora você, pelo visto, não poderia estar melhor. Acho que é idiota perguntar como foi o cinema.

–Foi... – E ela engasga na definição – Legal!

E ainda tropeçando em seu êxtase, dá uma volta para chegar onde queria.

–Estava pensando em ir com a Jane para a praia esse final de semana, o que você acha?

A sobrancelha sobe ainda mais alto.

–Você anda empolgada esses últimos tempos, não? – Ela finge não entender a indireta, permanecendo exatamente como estava. Bella suspira. – Não poderia ser o outro? Só para variar, combinei de ir jantar na Rosie, ela ficaria feliz se você fosse. Ela quer falar sobre o processo da adoção. – A menina solta um grunhido fraco de inconformidade, mas não tem tempo para curti-la, pois a mãe continua – E andei pensando outras coisas. Para variar, depois da saída do Jake aqui de casa, o tenho visto pouco, então estava pensando em chamá-lo, você acha que ele iria?

A ruiva sente o sangue gelar, mas tenta, ao máximo, não demonstrar.

–Não acho que ele se sente confortável lá, pelo menos, não se sentiu quando a gente foi lá a primeira vez... Quer dizer, não seria meio estranho? Ele não conhece ninguém direito.

A mãe acha graça.

–E como a gente conhece alguém?

A moça se cala.

–A gente pode perguntar. – Conclui, tentando não mudar o tom de voz, para um agudo desagradável. A morena concorda.

Aquilo era um balde de água gelada, e, minimamente, teria de deixar sua viagem para a outra semana. Despede-se de sua mãe depois de algum tempo de conversa leve, subindo, cansada, pronta para se trocar e ir dormir.

Quando já se via deitada na cama, outra questão surge em sua mente.

Como deveria se portar agora na frente de Jake, com seus pais? Já não era mais um território natural, se revira dentro das cobertas, mas o desconforto só aumenta. Pelo visto, aquela seria apenas a primeira de uma longa série de noites mal dormidas.

Suspira. Era apenas mais uma etapa do processo.


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Notas finais do capítulo

Terminada em: 17.02.2012
Publicada em: 11.01.2014

E aí meu bom povo brasileiro? Como foi a passagem de ano de todos? Divertida? Espero que sim!
Aqui temos mais um capítulo publicado e mais uma etapa da história, espero que curtam. Agora as coisas começam a ficar perigosas de verdade, não se enganem, pois quanto mais tempo o Jake e a Nessie permanecem juntos, mais percebem que se amam e a coisa começa a ir de mal a pior hahaha

Oh gosh! Esqueci de dizer, no capítulo anterior a música era Poised With Love (Neon Hitch) e deste é Deeper and Deeper (Cinema Bizarre).



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