Enquanto descíamos as escadas, cabeças se viraram para ver nossa entrada. Lian andava todo pomposo comigo e Rebeca penduradas em seus braços e eu conti minha vontade de dar uma cotovelada nele. Beca estava corando com os olhares que estava recebendo e eu evitava olhar muito para a multidão. Tentei procurar por Dylan e o encontrei ao lado de seu pai: Ele estava lindo! O terno era preto, a camisa de um azul-marinho, os sapatos polidos... Absolutamente perfeito. Ele olhava pra mim admirado e senti meu rosto esquentar. Mas não era apenas o olhar dele que me chamou a atenção, um rapaz também olhava pra mim descaradamente, como de eu fosse um pedaço de carne. Eu estremeci.

– O garoto não tira os olhos de você – Disse Lian pra mim e dessa vez eu revirei os olhos.

– Todos estão nos olhando. – Retruquei.

– Mas ele olha diferente. – Insistiu Lian e eu ignorei. Neste instante chegamos onde nossos pais estavam.

– Minhas filhas estão lindas. – Disse mamãe abraçando delicadamente Beca e então eu.

– E eu também não estou bonito? – Reclamou Lian e Beca deu uma risadinha.

– Claro que está, meu querido. – Disse mamãe o abraçando também. Lian sorriu satisfeito e piscou pra mim.

– Meus queridos filhos – Disse papai e nós três sorrimos como os anjos que somos. – Vamos cumprimentar os convidados. Rebeca vai com sua mãe enquanto Dóris e Lian vêm comigo.

– Sim papai. – Respondemos e nos separamos. Eu entendi a ordem nada sutil de meu pai, de que eu tenho que encontrar um bom príncipe. Ah! Estou bem como estou, obrigada.

Conforme íamos passando parávamos para conversar com as pessoas e perguntar se estavam se divertindo. Então chegamos a um grupo de pessoas, e adivinha quem estava ali?

– Majestade – Disse o conselheiro se curvando um pouco.

– Não precisa se curvar Marcos. – Disse papai e eu e Lian nos entreolhamos. Papai considerava o conselheiro um bom amigo então.

– Olá Dylan. – Cumprimentou papai e Dylan sorriu timidamente.

– Olá majestade. – Dylan curvou a cabeça em respeito. – Olá príncipe, princesa.

– Pode nos chamar de Dóris e Lian. – Disse meu irmão e eu assenti. Dylan sorriu e eu sorri de volta. Neste momento outras duas pessoas apareceram.

– Dóris, Lian, estes são rei Arthur Ganzer, da ilha de Corfu, e seu filho e herdeiro, príncipe Antony. – Príncipe Antony pegou minha mão e deu um beijo nela suavemente.

– É um prazer conhecer uma criatura de tão incrível beleza. – Disse ele e em vez de me fazer corar, me fez franzir a testa. Criatura? A única criatura ali era ele.

– Obrigada, eu acho. – Me obriguei a responder, ao meu lado Lian segurou o riso.

– Vamos dançar Dóris? – Perguntou Lian e eu assenti. Quando estávamos longe o suficiente deles eu fiz uma careta.

– Sorte que estou de luva, senão os germes já teriam tomado conta da minha mão. – Reclamei.

– Eu não fui com a cara dele. – Disse Lian, seu rosto exibia desconfiança.

– Nem eu, mas não podemos fazer nada. – Respondi.

– Eu não vou te deixar sozinha com ele, o modo como esse garoto te olha me dá nos nervos.

– Obrigada. – Agradeci surpresa, se Lian estava mostrando essa superproteção era porque ele não confiava mesmo.

Quando a musica terminou, eu e Lian voltamos pra perto de nosso pai, mamãe e Beca estavam ali também. Rebeca estava com um olhar azedo no rosto.

– O que foi? – Perguntei pra ela.

– Depois. – Foi tudo que ela disse antes de aceitar o convite de Lian pra dançar.

– Dança comigo filha? – Perguntou papai e eu sorri.

– Claro pai.

Nós nos afastamos pro meio do salão e percebi que Antony tinha um ar pomposo sobre ele. Era ridículo.

– Filha, lembre-se que tens que dançar com alguns dos príncipes presentes hoje. – Disse papai e eu mal pude parar de revirar os olhos.

– Rebeca é mais velha que eu, não seria ela que deveria se casar primeiro? – Perguntei e papai me olhou ferozmente.

– Você vai fazer o que eu digo Dóris Alicia. – Disse ele e eu assenti.

– Posso dançar com sua filha? – Perguntou Dylan timidamente para papai quando voltamos.

– Eu não acho... – Começou ele, mas eu interrompi.

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– Eu aceito. – Falei o puxando pela mão até o centro do salão. Naquele momento uma musica lenta começou a tocar e eu senti meu rosto esquentar quando ele me puxou pra mais perto.

– Tenho algo pra te devolver. – Disse ele depois de um tempo. Estar ali com ele, nos seus braços, era como estar flutuando. Eu me sentia amada e segura, pois sabia que ele iria me proteger.

– O que? – Perguntei confusa.

– Você deixou cair seu lenço, depois de nossa conversa ontem. – Disse ele retirando de seu bolso um lencinho branco com as bordas bordadas. As iniciais do meu nome bordadas em dourado pela minha mãe.

– Obrigada. – Aceitei e sorri pra Dylan, que corou.

– Não tem problema. – Respondeu ele após se recompor.

– O que está achando do baile? –Perguntei, tentando iniciar alguma conversa. Ele sorriu um pouco.

– Estou adorando. – Respondeu me olhando nos olhos e eu sorri timidamente. Não se enganem, eu geralmente sou muito animada e sincera, mas Dylan parecia trazer minhas inseguranças para a superfície e me fazia sentir como se eu estivesse a beira de um precipício, mas soubesse que ele viria me resgatar.

– É muito longe onde você mora? – Perguntei com curiosidade genuína.

– Sim, o nome do lugar é Raiatea, fica na Polinésia Francesa. – Respondeu ele, com os olhos vidrados, como se estivesse lembrando-se do lugar, o que provavelmente era.

– Como é em Raiatea?

– É uma ilha muito pequena, mas é de uma beleza extraordinária, você iria adorar conhecer. – Respondeu ele com um sorriso distante.

– Tenho certeza que sim. – Respondi e só então seu olhar se fixou em mim.

– Eu já disse como você está bonita hoje? – Perguntou ele e eu corei, de novo.

– Eu acho que não. – Respondi rindo.

– Então deixe-me dizer: Você está linda princesa Dóris.

– Obrigada. – Eu sorri. Nesse momento olhei para além de Dylan e vi que Antony se aproximava.

– Será que posso ter a próxima dança, princesa? – Perguntou Antony. Seus cabelos negros brilhavam, assim como seus olhos. Ele estava com raiva.

– Na verdade me sinto um pouco indisposta, com licença. – Me afastei lentamente de Dylan e praticamente corri pra perto de Lian e Rebeca.

– Eu o odeio! – Sussurrei pros dois. Beca me deu um olhar compreensivo e Lian rosnou.

– Não é só você. – Disse ele.

– Vamos subir. – Disse Rebeca ao ver Antony se aproximando novamente.

– Com certeza. – Respondi e subimos as escadas.

– Ele não desiste! – Exclamei com raiva.

– Não, ele está obcecado com você. – Respondeu ela. – Mas me conta, como foi sua conversa com o Dylan? – Perguntou Rebeca toda animada.

– Ele é perfeito! – Suspirei e resumi meu tempo com ele.

– Isso é tão romântico! – Ela exclamou sonhadora.

– Sim, pena que o idiota real estragou isso! – Exclamei mais uma vez com raiva.

– Sim. – Disse ela. – Vou para o meu quarto tirar esse vestido e dormir. Boa noite.

– Boa noite. – Respondi e vi como ela saiu. Resolvi tomar um banho pra tirar o cansaço dos músculos, então me vesti e deitei. Estava quase pegando no sono quando ouvi alguém entrar e acendi o abajur. Relaxei ao ver que era só a mamãe.

– Boa noite querida. – Disse ela beijando minha testa.

– Boa noite mãe. – Respondi e quando a escutei sair apaguei o abajur novamente e fechei os olhos. Quando acordei pela manhã apenas lembrava de sonhar com olhos castanhos me olhando com ternura.