POV – Mayu

Fui abrindo os olhos lentamente, meu corpo doía um pouco. Minha memória estava um pouco confusa, mas tudo veio como um flash.

Gravidez. Sapatinho de Bebe. Castiel e Debrah se beijando. Sangue.

Era tudo o que eu me lembrava. Quando abri totalmente os olhos, vi o médico, e do seu lado, tinha uma enfermeira, e também tinha o Castiel, que estava ao meu lado, sentado na beirada da cama.

– Senhorita Masen? – O médico me chamou, olhei-o – Que bom que acordou. Mas, infelizmente, as noticias não são boas.

Sentei-me na cama, encostando minhas costas na cabeceira da cama.Meu olhos se encheram de lágrimas.

– A senhorita acabou perdendo o seu bebe, acho que pela queda de pressão, ou pelo choque que sofreu, até mesmo os dois – O doutor disse algo para a enfermeira – Nós temos que sair um pouco, depois voltamos.

Castiel apertou a mão do doutor, e o agradeceu por terem cuidado de mim. Assim que saíram, Castiel olhou para mim:

– Eu fiquei tão feliz quando soube que estava grávida, uma pena que perdemos o nosso filho – Castiel esticou a mão para fazer carinho na minha bochecha, mas eu não queria o seu carinho, então, me afastei de sua mão – Mayu? – Ele me olhou surpreso.

– Eu perdi o meu filho... NOSSO filho, por sua causa e daquela vadia!!! – As lágrimas que eu guardava começaram a rolar pelo meu rosto.

Sequei as lágrimas com as costas das minhas mãos.

– Do que está falando? – Ele perguntou.

Cínico.

– Do que eu estou falando? DO QUE EU ESTOU FALANDO? – Me alterei – Eu vi Castiel! Eu vi a Debrah no seu colo e vocês se beijando!!! – Comecei a bater em Castiel – Eu estava tão feliz por causa do nosso bebe, comprei até um sapatinho pra te fazer uma surpresa! Mas você estragou TUDO!!! – Eu chorava muito.

Castiel então, conseguiu segurar os meus pulsos.

– Calma Mayu! Eu não beijei ela, ela me beijou! – Castiel dizia, mas eu me recusava a acreditar – Por favor, acredite em mim! – Então, Castiel me puxou para um beijo.

Assim que ele colou nossos lábios, comecei a me debater, e assim que ele me soltou, dei um tapa na sua cara.

– NÃO ME TOQUE! – Limpei minha boca com as costas das minhas mãos.

Castiel me olhou horrorizado. Sim, isso me machucou, mas me machucou muito mais o fato dele ter estragado tudo. Ele se levantou na cama, e me olhou novamente.

– Eu vou embora, você está muito nervosa por causa dessa perda – Ele foi em direção a porta – Volto mais tarde – Então, ele se foi.

Comecei a chorar desesperadamente. Por que ele fez isso? Mesmo dizendo que foi a Debrah que o beijou, ele parecia estar gostando. Coloquei a mão sobre a minha barriga, e o vazio de saber que eu não tenho mais um ser-humano crescendo dentro de foi o fim...

Logo, ouvi duas batidinhas na porta. Resmunguei um entre.

– Mayu? – Era Gerald – Eu soube de tudo. Quando me ligaram, vim imediatamente te ver – Gerald se aproximou.

– E-eu... – Chorei novamente.

– Mayu, o que você acha de ir para a casa de campo comigo, Mary e Vilma? – A proposta foi lançada.

– M-mas e o colégio? – Perguntei.

– Devido ao seu estado de saúde, duvido que eles se oponham – Sorriu.

Ir com ele pode ser bom, principalmente pelo fato de eu ficar longe de Castiel.

– Eu vou – Me decidi.

***

POV – Castiel

Não acredito que a Mayu me deu um tapa na cara. Eu sei que o que eu fiz foi errado, tentar forçar um beijo, mas achei que ela precisa.

Quando o médico me disse que ela estava grávida, algo dentro de mim explodiu de felicidade. Eu iria ser pai, ser pai de verdade, e da mulher que eu amo.

Fiquei arrasado quando o médico me disse que ela havia perdido o bebe. Fiquei ainda mais quando ela teve aquela reação comigo.

O que aconteceu com a Debrah foi o seguinte: Ela marcou um encontro comigo, dizendo que queria me pedir desculpas, e eu, otário como o Nathaniel, acreditei e fui. Assim que eu sentei no banco, ela veio até mim, sentando em meu colo, e começou a me beijar loucamente. Acho que o ângulo que a Mayu estava realmente deveria parecer que eu correspondi.

Depois que eu sai do hospital, fui até o meu apartamento. Tomei um banho bem relaxante, pois eu estava precisando. Enrolei a toalha na cintura e fui até o meu quarto, e o meu celular começou a tocar.

– Alô? – Atendi.

– Castiel? É o Lysandre. Onde esteve a tarde toda que não apareceu no ensaio? – Ele pediu explicações.

– É que a Mayu foi parar no hospital e... Você sabia que ela estava grávida? – Perguntei.

– Ela está grávida? Se bem que ela já demonstrava alguns sintomas. E como ela está? E o bebe? Por que ela foi pro hospital? – Lysandre me encheu de perguntas.

– A Mayu viu a Debrah me beijando, e começou a sangrar. Resumindo: Ela perdeu o nosso bebe – Eu disse cabisbaixo.

– Oh! E como ela está? – Tive que me sentar na cama.

– Mal, ela está me culpando pela perda – Coloquei a mão na testa.

– E você não tem culpa? – Lysandre levantou essa hipotese.

– Mas se for assim ela também tem culpa! Quem mandou ela não ser forte o suficiente ao ponto de não aguentar um bebe? – Me alterei.

– Castiel, cale a merda dessa boca. Tem noção do que falou? Bom, vou desligar. Não quero mais ouvir barbaridades – Então ele desligou o telefone.

Sim, Lysandre estava certo. A culpa não foi da Mayu, e sim minha.

Me vesti e voltei ao hospital, eu tentaria falar com ela. No caminho, eu comprei um buquê de rosas brancas. Cheguei em seu quarto do hospital, e quando entrei, ele estava vazio. Fiquei confuso por um tempo, até que uma enfermeira apareceu.

– Com licença, você não era o namorado da senhorita que estava aqui? – Ela perguntou.

– Sim sou eu – confirmei – Onde ela está?

– O pai dela veio busca-la, trouxe até uma muda de roupa, e pelo que eu percebi, eles estavam indo para o aeroporto – Ela disse, então saiu.

Aeroporto? A Mayu vai embora? Não, eu não vou permitir isso.

Comecei a correr pelo hospital em direção a saída, varias enfeiras me xingaram, mas estou pouco me lixando. Chamei um táxi, e falei pro motorista me levar até o aeroporto.

Assim que cheguei, joguei umas notas de dinheiro aleatórias no motorista, que pela sua expressão, eram altas. Entrei correndo lá, e vi que a Mayu e o pai dela já estava passando o portão de embarque.

– MAYU!!! – Gritei, ela olhou pra mim, ela estava tão linda– NÃO VÁ EMBORA!!! – Comecei a correr até a área do embarque.

Ela me olhava com ressentimento, acho que ela nunca vai me perdoar.

– NÃO ME DEIXE! – Gritei novamente, mas ela continuou a andar.

Não, não e não!

Pulei a catraca que tinha ali, cheguei perto de Mayu, e a virei pra mim.

– Não vá! – Supliquei – Mayu, eu te... – Não pude terminar a frase, pois dois brutamontes agarram meus braços, e me levavam pra fora do aeroporto.

“Não vá” – Era isso que eu desejava mentalmente.

POV – Mayu

Nunca vi Castiel assim, mas não posso ficar aqui, pelo menos não agora.

– Me desculpe Castiel – Sussurrei baixinho, e andei com Gerald até o avião.