Força Especial da Marinha escrita por Vlk Moura
Aquele momento eu queria que durasse muito mais, ficar ali deitada junto dele, mas eu não podia, sem fazer barulho me levantei e fui para meu dormitório, coloquei o despertador par ao horário do café. Acordei sonolenta, cambaleei pelo quarto, me arrumei e fui até o quarto de Charles, bati na porta, ele a abriu, estava terminando de se arrumar.
– Conseguiu fazer tudo sozinho? - perguntei parada ereta, ele sorriu sonolento.
– Consegui, entre. - ele me abriu espaço, neguei de leve. - Só um minuto.
Ele calçou os sapatos, foi até a porta a trancou e mancando de leve me seguiu par ao refeitório, havia colocado em um dos bolsos os remédios para aliviarem a dor. Nos servimos e nos sentamos junto de outros capitães que perguntavam a Charles sobre a missão e sobre o quão difícil ela havia sido.
– Yeva - Juares se aproximou da mesa, tinha papéis em mãos, ele me fitava, eu sabia o que eram.
– Bom dia, capitão. - falei apenas acenando a cabeça, Charles nos olhou e voltou-se para o café.
– Depois quero encontrá-la na minha sala.
Confirmei. A mesa ficou em silêncio por alguns minutos, quando terminei de comer falavam sobre o dia de folga que se aproximava e sobre o que fariam.
Charles me seguiu pelos corredores.
– Está tudo bem? - ele perguntou quando nos aproximamos da sala de Juares.
– Está, não se preocupe.
– O que eram aquelas folhas?
– Não se preocupe - sorri tentando ser confiante, mas sei que não fui - Tomou seu remédio?
– Vou fazer isso agora.
– Ótimo.
– Nos vemos depois? - confirmei com um aceno.
Abri a porta da sala Juares lia as últimas páginas dos exames, levantou o olhar e fechou a pasta. Analisou a mim parada a sua frente, eu tinha as mãos para trás e o observava, achei que diria algo, mas ele bufou, empurrou a cadeira e se levantou me fitou de cima por alguns instantes e se aproximou dando a volta na mesa. Cruzou os braços e sacudiu a cabeça, o silêncio começou a me incomodar.
– Senhor, os exames provaram tudo o que eu havia te dito, certo?
– Infelizmente sim. - ele balançou a cabeça e me olhou. - Sente-se - eu o fiz - Sabe por que eu preferiria que você não fosse a campo? - eu neguei e olhei em volta - Minha filha - ele suspirou - ela morreu em um ataque surpresa que tivemos, ela tinha a sua idade quando isso aconteceu, ela deixou para mim e minha esposa um filho e um marido desesperado que pouco depois cometeu suicídio. - ele balançou a cabeça, virou um porta retrato eletrônico, fotos antigas digitalizadas rodavam ali, cada uma com seus efeitos - Você me lembra tanto ela.
– Desculpa, senhor. - sorri, ele me olhou parecendo assustado - Mas nada que o senhor faça irá me parar. - ele pareceu não entender - Imaginei, desd eo momento em que pisei neste quartel que você, ou melhor, vocês todos, não faziam ideia de quem eu era e fiquei feliz por isso, todos os lugares por onde passei os marinheiros me reconheciam e isso era incomodo porque esperavam sempre que eu fizesse algo heroico, mas não sou nenhuma heroína, apenas tive sorte quando tudo aconteceu.
– Sorte? Tudo aconteceu? - ele me fitou - Desculpa, Capitã, não estou te entendendo.
– As marcas na minha perna são as marcas de minha sobrevivência senhor. - sorri e me levantei - Acho que dentro de dois ou três dias o senhor irá entender.
– Capitã, explique-se, exijo uma explicação. - sorri enquanto fechava a porta.
– Não se preocupe o senhor a terá.
Charles se aproximava da sala, tínhamos um tempo até a reunião começar, andamos pelo campo de treino onde alguns treinavam.
– O que ele queria?
– Mostrar os exames e falar que eu lembro sua filha - dei de ombros - Você sabe que não tenho paciência para essas coisas.
– Nossa! Se você lembra a filha dele e foi tratada daquela forma, imagina se lembrasse alguma ex-namorada que o traiu? - eu ri, ele sorriu - Charles esteve aqui, disse que os holandeses estão desembarcando amanhã para te encontrarem.
– Estou nervosa - falei me encolhendo - Revê-los depois de tanto tempo, será que estão tão bem quanto eu?
– Amanhã iremos descobrir - ele me puxou - Estamos quase atrasados.
Depois da reunião tivemos o resto do dia livre, tentei encontrar Charles, mas ele estava em treino no time, não poderia me atender e a namorada dele não entregou nenhum de meus recados. Ela estava mais velha, o rosto tinha mais maquiagem do que algo real, os olhos pareciam com lente e a sobrancelha tão fina e rala me faziam suspeitar da existência. Ainda tinha um certo ódio por ela, mas tentava não expô-lo, até onde me lembrava ela não sabia sobre mim e Charles.
– Yeva? - telefone par amim.
– Sim.
– Caramba, finalmente consegui falar com você. -era Charles - Os meninos devem estar chegando daqui duas horas, eu vou até o aeroporto buscá-los, você e Charles não querem vir? Vocês estão de folga, não é?
– Sim, estamos - eu falei - Duas horas? - ele confirmou - Nos dê quarenta minutos e pode passar aqui.
– Você estava dormindo?
– Nãão... - ele riu, sabia que eu estava - Certo, estava - eu ri - Dê uma ligada e antes.
– Farei.
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