Lunática. escrita por sa


Capítulo 6
Capítulo 6.


Notas iniciais do capítulo

eu to tão feliz por saber que tem gente gostando do meu jeito de escrever :')



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– Lana! - gritou ao sair da sala e encontrar Lana sentada nos bancos daquele corredor.

– Eu. - sorriu, ele também. - Você não me acharia mais no campo, então resolvi vir te esperar. - se levantou.

– Pra onde você foi? - arrumou a mochila nas costas.

– Essa escola tem muitos lugares que a maioria dos alunos nem faz ideia que existe, sabia? - falou um tanto rápido. - Eu estava em um deles.

– E você provavelmente não vai me contar, não é? - olhou pra ela.

– Nem pensar. - mordeu os lábios, outra mania que tinha, mania essa que só parava quando começavam a sangrar.

Continuaram parados no corredor, um olhando para o outro, até que Heitor lembrou que não estava sozinho. Matthew, seu melhor amigo, o acompanhava e também estava parado em pé se perguntando se era melhor dizer algo ou esperar que algum dos dois notassem sua presença ali.

– Ah, esse é o Matthew. - apontou para o menino. Era alto, não mais que Heitor mas nem menos que Lana.

– Por favor, só Mat. - estendeu a mão para ela, que a deu um leve aperto e sorriu. - Heitor me contou sobre a incrível Lana. - parou de sorrir ao perceber que Heitor ficara vermelho. - E eu acho que não era pra eu ter te contado isso. - ela riu.

– E ele só me conhece há dois dias, imagine quando completar uma semana. - brincou.

Naqueles poucos minutos perto dela, Mat entendeu o motivo de o amigo ter ficado encantado com ela. Primeiramente, reparou em sua aparência e em como seu cabelo bagunçado jogado sobre o rosto a deixava bonita. Depois, gostou de seu sorriso logo de cara. E aí veio o modo como ela falava e fazia as pequenas coisas parecerem grandes coisas. E só por ter ajudado o melhor amigo dele a se livrar de uma bela bronca e talvez até advertência do diretor, ele já começara a acreditar que ela era mesmo incrível.

– Então eu vou indo. - deu um tapa nas costas do amigo e sorriu para ela.

– Será que ele não quer almoçar com a gente? - perguntou.

– Eu acho que não, ele vai encontrar a namorada dele. - afirmou. - Ela estuda no colégio aqui perto e eles almoçam junto sempre que os horários batem.

– Então somos só nós dois. - começou a andar. - Ouvi dizer que hoje tem batata frita e eu já estou morrendo de saudade disso.

– Qual foi a última vez que você comeu batata frita? - ficou curioso, na verdade, praticamente tudo sobre Lana despertava sua curiosidade.

– Ontem. - ela falou tão sério que ele achou melhor segurar a risada.

No caminho para o refeitório, Heitor ficou se perguntando qual lugar seria esse em que Lana estava depois de ter saído do campo de futebol e percebeu que conhecia muito pouco a escola em que estudava. "Aventureira", pensou. Essa era uma das palavras que poderia usar para descrever Lana caso algum dia precisasse, ela estava sempre atrás de novos lugares e novas histórias. Heitor tinha essa mania de dedicar palavras às pessoas, tomando o devido cuidado para que elas não se repetissem em pessoas difrentes. Lana já possuía duas palavras; incrível e aventureira.

– Lana, o que você ta fazendo? - assim que chegaram no refeitório, ela foi direto para a pilha de pratos e depois, para a cozinheira que estava servindo as batatas fritas.

– Pegando minha comida. - falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Mas e quanto ao resto? Você pulou. - gritou, ele ainda estava na parte das saladas.

– Só quero batatas fritas. - terminou de pegá-las e foi até uma mesa vazia esperar por ele.

E, de novo, Lana arrancou risadas dele. O jeito como, pra ela, coisas como comer só batata frita no almoço era algo normal fazia ele se perguntar se, por comer várias outras coisas, ela o achava estranho. E, por um momento, aquilo realmente o perturbou. Será que, em quanto ele a achava totalmente incrível mesmo não conhecendo nem metade de quem ela era, ela o achava só um garoto normal e com as mesmas características de todos os outros?

– Heitor, você vai ficar mesmo parado no meio do refeitório? - gritou pra ele, tirando-o de seus pensamentos. - E eu pensei que eu fosse meio estranha as vezes. - riu, deixando-o mais tranquilo. Ela não o achava tão normal assim.

– Eu só estava pensando. - se sentou. - Mas, então, você ficou de me contar sobre as nuvens. - lembrou.

– Ah, sim. - sorriu, mas não para ele e sim por ter lembrado delas. - Uma delas formou um livro, outra um cachorro e outra uma letra L, de Lana. - dessa vez, quem sorriu foi ele.

– Quem disse que o L era de Lana? - perguntou. - Ele podia ser de Leão, sua convencida.

– Ou de Lua. - ela respondeu de volta.

– Ou de Lunática. - ele parou. - Lunática. - disse mais uma vez. Era isso, essa era a palavra que ele vinha tentando lembrar desde o momento em que viu Lana deitada no campo de futebol.

– O que tem? - ela estava parada olhando para ele.

– Eu gosto dessa palavra. - sorriu. - Não sei, só gosto.

Lunática. Talvez essa fosse uma das palavras que mais se encaixassem na coleção de palavras que ele, mesmo sem querer, estava criando para Lana. Ela vivia se perdendo em seus pensamentos e se desligando do mundo com facilidade, se distraía das coisas e era como se vivesse em seu próprio mundo. Isso era, provavelmente, tudo que sabia sobre ela e, pra ser sincero, Heitor mal podia esperar para descobrir mais e mais sobre a pessoa que estava sentada em frente a ele se deliciando com aquelas batatas fritas em seu prato como se, naquele momento, nada mais importasse.


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